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sexta-feira, 27 de março de 2020

POR ARRUDA BASTOS: Diário de uma pandemia (7º dia)



Por Arruda Bastos
Crianças são presentes de Deus
Depois da minha crônica de ontem “Cabeça oca, vazia de tudo, sem pensamento”, quando relatei a total falta de inspiração, recebi inúmeras mensagens de leitores informando que também estavam padecendo do mesmo mal e, para ajudar, sugeriram que eu escrevesse sobre as crianças no período de quarentena.
Resolvi, então, aceitar o desafio e dedicar a crônica de hoje às crianças de todo o mundo que, como os adultos, estão nessa jornada do “fique em casa”. Como inspiração, vou me valer de fatos reais acontecidos nos últimos dias com meus netinhos e seus pais, minhas eternas crianças.
Sou muito experiente com crianças, pois sou pai de três belas e inteligentes mulheres e de um filho com os mesmos predicados. São quatro netinhos, duas meninas e dois meninos, e mais uma que deve nascer depois da pandemia da Covid-19.
Em crônicas anteriores, falei da importância da comunicação diária com a família, principalmente utilizando as chamada de vídeo. Aqui em casa, quem comanda os grupos é minha querida esposa Marcilia. É mesmo uma festa quando constatamos nas imagens que todos passam bem.
A minha netinha mais velha, Letícia, tem apenas sete anos, é linda e super inteligente e extrovertida, como a minha filha Lia, sua mãe. Durante essa quarentena já nos surpreendeu com pinturas e outras obras de arte. Seu irmão, Levi, um galã de cinco anos, é um pimentinha, atleta de vários esportes e um pouco mais trancado, parece até muito comigo. Com ele, a diversão maior são os jogos eletrônicos, dos quais é um expert. Ontem nos surpreendeu com um corte de cabelo inusitado de autoria de sua mãe. Ela, como cabeleireira, daria uma boa motorista. Em tempo de quarentena, tudo é válido.
Tem também o Lucca, bela criança de olhos azuis. Ele, depois que completou um ano, desembestou a andar e ninguém segura mais. Para ele, o negócio mesmo são os carrinhos, principalmente caminhões, a ponto da minha filha, Lívia, construir um autódromo pelo piso do apartamento. Ela espera a chegada da Lina para agosto e tem se desdobrado para dar conta do bucho e do intrépido pimpolho. Ainda bem que a gravidez transcorre normalmente.
A mais novinha é a Lara, que parece bebê Johnson e completou onze meses nessa semana. Seu mesversário foi transmitido pelo aplicativo Hangouts e teve bolo e parabéns para você. Ela frequenta muito as chamadas de vídeo e no dia de ontem passou a andar de forma mais firme, surpreendendo a todos. Com ela, o negocio mesmo é se jogar na piscininha que minha nora Laís prepara todos os dias. O cabelo loiro e fininho parece até espiga de milho e a cada dia fica mais bonito.
Nessa quarentena tudo vale para distrair as crianças, só não mesmo a moleza e o desânimo. O momento é preocupante, mas com certeza não teremos no futuro tanto tempo para dedicar aos nossos filhos. Aproveitem e lembrem-se de que ser criança é olhar o mundo pela primeira vez, é viver novas experiências e se surpreender com os menores detalhes. Aprenda com o que elas têm a nos ensinar e preparem o seu melhor sorriso para quando tudo terminar.
Arruda Bastos é médico professor universitário e presidente da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores – SOBRAMES-CE.

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