Diário de uma quarentena (15º dia)
Nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia
Por Arruda Bastos
Hoje, pela manhã bem cedinho, não sei se já acordado ou se ainda sonhando, chegou aos meus ouvidos, bem baixinho, os acordes da música “Como uma onda” de Lulu Santos e Nelson Motta. Depois de algum tempo, já com os olhos bem abertos, peguei o meu celular que dormia ao meu lado e procurei na internet o grande sucesso gravado em 1983, na voz de Lulu Santos.
A letra é de grande inspiração e a música embala os nossos corações. Recordo de ter dançado muitas vezes com minha querida Marcilia ao som da melodia nas festas que frequentávamos nos primeiros anos de casados. Como a música “Gatinha Manhosa” de Erasmo e Roberto Carlos, que é a nossa canção.
Entretanto, digo que nunca tinha me detido a analisar o espírito e a profundidade da letra. Acho que faltava um momento como esse para introjetar o espírito de Lulu e Nelson Motta. Encontrei na “Como uma onda” o sentimento que domina minha alma angustiada.
Conheço pessoalmente Lulu Santos. Meu contato com ele aconteceu em Juazeiro do Note quando da inauguração do Hospital Regional do Cariri, na época em que eu era Secretário da Saúde do Ceará e ele foi o artista contratado para cantar na festa em praça pública. Depois da sua apresentação, tivemos a oportunidade de conversarmos por um bom tempo. Grande pessoa.
Voltando para a letra, quando encontramos “Nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia” parece até que os autores estavam muitos anos na frente e vaticinando os dias atuais. Em outra parte “Tudo passa, tudo sempre passará” que é exatamente o que digo todos os dias para quem vem de forma tristonha e deprimida atrás de uma palavra de alento.
Ainda bem que “A vida vem em ondas como um mar, num indo e vindo infinito”, já pensou se não fosse assim, se tudo ficasse para sempre de forma constante? Continuando a escutar e cantar, digo como Lulu Santos “Tudo que se vê não é Igual ao que a gente viu há um segundo. Tudo muda o tempo todo” e sem duvida é assim que vamos sair da quarentena.
“No mundo não adianta fugir nem mentir pra si mesmo”, não podemos ficar enganados de que a situação não é grave e que é uma gripezinha qualquer, que não é mesmo. Não devemos esquecer que depois “Há tanta vida lá fora, aqui dentro, sempre, como uma onda no mar”.
Para concluir, transcrevo na íntegra a letra da música personagem da minha crônica de hoje. “Como uma onda” representa muito bem o psicológico de todos nós. Espero que meu assíduo leitor reflita bem sobre isso.
Nada do que foi será
De novo do jeito que já foi um dia
Tudo passa, tudo sempre passará
A vida vem em ondas, como um mar
Num indo e vindo infinito
Tudo o que se vê não é
Igual ao que a gente viu há um segundo
Tudo muda o tempo todo no mundo
Não adianta fugir
Nem mentir pra si mesmo agora
Há tanta vida lá fora
Aqui dentro, sempre
Como uma onda no mar
Como uma onda no mar
Como uma onda no mar
Como uma onda no
Nada do que foi será
De novo do jeito que já foi um dia
Tudo passa, tudo sempre passará
A vida vem em ondas, como um mar
Num indo e vindo infinito
Tudo o que se vê não é
Igual ao que a gente viu há um segundo
Tudo muda o tempo todo no mundo
Não adianta fugir
Nem mentir pra si mesmo agora
Há tanta vida lá fora
Aqui dentro sempre
Como uma onda no mar
Como uma onda no mar
Como uma onda no mar
Amanhã eu volto com uma nova crônica.
Este foi o dia nº 15. #FiquemEmCasa
Arruda Bastos é médico, professor universitário e presidente da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores (SOBRAMES-CE).
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