Diário de uma quarentena (41º dia)
Obrigado, Senhor!
Por Arruda Bastos
Na segunda, dia 27 de abril de 2020, fiquei preocupado com uma febre repentina que uma das minhas filhas passou a apresentar. A informação chegou aos meus ouvidos através da ligação telefônica de outra filha, que é médica, já que a caçula, de início, quis poupar minha querida Marcilia de sobressaltos. Como surgiu também dor de garganta e persistia a febre, ela resolveu me comunicar.
Em tempo de pandemia, é sempre preocupante o sintoma febre, pois demonstra um quadro infeccioso que pode ser bacteriano, mas também virótico, com especial tendência no momento ao coronavírus. No caso da minha filha, ainda maior a tendência, devido ter tido contato com pessoa que testou positivo.
Aqui em casa, temos seis médicos: eu, um filho, duas filhas e dois genros. Os outros membros da família, embora não tenham diploma, por osmose, e pela convivência, também são afeitos, em casos simples, a emitirem suas orientações, afinal, como diz a expressão idiomática: “de médico e louco todo mundo tem um pouco”.
Voltando para os sintomas da minha lindinha, na terça a dor de garganta piorou e a febre também, apesar da medicação prescrita no pôr do sol no dia anterior, após confabulações entre os médicos da família. A orientação, então, foi de realizar alguns exames, o que motivou o acréscimo de novo medicamento. Um dos meus genros, médico com experiência na área, comandou a mudança no tratamento.
Nesses momentos de dificuldade e de apreensão, não podemos deixar de rezar e pedir a intercessão de Deus e de Nossa Senhora. Aqui, minha querida Marcilia comandou as preces, o que foi acompanhada por toda a família. É confortador também sentirmos a solidariedade tão necessária para encontrarmos a força e o equilíbrio para enfrentarmos os momentos de incerteza.
Como já escrevi em crônicas anteriores, tenho uma fé muito grande na providência divina e, com toda certeza, nos últimos dias, renovei ainda mais a minha crença. O que posso dizer é que minha filha teve uma recuperação extraordinária com o tratamento, que inclusive não foi composto por drogas em uso na atual pandemia. Afinal, ela ainda vai realizar o teste para Covid-19 e, pela evolução, o quadro parece ser de outra etiologia.
Foi uma semana de muita emoção, que termina com a felicidade de ler a mensagem: “Gente, estou me sentindo muito bem, graças a Deus. A garganta só arranha um pouco agora e o pus já foi todo embora. Agradeço imensamente a todos pela atenção e pela rápida conduta e tratamento proposto para minha recuperação, especialmente ao Gerardo. Amo vocês de paixão. Agora vou seguir o tratamento até o final e repousar um pouco mais. Fiquem com Deus e se cuidem”.
Para concluir, com sentimento, transcrevo a oração dos médicos e profissionais de saúde, como forma se agradecer às graças recebidas:
Ó Mestre, eu te agradeço porque me entregaste a missão de exercer a Medicina, restituir a alegria de viver às pessoas que me são confiadas a qualquer hora, momento e lugar.
Ofereço-te a minha vocação de servir a sociedade como instrumento de tua providência.
Grandes são os avanços da ciência, mas também são inúmeros os desafios à limitação humana que exige de mim seriedade, equilíbrio, sabedoria e fidelidade ao juramento que fiz.
Ó Deus da vida! Ilumina-me e faça de mim um mensageiro de misericórdia e esperança.
Que no final de cada jornada eu possa celebrar o renascer da vida, fruto do trabalho e entregar-te às situações da minha limitação quando não tiver êxito.
Senhor, que vieste trazer vida e vida em abundância, tornar-me um instrumento de tua misericórdia.
Amém.
Obrigado, Senhor!
Amanhã eu volto com uma nova crônica.
Essa foi a do dia 41. #FiqueEmCasa
Arruda Bastos é médico, professor universitário e presidente da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores
Obrigado, Senhor!
