Diário de uma quarentena (48º dia)
Boas lembranças chegam de véspera
Por Arruda Bastos
Hoje, dia 09 de maio de 2020, completo meu quadragésimo oitavo dia de quarentena, agora reforçado pelo lockdown em Fortaleza, única medida plausível para reduzir a rápida curva de crescimento de óbitos e casos da Covid-19 na nossa cidade. A doença só aumenta e, infelizmente, batemos os mil óbitos e chegamos aos mais de quinze mil casos confirmados.
Amanhã é o domingo mais esperado do ano e aquele que tenho as melhores recordações. O dia das mães é mágico e todos têm uma lembrança que guarda no fundo do coração. Sempre nesse dia, já há muitos anos, escrevo crônicas alusivas à data. Algumas ainda hoje me fazem chorar e outras causam enorme saudade de um tempo que não volta mais.
Digo que nessa véspera as lembranças, como um filme, levaram-me ao tempo de criança quando a figura indelével da minha mãe chega forte a minha mente. Aquele olhar que falava, a voz que cantava, a figura radiante, a beleza do seu corpo e da sua alma, ainda hoje me embalam. Depois, já na maturidade, sua força, sua devoção a Deus e seu caráter conciliador faziam-me pensar que ela era eterna.
São muitas lembranças e algumas das minhas crônicas foram inspiradas nela: “Mãezinha querida”, para recordar da minha infância; para falar da sua religiosidade, escrevi “Minha mãe é uma santa”; quando mamãe foi para sua morada definitiva, falei que “Minha mãe agora é uma santa de fato e de direito”. Depois, que “No dia das mães ninguém deve se sentir órfão”. No ano passado, escrevi que “Só pode spoiler do dia das mães”.
Para aqueles que não têm mais sua mãe nessa dimensão, o dia é de recordar os bons momentos, de agradecer a Deus pela mãe que tivemos, pelos seus ensinamentos e por tudo que herdamos, fruto da sua dedicação e amor. É o momento também para nossas orações e até, para alguns, a oportunidade de penitenciarem-se por não terem tratado suas mães com o carinho e respeito que elas mereciam.
Nos lares onde as mães continuam a reinar, é o dia de presentear, agradecer, de dar abraços e beijos virtuais, de reconhecer sua importância, de zelar pela sua saúde e bem estar, para que elas possam viver muitos anos. É o momento de cantar: “minha mãezinha querida, mãezinha do coração, te adorarei toda vida, com grande devoção”.
No meu caso, o dia das mães é de muita recordação, pois há três anos ela foi chamada por Deus, aos seus 93 anos de vida. Aqui em casa, as orações serão muitas, pois, como já escrevi anteriormente, considero que minha mãe é uma santa e para viver no mundo de hoje só mesmo com a proteção dos santos.
Sei que vou chorar com as lembranças do tempo de criança, dos seus conselhos, do seu amor, do seu abraço, da sua proteção e do seu olhar. Vou recordar das missas aos domingos, das primeiras sextas-feiras do mês, das lições da escola, da sua religiosidade, da sua sempre presença e do casal 20 que formava com meu pai.
Se meu leitor foi tocado com minha crônica, aproveite o dia para melhorar a relação com a homenageada do dia. Diga agora a sua mãe que a ama, peça desculpas por algum desfeito; reconcilie-se, se for o caso. Se, por outro lado, você é uma mãe não tão presente, aproveite o espírito do dia para fazer um exame de consciência, mudar e passar a viver esse amor indescritível de mãe e filho.
Para concluir, digo que o dia das mães desse ano vai ser inesquecível. Enfim, em tempo de isolamento social, o amor será o mesmo, as recordações também e o carinho mais ainda. Só não pode existir os abraços e beijos presenciais. Para a saúde delas, tudo deve ser virtual.
Feliz dia das mães.
Amanhã eu volto com uma nova crônica.
