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sábado, 16 de maio de 2020

POR ARRUDA BASTOS: Diário de uma quarentena (53º dia)

Diário de uma quarentena (53º dia)
De médico e louco todo mundo tem um pouco
Por Arruda Bastos

Hoje, sábado, dia 16 de maio de 2020, parei um pouco e percebi que estou chegando aos meus dois meses de quarentena. Infelizmente os números da pandemia continuam subindo apesar de todos os esforços para o cumprimento do lockdown. Nas últimas 24 horas, os casos dispararam e os serviços de saúde estão chegando à exaustão.

Digo que a insistência do presidente de liberar geral o medicamento cloroquina, mesmo com os recentes trabalhos demonstrando sua ineficácia, foi o mote para inspirar minha crônica de hoje, pois lembrei de um ditado popular que diz: de médico e louco todo mundo tem um pouco.

Como os ditos populares normalmente transmitem conhecimentos sobre a vida, que passam de geração em geração na forma de conselhos e advertências, resolvi puxar ainda mais pela memória e escrever sobre eles, que tratam tratando deles que são do cotidiano, do folclore, e até de amor.

Depois do almoço, agora com a colaboração da minha querida Marcilia, comecei a lembrar-me de vários provérbios e ditos populares. Os primeiros que recordei são do meu tempo de infância: “quem tem boca vai a Roma”, “saco vazio não se põe em pé” e “o comer e o coçar a questão é começar”.

Marcilia, lembrando-se do seu tempo de criança, citou: “quando um não quer, dois não brigam”; “um é pouco, dois é bom e três é demais”; “em terra de cego, quem tem um olho é rei; “água mole e pedra dura, tanto bate até que fura” e “quando a esmola é grande o santo desconfia”.

Ainda com Marcilia, listamos outras fiz uma relação que consta: “um exemplo vale mais que mil palavras”; “para um bom entendedor, meia palavra basta”; “de grão em grão, a galinha enche o papo”; “cada macaco no seu galho”; “casa de ferreiro, espeto de pau” e “Deus ajuda quem cedo madruga”.

A sequência da próxima lista é totalmente aleatória e qualquer semelhança com a vida ou fatos reais é mera coincidência: “mente vazia, oficina do diabo”; “o que os olhos não veem, o coração não sente”; “cavalo dado não se olha os dentes”; “ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão”; “o seguro morreu de velho” e “quem canta seus males espanta”.

Quando já estava encerrando, Marcilia lembrou-se de outras: “uma andorinha só não faz verão”; “mentira tem perna curta”; “mais vale um pássaro na mão do que dois voando”; “não adianta chorar o leite derramado”; “águas passadas não movem moinho” e “devagar se chega ao longe”.

A origem desses e de muitos outros ditos populares e provérbios estão presentes no dia a dia dos brasileiros. A permanência dessas expressões, principalmente na linguagem coloquial, revela como uma tradição oral é fundamental para nós, não só como uma forma de se expressar, mas também como matéria de criação, inclusive na literatura.

Para concluir, é melhor eu ficar por aqui, já que pois hoje Marcilia está muito afiada e é capaz de lembrar de muitos outros ditos populares e provérbios e não posso continuar, pois meu tempo já esgotou e tenho que correr para mais uma live.

Amanhã eu volto com uma nova crônica.
Essa foi a do dia 53. #FiqueEmCasa

Arruda Bastos é médico, professor universitário e presidente da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores – SOBRAMES – CE.

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