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terça-feira, 12 de novembro de 2013

POR: MARCELO GURGEL - SANTA MARIA GORETTI: mártir da castidade


Dr. Marcelo Gurgel - Médico e Membro da Sobrames-CE

 * Publicado In: Boletim Informativo da Sociedade Médica São Lucas, 9(74): 4, setembro de 2013.
Texto lido na reunião da Sobrames-CE,  dia 11 de novembro de 2013.

SANTA MARIA GORETTI: mártir da castidade
Recordo bem, quando ainda criança de tenra idade, nos anos cinquenta, eu apreciava ver uma grande imagem disposta em um nicho no terço medial, à direita, da nave da pequena Igreja de Nossa Senhora dos Navegantes, em Jacarecanga, defronte à Escola de Aprendizes Marinheiros, em Fortaleza.
A imagem reproduzia uma bela jovem, de tez alva e rosto angelical, de longos cabelos pretos ondulados, trajando um simples vestido azul celeste, com alguns detalhes brancos. Ela segurava, à altura do seu peito esquerdo, um ramalhete de lírios, indicativos de suas pureza e castidade.
Era Santa Maria Goretti, cujo nome, tal como Maria de Fátima, servira de motivação para batizar tantas meninas nascidas na capital cearense, na década de 1950. Eram muitas as famílias locais que possuíam uma garota que atendia pelo prenome Maria Goretti, embora apenas fossem chamadas de Goretti.
Nos primeiros anos da década seguinte, por eu ter duas irmãs, Marta e Márcia, estudando no Ginásio Santa Maria Goretti, uma escola confessional, a história dessa santa passou a ser mais comentada em nossa família. Ela era uma adolescente que, por resistir ao assédio sexual de um rapaz, foi barbaramente assassinada, a facadas, por ele, e, mesmo assim, ainda o perdoou; também me diziam que o homicida se arrependera do crime cometido e tornara-se um frade franciscano, que era o jardineiro do convento, mas não podia celebrar missa.
Maria Resa Goretti nasceu em Corinaldo, Província de Ancona, na Itália, em 16 de outubro de 1890. Seus pais, Luigi Goretti e Assunta Carlini, como bons cristãos confiavam na Providência do Pai celestial. Eles eram camponeses empobrecidos, que foram forçados a deixar sua fazenda e trabalhar para outros fazendeiros, tendo que se mudarem para Le Ferriere, em Lazio, onde passaram a viver em prédio compartilhado com a família Serenelli; a condição financeira da família viria a se agravar com a morte prematura do genitor, quando Goretti tinha apenas nove anos de idade, ficando seis filhos na orfandade.
Na tarde de 5 de julho de 1902, Alessandro Serenelli, um moço de 20 anos de idade, agindo premeditadamente, e aproveitando a situação de que Assunta Carlini estava arando a terra, tentou estuprar Maria Goretti, que rechaçou as violentas investidas do seu agressor, protestando que seria um pecado mortal o cometimento de um ato libidinoso tão execrável, sob o ponto de vista religioso e moral. Refere o Processo Canônico para sua beatificação que Maria Goretti, aquela frágil menina de doze anos incompletos, ainda encontrou forças, para lutar, a fim de preservar o tesouro mais querido de sua vida.
Tomado de ódio, por não lograr o seu intento, Alessandro Serenelli desferiu-lhe quatorze golpes de uma arma branca, fugindo, em seguida, crente de que Maria Goretti estava morta. Ela conseguiu pedir socorro, sendo acudida por vizinhos e pela própria mãe, que a levaram para o Hospital dos Irmãos de São João de Deus, em Netuno, onde foi submetida a uma laparotomia, sem qualquer anestesia.
Apesar da gravidade dos ferimentos, Maria Goretti deu provas cabais de sua santidade, perdoando o seu assassino, conclamando-o ao arrependimento, para que ele estivesse junto dela na eterna glória. Ela sofreu horrivelmente, porém nenhuma queixa partiu de seus lábios. Na noite do seu calvário, Maria recebeu no pescoço o Medalhão, com uma fita azul, da Congregação das Filhas de Maria. Então, Maria beijou a imagem da Virgem Santíssima e rezou usando as palavras que Catarina Labouré falou à Nossa Senhora: “Oh! Maria, concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós”.
Na manhã seguinte, domingo, 6 de julho de 1902, Maria recebeu a Sagrada Comunhão. Em sua agonia, revelou a sua conformação, afirmando que em breve encontraria a Deus, face a face. À tarde, Maria olhou carinhosamente para a imagem da Virgem Santíssima na parede de seu quarto, e sussurrou para Assunta, posicionada ao lado da cabeceira do seu leito de morte: “A Mãe Santíssima está esperando por mim”. Às 15h45min, Maria Goretti morre enquanto beija uma cruz.
Após sua morte, uma enorme manifestação pública acontece; o seu sepultamento não foi um funeral, mas, sim, um verdadeiro triunfo! Seus restos mortais repousam, desde 1926, no belo mausoléu de Zaccagnini, erigido para ela no Santuário de Nossa Senhora das Graças, em Netuno.
Alessandro Serenelli, sob proteção policial, escapou do linchamento por populares, revoltados à conta do odioso crime perpetrado, e foi levado a julgamento, recebendo a condenação à prisão perpétua, comutada a trinta anos de prisão, por ser menor de idade, ao tempo do crime. Durante a prisão, ele declarou ter tido uma visão da mártir, oferecendo-lhe lírio, que, ao recebê-lo, se transmutou em chamas cintilantes, fato que culminou em sua conversão. Em 1936, tendo passado trinta anos encarcerado, Alessandro Serenelli ingressou em um convento capuchinho, no qual viveu o resto de seus dias, como frade contemplativo, em vida santa e penitente, vindo a falecer em 1970.
Em 27 de abril de 1947, o Papa Pio XII beatificou Maria Goretti, virgem e mártir, na Basílica de São Pedro, em Roma, em cerimônia assistida pela mãe e três dos irmãos de Maria e de pessoas de toda parte do mundo vieram render-lhe homenagem.
Em 24 de junho de 1950, Maria Goretti foi canonizada pelo Papa Pio XII, na presença de sua mãe e irmãos, e, inclusive, de Alessandro Serenelli. Para a sua canonização quarenta milagres foram atribuídos à sua intercessão. A canonização foi realizada na Praça São Pedro, em frente à Basílica de São Pedro. Uma multidão de meio milhão pessoas presenciou à celebração, na sua maioria jovens, vindos de vários países do mundo.
Maria Goretti é padroeira das adolescentes, da castidade e das “Filhas de Maria”. Ela pode servir de exemplo à juventude hodierna, em uma época de decadência moral, como o ideal de pureza e integridade espiritual.
Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Integrante da Sociedade Médica São Lucas

