Por Arruda Bastos
Diário de uma quarentena (12º dia)
Armagedom
Na manhã de hoje, 31 de março de 2020, acordei com uma palavra martelando na minha cabeça e colada tipo chiclete. Acho que o programa “Roda Viva” de ontem da TV Cultura em que o entrevistado foi o biólogo, pesquisador e comunicador científico, Atila Iamarino, foi o responsável por isso.
A entrevista foi excelente, esclarecedora e bem conduzida pela jornalista e apresentadora Vera Magalhães. As perguntas muito pertinentes e as respostas de uma clareza técnica irrefutável. O programa teve o seu tempo prorrogado por vários minutos graças à audiência e à participação de telespectadores nas redes sociais.
Depois do programa, fiquei por algum tempo a meditar sobre algumas assertivas e previsões do pesquisador. Segundo ele, o isolamento vai ser fundamental para frear o número de mortes no Brasil e a pandemia de Covid-19 deve mudar para sempre a ciência, a imprensa, a política, o trabalho e os relacionamentos.
Depois de pegar no sono, os sonhos fluíram em sequência e a noite foi longa e entrecortada com muitos espasmos de pensamentos, sempre sobrepostos, sem uma lógica definida. Os filmes de ficção do meu passado povoaram uma boa parte do meu devaneio noturno.
Lembro-me de ter sonhado com alguns trechos do filme Armageddon que foi exibido em 1998. A trama do filme mostrava a saga de astronautas encaminhados a um asteróide para evitar o seu choque com a Terra. Para cumprir tal missão, é convocado o mais famoso perfurador (Bruce Willis), que compõe uma equipe de comportamento nada convencional. O certo é que, mesmo assim, o planeta foi salvo.
Armagedom é identificado na Bíblia como a batalha final de Deus contra a sociedade humana iníqua, em que numerosos exércitos de todas as nações da Terra encontrar-se-ão numa condição ou situação, em oposição a Deus e seu Reino por Jesus Cristo no simbólico "Monte Megido". Segundo Jeremias (46,10) essa guerra será perto do Rio Eufrates.
Muitas vezes a palavra armagedom está relacionada com o fim dos tempos, através de uma última batalha de destruição total. Também costuma ser usada para descrever um grande e importante conflito. Por esse motivo, esta palavra é bastante comum em vários filmes e seriados.
Não desejo que ninguém fique sugestionado com minha crônica de hoje. O filme teve um final feliz, com a salvação do planeta, e a Bíblia entrou de propósito no final para lembrar que ela pode ser uma grande companheira na nossa longa jornada de quarentena.
Armagedom era a palavra da minha cabeça.
Amanhã eu volto com uma nova crônica.
Este foi o dia nº 12. #FiquemEmCasa
Arruda Bastos é médico, professor universitário e presidente da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores (SOBRAMES-CE).