Diário de uma quarentena (25° dia)
Fortaleza, a “arretada” loira desposada do sol.
Por Arruda Bastos
Hoje, 13 de abril de 2020, no meu vigésimo quinto dia de quarentena, a cidade de Fortaleza “intera” os seus 294 anos. Pensei até em escrever uma nova crônica, mas preferi postar a que escrevi em 2018 para o último Congresso da SOBRAMES em São Luís-MA, pois ela expressa todo o meu amor por Fortaleza.
Quando convidado a prosear para a antologia nacional da Sobrames – Sociedade Brasileira de Médicos Escritores – sobre a capital cearense, fiquei “aperreado” com a missão de retratar tanta beleza e tanta história da nossa linda cidade de Fortaleza. Resolvi, então, apelar para o “cearensês” e incorporar ao texto algumas palavras do linguajar do nosso estado.
Para nós, “cabeças-chatas”, é uma dificuldade “arretada” tratar da capital isoladamente, sem falar da Terra da Luz. Por isso, resolvi “botar boneco” e, mesmo correndo o risco de ser chamado de “abestado”, encarar dessa forma o desafio.
Como não disponho do livro todo para a minha prosa, sendo limitado meu espaço para discorrer, vou “chinelar” e me deter a pincelar alguns aspectos da linda história de Fortaleza. A situação é “braba”, por isso vou abordar principalmente aspectos da alma do “arretado” povo fortalezense, desses “cabras bom da moléstia” e das belezas incontestes do nosso torrão abençoado por Deus.
Dando uma de “buliçoso” e “assuntando” a história, esclareço a alguns dos meus leitores que o cognome de Terra da Luz, dado ao estado do Ceará, não tem nada a ver com o forte sol tropical que apreciamos durante todo o ano por aqui. Esse honroso título, de autoria de José do Patrocínio, deve-se aos “cabras-da-peste” da então província que, “dando o grau”, libertaram os escravos cearenses antes mesmo do Brasil, em 25 de março de 1884.
Não nego que sou “arriado” e um apaixonado por minha terra natal, e não a trocaria por nenhuma outra, pois, além de suas “apetrechadas” praias, Fortaleza conserva inúmeros monumentos, belos conjuntos arquitetônicos e belezas naturais que deixam qualquer “curriola” de boca aberta. Ainda, aqui se respira muita cultura e não vou ser “besta” de esquecer o papel exercido pela nossa Sobrames tupiniquim.
Em Fortaleza, o sol sempre foi testemunha de muitas histórias e uma das mais “abirobadas” da cidade aconteceu no início da tarde do dia 30 de janeiro de 1942, quando uma “cambada de fuleiros” na Praça do Ferreira tomou uma atitude inusitada. Na época, nos jornais, as notícias eram sobre a Segunda Guerra Mundial e a seca que vivenciávamos. O céu estava nublado há dois dias e a previsão era grande para um “toró”, mas o astro rei resolveu dar o ar da sua graça. O sol foi, então, vaiado sem censura e esse fato firmou a cultura da irreverência do nosso povo, que ansiava pela chuva que ameaçava banhar a cidade.
O fortalezense, como os demais cearenses, tem esse espírito de “achar e fazer graça”. Em Fortaleza, não se dispensa, portanto, os shows de humor. A vaia, para nós, não é somente uma expressão de inconformismo, ela é também um recurso moleque que consagrou o Ceará como um celeiro de humoristas. Dentre esses expoentes, podemos citar: Chico Anysio, Renato Aragão, Tom Cavalcante, Rossicléia e, no passado, Quintino Cunha e Paula Ney, que faziam humor só como parte da espiritualidade natural do cearense.
Sem “arrudiar”, digo que Fortaleza tem seu nome inspirado no Forte Schoonenborch, construído pelos holandeses em 1649, período em que dominavam nosso território. O batismo de “Loira desposada do sol”, deve-se aos versos do poeta Paula Ney: “Ao longe, em brancas praias embalada pelas ondas azuis dos verdes mares, a Fortaleza, a loura desposada do sol (…)”. Fortaleza já não é mais um “bruguelo” e ocupa atualmente a posição de quinta maior capital do Brasil em população e detém um importante centro industrial, comercial e turístico.
Não vou “arribar” sem citar que nossa metrópole cearense é a terra natal de brasileiros de grande renome como Dom Hélder Câmara (1909-1999), Gustavo Barroso (1888-1959), Casimiro Montenegro (1904-2000), José de Alencar (1829-1877) e Rachel de Queiroz (1910-2003), entre outros inúmeros e ilustres nomes. Fortaleza é, também, a capital brasileira mais próxima da Europa.
