DIAS SANTOS
Não
existe maior desalento
Que
o vazio do ninho desfeito
Aferrolha
as portas por dentro
E
abotoa saudades no peito
Como
era alvissareira
A
viagem em Santos Dias!
-Vai
ser quinta ou sexta-feira?
Bradavam
os filhos, com euforia
-Vai
ser Quinta-feira Santa
E
à noite, tem Visitação
Pois
a Madre Igreja manda
Ao
Santíssimo, adoração
Depois,
era o cuidar das bagagens
Em
arrumações sem cansaços
Pra
desfrutar das vantagens
De
tão aconchegantes abraços
Os
lençóis, bem como as redes
Cheiravam
a puro carinho
E
o Crespo doce de leite
Já
era marca do ninho
Café
quente, nunca em falta
Pães,
com nata fresquinha
No
domingo – Ovos de Páscoa
Não
são lembranças só minhas
Tudo
na casa era afago
Das
velhas fotos em família
Ao
piso de verdes mosaicos
Com
gasta e escura mobília
Solícitos,
meus pais deslizavam
Num
vaivém de passos falhos
Levando
a crer que duvidavam
Da
existência do assoalho
Eram
sempre corriqueiras
Chuvas
com raios, trovoada
Reativando
as goteiras
E
descartando a boa calçada
Mas
não havia sobressaltos
Ou
medos... Por nem um segundo!
Pois
ali, se estava a salvo
De
todos os riscos do mundo
Agora
sofremos as dores
De
tantas lembranças vividas
Perdidas
nos corredores
Da
casa, jamais esquecida.
Fonte: 35º Antologia LAPSO TEMPORAL 2018 SOBRAMES – CEARÁ.
Sobrames-CE/Expressão
Gráfica, 2018. p.50/51.
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