Dr. William
Moffitt Harris
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SOBRE GAMBÁS E FUINHAS
William
Moffitt Harris 1
Um
destes domingos pela manhã,
enquanto ensacava o lixo reciclável,
selecionado e guardado durante a semana, a fim de colocá-lo na rua na segunda- feira
logo cedo, fui chamado para recolher um cadáver no corredor em frente à janela
da cozinha. Era de um gambá.
Por um
triz, fui “salvo
pelo gongo”,
pois a nossa preclara Presidente da SOBRAMES-CE, Celina Côrte
Pinheiro, me alertou que talvez tivesse havido algum engano de nosso
ex-jardineiro, oriundo do Nordeste brasileiro, que o chamou, há já alguns
anos, de “fuinha”. Motivou-me a pesquisar e fui ver na Internet,
na Wikipédia
e na Enciclopédia
Britânica;
donde, além
de me esclarecer melhor sobre o assunto, inteirei-me de aspectos da vida e hábitos
deste marsupial que desconhecia (Gambá, cuja classificação científica
é Classe
Mammalia, Infraclasse Marsupialia, Ordem Didelphimorphia, Famílias Didelphidae e Mephitidae, Subfamília Didelphinae, Gênero Didelphis, Linnaeus, 1758).2
Proponho-me,
consequentemente, a repassar aos prezados leitores um pouco do que aprendi e
copiei. Guardarei a matéria
num local adequado. Achei realmente estranho quase nada conhecer sobre nossos
ocasionais visitantes que, há
tanto tempo, aparecem por aqui em casa, embora não convidados. Cada uma das
referências
listadas na bibliografia consultada contém por sua vez muitas referências
bibliográficas,
material riquíssimo
para quem tiver o interesse em prosseguir com minhas anotações.
Quase
cometo uma “asneira”
afirmando, como de antanho, que este nosso gambá seria conhecido no nordeste
como “fuinha”, que não é “marsupial” e não tem
parentesco algum com o gambá.
“Pertence
à família das
martas (Mustelidae) e habita toda
Europa continental exceto a Escandinávia e algumas ilhas do Mediterrâneo”. Muitas espécies vivem nos países do
Pacífico
Sul. 2, 3
A
fuinha é
também
conhecida como “gardunha” em
Portugal onde é
considerada uma verdadeira praga por não possuir predadores naturais e ser costumeira visita de
galinheiros à
noite. Na classificação
científica,
a fuinha (Martes foina) pertence à Classe
Mammalia, Ordem Carnívora,
Família
Mustelidae, Gênero Martes, Erxleben, 1777. Tem
hábitos
noturnos, como os gambás,
alimentando-se de roedores, pequenos répteis, aves pequenas e ovos, insetos e frutas como mamão,
goiaba, uvas e tomates, além
de lixo humano, pois vive bem nas áreas urbanas salvo quando vítima de atropelamento devido
ao ofuscamento causado pelos faróis.
É considerado um animal útil
devido ao ataque direto a ratazanas e, em alguns países do Pacífico,
algumas espécies
enfrentam cobras venenosas de forma rápida, apanhando-as na coluna perto da cabeça.
Segundo alguns relatos, algumas espécies de fuinha podem receber um número enorme de picadas de
cobras venenosas sem sofrer efeitos deletérios. É um
carnívoro
pequeno pesando de um a dois quilos e meio, de pelagem abundante em vários
tons de castanho com peito branco, característica esta muito apreciada na
indústria
de pincéis
de barba e pincéis
para pintura. A tosquia para fabricação de pincéis
está
proibida em alguns países
sendo considerada crime ambiental (no sub-capítulo de crime cosmético). É um
animal solitário,
um dos menores carnívoros
existentes no planeta, pesando entre 1 e 2,5 quilos vivendo em tocas, ou na
terra ou em árvores.
Além
de ser veloz saltitando no chão,
é um
excelente trepador em árvores.
