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sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

POR CELINA CÔRTE - DISCURSO DA PRESIDENTE DA SOBRAMES-CE NO LANÇAMENTO DA ANTOLOGIA 2012 “MURMÚRIOS LITERÁRIOS” 20/11/2012 - IDEAL CLUBE – Fortaleza-CE


Dra. Celina Côrte discursando na Abertura do Evento
            Em primeiro lugar, com destaque à nossa apresentadora Regine Limaverde, da Academia Cearense de Letras, saúdo os componentes da mesa e todos os presentes que se deslocaram do conforto de seus lares para festejarem conosco a chegada de mais uma Antologia da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores- Regional Ceará. Esta é a 29º obra publicada pela SOBRAMES- CE, com a colaboração de diversos sobramistas, médicos que se dispõem a ocupar seus momentos de lazer com o fazer literário. Hoje, em entrevista à Rádio O POVO/CBN, a entrevistadora Alexandra Souza perguntou-me como as pessoas vêem esta vertente literária do médico. Respondi-lhe que algumas pessoas aplaudem, outras talvez menosprezem por considerarem que o médico deva se dedicar diuturnamente ao estudo e à cura de seus pacientes.  Pelo bem ou pelo mal, ninguém permanece indiferente. Já é alguma 
coisa! Penso que as pessoas aqui presentes façam parte do time de nossos admiradores. Ainda em resposta à entrevistadora, afirmei, sem medo de cometer qualquer exagero, que nós médicos, quando descobrimos esta capacidade de nos comunicar através da literatura, tornamo-nos mais humanos, mais sensíveis, mais doces e mais cordiais. É disso que nossos pacientes não podem prescindir. Assim, considero que as artes, de modo geral, tornam o médico mais competente para dispensar o cuidado holístico, mais abrangente, aos seus pacientes. A ciência, por si só, não promove a cura. Ela necessita de algo mais! Quando se comunga com a religiosidade, confere humanidade à prática médica. Percebam que eu não disse religião. Na religiosidade repousam o respeito pelo outro, a amorosidade, a sensibilidade humana e a ética. Ciência e religiosidade devem caminhar juntas e, na Medicina, isto é de suma importância. A literatura, expressão humana tão tocante, como toda arte, é uma transfiguração do real, é a realidade recriada através do espírito do artista. É pura emoção, capaz de revolver nossa intimidade em uma verdadeira catarse, trazendo à tona nossa iluminação e nossa obscuridade.  Refazemo-nos como pessoas e nos tornamos mais capazes de dedicar atenção e amor ao próximo, no sentido mais puro da palavra.

             Concluo minha fala, portanto, agradecendo a presença de todos vocês e, na oportunidade, também grata a Deus pelo dom literário transformador que envolve os médicos participantes desta Antologia. Nossos murmúrios literários são a forma de expressarmos a religiosidade que nos torna melhores como profissionais da Medicina.

            Muito obrigada!
                      Celina Côrte