O litoral de Fortaleza abriga praias que são “só o mi disbulhado”, entre elas podemos citar a da Barra do Ceará e a de Iracema, com seus bares, prédios históricos, Igrejas, o Estoril, a Ponte Metálica, além do Centro Dragão do Mar. Na Praia do Meireles, encontra-se a Avenida Beira Mar com robustos hotéis, o Clube Náutico, a feira de artesanato e a Volta da Jurema. A do Mucuripe é famosa por seus pescadores, jangadas e o mercado de peixes. A Praia do Futuro é ocupada por “barracas” especializadas na sua “guaribada” caranguejada. Fortaleza, para quem gosta de “zuada”, é a terra do forró e seus “bate-coxas” e “arrasta-pés” são famosos em todo Brasil.
O povo “quintura”, hospitaleiro e a gastronomia local são grandes marcas da nossa metrópole de 2,5 milhões de habitantes. O regabofe é bem diversificado, com pratos típicos do sertão e do litoral do Nordeste. Ao cair do sol, a capital mostra sua intensa vida noturna. São inúmeros bares, casas de espetáculo, shows, além do badalado calçadão da Avenida Beira Mar, com sua Feirinha de Artesanato que não aceita “xexeiros”.
O Teatro e a Casa de José de Alencar são símbolos da cultura do nosso povo ao longo da história. As manifestações religiosas tem grande importância para a vida cotidiana da cidade, nossa Catedral é uma das mais belas do Brasil. A festa de Nossa Senhora da Assunção, padroeira da cidade, que acontece em 15 de agosto, e as festas juninas nem se fala, são “só o pitel”
Fortaleza tem uma vida cultural intensa, com diversas agremiações, instituições literárias e científicas. O Instituto do Ceará de 1887, a Academia Cearense de Letras fundada em 1894, o Centro Cultural do Banco do Nordeste, da Caixa Econômica, o Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura e uma “ruma” de outras associações culturais de grande conceito. Aqui nada é de “rebolar no mato”.
A gastronomia é diferenciada, ressaltando-se pratos como o baião de dois, o churrasco de carneiro e carne-de-sol, frutos do mar, peixadas de cavala ou pargo, o afamado caranguejo e tapioca para todos os gostos. O camarão também é uma iguaria bem degustada. Os pólos gastronômicos da Varjota, da Praia de Iracema e da Avenida Beira Mar são os de maior diversidade e nada “fajuto”.
Ademais, existem vários museus em Fortaleza. Os mais importantes são o Museu do Ceará, que reúne peças valiosas sobre a cultura e o povo cearense, o Museu de Arte Contemporânea do Dragão do Mar e o Museu de Arte da Universidade Federal do Ceará. As maiores bibliotecas de Fortaleza são as da Universidade Federal, Universidade de Fortaleza e a Biblioteca Pública Governador Menezes Pimentel, uma das mais importantes do Brasil. Tudo bem pertinho e não no “inferno da pedra”.
“Perainda”, que não posso me furtar de falar da nossa arquitetura composta por prédios tombados, que devem ser visitados, como a Casa e o Theatro José de Alencar; a Estação João Felipe, que foi a primeira estação ferroviária do Ceará; O Palácio da Luz, que foi a sede do governo; o Farol do Mucuripe, que é um dos símbolos de Fortaleza; e o Cinema São Luiz, que figura entre um dos mais belos do Brasil. Temos também o Estoril, na Paria de Iracema, e o Mercado dos Pinhões, o primeiro mercado público de Fortaleza.
Fortaleza, a “arretada” loira desposada do sol, é uma cidade que meu amigo leitor precisa conhecer. Ela é aconchegante e seu povo é hospitaleiro por excelência. Ficar por alguns dias vai ser pouco para conhecer tanta coisa boa. Sei que todos quando “caparem o gato” da nossa cidade vão quase “bater o catolé” de saudade, pois quero cegar da “gota serena” se não falei só a verdade, uma vez que aqui não tem nada “paia”, pode acreditar.
Amanhã eu volto com uma nova crônica
Este foi o dia nº 25. #FicamEmCasa
Arruda Bastos é médico, professor universitário e presidente da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores (SOBRAMES -CE)
Dicionário Cearense (Cearensês)
*Abestado – Bobo, tolo, apalermado.
*Abirobado – Doido no sentido mais suave da palavra. Maluco.
*Achar graça – Rir, sorrir.