REUNIÃO DA SOBRAMES-CE - 11 DE NOVEMBRO DE 2013

Ontem, dia 11 de novembro de 2013, às 19 horas e 30 minutos, realizou-se, na Avenida Rui Barbosa, nº 1880, mais reunião ordinária da Sobrames-CE.
Presentes vários associados, como podemos ver na foto abaixo.

Sentados da esquerda pra direita: Ana Margarida, Ozanilde, Larissa, Silvana, Celina e Wilson. Em pé da esquerda pra direita: Marcelo, Airton, José Souza, José Aves, Fernando, Flávio, Sebastião e Natanael 

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

POR: EMANUEL CARVALHO MELO - PRIMÓRDIOS DA SOBRAMES-CE 2

 
 
Dr. Emanuel Carvalho Melo - Médico e ex-presidente da Sobrames-CE 
Caricatura - Dr. Isaac Furtado
Texto postado no FACEBOOK, na página do autor.
No período que passei no Centro Médico Cearense, convivi com Dr. Paulo Marcelo Rodrigues, Presidente, e por ele convidado para o cargo de Diretor Promoções e Cultura nos anos de 1978 e 79. Fundamos um jornal chamado CMC Informa e foi reativada a revista científica Ceará Médico (sob responsabilidade do Dr Pedro Henrique). Aberto um espaço cultural no salão principal para exposições e reuniões culturais com grupos de poetas e escritores. Nos anos 1980 e 81 o Presidente foi Dr. Aguiar Ramos, continuei no cargo e melhorei o Jornal, criei a Editora CMC para viabilizar a publicação dos primeiros livros: Verdeversos e Isto não se Aprende na Escola. Promovemos exposições de pintura com vários pintores entre eles Mano Alencar e Afonso Lopes. Lançamos o livro do poeta Jáder de Carvalho "Delírio da Solidão", do Caetano Ximenes Aragão "Romanceiro de Bárbara" e o livro do Aírton Monte. Nos anos 1982 a 84 o Presidente foi Dr. Juarez Carvalho e eu como 1º Secretário, Diretor Cultural e Coordenador da Editora CMC e também fui eleito para Delegado da AMB na gestão do Dr.Mário Barreto Correia Lima. Lançamos o livro "Psiquiatria Básica" do Dr. Frota Pinto, no qual fui o organizador e editor e o livro "Encontram-se" ainda com a o trabalho de arte final e capa do (hoje famoso) cineasta Rosemberg Cariry. Logo a seguir nasceu a Sobrames que já estava sendo gestada em contatos com Dr. Odívio Borba (Presidente da Sobrames Nacional), com o Dr. Dionísio (secretário geral do CMC) e comigo. O Dr. Dionísio era o representante nas negociações para oficialização junto ao CMC da parte administrativa e eu da cultural e formação da sociedade.





