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quarta-feira, 22 de abril de 2020

POR ARRUDA BASTOS: Diário de uma quarentena (34° dia).

Diário de uma quarentena (34° dia).
O aniversário da netinha Larinha e o drible no coronavírus
Por Arruda Bastos

Hoje, 22 de abril de 2020, minha netinha Larinha completa seu primeiro aniversário. Eu estava presente e chorei de emoção no seu nascimento, mas como a cabeça não tá muito boa nessa quarentena, recorri à crônica que escrevi no ano passado intitulada “Lara, minha netinha ansiosamente aguardada, chegou” para recordar que foi às 8 horas e 27 minutos que nasceu, pesava 3 quilos e 100 gramas, com 48 centímetros. O Hospital foi o Gênesis, aqui em Fortaleza.

Voltando um pouco no tempo, lembro-me do chá de revelação, quando escrevi a crônica “Lara, minha nova netinha, é vitoriosa até no nome”. Na oportunidade, relatei que a cor rosa, depois do estouro dos cartuchos, foi a que prevaleceu e que o nome escolhido, Lara Parente Bastos manteria a tradição dos nomes iniciados com a letra “L” na família. Na época, o oitavo. Em agosto chega o nono, com a Lina da minha filha Lívia.

Pesquisando o nome com cuidado, encontrei, entre outras definições, que Lara indica uma pessoa vitoriosa, o que, por coincidência, define bem a luta, a perseverança e as orações para sua concepção, seu nascimento e a coincidência do seu aniversário acontecer no momento atual. Meu filho Bruno e minha nora Lais já tinham contratado uma bela festa, mas devido a Covid-19, tudo foi transferido.

Como escrevi em crônicas do meu “Dário de uma quarentena”, o coronavírus pode até tentar e estrebuchar, mas não vai impedir que o amor, a confraternização e a alegria aconteça entre as famílias. A festa virtual é uma saída e, no caso da Larinha, foi um show com tudo que tem direito: bolo, salgadinhos, lembrancinhas, parabéns e muita alegria.

Lais driblou o “corona” e até as dificuldades do isolamento social encaminhando, com antecedência, para casa dos convidados, muitas guloseimas. Assim, além do virtual, podemos ter aquele gostinho de festa e as crianças, suas lembrancinhas. Cada um pôde, então, organizar uma mesa de aniversário em sua residência e celebrar com toda a família. Foi uma grande sacada e vai ficar marcada indelevelmente nas nossas memórias esses momentos de emoção.

O dia foi de grande alegria. Logo cedinho, quando acordei, a minha querida Marcilia digitava e narrava, em voz alta, uma mensagem para nossa netinha. Depois, escutei o disparar do som do aplicativo, que muitas vezes me irrita, mas no dia de hoje tocou como uma música, e li as inúmeras mensagens para Larinha, lindas e de grande inspiração.

Como exemplo, vou transcrever a da Marcilia que diz: “Hoje, nossa linda bonequinha está fazendo seu primeiro aninho. Com certeza teremos um lindo encontro virtual para comemorar esta data. Larinha é um grande presente de Deus para toda a família. Que Papai do Céu lhe abençoe com muita saúde, muitos presentes, muitas guloseimas e muito amor do papai, da mamãe, do vovô, da vozinha, dos titios e dos priminhos”. 

Para concluir, digo que Lara cresceu rápido, linda, com graça e inteligência. Como não podemos encontrá-la pessoalmente, seus vídeos são um colírio e, sempre que postados, um bálsamo para os nossos corações. Pedimos a Deus e Nossa Senhora a sua proteção para que minha netinha cresça com saúde, graça e inteligência. Nós te amamos! Parabéns!

Amanhã eu volto com uma nova crônica
Essa foi a do dia 34. #FiqueEmCasa

Arruda Bastos é médico, professor universitário e presidente da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores - SOBRAMES - CE.

terça-feira, 21 de abril de 2020

POR ARRUDA BASTOS: Diário de uma quarentena (33° dia).

Diário de uma quarentena (33° dia).
Obnubilado de “A” a “Z”
Por Arruda Bastos

Acordei nessa terça-feira como tenho feito todos os dias: preparado para enfrentar as tarefas da minha agenda. Caminhar, tomar banho de sol, trabalhar em algum conserto, escrever a crônica, preparar aulas virtuais, e não poderia esquecer que terça é dia da minha tutoria com os alunos da Medicina da Unichistus.

