Diário de uma quarentena (39º dia)
Vou chamar a Feiticeira e Jeannie é um Gênio
Por Arruda Bastos
Nesta segunda-feira, 27 de abril de 2020, trigésimo nono dia de quarentena, fiquei realmente muito preocupado com as últimas notícias da pandemia no Ceará. O boletim da Secretária da Saúde do Estado, divulgado há pouco, demonstra um crescimento exponencial da covid-19.
Os canais de televisão, desde ontem e continuando nos telejornais de hoje, só demonstram números crescentes em todo Brasil, dificuldade de leitos, de atendimentos e ainda um grande percentual de pessoas sem noção que não atentaram ainda para o caos que estamos vivendo e continuam a burlar o isolamento social.
Como minhas crônicas buscam entreter as pessoas vou ficar por aqui, pois a verdade nua e crua da pandemia vou publicar como crônicas extras no meu livro “Diário de uma quarentena”. Elas serão apresentadas intercaladas com as de água com açúcar que posto todos os dias no site da SOBRAMES e nas redes sociais.
Pensando assim, depois de fazer uma verificação da audiência dos meus textos, descobri que os que tratam de coisas antigas, do arco da velha, são os preferidos. Resolvi, então, dar mais uma canja aos meus leitores da melhor idade e no dia de hoje vou tratar das séries de televisão exibidas nos anos 1960 e 1970.
Digo que nesse período eu era vidrado nas séries que normalmente passavam à tarde ou depois da novela das oito. Lembro da “A Feiticeira” (1964 - 1972), que contava a história de Samantha, que, além de uma dona de casa, era também uma bruxa capaz de fazer mágicas com uma torcidinha no nariz. Que bom seria se a Feiticeira existisse para afastar esse pesadelo de todos nós.
Outra que não esqueço é a “Agente 86” (1965 - 1970), uma divertida série sobre o espião Maxwell, que de um jeito atrapalhado e engraçado resolvia os crimes praticados pela organização criminosa CHAOS. Ele contava com a ajuda da bela agente 99. Seria muito útil se nos dias de hoje o atrapalhado espião encontrasse a vacina para o coronavírus em algum país do mundo.
Tenho saudade também da “Jeannie é um Gênio” (1965 - 1970), que narrava o acidente do major Nelson, piloto da Força Aérea Americana, em uma ilha deserta. Depois de cair, ele encontra uma garrafa com um gênio. O piloto liberta o cativo e descobre que o gênio é uma linda mulher. Os dois se apaixonam e ela vai com ele morar nos EUA. Que tal se encontrássemos um gênio nesse momento de quarentena para satisfazer nossos desejos?
De todas elas, “O Túnel do Tempo”, de 1966, que mostrava as viagens do cientista Doug Phillips e de outro que não lembro o nome, que como cobaias usam a máquina do tempo e acabam ficando perdidos, era a que eu não perdia. Suas viagens eram monitoradas pelos cientistas da sala de comando. Se a máquina existisse eu pularia sem sombra de dúvida o ano de 2020 como um toque de mágica.
Como já está ficando tarde, as duas últimas que lembro são “Perdidos no Espaço” (1965 - 1968) e “Viagem ao Fundo do Mar” (1964 - 1968). A primeira, uma série futurista que conta a saga da família Robinson no espaço a bordo da nave Júpiter 2. A missão foi sabotada pelo doutor Zachary Smith, um agente de um governo inimigo. A família então acaba perdida no espaço e não encontra a rota de volta à Terra. O Dr. Smith, com seu jargão “oh, dor!...oh, dor” e suas trapalhadas, caso estivesse aqui, ia tirar a quarentena de letra.
Já o seriado “Viagem ao Fundo do Mar” (1964 - 1968) conta a história do submarino Seaview e as aventuras de sua tripulação em missões, em cenários próximos da Guerra Fria. Os personagens Almirante Nelson e o Capitão Ted Crane eram os mais queridos. Às vezes nessa quarentena penso que estou isolado em um submarino tipo o Seaview no fundo do mar.
Para terminar, digo que estou me sentindo nessa pandemia como o jovem Will Robinson e o Robô B9 da série “Perdidos no Espaço” e o tripulante Kowalski em “Viagem ao Fundo do Mar”, sempre esperando encontrar um rumo e um final feliz.
