Vão-se as barbas e ficam os dedos
Hoje, no quarto dia de quarentena, logo depois de fazer minhas tarefas de todos os dias, no momento destinado à leitura deparei-me com textos que abordavam a maior facilidade da transmissão do Coronavírus em gotículas depositadas nos pêlos das barbas e na possibilidade das mais volumosas prejudicarem a boa vedação das máscaras de proteção.
A notícia, de inicio, pareceu que tinha nexo, entretanto, como estamos no mundo das fake news, procurei na internet, em sites confiáveis, a confirmação. Encontrei, inicialmente, a informação que algumas personalidades do esporte e da TV tinham raspado suas tradicionais barbas. Felipe Andreoli, apresentador do Globo Esporte, foi um dos primeiros.
Após Felipe Andreoli e Danilo Gentilli, o repórter Lucas Strabko e o jogador de da seleção de vôlei Wallace seguiram o exemplo. Com tanto incentivo, decidi tirar a minha também, mesmo sabendo do sacrifício, e depois de passar aproximadamente 45 anos de cultivo constante. De pretinha, de uns anos para cá passou a ficar como neve e até me ajudou a encenar Papai Noel para os meus netinhos anos atrás.
De acordo com estudo elaborado pelo Centro para o Controle e Prevenção de Doenças (CDC), nos Estados Unidos, não é aconselhável que homens mantenham a barba durante a pandemia de Coronavírus. Os pêlos, ao contrário do que muitos pensam, não ajudam a evitar a doença, mas sim aumentam o risco da transmissão.
Depois de toda essa pesquisa, fui comunicar minha decisão à Marcilia. Ela, de inicio, ficou incrédula, pois quase nunca tinha me visto sem bigode e barba, só por poucos anos. Quando expliquei os motivos, ela apoiou e contou, sorrindo, uma historia da sua infância quando o pai tirou o bigode sem avisar e ela e suas irmãs quase não pararam de rir com a diferença que ficou.
O difícil agora era encontrar um barbeador, pincel e creme de barbear, pois, como falei, não utilizava há quase meio século referidos apetrechos. Até hoje eu fazia a manutenção da minha barba com o Igor, na barbearia Vip. Depois de muito procurar, achei um sabonete líquido de boa procedência e um prestobarba. Como era um fato histórico, a minha veia de artista falou mais alto e solicitei fotos e vídeos do antes e depois.
Na gravação do vídeo inicial, justifiquei a decisão e comuniquei que faria barba e bigode. Entretanto, com o desenrolar do féretro da minha linda barba já bem no finzinho, fiquei na dúvida se parava por aí ao olhar para aquele bigode de tanta história, muitos beijos e estripulias. Respirei fundo e não tive coragem. Talvez, com o passar dos dias, eu cometa esse desatino.
Para aqueles que não são da área da saúde e decidirem manter a sua barba, tenham um cuidado todo especial, lavem bastante, com água e sabão, e depois mantenha bem sequinha e sempre aparada. Para os médicos e outros profissionais da saúde, digo que o seguro morreu de velho e é melhor não facilitar.
Fico agora aguardando os comentários do vídeo que vou postar conjuntamente com a crônica de hoje.
Amanhã eu volto com uma nova crônica.
Este foi o dia nº 4. #FiquemEmCasa
Este foi o dia nº 4. #FiquemEmCasa
Arruda Bastos é médico, professor universitário e presidente da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores (SOBRAMES-CE).
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