Levantei, fui logo tomar banho, vesti uma bela camisa, a bermuda e liguei o computador para receber os alunos na sala virtual do Google Meet. Por volta das oito horas fiquei esperando e nenhum pé de pessoa entrou no circuito. Depois de algum tempo, fui olhar no grupo do WhatsApp dos professores e descobri então que hoje era feriado de Tiradentes.

Nesse período de isolamento social, não sei mais o que é sábado, domingo e, muito menos, feriado. Acho que estou mesmo ficando totalmente obnubilado, talvez até de “A” a “Z”. Também, não é de se estranhar, pois depois de trinta e três dias de isolamento, não é fácil lembrar o dia da semana uma vez que todos parecem domingos.

Depois que aterrissei no calendário, fiquei revigorado e foi só alegria. Realizei o cooper mais à vontade e caprichado, o sol foi pouco devido à chuva, mas, na hora do almoço, a grande surpresa foi a chegada de uma farta feijoada encaminhada pela minha querida nora Laís e pelo meu filho Bruno.

Para alguns dos meus leitores, sei que falar em feijoada deu água na boca e até tem quem tenha lambido os beiços com saudade daquela cervejinha gelada. Como não bebo a cervejinha, eu dispenso, mas o papo gostoso com familiares e amigos deu mesmo muita nostalgia.

Após o lauto almoço, sobrou mesmo foi o bucho cheio, aquela precundia, o sono, e também um tempinho curto, com alguns peixinhos para, antes de me entregar aos braços de Morfeu, assistir às últimas e nada alvissareiras notícias do Jornal Hoje.

Durante o cochilo, sonhei com a última feijoada que participei na casa do meu colega Evalto em Águas Belas, foi bom demais. Infelizmente, o sono durou pouco, pois fui logo acordado com um telefonema pedindo minha assinatura em uma nota de apoio ao isolamento social.

Por falar no Evalto, ele ontem me ligou para desabafar e se mostrou também preocupado com a evolução da Covid-19 no Ceará. Depois de solicitar a minha opinião, passamos a falar amenidades e até marcamos uma grande festa para quando tudo terminar. Digo que vou ficar contando os dias e, mesmo que obnubilado, esse regabofe eu não vou perder.  Planeje o seu também!

Amanhã eu volto com uma nova crônica.
Esta foi a do dia 33. #FiqueEmCasa

Arruda Bastos é médico, professor universitário e presidente da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores (SOBRAMES - CE).

segunda-feira, 20 de abril de 2020

POR ARRUDA BASTOS: Diário de uma quarentena (32º dia)

É de lascar
Diário de uma quarentena (32º dia)
Por Arruda Bastos

Hoje, dia 20 de abril de 2020, levantei, como popularmente se diz, “com a macaca”, digo mesmo “fumando numa quenga” e até “fulo da vida”. E isso tudo devido às imagens do Bom Dia Ceará e às primeiras reportagens do Jornal da CBN que escuto todos os dias bem cedinho na rádio O Povo.

As matérias mostravam manifestações de grupos que, sem noção do perigo, no dia anterior, pediam a flexibilização das medidas de isolamento social, o fechamento do Congresso, do Supremo Tribunal Federal e, pasmem, até da volta da ditadura militar e do AI-5.

Realmente foi demais “pro meu visual” deparar-me com as reportagens depois de trinta e dois dias de quarentena muito rigorosa. Só saí de casa uma única vez para tomar a vacina da gripe no Shopping Rio Mar e, mesmo assim, em drive thru, como relatei na crônica “Uma odisseia na terra dos vírus gigantes”.

Digo mesmo que é de “lascar” e dessa vez não vou “empurrar com a barriga”, nem “passar pano” e, “sem meias palavras”, vou “abrir o bico” e “chutar o pau da barraca” para alertar que tal manifestação inconstitucional não pode “passar em branco” e que quem “for podre que se quebre”, inclusive uma autoridade do Brasil que compareceu e fez até discurso.

