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segunda-feira, 24 de junho de 2013

POR: CELINA CÔRTE - UMA REFLEXÃO

 
Dra. Celina Côrte - Médica e Presidente da SOBRAMES-CE


UMA REFLEXÃO  

Violência passou de um termo ocasional, utilizado no passado, para algo que exprime com clareza o momento que vivemos em nosso País. Pipocam pelo Brasil diversos movimentos pela paz.

Recentemente, vimos milhares de pessoas nas ruas desta cidade clamando por segurança, através do Fortaleza Apavorada.

Infelizmente, medidas preventivas não foram suficientes ou adequadas, de modo a evitar que a população se sentisse acuada. Como resultado, a violência urbana tomou dimensões tão expressivas a ponto de gerar um movimento que choca pelo próprio nome, que não fala em medo, mas em pavor, uma palavra cuja sonoridade invoca situações vividas em pesadelos.

O movimento é legítimo e todos nós somos sensíveis a ele. Antes, a violência era pouco percebida nas áreas mais nobres da cidade. Mantinha-se presa nos guetos, onde chegava a ser banalizada, por fazer parte do cotidiano de pessoas que viviam em condição sub humana.

Agora, invadiu todas as áreas e passou a incomodar. Daí o grito estupefato diante de uma realidade que nos apavora.

Segurança pública, porém, não se faz apenas com polícia e isto deve estar claro na pauta de reivindicações e na mente das pessoas. A criminalidade que se vê não é o vetor, mas a resultante de pequenos focos de violência acumulada pela falta de políticas públicas sérias e consistentes que proporcionem vida com qualidade.
O saneamento básico, a educação, a saúde e o lazer são peças fundamentais na valorização das pessoas e na aquisição do nobre sentimento de pertença. Por outro lado, a falta desta valorização do ser humano e o sentimento de impunidade facilitam a disseminação do mal.

Movimentos exteriorizados são fundamentais nas mudanças sociais, contudo, o movimento interior, no sentido de percebermos nosso próprio eu e as violências cometidas em nosso cotidiano, também o é.

O ser violento não sai apenas dos guetos, das prisões, dos centros pouco desenvolvidos socialmente. Vive junto conosco nas ruas, no trânsito, no trabalho, na família...

Atentemos a isso e percebamos que o controle desta violência não cabe ao governo.

Está dentro de nós!

Um comentário:

  1. "O ser violento não sai apenas dos guetos, das prisões, dos centros pouco desenvolvidos socialmente. Vive junto conosco nas ruas, no trânsito, no trabalho, na família..."

    Belo texto Celina! Parabéns! Que bom se todos absorvessem essas palavras e meditassem sobre o que pode ser feito, o que pode ser mudado em nossa sociedade.

    Abraço grande
    Fátima

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