Por Arruda Bastos
Na segunda, dia 27 de abril de 2020, fiquei preocupado com uma febre repentina que uma das minhas filhas passou a apresentar. A informação chegou aos meus ouvidos através da ligação telefônica de outra filha, que é médica, já que a caçula, de início, quis poupar minha querida Marcilia de sobressaltos. Como surgiu também dor de garganta e persistia a febre, ela resolveu me comunicar.
Em tempo de pandemia, é sempre preocupante o sintoma febre, pois demonstra um quadro infeccioso que pode ser bacteriano, mas também virótico, com especial tendência no momento ao coronavírus. No caso da minha filha, ainda maior a tendência, devido ter tido contato com pessoa que testou positivo.
Aqui em casa, temos seis médicos: eu, um filho, duas filhas e dois genros. Os outros membros da família, embora não tenham diploma, por osmose, e pela convivência, também são afeitos, em casos simples, a emitirem suas orientações, afinal, como diz a expressão idiomática: “de médico e louco todo mundo tem um pouco”.
Voltando para os sintomas da minha lindinha, na terça a dor de garganta piorou e a febre também, apesar da medicação prescrita no pôr do sol no dia anterior, após confabulações entre os médicos da família. A orientação, então, foi de realizar alguns exames, o que motivou o acréscimo de novo medicamento. Um dos meus genros, médico com experiência na área, comandou a mudança no tratamento.
Nesses momentos de dificuldade e de apreensão, não podemos deixar de rezar e pedir a intercessão de Deus e de Nossa Senhora. Aqui, minha querida Marcilia comandou as preces, o que foi acompanhada por toda a família. É confortador também sentirmos a solidariedade tão necessária para encontrarmos a força e o equilíbrio para enfrentarmos os momentos de incerteza.
Como já escrevi em crônicas anteriores, tenho uma fé muito grande na providência divina e, com toda certeza, nos últimos dias, renovei ainda mais a minha crença. O que posso dizer é que minha filha teve uma recuperação extraordinária com o tratamento, que inclusive não foi composto por drogas em uso na atual pandemia. Afinal, ela ainda vai realizar o teste para Covid-19 e, pela evolução, o quadro parece ser de outra etiologia.
Foi uma semana de muita emoção, que termina com a felicidade de ler a mensagem: “Gente, estou me sentindo muito bem, graças a Deus. A garganta só arranha um pouco agora e o pus já foi todo embora. Agradeço imensamente a todos pela atenção e pela rápida conduta e tratamento proposto para minha recuperação, especialmente ao Gerardo. Amo vocês de paixão. Agora vou seguir o tratamento até o final e repousar um pouco mais. Fiquem com Deus e se cuidem”.
Para concluir, com sentimento, transcrevo a oração dos médicos e profissionais de saúde, como forma se agradecer às graças recebidas:
Ó Mestre, eu te agradeço porque me entregaste a missão de exercer a Medicina, restituir a alegria de viver às pessoas que me são confiadas a qualquer hora, momento e lugar.
Ofereço-te a minha vocação de servir a sociedade como instrumento de tua providência.
Grandes são os avanços da ciência, mas também são inúmeros os desafios à limitação humana que exige de mim seriedade, equilíbrio, sabedoria e fidelidade ao juramento que fiz.
Ó Deus da vida! Ilumina-me e faça de mim um mensageiro de misericórdia e esperança.
Que no final de cada jornada eu possa celebrar o renascer da vida, fruto do trabalho e entregar-te às situações da minha limitação quando não tiver êxito.
Senhor, que vieste trazer vida e vida em abundância, tornar-me um instrumento de tua misericórdia.
Amém.
Obrigado, Senhor!
Amanhã eu volto com uma nova crônica.
Essa foi a do dia 41. #FiqueEmCasa
Arruda Bastos é médico, professor universitário e presidente da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores
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