Essa foi a do dia 48. #FiqueEmCasa
Arruda Bastos é médico, professor universitário e presidente da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores
Boas lembranças chegam de véspera
Por Arruda Bastos
Hoje, dia 09 de maio de 2020, completo meu quadragésimo oitavo dia de quarentena, agora reforçado pelo lockdown em Fortaleza, única medida plausível para reduzir a rápida curva de crescimento de óbitos e casos da Covid-19 na nossa cidade. A doença só aumenta e, infelizmente, batemos os mil óbitos e chegamos aos mais de quinze mil casos confirmados.
Amanhã é o domingo mais esperado do ano e aquele que tenho as melhores recordações. O dia das mães é mágico e todos têm uma lembrança que guarda no fundo do coração. Sempre nesse dia, já há muitos anos, escrevo crônicas alusivas à data. Algumas ainda hoje me fazem chorar e outras causam enorme saudade de um tempo que não volta mais.
Digo que nessa véspera as lembranças, como um filme, levaram-me ao tempo de criança quando a figura indelével da minha mãe chega forte a minha mente. Aquele olhar que falava, a voz que cantava, a figura radiante, a beleza do seu corpo e da sua alma, ainda hoje me embalam. Depois, já na maturidade, sua força, sua devoção a Deus e seu caráter conciliador faziam-me pensar que ela era eterna.
São muitas lembranças e algumas das minhas crônicas foram inspiradas nela: “Mãezinha querida”, para recordar da minha infância; para falar da sua religiosidade, escrevi “Minha mãe é uma santa”; quando mamãe foi para sua morada definitiva, falei que “Minha mãe agora é uma santa de fato e de direito”. Depois, que “No dia das mães ninguém deve se sentir órfão”. No ano passado, escrevi que “Só pode spoiler do dia das mães”.
Para aqueles que não têm mais sua mãe nessa dimensão, o dia é de recordar os bons momentos, de agradecer a Deus pela mãe que tivemos, pelos seus ensinamentos e por tudo que herdamos, fruto da sua dedicação e amor. É o momento também para nossas orações e até, para alguns, a oportunidade de penitenciarem-se por não terem tratado suas mães com o carinho e respeito que elas mereciam.
Nos lares onde as mães continuam a reinar, é o dia de presentear, agradecer, de dar abraços e beijos virtuais, de reconhecer sua importância, de zelar pela sua saúde e bem estar, para que elas possam viver muitos anos. É o momento de cantar: “minha mãezinha querida, mãezinha do coração, te adorarei toda vida, com grande devoção”.
No meu caso, o dia das mães é de muita recordação, pois há três anos ela foi chamada por Deus, aos seus 93 anos de vida. Aqui em casa, as orações serão muitas, pois, como já escrevi anteriormente, considero que minha mãe é uma santa e para viver no mundo de hoje só mesmo com a proteção dos santos.
Sei que vou chorar com as lembranças do tempo de criança, dos seus conselhos, do seu amor, do seu abraço, da sua proteção e do seu olhar. Vou recordar das missas aos domingos, das primeiras sextas-feiras do mês, das lições da escola, da sua religiosidade, da sua sempre presença e do casal 20 que formava com meu pai.
Se meu leitor foi tocado com minha crônica, aproveite o dia para melhorar a relação com a homenageada do dia. Diga agora a sua mãe que a ama, peça desculpas por algum desfeito; reconcilie-se, se for o caso. Se, por outro lado, você é uma mãe não tão presente, aproveite o espírito do dia para fazer um exame de consciência, mudar e passar a viver esse amor indescritível de mãe e filho.
Para concluir, digo que o dia das mães desse ano vai ser inesquecível. Enfim, em tempo de isolamento social, o amor será o mesmo, as recordações também e o carinho mais ainda. Só não pode existir os abraços e beijos presenciais. Para a saúde delas, tudo deve ser virtual.
Feliz dia das mães.
Amanhã eu volto com uma nova crônica.
Essa foi a do dia 48. #FiqueEmCasa
Arruda Bastos é médico, professor universitário e presidente da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores
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