Dra. Celina Côrte Pinheiro - Médica e Presidente da SOBRAMES-CE |
TERRA DE NINGUÉM
Publicado no DN - Debates e Ideias - Domingo, 26 de maio de 2013.
Em 2012, houve uma polêmica entre os permissionários da Feirinha da Beira-Mar, pela dificuldade de negociação com quem lhes alugava o espaço onde guardavam seus apetrechos durante o período de inatividade.
Não havendo conciliação, os feirantes passaram a deixar todo seu material exposto no local, sob a égide do gestor municipal, comprometendo a paisagem praiana de que os habitantes de Fortaleza tanto se orgulham.
O mar passou a ser percebido através de um quadriculado de ferragens, perdendo todo seu encanto.
Recentemente, as ferragens foram retiradas e a parte inferior do material, coberta com impermeáveis para proteger das intempéries, o que contribuiu bastante para redução do desconforto visual.
O problema parecia resolvido desta forma. Porém, há alguns dias, tudo voltou a ser como dantes.
As ferragens estão novamente expostas, enfeando o local.
O mar, observado através de grades, perde sua beleza. O cartão postal desta cidade foi rasgado, exatamente por quem dele tira seu sustento. Os permissionários deveriam ser os maiores responsáveis pelo cuidado estético do local.
Mas quem é que está preocupado com isso? Usufruir o bem, até as últimas consequências, é a mentalidade da maioria das pessoas.
E farão isso na medida em que as normas não são bem definidas e seu cumprimento não é obrigatório e/ou fiscalizado com seriedade.
Todo cidadão merece respeito, mas em nome do respeito individual não podemos ferir o coletivo e permitirmos que a sociedade se torne anárquica. Esta cidade tem vários exemplos de irregularidades que se perpetuam por conta da aceitação das autoridades e do próprio povo que não reage a tais investidas.
Assim, loteia-se a cidade como terra de ninguém, onde boa parte da população utiliza-a de forma egocêntrica.
Em nome da sobrevivência, o direito individual extrapola o limite do aceitável. Enquanto isso, os deveres se mantêm parcimoniosos.
Não pode ser assim, sob o risco de termos uma cidade insatisfatória para se viver.
Imagine-se para o tão sonhado turista...
Publicado no DN - Debates e Ideias - Domingo, 26 de maio de 2013.
Em 2012, houve uma polêmica entre os permissionários da Feirinha da Beira-Mar, pela dificuldade de negociação com quem lhes alugava o espaço onde guardavam seus apetrechos durante o período de inatividade.
Não havendo conciliação, os feirantes passaram a deixar todo seu material exposto no local, sob a égide do gestor municipal, comprometendo a paisagem praiana de que os habitantes de Fortaleza tanto se orgulham.
O mar passou a ser percebido através de um quadriculado de ferragens, perdendo todo seu encanto.
Recentemente, as ferragens foram retiradas e a parte inferior do material, coberta com impermeáveis para proteger das intempéries, o que contribuiu bastante para redução do desconforto visual.
O problema parecia resolvido desta forma. Porém, há alguns dias, tudo voltou a ser como dantes.
As ferragens estão novamente expostas, enfeando o local.
O mar, observado através de grades, perde sua beleza. O cartão postal desta cidade foi rasgado, exatamente por quem dele tira seu sustento. Os permissionários deveriam ser os maiores responsáveis pelo cuidado estético do local.
Mas quem é que está preocupado com isso? Usufruir o bem, até as últimas consequências, é a mentalidade da maioria das pessoas.
E farão isso na medida em que as normas não são bem definidas e seu cumprimento não é obrigatório e/ou fiscalizado com seriedade.
Todo cidadão merece respeito, mas em nome do respeito individual não podemos ferir o coletivo e permitirmos que a sociedade se torne anárquica. Esta cidade tem vários exemplos de irregularidades que se perpetuam por conta da aceitação das autoridades e do próprio povo que não reage a tais investidas.
Assim, loteia-se a cidade como terra de ninguém, onde boa parte da população utiliza-a de forma egocêntrica.
Em nome da sobrevivência, o direito individual extrapola o limite do aceitável. Enquanto isso, os deveres se mantêm parcimoniosos.
Não pode ser assim, sob o risco de termos uma cidade insatisfatória para se viver.
Imagine-se para o tão sonhado turista...
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