Diário de uma quarentena (56° dia)
Sansão, Dalila e Marcilia
Por Arruda Bastos
Hoje, 20 de maio de 2020, no meu quinquagésimo sexto dia de quarentena, logo ao acordar, observei ao olhar no espelho que minha cabeleira estava parecida com a do Doc Brown personagem interpretado pelo ator Christopher Lloyd que no filme da trilogia de ficção científica “De volta para o Futuro” era o inventor do DeLorean DMC-12 que viajava no tempo.
Não sei o motivo da lembrança do personagem mas acredito ter sido pelo aspecto desarrumado e assanhado como acordei. O fato é que como o espelho Marcilia também notou minha aparência de cientista louco e como não tenho condição de marcar com o meu cabeleireiro Juracy ela mesmo resolveu fazer essa caridade.
Marcilia durante muitos anos cortou o meu cabelo e se a memória não me falta desde que ficamos noivos ela sempre zelosa do visual do seu amado não deixava crescer muito. Depois que conheci o salão do Juracy e com as muitas atribuições da minha amada passei a cortar fora de casa.
Com o trato no cabelo completei a minha sina pois no início do isolamento tirei a barba que mantinha por mais de quarenta anos e agora fiz um verdadeiro desmonte na cabeleira. Até meu projeto de rabo de cavalo foi para o brejo. Só escapou mesmo o bigode que como escrevi na crônica “Vão-se as barbas e ficam os dedos” não tem quem me faça tirar.
Depois do corte do cabelo passei a espirar e a sentir uma certa moleza. Como qualquer alteração a gente pensa logo em covid-19 fiquei ressabiado e para tirar a dúvida resolvi tomar um alegra pois é comum sentir rinite alérgica. O certo é que depois de algumas horas o sintoma melhorou ficando ainda um pouco de desanimo.
Das minhas atividades normais pulei o cooper pelo apartamento e resolvi antecipar minha leitura na rede da varanda. Passei o dia sem muita energia a ponto de dispensar outras atividades da minha rotina. Cheguei até a dormir a tarde coisa que normalmente não faço. Fiquei ativo só mesmo na prova para meus alunos da unichristus já por volta das 18 horas e no programa Dialogando que fiz a convite do meu amigo vereador professor Evaldo Lima.
Depois da live comentando com Marcilia da minha indisposição ela lembrou brincando da história de Sansão e Dalila. Resolvi então fazer uma pesquisa para recordar alguns detalhes dos personagens bíblicos. Encontrei que Sansão significava "homem do sol", que ele era um nazareno dotado de extraordinária força e um dos juízes bíblicos cuja história está descrita no Livro dos Juízes (13-16) e no Novo Testamento (Hebreus 11,32).
Conta-se também que Deus chamou Sansão para libertar o povo de Israel que vivia dominado pelo Filisteus. Eles tinham um medo enorme da força do nazareno e tentavam sem sucesso frequentemente prende-lo. Os governantes filisteus, sabendo da paixão de Sansão pela finisteia Dalila, aliciaram a jovem, com 1100 moedas de prata, a descobrir a origem da força invencível de Sansão.
Dalila conseguiu descobrir o segredo. Este disse-lhe que, se os seus cabelos fossem cortados, a sua força abandoná-lo-ia e ficaria fraco como uma criança. Então quando ele adormeceu teve os seus cabelos cortados. Acordado pela chegada dos Filisteus, Sansão acreditava ainda ter força, mas foi rapidamente dominado pelos soldados, que lhe perfuraram os olhos e o prenderam com algemas de bronze.
A força de Sansão não estava nos cabelos. O fato de Sansão revelar o segredo a Dalila foi o momento para Deus o abandonar. Sansão desperdiçou a sua última chance de realizar um ministério digno do seu chamado. Por isso, Deus retirou a sua bênção, e ele se tornou um homem comum.
Não vou me comparar com Sansão mais com essa lembrança e como seguro morreu de velho eu só volto a cortar o meu cabelo quando tudo passar, o salão do Juracy for reaberto e depois que minhas madeixas crescerem bastante.
Amanhã eu volto com uma nova crônica.
Essa foi a do dia 56. #FiqueEmCasa
Arruda Bastos é médico, professor universitário e presidente da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores – SOBRAMES – CE.