*Aperreado – Muito nervoso, sem saber o que fazer.
*Apetrechada – Dotada de beleza física.
*Arretado (a) – Elogio a uma pessoa. Muito bom, bonito.
*Arriado – Apaixonado
*Arribar – Levantar, erguer, sair.
*Arrudiar – Dar a volta.
*Assuntar – Procurar saber mais sobre o assunto.
*Bate-coxa – Dança em que o casal fica muito colado. Arrasta-pé.
*Bater o catolé – Morrer, passar dessa para melhor.
*Besta – Pessoa tola, ingênua.
*Botar buneco – Criar caso, fazer confusão.
*Brabo – Gente irritadiça ou valente. Difícil.
*Bruguelo – Recém nascido ou criança muito nova.
*Buliçoso – Pessoa que mexe em tudo.
*Cabeça-chata – Apelido dos cearenses.
*Cabra-da-peste – Homem valente, intrépido, afoito.
*Cambada – Turma, grupo etc. Pode ter conotação pejorativa ou carinhosa:
*Capar-o-gato – Significa: ir embora, fugir de alguma situação, “se mandar”.
*Chilelar – Andar bem rápido.
*Curriola – Turma. Grupo de amigos.
*Dar o grau – Caprichar.
*Fajuto – Ruim, de má qualidade, falso.
*Fuleiro – Pessoa muito irreverente, brincalhão.
*Gota serena – Expressão usada, principalmente, nos juramentos.
*Guaribada – Dar uma caprichada.
*Inferno da pedra – Lugar tão longe que ninguém sabe nem dizer onde fica.
*Paia – O mesmo que brega ou o mais popular peba.
*Perainda – Forma sintetizada de: Espere ainda um pouco.
*Quintura – Pessoa legal, competente, gente boa.
*Rebolar no mato – Jogar fora, atirar.
*Ruma – Um monte, uma grande quantidade de alguma coisa.
*Só o mi disbuiado – Coisa muito especial.
*Só o pitel – Muito bom.Ótimo. Maravilhoso.
*Toró – Grande chuva.
*Xexeiro – Caloteiro.
*Zoada (Zuada) – Barulho.
Crônica lançada durante o XXVII Congresso da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores – SOBRAMES – de 20 a 22 de setembro de 2018 em São Luís – MA.
Fortaleza, a “arretada” loira desposada do sol.
Por Arruda Bastos
Hoje, 13 de abril de 2020, no meu vigésimo quinto dia de quarentena, a cidade de Fortaleza “intera” os seus 294 anos. Pensei até em escrever uma nova crônica, mas preferi postar a que escrevi em 2018 para o último Congresso da SOBRAMES em São Luís-MA, pois ela expressa todo o meu amor por Fortaleza.
Quando convidado a prosear para a antologia nacional da Sobrames – Sociedade Brasileira de Médicos Escritores – sobre a capital cearense, fiquei “aperreado” com a missão de retratar tanta beleza e tanta história da nossa linda cidade de Fortaleza. Resolvi, então, apelar para o “cearensês” e incorporar ao texto algumas palavras do linguajar do nosso estado.
Para nós, “cabeças-chatas”, é uma dificuldade “arretada” tratar da capital isoladamente, sem falar da Terra da Luz. Por isso, resolvi “botar boneco” e, mesmo correndo o risco de ser chamado de “abestado”, encarar dessa forma o desafio.
Como não disponho do livro todo para a minha prosa, sendo limitado meu espaço para discorrer, vou “chinelar” e me deter a pincelar alguns aspectos da linda história de Fortaleza. A situação é “braba”, por isso vou abordar principalmente aspectos da alma do “arretado” povo fortalezense, desses “cabras bom da moléstia” e das belezas incontestes do nosso torrão abençoado por Deus.
Dando uma de “buliçoso” e “assuntando” a história, esclareço a alguns dos meus leitores que o cognome de Terra da Luz, dado ao estado do Ceará, não tem nada a ver com o forte sol tropical que apreciamos durante todo o ano por aqui. Esse honroso título, de autoria de José do Patrocínio, deve-se aos “cabras-da-peste” da então província que, “dando o grau”, libertaram os escravos cearenses antes mesmo do Brasil, em 25 de março de 1884.
Não nego que sou “arriado” e um apaixonado por minha terra natal, e não a trocaria por nenhuma outra, pois, além de suas “apetrechadas” praias, Fortaleza conserva inúmeros monumentos, belos conjuntos arquitetônicos e belezas naturais que deixam qualquer “curriola” de boca aberta. Ainda, aqui se respira muita cultura e não vou ser “besta” de esquecer o papel exercido pela nossa Sobrames tupiniquim.