Meus leitores devem estar estranhando a quantidade de aspas nessa crônica, mas só mesmo apelando para o Dicionário de Expressões Coloquiais Brasileiras, de Nelson Cunha Mello, para recuperar o humor e a inspiração em um dia de tamanha apreensão quando os números da Covid-19 no Ceará alcançam a marca de 3.487 casos confirmados e 206 óbitos. Durma-se com um barulho desse pra pedir liberação do isolamento.

Digo que “em rio que tem piranha, jacaré anda de costas” e que “quem brica com fogo quer se queimar”. Não “sou de me emprenhar pelos ouvidos”, pois conheço esta “história de cor e salteado”. Tenho 6.5 de idade e em 1964 era uma criança. Fiquei homem durante o regime militar e sei tudinho o que aconteceu, como relato na crônica que escrevi em 2016, intitulada “Da criança de 64 ao médico pela democracia”.

Para terminar, e falando sério, não desejo a ninguém a minha sina, nem que tenham que escrever daqui a alguns anos para seus filhos e netos, como faço agora, um texto lamentando as manifestações de tamanha insensatez. Não posso ficar calado e deixar a garganta sem os gritos conscientes de “ditadura nunca mais”.

Amanhã eu volto com uma nova crônica.
Esta foi a do dia 32. #FiqueEmCasa

Arruda Bastos é médico, professor universitário e presidente da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores (SOBRAMES - CE).

domingo, 19 de abril de 2020

POR ARRUDA BASTOS: Diário de uma quarentena (31º dia).

Diário de uma quarentena (31º dia).
O “gatoso”, a quarentena e o mesversário
Por Arruda Bastos

A minha quarentena completou mesversário. Não realizei festa, passou batido, não teve bolo nem cantei parabéns. Só comemorei a certeza de que estou do lado da ciência, da Organização Mundial da Saúde e de todo o mundo civilizado que adotou o isolamento social e agora colhe os primeiros frutos com a diminuição dos casos da Covid-19. Espero que aqui também possamos ter o mesmo resultado.

O mesversário é a repetição do dia a cada mês em que se deu determinado acontecimento. Num sentido mais geral, refere-se à comemoração da periodicidade mensal de algum evento importante, como o nascimento de alguém. No meu caso, o dia em que comemoro trinta dias de isolamento social.

Com já pertenço ao grupo dos “gatosos”, ou seja, um gato idoso, não posso mesmo facilitar e nem dar canja para o coronavírus. Por isso, estou cumprindo religiosamente esse período em casa e trabalhando mais do que o habitual. Ministrei dezenas de aulas virtuais, elaborei projetos, formatei uma nova turma do MBA de Gestão em Saúde da Unichristus e até dei continuidade ao meu Mestrado em ensino na Saúde e Tecnologias Educacionais.

Não esqueci meu compromisso literário de escrever o “Diário de uma quarentena”, que são crônicas que diariamente são publicadas no Blog da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores (SOBRAMES-CE) e que também posto nas minhas redes sociais. Mesmo com pouco tempo e muitas vezes abalado com as notícias da pandemia, para mim é uma questão de honra dar vazão ao que meu coração sente.

Hoje, 19 de abril de 2020, acordei pensando no tempo e no que já escrevi anteriormente em uma outra crônica que publiquei quando do meu último aniversário. Na época, falei que o tempo é muito curto para aqueles que não sabem amar. Para os que vivem a se lamentar, todavia, o tempo é longo; e para os que vivem a amar, como eu, mesmo no tempo de pandemia, o tempo é eterno.

Não existe nada mais precioso do que o tempo. Não temos o direito de desperdiçá-lo. Portanto, vamos viver intensamente esse momento e aproveitar ao máximo. A vida não nos dá oportunidades de replay. Não deixe o seu tempo voar pela janela, mesmo durante a quarentena, pois ele não vai voltar.

É com esse sentimento de aproveitar o tempo que chego ao mesversário e, aí sim, comemoro os primeiros trinta dias transcrevendo o título de todas as crônicas escritas nesse contexto e o link do Blog da Sobrames. Falei de tudo que me deu na telha, não censurei as minhas inspirações. Escrevi desde a besteira da “A quarentena da caneta Azul” até “Uma odisseia na terra dos vírus gigantes”, da “Devia ter complicado menos, trabalhado menos, ter visto o sol nascer” a “Depois da tempestade vem a bonança”.