Seu acasalamento produz crias de três a sete filhotes que, aos dois meses de idade, já saem
com as mães
em busca de alimentos, ficando logo em seguida independentes. A fuinha se
adapta bem à
presença
humana e é
muito comum em vilas e cidades, embora seja bastante arisca.2, 4, 5
O gambá pesa
bem mais do que a fuinha, variando, conforme a espécie, de 2 a 4 quilos. Tem
nomes diferentes conforme a região do nosso país. Chama-se “mucura” na Amazônia, na
região
sul “sarigué”, “sariguê”, “saruê”, “sariguéia”, na
Bahia “timbu” ou “cassaco”, de
Pernambuco ao Ceará
“micurê” assim
como no Mato Grosso e Mato Grosso do Sul além de “raposa” ou “texugo” e no
Paraná
“taibu”, “tacacá”, saurê” e “ticaca”. (Acrescento
aqui que o marido de uma de minhas netas, que trabalhou por algum tempo no Mato
Grosso do Sul, ouviu lá
para “texugo” as
duas pronúncias:
“tecsugo” e “techugo”; ficou
sem saber qual seria o certo!).2, 5
Quanto à origem
destas denominações
em nosso meio, nesta mesma fonte referencial, a palavra “gambá”
procede do termo tupi “gã’bá” que
significa seio oco referindo-se ao marsúpio. “Mucura” e “micurê”
procedem do tupi “muku’ra”. “Tacaca” e “ticaca”
procedem do tupi que significa “coisa
ruidosa”.
H.D.DOMENICO em seu livro, citando L.C.TIBIRIÇÁ, menciona que o vocábulo
gambá
seja alteração
de “ygué-ambá = barriga oca”
através
de “guá-ambá”.
Assinala em seu léxico
que o termo “mucura” vem de
“mo-cura” que
significa “...faz
que absorva ou se oculte dentro de si mesmo” alusão ao fato dos filhos serem
escondidos na bolsa (marsúpio).2, 6, 7
Em
A.G.CUNHA verifica-se a presença
do gambá
em livros de muitos de nossos autores clássicos e históricos
como: CASAL (aqui “saróhê”)
(1817), J.M.MACEDO (1856), J.ALENCAR (1872), A.AZEVEDO (1890), J.VERÍSSIMO
(1895), M.ANDRADE (1928), G.ARANHA (1929), GUIMARÃES ROSA (1946 e 1956).8
No
Exterior, o gambá,
em suas dez ou doze espécies,
é
conhecido desde o século
das descobertas e há
registros desde a década
de 1630 nos Estados Unidos, com referências a pesos variando de meio a oito quilos. Há uma
grande variedade nas colorações,
conforme a espécie
ou família
de marsupial, e disposição
de faixas em geral brancas ou prateadas no dorso, nos lados, na cauda e mesmo
nas pernas. Algumas espécies
da família
Dasyuridae, como a Myrmecobius fasciatus, têm
estrias esbranquiçadas
intervaladas lhes atravessando de lado a lado no sentido perpendicular ao dorso
e a Dasyurops maculatus é toda
coberta de pintas brancas da cabeça à
ponta da cauda e das pernas. Entre os Didelphídae, como o nosso de casa, existe o gambá d’água (“water
opossum”)
Chironectes minimus que possue faixas
lhe atravessando de lado a lado do corpo, da cabeça e das pernas.3, 5, 9
Os gambás são onívoros,
variando a dieta conforme a estação do ano. Comem larvas, insetos, minhocas, pequenos
roedores, lagartixas, sapos, rãs,
cobras, toupeiras, pássaros
pequenos, raízes,
frutas, folhas, capins e gramas, nozes e cogumelos. Nas áreas
habitadas pelo homem, os gambás
comem lixo doméstico,
dejetos de animais e rações
guardadas em garagens ou porões.