Em Fortaleza, o sol sempre foi testemunha de muitas histórias e uma das mais “abirobadas” da cidade aconteceu no início da tarde do dia 30 de janeiro de 1942, quando uma “cambada de fuleiros” na Praça do Ferreira tomou uma atitude inusitada. Na época, nos jornais, as notícias eram sobre a Segunda Guerra Mundial e a seca que vivenciávamos. O céu estava nublado há dois dias e a previsão era grande para um “toró”, mas o astro rei resolveu dar o ar da sua graça. O sol foi, então, vaiado sem censura e esse fato firmou a cultura da irreverência do nosso povo, que ansiava pela chuva que ameaçava banhar a cidade.
O fortalezense, como os demais cearenses, tem esse espírito de “achar e fazer graça”. Em Fortaleza, não se dispensa, portanto, os shows de humor. A vaia, para nós, não é somente uma expressão de inconformismo, ela é também um recurso moleque que consagrou o Ceará como um celeiro de humoristas. Dentre esses expoentes, podemos citar: Chico Anysio, Renato Aragão, Tom Cavalcante, Rossicléia e, no passado, Quintino Cunha e Paula Ney, que faziam humor só como parte da espiritualidade natural do cearense.
Sem “arrudiar”, digo que Fortaleza tem seu nome inspirado no Forte Schoonenborch, construído pelos holandeses em 1649, período em que dominavam nosso território. O batismo de “Loira desposada do sol”, deve-se aos versos do poeta Paula Ney: “Ao longe, em brancas praias embalada pelas ondas azuis dos verdes mares, a Fortaleza, a loura desposada do sol (…)”. Fortaleza já não é mais um “bruguelo” e ocupa atualmente a posição de quinta maior capital do Brasil em população e detém um importante centro industrial, comercial e turístico.
Não vou “arribar” sem citar que nossa metrópole cearense é a terra natal de brasileiros de grande renome como Dom Hélder Câmara (1909-1999), Gustavo Barroso (1888-1959), Casimiro Montenegro (1904-2000), José de Alencar (1829-1877) e Rachel de Queiroz (1910-2003), entre outros inúmeros e ilustres nomes. Fortaleza é, também, a capital brasileira mais próxima da Europa.
O litoral de Fortaleza abriga praias que são “só o mi disbulhado”, entre elas podemos citar a da Barra do Ceará e a de Iracema, com seus bares, prédios históricos, Igrejas, o Estoril, a Ponte Metálica, além do Centro Dragão do Mar. Na Praia do Meireles, encontra-se a Avenida Beira Mar com robustos hotéis, o Clube Náutico, a feira de artesanato e a Volta da Jurema. A do Mucuripe é famosa por seus pescadores, jangadas e o mercado de peixes. A Praia do Futuro é ocupada por “barracas” especializadas na sua “guaribada” caranguejada. Fortaleza, para quem gosta de “zuada”, é a terra do forró e seus “bate-coxas” e “arrasta-pés” são famosos em todo Brasil.
O povo “quintura”, hospitaleiro e a gastronomia local são grandes marcas da nossa metrópole de 2,5 milhões de habitantes. O regabofe é bem diversificado, com pratos típicos do sertão e do litoral do Nordeste. Ao cair do sol, a capital mostra sua intensa vida noturna. São inúmeros bares, casas de espetáculo, shows, além do badalado calçadão da Avenida Beira Mar, com sua Feirinha de Artesanato que não aceita “xexeiros”.
O Teatro e a Casa de José de Alencar são símbolos da cultura do nosso povo ao longo da história. As manifestações religiosas tem grande importância para a vida cotidiana da cidade, nossa Catedral é uma das mais belas do Brasil. A festa de Nossa Senhora da Assunção, padroeira da cidade, que acontece em 15 de agosto, e as festas juninas nem se fala, são “só o pitel”
Fortaleza tem uma vida cultural intensa, com diversas agremiações, instituições literárias e científicas. O Instituto do Ceará de 1887, a Academia Cearense de Letras fundada em 1894, o Centro Cultural do Banco do Nordeste, da Caixa Econômica, o Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura e uma “ruma” de outras associações culturais de grande conceito. Aqui nada é de “rebolar no mato”.