Considero minhas crônicas como filhas e, como tal, não tenho predileção por nenhuma. Todas elas e cada uma foi escrita com muito amor e do fundo do meu coração. Espero sinceramente que todos gostem e que nós possamos sair dessa incólumes para, no futuro, que espero não seja distante, comemorarmos juntos lendo essa crônica no lançamento do meu livro “Diário de uma quarentena”. Tenho fé!

Amanhã eu volto com uma nova crônica.
Esta foi a do dia 31. #FiqueEmCasa

Arruda Bastos é médico, professor universitário e presidente da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores (SOBRAMES - CE).

Projeto “Quarentena Literária” - 30 primeiras crônicas de minha autoria - “Diário de uma quarentena”: Leiam aqui, nos links da Sobrames e em outras redes sociais.

*1º dia: O início de uma longa travessia
> http://blogdasobramesceara.blogspot.com/…/diario-de-uma-qua…
*2º dia: O tédio, o vento e a rede na varanda
> http://blogdasobramesceara.blogspot.com/…/diario-de-uma-qua…
*3º dia: Depois da tempestade vem a bonança
> http://blogdasobramesceara.blogspot.com/…/diario-de-uma-qua…
*4º dia: Vão-se as barbas e ficam os dedos
> http://blogdasobramesceara.blogspot.com/…/pdiario-de-uma-qu…
*5º dia: Devia ter complicado menos, trabalhado menos, ter visto o sol nascer
> http://blogdasobramesceara.blogspot.com/…/por-arruda-bastos…
*6º dia: Cabeça oca, vazia de tudo, sem pensamento
> http://blogdasobramesceara.blogspot.com/…/por-arruda-bastos…
*7º dia: Crianças são presentes de Deus
> http://blogdasobramesceara.blogspot.com/…/por-arruda-bastos…
*8º dia: Por favor, fiquem em casa
> http://blogdasobramesceara.blogspot.com/…/por-arruda-bastos…
*9º dia: Uma odisseia na terra dos vírus gigantes
> http://blogdasobramesceara.blogspot.com/…/por-arruda-bastos…
*10° dia: Mãezinha, que falta a senhora me faz
> http://blogdasobramesceara.blogspot.com/…/por-arruda-bastos…
*11° dia: Meu amigo de fé e um irmão camarada: o celular
> http://blogdasobramesceara.blogspot.com/…/por-arruda-bastos…
*12° dia: Armagedom > http://blogdasobramesceara.blogspot.com/…/por-arruda-bastos…
*13° dia: Dia da mentira em tempo de coronavírus
> http://blogdasobramesceara.blogspot.com/…/por-arruda-bastos…
*14° dia: Se a gente colocar a nossa fé em ação, vai dar tudo certo
> http://blogdasobramesceara.blogspot.com/…/por-arruda-bastos…
*15º dia: Nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia
> http://blogdasobramesceara.blogspot.com/…/por-arruda-bastos…
*16º dia: Farinha pouca, meu pirão primeiro
> http://blogdasobramesceara.blogspot.com/…/por-arruda-bastos…
*17º dia: O domingo, a Lei de Chico de Brito e a dor no mucumbu
> http://blogdasobramesceara.blogspot.com/…/por-arruda-bastos…
*18º dia: Aniversário virtual e o amor são formas de destronar o coronavírus
> http://blogdasobramesceara.blogspot.com/…/por-arruda-bastos…
*19º dia: A inspiração de Roberto Carlos na rotina de uma quarentena
> http://blogdasobramesceara.blogspot.com/…/por-arruda-bastos…
*20° dia: Há luz no fim do túnel?
> http://blogdasobramesceara.blogspot.com/…/por-arruda-bastos…
*21° dia: Do barbeiro amador ao isolado sim, sozinho jamais
> http://blogdasobramesceara.blogspot.com/…/por-arruda-bastos…
*22° dia: Macambúzio e sorumbático com as lembranças da Semana Santa
> http://blogdasobramesceara.blogspot.com/…/por-arruda-bastos…
*23° dia: O testamento do Judas e o “Cachorro Magro”
> http://blogdasobramesceara.blogspot.com/…/por-arruda-bastos…
*24° dia: Coelhinho da Páscoa, que trazes pra mim?
> http://blogdasobramesceara.blogspot.com/…/por-arruda-bastos…
*25° dia: Fortaleza, a “arretada” loira desposada do sol
> http://blogdasobramesceara.blogspot.com/…/por-arruda-bastos…
*26° dia: A quarentena da caneta Azul
> http://blogdasobramesceara.blogspot.com/…/por-arruda-bastos…
*27° dia: Naquela mesa tá faltando ele
> http://blogdasobramesceara.blogspot.com/…/por-arruda-bastos…
*28° dia: O inoxidável e futuro pai do ano
> http://blogdasobramesceara.blogspot.com/…/por-arruda-bastos…
*29° dia: O Mestrado virtual >
http://blogdasobramesceara.blogspot.com/2020/04/por-arruda-bastos-diario-de-uma_18.html
*30° dia: A dor de uma partida >
http://blogdasobramesceara.blogspot.com/2020/04/por-arruda-bastos-diario-de-uma_83.html