Por vezes invadem casas buscando frutas e outros alimentos na cozinha.9
Em
algumas áreas
da América
do Norte é
permitida a domesticação
dos gambás,
como animais de estimação,
sendo a espécie
mais utilizada o Mephitis mephitis que é muito dócil
e cujas glândulas
odoríferas
são
em geral removidas cirurgicamente. É extremamente raro humanos serem mordidos por gambás. Isto
só
aconteceu nos poucos casos confirmados de raiva. A expectativa de vida dos gambás na
natureza é
em torno de 3 a 5 anos mas em cativeiro, quando bem tratados, podem durar até
quinze. 5, 9
Em suas
andanças
pelo Interior do Paraguai, do lado oriental do rio do mesmo nome, entre 1919 e
1924, logo após
a Primeira Guerra Mundial, meu pai encontrou nas vilas indígenas
muitos animais silvestres domesticados. Os índios, ao caçarem
para alimentar ou agasalhar os membros de suas tribos, traziam para suas
comunidades os filhotes encontrados nas tocas e ninhos para serem cuidados e
criados pelas mulheres e crianças.
Só
comiam estes animais do cativeiro muito excepcionalmente, em circunstâncias
extremas, como relato no livro que estou escrevendo sobre as viagens, aventuras
e observações
do meu pai entre os índios
do Paraguai. O ambiente era de grande harmonia e além de pequenos pássaros,
répteis
e roedores engaiolados, corriam soltos cães (devido à contínua
mestiçagem,
nunca viu cães
de raça
pura), gatos, coelhos, gambás,
guaxinins, quatis, cotias, ouriços,
capivaras, porcos-do-mato, bichos-preguiça, cachorros-do-mato,
papagaios, tuins, araras e outros. Muitas vezes viu crianças
confabulando, cada qual com um animalzinho trepado em seus ombros. Faziam
trocas entre si e com visitantes de aldeias vizinhas. Quando fazia frio, os mamíferos
se juntavam, um em cima do outro ou encostados entre si, quando adormecidos.10
O gambá é
conhecido como sanguinário.
Ao entrar num galinheiro, ataca as as aves no pescoço, atinge a veia jugular,
chupa-lhes o sangue, deixando-as mortas. Inebria-se e entra num estado
torporoso, frequentemente assim encontrado de manhã, como se estivesse de
ressaca. Daí
a expressão
popular “bêbedo
como um gambá”.11
Nossa
gambazinho daqui de casa é
marsupial, mas nunca expeliu aquele material fedorento entre nós para
afugentar seus predadores. Difere um pouco da maioria dos gambás que têm suas
fotografias impressas na literatura consultada quanto à faixa que vai do pescoço à cauda,
aqui ilustrado na figura acima. É de cor acinzentada/marrom escura.
As
cadelas haviam-na pego de madrugada. Estava de costas, era fêmea e
provavelmente ia a caminho de nossas amoreiras, jabuticabas ou uvaias. Membros
desta espécie
nos visitavam, antigamente, para desfrutar também das goiabas e nonas que tínhamos
no quintal. Eu e minhas filhas, além do jardineiro,
tivemos a oportunidade várias
vezes de afugentá-los
daqui, antes de serem pegos pelos cães. São
bichos bravos e valentes, mas ao deitar de costas para atacar o predador pela
garganta, levavam a pior porque quase todos nossos cães têm ou tiveram pelagem
abundante no pescoço,
não
podendo os gambás
afundarem seus dentinhos afiados na região das carótidas
ou jugulares. Nesses trinta e quatro anos que aqui habitamos, já foram
mortos, provavelmente, uma boa dezena deles. Há cerca de dez anos, uma fêmea
estava com alguns filhotinhos de poucas gramas que ainda se mexiam dentro do
marsúpio
rompido. Fui eu que a recolhi.