 

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

POR: JOSÉ WILSON DE SOUZA - FELICIDADE



                        
Dr. José Wilson de Souza - Médico e Membro da Sobrames-CE

 FELICIDADE


Seguindo sempre pela estrada 
durante o dia ou com a noite chegando.
Tento pegar as crinas de uma montaria,
que deram o nome de  felicidade ,
e que só passa uma vez por dia.

Chegou a noite.  Amanhã o reinicio
por um novo caminho. Não seguirei um já feito,
na curva  poderei cair em um precipício,
sentinela  traiçoeira,   uma  cruz no peito 

Volto para as curvas da estrada 
que matematicamente é uma reta.
Passa por mim a montaria  alada.   
Do meu esconderijo atiro uma seta,
que não acerta. Um sonho, mais nada

Outra madrugada se foi, chega o outro dia,
nova esperança. Continuo a caçada,
incansavelmente,  em busca da montaria,
que só vou  parar quando a tiver laçada.

POR: ISAAC FURTADO - PENA DE ESCREVER

 
Dr. Isaac Furtado - Médico e Membro da Sobrames-CE

Bandeira da Sobrames-CE - arte do Dr. Isaac Furtado
Pena de escrever
Faço pena clara, pena escura,
faço pena arrepiada, lisa,
pena fina ou dura.
Faço pena que faz traço,
silhueta a riscar no chão.
Faço poesia prima com a pena do gavião.
Faço pena preta da asa do Anum,
pena de Pomba branca, Pavão ou Jacu.
Só não tiro a pena maldita
do rabo do Urubu.
Faço pena alegre e bem faceira,
que dança com a serpente
a pairar bem rente
no meio da nossa bandeira.

POR: VICENTE ALENCAR - SONHOS

 
Vicente Alencar - Jornalista e Diretor de Cultura e divulgação da Sobrames-CE
 
SONHOS


Não deixe que os meus sonhos
desapareçam junto a palavras vãs.
Recolha retalhos  dos meus carinhos,
pedaços de minha alma,
e faça-me sentir que o mundo
existe para os enamorados.
Quando acreditei que o luar
é carinhoso com os amantes,
eu pensava no brilho dos teus olhos,
no sorriso aberto do teu rosto
e nos beijos ardentes
que fazem-me feliz!
Não deixe que os meus sonhos
desapareçam
pois assim
morrerei de dor,
de paixão,
de desamor.

terça-feira, 5 de novembro de 2013

POR: GERALDO BEZERRA - GRAVATA DANIFICADA


 

 Dr. Geraldo Bezerra - Médico e Ex-Presidente da Sobrames-CE

Caricatura - Isaac Furtado


      

                                Gravata Danificada

         Zezão foi ao pemba e Chico Fulô também foi...
     Até aí, nada de novo porque difícil um homem do Orós, solteiro ou mesmo casado, que não frequentasse aquele lugar para se encontrar com as meninas da Minervina, ou seja, as quengas.
     Sucedeu que Zezão, naquela noite, tomou muito mais cachaça do que su-portava a sua lucidez e se transformou num bêbado desses que fazem patifaria.
     Chico Fulô não tinha nada com isso. Elegante, envergando seu inseparável paletó, exibia vistosa gravata vermelha.
     Zezão, que há tempo procurava encrenca, bateu com os olhos na elegância de Chico Fulô que se posicionava todo pachola em lugar onde podia ser visto e também ver tudo e todos. Não era homem de briga, nem de cachaça.
     Zezão, à procura de confusão e conhecendo Chico Fulô como um homem desprovido de qualquer resquício de coragem e valentia, viu ali o adversário ideal para o seu objetivo de fazer correr com medo um cabra qualquer. Aproximou-se, olhou bem na cara do Chico e, num gesto rápido, agarrou a gravata do coitado e com uma afiada peixeira de doze polegadas, cortou-a bem no tronco enquanto dizia:
     - Ora, pra onde vai este negro de gravata, homem? Corre, seu fi-d’ua-égua!
     E o Chico Fulô correu mesmo, quebrando velames, só com o nó da gravata amarrado no pescoço.