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quinta-feira, 26 de março de 2020

POR SEBASTIÃO DIÓGENES: As três mulheres.


                                     
Dr.Sebastião Diógenes-Membro da Sobrames-CE
As três mulheres.


         Quando era menino, eu gostava de caçar na caatinga do Campo Verde. O nome da fazenda de meu pai deve-se ao verdor dos juazeiros que, ainda hoje, abundam a propriedade. Pois bem, foi por obra de uma dessas caçadas que conheci pela primeira uma mulher nua. De vista, é claro, ainda não tinha idade de conhecer mulheres.
Na realidade, eram três mulheres. Tomavam banho no poço do riacho Quebra Pedra. Cheguei ao local sem intenção maliciosa. Foi uma circunstância acidental. E para não assombrá-las, me escondi atrás de uma frondosa moita de mofumbo. Visitou-me o diabo da curiosidade. A esse momento, as forças contra o pecado já me haviam abandonado. Encontrava-me, pois, sob o império da concupiscência precoce. Através da folhagem, passei a espiar as três mulheres se banhando. Contemplava-as com o encantamento antecipado nos anos. A imponência negra do púbis! A beleza plástica que Deus fizera para garantir a espécie.
Ao deixarem o poço, as três mulheres tinham de passar ao lado do arbusto, e me flagraram no esconderijo. Disseram-me pragas, e que iriam contar a indecorosa ofensa à minha mãe, sabidamente muito exigente com os bons costumes dos filhos. A pena da infração moral custou-me uma dúzia de bolos. De palmatória, que eram os bolos que mais queimavam as mãos dos sentenciados.
         Quando aprecio as Três Graças de Rubens, por exemplo, é das três mulheres do poço do riacho Quebra Pedra que me lembro. Sem remorsos!
Sebastião Diógenes.
23-03-2020





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