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sábado, 18 de abril de 2020

POR ARRUDA BASTOS: Diário de uma quarentena (30º dia)

Diário de uma quarentena (30º dia)
A dor de uma partida
Por Arruda Bastos

Hoje, 18 de abril, completo trinta dias de isolamento social. Seria uma boa oportunidade para fazer uma retrospectiva de todo esse período de quarentena. Falar das dificuldades, da rotina, das atividades, dos encontros virtuais, dos altos e baixos, das angústias e da esperança, apesar das notícias cada vez mais desalentadoras da evolução da Covid-19 na nossa querida cidade de Fortaleza.

Entretanto, os insondáveis desígnios de Deus me levam a escrever uma crônica chorosa com a dor de uma partida sem despedida de um grande amigo. A notícia chegou pela madrugada, pois, como faço todos os dias no período de isolamento, fui ler os grupos de whatsapp, principalmente à procura de respostas às minhas indagações postadas na noite anterior.

Duas pessoas em particular eram alvo da minha apreensão. Um amigo e primo da minha querida Marcilia, que se encontra internado na UTI do IJF vitimado pelo coronavírus e um camarada muito gente boa, que é meu vizinho há aproximadamente vinte e cinco anos, e que há poucos dias sofreu um AVC e se encontrava internado em estado grave na UTI do Hospital Prontocardio.

Com relação ao meu primeiro amigo, a esposa respondeu que ele estava na mesma. No que concerne ao meu vizinho, a mensagem causou-me uma grande comoção e tristeza, pois comunicava o seu falecimento.  Adauto era um homem de fibra, de uma capacidade de trabalho invejável e uma dignidade a toda prova.  Muitas vezes, por ser muito franco, deixava transparecer certa antipatia, o que era só de fachada, pois tinha um grande coração.

Partilhamos juntos muitas ações e gestões no nosso condomínio. Formamos durante muitos anos uma dupla inseparável. Ora eu era o síndico e ele o sub e muitas outras vezes o contrário. Sempre que o encontrava era aquele papo descontraído e, muitas vezes, com seriedade devido às dificuldades comuns no dia a dia.

Tinha por ele uma grande amizade e respeito e minha maior frustração e tristeza é de não ter tido a oportunidade de me despedir como ele merecia. A pandemia tem acarretado sofrimento e muita dor a todos nós. Para Adauto, como homem justo, agora é gozar da paz do Senhor.

Que Deus e Nossa Senhora possam confortar toda a família e os amigos.

Amanhã eu volto com uma nova crônica.
Esta foi a do dia 30. #FiqueEmCasa

Arruda Bastos é médico, professor universitário e presidente da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores (SOBRAMES - CE).

sexta-feira, 17 de abril de 2020

POR ALCINET ROCHA SOARES: SOM DE QUARENTENA


SOM  DE QUARENTENA

Silêncio sempre me foi benvindo
E em quarentena ainda mais que dantes
Eu doendo ou de alegria sorrindo
Expõe-se revelador e instigante

Faz-me entender o linguajar da terra
Plantas, bichos...os pródromos da chuva
Dos já idos, som de amor que reverbera
E que na vida a reta é às vezes curva

Embebe-me as páginas do existir
Pra diuturnamente eu consumir
Os mil quilos de cores e coragem

Faz-me a sede de esperança avançar
Em Deus achar meu ponto de ancoragem
E com Sua frequência harmonizar

POR ARRUDA BASTOS: Diário de uma quarentena (29º dia).

