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domingo, 24 de fevereiro de 2013

POR FRANCISCO JOSÉ PESSOA - LAMENTO DA SERRA

Dr. Francisco José Pessoa - Médico e Membro da SOBRAMES-CE


LAMENTO DA SERRA



Eu sou a SERRA  mãe das aroeiras

Você que passa e nem sequer me vê

Se delicia com a cor do ipê

E com o cheiro vindo de ingazeiras

Com o balançar alegre das palmeiras

Com o chão molhado que me faz mais terra

Foi nosso Deus quem fez e Ele não erra

Um campo vasto de belas gardênias

De cedro angicos Senhor,  peço vênias

Ensine o homem replantar a SERRA.



Vê-se a queimada fogo desumano,

Matando o solo me tornando infértil

Que seja ela o último projétil

Que com furor me atinge todo ano

E vem a chuva pro meu desengano

Pois depois dela vem a construção

De moradia nobre em profusão

Que na justiça faz seus desafio

Enquanto no meu leito os velhos rios

Mudam tristonhos sua direção.



Eu sou a SERRA, outrora verdejante

Que me adornava com pés de café

Nas serranias de Baturité

Foi num passado tempo  não distante

Que meu pedido ecoe retumbante

Cada serrano não se faça omisso

Que todos tenham como compromisso

Salvaguardar meus animais a flora

A cachoeira que sem água chora

A lenta morte deste meu Maciço.


2 comentários:

  1. Pessoa, que belíssimo poema!!! A insana e desrespeitosa especulação imobiliária está acabando com a vegetação original, apesar de todas as vozes que fazem coro contra isso. Imaginem como estaria o mundo se essas mesmas vozes estivessesm silenciosas...
    Daqui a pouco, os desabamentos, as enchentes, as secas extremas e o ser inumano, diante do rigor da natureza, fará aquela tradicional pergunta: "Castigo de Deus?". Não! A responsabilidade é nossa...

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  2. Li com emoção o seu poema. Eu que nasci em Baturité e tive a serra como berço, não poderia ter outra reação, diante desse belíssimo poema.

    PARABÉNS!
    anamargarida

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