A gastronomia é diferenciada, ressaltando-se pratos como o baião de dois, o churrasco de carneiro e carne-de-sol, frutos do mar, peixadas de cavala ou pargo, o afamado caranguejo e tapioca para todos os gostos. O camarão também é uma iguaria bem degustada. Os pólos gastronômicos da Varjota, da Praia de Iracema e da Avenida Beira Mar são os de maior diversidade e nada “fajuto”.
Ademais, existem vários museus em Fortaleza. Os mais importantes são o Museu do Ceará, que reúne peças valiosas sobre a cultura e o povo cearense, o Museu de Arte Contemporânea do Dragão do Mar e o Museu de Arte da Universidade Federal do Ceará. As maiores bibliotecas de Fortaleza são as da Universidade Federal, Universidade de Fortaleza e a Biblioteca Pública Governador Menezes Pimentel, uma das mais importantes do Brasil. Tudo bem pertinho e não no “inferno da pedra”.
“Perainda”, que não posso me furtar de falar da nossa arquitetura composta por prédios tombados, que devem ser visitados, como a Casa e o Theatro José de Alencar; a Estação João Felipe, que foi a primeira estação ferroviária do Ceará; O Palácio da Luz, que foi a sede do governo; o Farol do Mucuripe, que é um dos símbolos de Fortaleza; e o Cinema São Luiz, que figura entre um dos mais belos do Brasil. Temos também o Estoril, na Paria de Iracema, e o Mercado dos Pinhões, o primeiro mercado público de Fortaleza.
Fortaleza, a “arretada” loira desposada do sol, é uma cidade que meu amigo leitor precisa conhecer. Ela é aconchegante e seu povo é hospitaleiro por excelência. Ficar por alguns dias vai ser pouco para conhecer tanta coisa boa. Sei que todos quando “caparem o gato” da nossa cidade vão quase “bater o catolé” de saudade, pois quero cegar da “gota serena” se não falei só a verdade, uma vez que aqui não tem nada “paia”, pode acreditar.
Amanhã eu volto com uma nova crônica
Este foi o dia nº 25. #FicamEmCasa
Arruda Bastos é médico, professor universitário e presidente da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores (SOBRAMES -CE)
Dicionário Cearense (Cearensês)
*Abestado – Bobo, tolo, apalermado.
*Abirobado – Doido no sentido mais suave da palavra. Maluco.
*Achar graça – Rir, sorrir.
*Aperreado – Muito nervoso, sem saber o que fazer.
*Apetrechada – Dotada de beleza física.
*Arretado (a) – Elogio a uma pessoa. Muito bom, bonito.
*Arriado – Apaixonado
*Arribar – Levantar, erguer, sair.
*Arrudiar – Dar a volta.
*Assuntar – Procurar saber mais sobre o assunto.
*Bate-coxa – Dança em que o casal fica muito colado. Arrasta-pé.
*Bater o catolé – Morrer, passar dessa para melhor.
*Besta – Pessoa tola, ingênua.
*Botar buneco – Criar caso, fazer confusão.
*Brabo – Gente irritadiça ou valente. Difícil.
*Bruguelo – Recém nascido ou criança muito nova.
*Buliçoso – Pessoa que mexe em tudo.
*Cabeça-chata – Apelido dos cearenses.
*Cabra-da-peste – Homem valente, intrépido, afoito.
*Cambada – Turma, grupo etc. Pode ter conotação pejorativa ou carinhosa:
*Capar-o-gato – Significa: ir embora, fugir de alguma situação, “se mandar”.
*Chilelar – Andar bem rápido.
*Curriola – Turma. Grupo de amigos.
*Dar o grau – Caprichar.
*Fajuto – Ruim, de má qualidade, falso.
*Fuleiro – Pessoa muito irreverente, brincalhão.
*Gota serena – Expressão usada, principalmente, nos juramentos.
*Guaribada – Dar uma caprichada.
*Inferno da pedra – Lugar tão longe que ninguém sabe nem dizer onde fica.
*Paia – O mesmo que brega ou o mais popular peba.
*Perainda – Forma sintetizada de: Espere ainda um pouco.
*Quintura – Pessoa legal, competente, gente boa.
*Rebolar no mato – Jogar fora, atirar.
*Ruma – Um monte, uma grande quantidade de alguma coisa.
*Só o mi disbuiado – Coisa muito especial.
*Só o pitel – Muito bom.Ótimo. Maravilhoso.
*Toró – Grande chuva.
*Xexeiro – Caloteiro.
*Zoada (Zuada) – Barulho.
Crônica lançada durante o XXVII Congresso da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores – SOBRAMES – de 20 a 22 de setembro de 2018 em São Luís – MA.
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