Amanhã eu volto com uma nova crônica
Essa foi a do dia 39. #FiqueEmCasa
Arruda Bastos é médico, professor universitário e presidente da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores
Vou chamar a Feiticeira e Jeannie é um Gênio
Por Arruda Bastos
Nesta segunda-feira, 27 de abril de 2020, trigésimo nono dia de quarentena, fiquei realmente muito preocupado com as últimas notícias da pandemia no Ceará. O boletim da Secretária da Saúde do Estado, divulgado há pouco, demonstra um crescimento exponencial da covid-19.
Os canais de televisão, desde ontem e continuando nos telejornais de hoje, só demonstram números crescentes em todo Brasil, dificuldade de leitos, de atendimentos e ainda um grande percentual de pessoas sem noção que não atentaram ainda para o caos que estamos vivendo e continuam a burlar o isolamento social.
Como minhas crônicas buscam entreter as pessoas vou ficar por aqui, pois a verdade nua e crua da pandemia vou publicar como crônicas extras no meu livro “Diário de uma quarentena”. Elas serão apresentadas intercaladas com as de água com açúcar que posto todos os dias no site da SOBRAMES e nas redes sociais.
Pensando assim, depois de fazer uma verificação da audiência dos meus textos, descobri que os que tratam de coisas antigas, do arco da velha, são os preferidos. Resolvi, então, dar mais uma canja aos meus leitores da melhor idade e no dia de hoje vou tratar das séries de televisão exibidas nos anos 1960 e 1970.
Digo que nesse período eu era vidrado nas séries que normalmente passavam à tarde ou depois da novela das oito. Lembro da “A Feiticeira” (1964 - 1972), que contava a história de Samantha, que, além de uma dona de casa, era também uma bruxa capaz de fazer mágicas com uma torcidinha no nariz. Que bom seria se a Feiticeira existisse para afastar esse pesadelo de todos nós.
Outra que não esqueço é a “Agente 86” (1965 - 1970), uma divertida série sobre o espião Maxwell, que de um jeito atrapalhado e engraçado resolvia os crimes praticados pela organização criminosa CHAOS. Ele contava com a ajuda da bela agente 99. Seria muito útil se nos dias de hoje o atrapalhado espião encontrasse a vacina para o coronavírus em algum país do mundo.
Tenho saudade também da “Jeannie é um Gênio” (1965 - 1970), que narrava o acidente do major Nelson, piloto da Força Aérea Americana, em uma ilha deserta. Depois de cair, ele encontra uma garrafa com um gênio. O piloto liberta o cativo e descobre que o gênio é uma linda mulher. Os dois se apaixonam e ela vai com ele morar nos EUA. Que tal se encontrássemos um gênio nesse momento de quarentena para satisfazer nossos desejos?
De todas elas, “O Túnel do Tempo”, de 1966, que mostrava as viagens do cientista Doug Phillips e de outro que não lembro o nome, que como cobaias usam a máquina do tempo e acabam ficando perdidos, era a que eu não perdia. Suas viagens eram monitoradas pelos cientistas da sala de comando. Se a máquina existisse eu pularia sem sombra de dúvida o ano de 2020 como um toque de mágica.
Como já está ficando tarde, as duas últimas que lembro são “Perdidos no Espaço” (1965 - 1968) e “Viagem ao Fundo do Mar” (1964 - 1968). A primeira, uma série futurista que conta a saga da família Robinson no espaço a bordo da nave Júpiter 2. A missão foi sabotada pelo doutor Zachary Smith, um agente de um governo inimigo. A família então acaba perdida no espaço e não encontra a rota de volta à Terra. O Dr. Smith, com seu jargão “oh, dor!...oh, dor” e suas trapalhadas, caso estivesse aqui, ia tirar a quarentena de letra.
Já o seriado “Viagem ao Fundo do Mar” (1964 - 1968) conta a história do submarino Seaview e as aventuras de sua tripulação em missões, em cenários próximos da Guerra Fria. Os personagens Almirante Nelson e o Capitão Ted Crane eram os mais queridos. Às vezes nessa quarentena penso que estou isolado em um submarino tipo o Seaview no fundo do mar.
Para terminar, digo que estou me sentindo nessa pandemia como o jovem Will Robinson e o Robô B9 da série “Perdidos no Espaço” e o tripulante Kowalski em “Viagem ao Fundo do Mar”, sempre esperando encontrar um rumo e um final feliz.
Amanhã eu volto com uma nova crônica
Essa foi a do dia 39. #FiqueEmCasa
Arruda Bastos é médico, professor universitário e presidente da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores
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