Sansão, Dalila e Marcilia
Por Arruda Bastos
Hoje, 20 de maio de 2020, no meu quinquagésimo sexto dia de quarentena, logo ao acordar, observei ao olhar no espelho que minha cabeleira estava parecida com a do Doc Brown personagem interpretado pelo ator Christopher Lloyd que no filme da trilogia de ficção científica “De volta para o Futuro” era o inventor do DeLorean DMC-12 que viajava no tempo.
Não sei o motivo da lembrança do personagem mas acredito ter sido pelo aspecto desarrumado e assanhado como acordei. O fato é que como o espelho Marcilia também notou minha aparência de cientista louco e como não tenho condição de marcar com o meu cabeleireiro Juracy ela mesmo resolveu fazer essa caridade.
Marcilia durante muitos anos cortou o meu cabelo e se a memória não me falta desde que ficamos noivos ela sempre zelosa do visual do seu amado não deixava crescer muito. Depois que conheci o salão do Juracy e com as muitas atribuições da minha amada passei a cortar fora de casa.
Com o trato no cabelo completei a minha sina pois no início do isolamento tirei a barba que mantinha por mais de quarenta anos e agora fiz um verdadeiro desmonte na cabeleira. Até meu projeto de rabo de cavalo foi para o brejo. Só escapou mesmo o bigode que como escrevi na crônica “Vão-se as barbas e ficam os dedos” não tem quem me faça tirar.
Depois do corte do cabelo passei a espirar e a sentir uma certa moleza. Como qualquer alteração a gente pensa logo em covid-19 fiquei ressabiado e para tirar a dúvida resolvi tomar um alegra pois é comum sentir rinite alérgica. O certo é que depois de algumas horas o sintoma melhorou ficando ainda um pouco de desanimo.
Das minhas atividades normais pulei o cooper pelo apartamento e resolvi antecipar minha leitura na rede da varanda. Passei o dia sem muita energia a ponto de dispensar outras atividades da minha rotina. Cheguei até a dormir a tarde coisa que normalmente não faço. Fiquei ativo só mesmo na prova para meus alunos da unichristus já por volta das 18 horas e no programa Dialogando que fiz a convite do meu amigo vereador professor Evaldo Lima.
Depois da live comentando com Marcilia da minha indisposição ela lembrou brincando da história de Sansão e Dalila. Resolvi então fazer uma pesquisa para recordar alguns detalhes dos personagens bíblicos. Encontrei que Sansão significava "homem do sol", que ele era um nazareno dotado de extraordinária força e um dos juízes bíblicos cuja história está descrita no Livro dos Juízes (13-16) e no Novo Testamento (Hebreus 11,32).
Conta-se também que Deus chamou Sansão para libertar o povo de Israel que vivia dominado pelo Filisteus. Eles tinham um medo enorme da força do nazareno e tentavam sem sucesso frequentemente prende-lo. Os governantes filisteus, sabendo da paixão de Sansão pela finisteia Dalila, aliciaram a jovem, com 1100 moedas de prata, a descobrir a origem da força invencível de Sansão.
Dalila conseguiu descobrir o segredo. Este disse-lhe que, se os seus cabelos fossem cortados, a sua força abandoná-lo-ia e ficaria fraco como uma criança. Então quando ele adormeceu teve os seus cabelos cortados. Acordado pela chegada dos Filisteus, Sansão acreditava ainda ter força, mas foi rapidamente dominado pelos soldados, que lhe perfuraram os olhos e o prenderam com algemas de bronze.
A força de Sansão não estava nos cabelos. O fato de Sansão revelar o segredo a Dalila foi o momento para Deus o abandonar. Sansão desperdiçou a sua última chance de realizar um ministério digno do seu chamado. Por isso, Deus retirou a sua bênção, e ele se tornou um homem comum.
Não vou me comparar com Sansão mais com essa lembrança e como seguro morreu de velho eu só volto a cortar o meu cabelo quando tudo passar, o salão do Juracy for reaberto e depois que minhas madeixas crescerem bastante.
Amanhã eu volto com uma nova crônica.
Essa foi a do dia 56. #FiqueEmCasa
Arruda Bastos é médico, professor universitário e presidente da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores – SOBRAMES – CE.
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