Dra. Celina Côrte Pinheiro - Médica e Presidente da SOBRAMES-CE |
Respeito
ao Pedestre
Publicado no Jornal Diario
do Nordeste, em 11/11/2012 - DEBATES
E IDEIAS
Aprecio
andar a pé, embora me inibam a insegurança (furtos, roubos, calçadas
irregulares...) e a temperatura em Fortaleza, cidade situada pouco abaixo da
linha do Equador. Mesmo assim, caminho bastante nas ventiladas manhãs, quando a
temperatura se torna arrefecida pelo vento agradável que sopra por aqui. Assim,
observo o comportamento dos guiadores que atribuem a si a total propriedade das
ruas. Para muitos, o pedestre inexiste e, portanto, não merece respeito. Um dia
desses, uma mulher atravessava a rua. Repentinamente, um veículo, em alta
velocidade, dobrou a esquina e colheu a infeliz pedestre que foi atirada inerte
ao chão. Esta cena violenta, não ficcional, representa o cotidiano em um
trânsito cada vez mais violento e agressivo. Poderia ter sido evitada, bastando
que o motorista reduzisse a velocidade do veículo ao dobrar a esquina. Ele não
se utilizou dos princípios da direção defensiva, procurando agir com zelo de
modo a evitar acidentes. Foi imprudente e negligente em uma situação que merece
todo cuidado. Dirigir um veículo não é uma brincadeira infantil. Exige atenção,
cautela, perícia e desvelo, apesar das ações incorretas dos outros e das
condições adversas encontradas nas vias de trânsito.
Pesquisas
demonstram que, em 64% dos acidentes, o condutor é o responsável. De acordo com
estatísticas do Detran-CE, no ano de 2011, foram mortos 457 pedestres no
trânsito, o que representa 22% do total de vítimas. Além desses, 1167 sofreram
ferimentos, de leves a graves. Estes números revelam que a cada 24 horas, morre
um pedestre e a cada oito horas, três são feridos no trânsito.
No
ano passado, houve um acréscimo de 45,54% no número de pedestres mortos, em
relação ao ano de 2010. Em relação às vitimas fatais, os pedestres ocupam o
segundo lugar (21,86%), perdendo apenas para os motociclistas que continuam
sendo os mais afetados (36,39%), em decorrência da violência do trânsito. É
interessante lembrar que todos nós, em algum momento, somos pedestres e
merecemos respeito, pois nossa vulnerabilidade é expressiva. O pedestre não
utiliza armadura metálica para ir às ruas. Seu corpo encontra-se completamente
desprotegido. O hábito da cortesia no trânsito, por si só, contribuirá com a
melhoria das estatísticas!
Celina
Côrte Pinheiro
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