Na
pressa de fugir, certa vez, um deles ficou com a perna presa numa forquilha de
uma das amoreiras e tive de lhe dar uma mão empurrando-o pelos
fundilhos para cima com a vassoura
Quase
todas as obras consultadas fazem referência a duas bolsas ou glândulas perto do orifício
anal, uma de cada lado e que são
manipuladas por contração
muscular, uma de cada vez para se prevenir contra um novo ataque de um
predador, pois o líquido
amarelo-amarronzado, semi-gelatinoso, leva alguns dias para se recompor. Apenas
em dois trabalhos vistos na Internet é dito que as glândulas que expelem tal material estão localizadas nas axilas.3, 5, 11
Sua
composição
é
conhecida. Contém
substâncias
químicas
com enxofre [tióis,
tradicionalmente denominados de mercaptanas (2-buteno-1-tiol,
3-metil-1butanetiol e 2-quinolinemetanetiol) assim como acetatos tiésteres
destes compostos]. O
cheiro pode ser descrito como uma mistura de ovos podres, alho e borracha
queimada e, conforme a direção
do vento, pode ser sentido pelo ser humano a quase dois quilômetros
de distância,
quando a concentração
no ar é
tão
pequena quanto dez partes por bilhão. 5
Os gambás têm uma
pontaria com acuidade de três
a quatro metros o que mantém
alguns predadores (ursos, lobos, lontras, cachorros-do-mato, ariranhas, etc.)
bem longe ao avistá-los.
O gavião-de-penacho,
a harpia e a coruja branca-de-penacho são praticamente os únicos
predadores reais do gambá
por terem péssimo
olfato e excelente acuidade visual, podendo avistar a vítima a milhares de metros. O
vôo
em mergulho ou rasante destas aves faz com que escapar se torne praticamente
impossível
para estes pequenos animais. 5
Antes
de esguichar o líquido,
o gambá,
que se sinta ameaçado
por algum possível
predador, costuma chiar alto de forma sibilante, pisar duro nas patas (como que
sapateando) e, levantando a cauda, mostrar sua parte traseira. O líquido
pode causar cegueira temporária
se atingir os olhos e seu horrível
odor é
muito difícil
de ser removido da roupa ou do pelo dos animais. O cão doméstico não tem
este treinamento natural e é
frequentemente vítima
deste contra-ataque. 5
O odor é também
utilizado pelas fêmeas
para atrair machos da mesma espécie
por ocasião
do período
fértil
para o acoplamento sexual. Durante a estação de procriação, a fêmea
geralmente entra no cio, que dura um ou dois dias, a cada 28 dias. Em geral,
nascem no máximo
dez filhotinhos, mas já
foram relatados casos de vinte e cinco. Pesam de uma a duas gramas e com alguma
dificuldade acham o caminho para o marsúpio onde encontram abrigo,
aquecimento e nutrição
nas tetas da mãe.
Os filhotes nascem cegos e surdos cobertos de uma camada de pelo. Desmamam aos
dois meses de idade, permanecendo com a mãe que os carrega no marsúpio e
posteriormente nas costas até
estarem maduros para se tornarem independentes e prontos para se reproduzirem
em torno de um ano de idade.3, 5, 9, 11
É um animal relativamente
bonito, parecido com uma raposinha, pesando uns dois a dois quilos e meio. Ele
usa a ponta do seu enorme rabo para se enganchar nos galhos das ávores.
O rabo é
descrito por alguns como “uma
cauda preênsil,
redonda e grossa”.11
_________________
1 - Pediatra Sanitarista. Prof.
Dr. (aposentado) da Faculdade de Saúde Pública
–
USP. Fundador (05/05/05) e Coordenador Estadual do Movimento Médico Paulista do Cafezinho
Literário – MMCL.
