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segunda-feira, 6 de abril de 2020

POR ARRUDA BASTOS:Diário de uma quarentena (18º dia).


Diário de uma quarentena (18º dia).
Aniversário virtual e amor são formas de destronar o coronavírus
Por Arruda Bastos

Hoje, 06 de abril, é o aniversário do meu primogênito e, desde 1981, quando ele nasceu, é a primeira vez que vamos passar separados. O motivo é justo: a nossa responsabilidade com o isolamento social, única medida para diminuirmos a desenfreada disseminação do coronavírus.

Meu filho Bruno é um amor de pessoa, excelente filho, carinhoso irmão, esposo dedicado e amoroso pai. Sem falsa modéstia, acho que ele é um pouco parecido comigo, como inclusive já escrevi em uma crônica intitulada “Filho, só de olhar pra você estou me vendo outra vez”, que pode ser encontrada no meu portal na internet.

Cedinho, lembrei-me do seu nascimento. Foi em uma segunda-feira, às 9 horas e 15 minutos. Ele pesou 3 quilos e 400 gramas e tinha 50 centímetros de comprimento. Vou confessar que recordava do dia da semana, mas que minha memória não está isso tudo para o resto. Os dados, encontrei em um amarelado bloquinho que Marcilia guarda a sete chaves e que contém tudo sobre os nossos filhos.

A maternidade foi a Escola Assis Chateaubriand da UFC; o obstetra, Juarez Carvalho e o anestesista, o meu concunhado Ramon. O parto foi normal, como de todos os outros filhos. Bruno mamou logo depois que nasceu e durante vários meses, o que lhe confere até hoje muita saúde.

Se o coronavírus pensava que íamos ficar apáticos, sem festa de aniversário, enganou-se redondamente. Ela aconteceu de forma virtual com bolo, velinha dos seus trinta e nove anos, parabéns pra você, tudo organizado pela minha querida nora Lais. Larinha, filha do casal, nossa netinha de onze meses de idade, foi o destaque.

Os irmãos compareceram em massa, os sobrinhos e cunhados também. Foi uma linda festa em que o amor e o carinho se destacaram. Foram muitos beijos e mensagens virtuais. Digo que foi emocionante e, até tudo terminar, não vamos deixar de comemorar muitos outros. Só espero que, na comemoração dos meus quarenta e um anos de casados, em junho, nós possamos receber aqueles abraços e beijos de todos eles.

Se você, meu leitor, tem comemoração na família nesse período, não deixe ela passar em branco, muito pelo contrário. É nesses momentos que precisamos de mais união e carinho. O espírito e o amor são mais importantes e isso a pandemia não vai conseguir impedir.

Voltando para o Bruno, ele é merecedor de todas as mensagens de amor do mundo. Tudo que ele faz é com devoção e responsabilidade. É um ser iluminado, inteligente, um excelente médico e a sua maior aparência comigo é a seriedade com que leva sua vida, e até por isso, como eu, muitas vezes deixa transparecer uma certa antipatia, que é só de fachada.

Hoje, não teremos aquele jantar em família e nem abraços acochados e beijos molhados, mas, sem dúvida, vai ser o aniversário mais lembrado de todas as nossas vidas. Feliz aniversário!

Amanhã eu volto com uma nova crônica.
Este foi o dia nº 18. #FiquemEmCasa

Arruda Bastos é médico, professor universitário e presidente da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores (SOBRAMES-CE)

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