Dra. Celina Côrte Pinheiro - Médica e Presidente da SOBRAMES-CE SOLIDÃO |
Primeiro lugar no gênero
Prosa, no concurso Edith Braga, promovido pela AJEB em 2012. Premiação feita
por ocasião do lançamento do 7º volume da coletânea POLICROMIAS, da AJEB, em
23/04/2013.
Vida
solitária, inundada por lembranças do passado. Depressão. Quem sabe devesse se casar
novamente... Celeste, a esposa, morrera jovem. Em seu lugar, apenas um enorme
vazio. Não haviam tido filhos e não fosse a velha empregada que permanecera na
casa, Afrânio estaria completamente só. Nenhum vizinho ou amigo, sequer um animal
de estimação...
Naquela noite, foi impelido a se arrumar um
pouco. Vestiu o terno mofado pelo tempo de guardado, escolheu uma entre as
poucas gravatas, retirou o chapéu de massa da caixa e se encaminhou até o
pequeno espelho do banheiro. Penteou-se, perfumou o rosto e o pescoço com colônia
de aroma já despedido, ajeitou o chapéu na cabeça e saiu. A empregada estranhou
que o patrão partisse sem jantar. “Deixa pra lá... Coisa de velho! Mais tarde,
ele come...” – pensou. Era discreta. Não se intrometia na vida de patrão.
Na rua, Afrânio olhou para o céu e viu a lua
muito redonda, brilhante. Pensando bem, há tanto tempo não olhava para outra
direção. Nem para dentro de si mesmo... Encantou-se com a esplendorosa lua
parecendo solta no espaço. Sentiu-se seduzido pelo brilho e a liberdade. Tentou
aproximar-se dela e caminhou em sua direção, desatento ao resto do mundo. Por
mais que tentasse, a distância entre os dois parecia não mudar. Mas ele
insistia, insistia... Subiu ruas, desceu ladeiras, atravessou montanhas e rios.
Interrompeu sua busca apenas no dia seguinte quando a lua desapareceu. Mas já
se apaixonara e ali permaneceu até a noite quando ela voltou para brincar com
ele. Brincaram tanto que ele, cansado, virou estrela...
PARABÉNS! O tema foi retratado, com maestria, mostrando a dor infinita da solidão. abraço anamargarida
ResponderExcluirObrigada.
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