Membro Titular ativo da Associação
Brasileira de Médicos Escritores –
SOBRAMES desde 2003, nível central SOBRAMES-BR,
níveis
regionais SOBRAMES-PE, SOBRAMES-RS. Membro Honorário
e Titular da SOBRAMES-CE. Dissidente
e separatista da SOBRAMES-SP. Membro
Correspondente da Academia Maceioense de
Letras (Cadeira 94 – Patrono Dr. José Afonso
Tavares Filho). Sócio Titular da Associação
Paulista de Medicina e Associado da Associação dos Médicos
de Santos. Membro Associado da Academia Vicentina de Letras, Artes e
Ofícios “Frei Gaspar da Madre de Deus”
de S. Vicente – SP. “Padrinho”
do MLSS - Movimento Literário
Saberes e Sabores de S. Gonçalo
do Sapucaí
–
MG.
2 Wikipédia,
A Enciclopédia
Livre (http://www.google.com.br/search?hl=pt&source=...)
3 Wikipédia,
A Enciclopédia
Livre (http://www.suapesquisa.com/mundoanimal/gambá.htm)
4 Wikipédia,
A Enciclopédia
Livre (http://pt.wikipedia.org/wiki/Fuinha)
5The
New Encyclopaedia Britannica. By Encyclopaedia Britannica
Inc., 15th ed., 1980.
Chicago/London/Toronto/Geneva/Sydney/Tokyo/Manila/Seoul. - Printed in U.S.A. –
Micropaedia, Vol. IX p. 262 e Macropaedia, Vol.7 p.814, Vol.11 p.537-545 e Vol.14 p.151
6 DOMENICO, H.D. –
Léxico Tupi-Português:
com aditamento de vocábulos de outras procedências
indígenas
/ Hugo Di Domenico; Colaboração de Cláudio Ferrari Righi. Taubaté-SP:
UNITAU, 2008. [(Nota do autor desta crônica:
O Professor Doutor Hugo Di Domenico, medico, co-fundador da Faculdade de
Medicina de Taubaté, embrião da Universidade Federal de Taubaté,
estava com 93 anos de idade em 2008 quando foi lançado
este compêndio.
É
Membro Benemérito
da Academia Taubateana de Letras. Foi membro participante assíduo
do núcleo
de Taubaté
do MMCL - Movimento Médico
Paulista do Cafezinho Literário.
Em tamanho A-4, o alfarrábio possue 1.081 páginas e
perto de 60 mil verbetes. Compilou esta obra após
20 anos viajando pelos Brasís a fora e quase cinco redigindo a obra. Como diz o
jornalista Alexandre Marcos Lourenço
Barbosa “Aos
96 anos de idade, Di Domenico continua a ser bandeirante tupi –
ou dos tupis –
a abrir as veredas de brasilidade amalgamadas em nossa identidade”.
(In: Veredas de brasilidade. JORNAL o
lince. Aparecida-SP: 20 de fevereiro de 2011. p.25) Seu léxico
foi um destes presentões, recebido pessoalmente, que vieram a enriquecer
consideravelmente nossa biblioteca aqui
em casa.]
7 TIBIRIÇÁ,
L.C. –
Dicionário Tupi-Português. São
Paulo: Traço,
1984. Cit.por DOMENICO, H.D.
8 CUNHA, A.G. da –
Dicionário Histórico
das Palavras Portuguesas de Origem Tupi (Prefácio-estudo
de Antônio
Houaiss). 4ª
ed –
São
Paulo-SP: Companhia Melhoramentos; Brasília:
Universidade de Brasília, 1998.
9 Wikipedia,
The Free Encyclopedia (http://en.wikipedia.org/wiki/Skunk)
10 HARRIS,
W.M. –
Tales From Paraguay As Told By
Knub-Knock-See-Hay. (em fase final de composição)
11 InfoEscola
(http://www.infoescola.com/mamiferos/gamba/
Parabéns, Dr. William Harris, pelos textos enviados que enriquecem o nosso BLOG.
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anamargarida
Obrigada pelas contribuições literárias.
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