Dra. Celina Côrte discursando na Abertura do Evento |
Em primeiro lugar, com destaque à nossa
apresentadora Regine Limaverde, da Academia Cearense de Letras, saúdo os
componentes da mesa e todos os presentes que se deslocaram do conforto de seus
lares para festejarem conosco a chegada de mais uma Antologia da Sociedade
Brasileira de Médicos Escritores- Regional Ceará. Esta é a 29º obra publicada
pela SOBRAMES- CE, com a colaboração de diversos sobramistas, médicos que se
dispõem a ocupar seus momentos de lazer com o fazer literário. Hoje, em
entrevista à Rádio O POVO/CBN, a entrevistadora Alexandra Souza perguntou-me
como as pessoas vêem esta vertente literária do médico. Respondi-lhe que
algumas pessoas aplaudem, outras talvez menosprezem por considerarem que o
médico deva se dedicar diuturnamente ao estudo e à cura de seus pacientes. Pelo bem ou pelo mal, ninguém permanece
indiferente. Já é alguma
coisa! Penso que as pessoas aqui presentes façam parte
do time de nossos admiradores. Ainda em resposta à entrevistadora, afirmei, sem
medo de cometer qualquer exagero, que nós médicos, quando descobrimos esta
capacidade de nos comunicar através da literatura, tornamo-nos mais humanos,
mais sensíveis, mais doces e mais cordiais. É disso que nossos pacientes não
podem prescindir. Assim, considero que as artes, de modo geral, tornam o médico
mais competente para dispensar o cuidado holístico, mais abrangente, aos seus pacientes.
A ciência, por si só, não promove a cura. Ela necessita de algo mais! Quando se
comunga com a religiosidade, confere humanidade à prática médica. Percebam que
eu não disse religião. Na religiosidade repousam o respeito pelo outro, a
amorosidade, a sensibilidade humana e a ética. Ciência e religiosidade devem
caminhar juntas e, na Medicina, isto é de suma importância. A literatura,
expressão humana tão tocante, como toda arte, é uma transfiguração do real, é a
realidade recriada através do espírito do artista. É pura emoção, capaz de
revolver nossa intimidade em uma verdadeira catarse, trazendo à tona nossa
iluminação e nossa obscuridade. Refazemo-nos
como pessoas e nos tornamos mais capazes de dedicar atenção e amor ao próximo, no
sentido mais puro da palavra.
Concluo minha fala, portanto, agradecendo a
presença de todos vocês e, na oportunidade, também grata a Deus pelo dom
literário transformador que envolve os médicos participantes desta Antologia.
Nossos murmúrios literários são a forma de expressarmos a religiosidade que nos
torna melhores como profissionais da Medicina.
Muito
obrigada!
Celina Côrte