Dra. Celina Côrte Pinheiro - Médica e Presidente da SOBRAMES-CE |
O 27 DE JANEIRO DE
2013
Artigo publicado no jornal O POVO do dia 5/02/2013
Deveria ser um domingo, como tantos
outros, em que jovens curtem a ressaca de uma noite festiva na balada, quando
trocaram beijos, abraços e passos de dança ao som da banda da moda. Contudo,
não foi assim! O dia 27 de janeiro de 2013 amanheceu enlutado no país inteiro
por conta do ocorrido lá em Santa Maria-RS. O lá ficou próximo de todos nós
face à fatalidade incluindo tantos jovens recém despertados para a vida.
Simplesmente curtiam as alegrias próprias da juventude. E não tiveram o dia
seguinte para relatar tudo o que de bom acontecera na boate. Restaram apenas
seus familiares sentindo na mente e no coração a dor de uma partida, sem
despedidas e sem retorno previsto. Não apenas o Brasil caiu em estado de
estupefação. Todo o mundo comentou e se perguntou como é que ainda acontecem
coisas assim, em pleno século XXI. Acontecem e continuarão a acontecer,
enquanto não adquirirmos a cultura da prevenção de acidentes e continuarmos a acreditar
que fatalidades advêm apenas aos outros. Embora a tristeza tome conta de todos
nós, é obrigatória a reflexão sobre o ocorrido. As responsabilidades devem ser
investigadas e, com certeza, não se restringem a um pequeno grupo de pessoas
ligadas diretamente ao recinto onde acontecia a festa. Outros, caso tenham
consciência, estarão agora arrependidos por não terem sido mais rigorosos na
fiscalização de acordo com as exigências da lei. Deram um jeitinho, levaram na
brincadeira suas responsabilidades, na certeza de que nada ocorreria. Quiçá
hajam se vendido, não por trinta dinheiros, mas até mesmo por uma garrafa de
uísque falsificado para considerarem tudo de acordo com as normas técnicas.
Não temos a cultura da prevenção e
subestimamos as possibilidades de agravos. Acreditamos que nada irá acontecer e
dormimos tranquilos. Quantos de nós, ao entrarmos em locais públicos nos
preocupamos em examinar o entorno à procura das saídas de emergência ou possibilidades
de evasão? Quantos de nós sabemos operar um extintor de incêndio? Quantos de
nós sabemos que há diferentes tipos de extintores para situações específicas? A
utilização de um extintor inadequado pode agravar o problema. Hoje, tão comuns
os condomínios. No nosso, há pessoas treinadas para agir corretamente no caso
de um sinistro? As questões são inúmeras e convém refletirmos sobre elas.
O infortúnio recente revela os
riscos a que nos encontramos sujeitos. Não devemos apenas lamentar o ocorrido, mas
sermos mais cautelosos, mesmo nas situações mais comezinhas, capazes de
produzir sérios agravos à integridade física individual e coletiva.
Celina Côrte Pinheiro
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