Diário de uma quarentena (29º dia).
O mestrado virtual
Por Arruda Bastos

Estamos mesmo fazendo história. Durante o nosso isolamento social, no dia de hoje, participei de mais um encontro do mestrado em educação em saúde da Unichristus. Foi tudo de forma virtual pelo sistema Google Meet, com a coordenação dos competentes professores Karla Nascimento e Arnaldo.

Tudo começou por volta das 14 horas e na programação constava a apresentação dos projetos de pesquisa de todos os mestrandos. Nesse final de semana, a parte do corpo que vai ficar mais dolorida será o bumbum de tanto ficar sentado olhando para o computador. Entretanto, é por uma boa causa, pois, assim, não vamos atrasar o nosso cronograma.

O bom mesmo foi presenciar minha querida filha Lia, que é minha colega de turma no mestrado, dar uma aula bem dada quando apresentava a sua pesquisa de criar um aplicativo voltado para a nefrologia pediátrica, esta sua especialidade. O certo é que todos apresentaram com muita competência seus projetos.

O Mestrado Profissional em Ensino na Saúde e Tecnologias Educacionais é um curso de Pós-Graduação Stricto Sensu, recomendado pela CAPES e homologado pelo Ministério da Educação. O curso tem como objetivo geral formar recursos humanos qualificados, capazes de oferecer subsídios andragógicos, científicos e teórico-conceituais para o ensino em saúde, visando contribuir para o desenvolvimento de atividades de educação e práticas de atuação nos diferentes níveis de atenção na saúde.

Como já está tarde, pois a aula só terminou no início da noite, e consequentemente não tive condição de escrever a crônica antes, colei e copiei o parágrafo anterior quase na totalidade da página da nossa instituição de ensino. Outros detalhes do mestrado quem quiser saber que entre no site da pós-graduação da Unichristus.

A minha apresentação ficou para a manhã desse sábado, quando vou expor o meu projeto de desenvolvimento de aplicativo móvel para incentivo da produção literária de estudantes de medicina. A tecnologia vem trazendo um bem para a literatura. Pouco a pouco, os livros vão incorporando ferramentas tecnológicas e as novidades da informática amplificam o universo da leitura e da produção literária. Por isso, é salutar que exista muitos aplicativos destinados a quem deseja ler e escrever.

Sabemos também que a decisão de escrever nos dias atuais esbarra quase sempre na falta do hábito, de tempo e de inspiração. Para os estudantes universitários, envolvidos no dia a dia de sua formação, isso é preocupante, pois os não afeitos à leitura podem sofrer de diversos distúrbios e perdem a chance de introjetar virtudes fundamentais para o profissional, principalmente a empatia, o humanismo e a visão holística do mundo.

A literatura, quando sorvida e incentivada, pode produzir mudanças consideráveis no comportamento dos seres humanos. Para aqueles afeitos à leitura, um incentivo a mais pode levar ao despertar de novas capacidades e à descoberta de talentos ainda latentes; para os noviços na arte literária, pode representar o desabrochar de enrustidos.

O descarrego das tensões do dia a dia em uma arte é fundamental para suplantar as dificuldades. Os estudos demonstram que o envolvimento nas artes durante o curso de Medicina é valioso no desenvolvimento de habilidades fundamentais para os futuros profissionais, como o pensamento crítico, a observação, a comunicação e a prevenção de algumas doenças.

Vou terminando por aqui, pois tenho que acordar cedo para minha apresentação. Quem quiser mais detalhes do meu projeto de pesquisa que espere até o final do curso, quando da defesa da minha dissertação de mestrado. Espero mesmo é que tudo termine logo para que possamos nos encontrar novamente com os colegas e os professores na sala 201 do campus Parque Ecológico da Unichristus

Amanhã eu volto com uma nova crônica
Esta foi a do dia 29. #FiqueEmCasa

Arruda Bastos é médico, professor universitário e presidente da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores (SOBRAMES - CE).