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sábado, 18 de abril de 2020

POR ARRUDA BASTOS: Diário de uma quarentena (30º dia)

Diário de uma quarentena (30º dia)
A dor de uma partida
Por Arruda Bastos

Hoje, 18 de abril, completo trinta dias de isolamento social. Seria uma boa oportunidade para fazer uma retrospectiva de todo esse período de quarentena. Falar das dificuldades, da rotina, das atividades, dos encontros virtuais, dos altos e baixos, das angústias e da esperança, apesar das notícias cada vez mais desalentadoras da evolução da Covid-19 na nossa querida cidade de Fortaleza.

Entretanto, os insondáveis desígnios de Deus me levam a escrever uma crônica chorosa com a dor de uma partida sem despedida de um grande amigo. A notícia chegou pela madrugada, pois, como faço todos os dias no período de isolamento, fui ler os grupos de whatsapp, principalmente à procura de respostas às minhas indagações postadas na noite anterior.

Duas pessoas em particular eram alvo da minha apreensão. Um amigo e primo da minha querida Marcilia, que se encontra internado na UTI do IJF vitimado pelo coronavírus e um camarada muito gente boa, que é meu vizinho há aproximadamente vinte e cinco anos, e que há poucos dias sofreu um AVC e se encontrava internado em estado grave na UTI do Hospital Prontocardio.

Com relação ao meu primeiro amigo, a esposa respondeu que ele estava na mesma. No que concerne ao meu vizinho, a mensagem causou-me uma grande comoção e tristeza, pois comunicava o seu falecimento.  Adauto era um homem de fibra, de uma capacidade de trabalho invejável e uma dignidade a toda prova.  Muitas vezes, por ser muito franco, deixava transparecer certa antipatia, o que era só de fachada, pois tinha um grande coração.

Partilhamos juntos muitas ações e gestões no nosso condomínio. Formamos durante muitos anos uma dupla inseparável. Ora eu era o síndico e ele o sub e muitas outras vezes o contrário. Sempre que o encontrava era aquele papo descontraído e, muitas vezes, com seriedade devido às dificuldades comuns no dia a dia.

Tinha por ele uma grande amizade e respeito e minha maior frustração e tristeza é de não ter tido a oportunidade de me despedir como ele merecia. A pandemia tem acarretado sofrimento e muita dor a todos nós. Para Adauto, como homem justo, agora é gozar da paz do Senhor.

Que Deus e Nossa Senhora possam confortar toda a família e os amigos.

Amanhã eu volto com uma nova crônica.
Esta foi a do dia 30. #FiqueEmCasa

Arruda Bastos é médico, professor universitário e presidente da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores (SOBRAMES - CE).

sexta-feira, 17 de abril de 2020

POR ALCINET ROCHA SOARES: SOM DE QUARENTENA


SOM  DE QUARENTENA

Silêncio sempre me foi benvindo
E em quarentena ainda mais que dantes
Eu doendo ou de alegria sorrindo
Expõe-se revelador e instigante

Faz-me entender o linguajar da terra
Plantas, bichos...os pródromos da chuva
Dos já idos, som de amor que reverbera
E que na vida a reta é às vezes curva

Embebe-me as páginas do existir
Pra diuturnamente eu consumir
Os mil quilos de cores e coragem

Faz-me a sede de esperança avançar
Em Deus achar meu ponto de ancoragem
E com Sua frequência harmonizar

POR ARRUDA BASTOS: Diário de uma quarentena (29º dia).

Diário de uma quarentena (29º dia).
O mestrado virtual
Por Arruda Bastos

Estamos mesmo fazendo história. Durante o nosso isolamento social, no dia de hoje, participei de mais um encontro do mestrado em educação em saúde da Unichristus. Foi tudo de forma virtual pelo sistema Google Meet, com a coordenação dos competentes professores Karla Nascimento e Arnaldo.

Tudo começou por volta das 14 horas e na programação constava a apresentação dos projetos de pesquisa de todos os mestrandos. Nesse final de semana, a parte do corpo que vai ficar mais dolorida será o bumbum de tanto ficar sentado olhando para o computador. Entretanto, é por uma boa causa, pois, assim, não vamos atrasar o nosso cronograma.

O bom mesmo foi presenciar minha querida filha Lia, que é minha colega de turma no mestrado, dar uma aula bem dada quando apresentava a sua pesquisa de criar um aplicativo voltado para a nefrologia pediátrica, esta sua especialidade. O certo é que todos apresentaram com muita competência seus projetos.

O Mestrado Profissional em Ensino na Saúde e Tecnologias Educacionais é um curso de Pós-Graduação Stricto Sensu, recomendado pela CAPES e homologado pelo Ministério da Educação. O curso tem como objetivo geral formar recursos humanos qualificados, capazes de oferecer subsídios andragógicos, científicos e teórico-conceituais para o ensino em saúde, visando contribuir para o desenvolvimento de atividades de educação e práticas de atuação nos diferentes níveis de atenção na saúde.

Como já está tarde, pois a aula só terminou no início da noite, e consequentemente não tive condição de escrever a crônica antes, colei e copiei o parágrafo anterior quase na totalidade da página da nossa instituição de ensino. Outros detalhes do mestrado quem quiser saber que entre no site da pós-graduação da Unichristus.

A minha apresentação ficou para a manhã desse sábado, quando vou expor o meu projeto de desenvolvimento de aplicativo móvel para incentivo da produção literária de estudantes de medicina. A tecnologia vem trazendo um bem para a literatura. Pouco a pouco, os livros vão incorporando ferramentas tecnológicas e as novidades da informática amplificam o universo da leitura e da produção literária. Por isso, é salutar que exista muitos aplicativos destinados a quem deseja ler e escrever.

Sabemos também que a decisão de escrever nos dias atuais esbarra quase sempre na falta do hábito, de tempo e de inspiração. Para os estudantes universitários, envolvidos no dia a dia de sua formação, isso é preocupante, pois os não afeitos à leitura podem sofrer de diversos distúrbios e perdem a chance de introjetar virtudes fundamentais para o profissional, principalmente a empatia, o humanismo e a visão holística do mundo.

A literatura, quando sorvida e incentivada, pode produzir mudanças consideráveis no comportamento dos seres humanos. Para aqueles afeitos à leitura, um incentivo a mais pode levar ao despertar de novas capacidades e à descoberta de talentos ainda latentes; para os noviços na arte literária, pode representar o desabrochar de enrustidos.

O descarrego das tensões do dia a dia em uma arte é fundamental para suplantar as dificuldades. Os estudos demonstram que o envolvimento nas artes durante o curso de Medicina é valioso no desenvolvimento de habilidades fundamentais para os futuros profissionais, como o pensamento crítico, a observação, a comunicação e a prevenção de algumas doenças.

Vou terminando por aqui, pois tenho que acordar cedo para minha apresentação. Quem quiser mais detalhes do meu projeto de pesquisa que espere até o final do curso, quando da defesa da minha dissertação de mestrado. Espero mesmo é que tudo termine logo para que possamos nos encontrar novamente com os colegas e os professores na sala 201 do campus Parque Ecológico da Unichristus

Amanhã eu volto com uma nova crônica
Esta foi a do dia 29. #FiqueEmCasa

Arruda Bastos é médico, professor universitário e presidente da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores (SOBRAMES - CE).

quinta-feira, 16 de abril de 2020

POR ARRUDA BASTOS: Diário de uma quarentena 28º dia


Diário de uma quarentena 28º dia
O inoxidável e próximo papai do ano
Por Arruda Bastos

Muitas pessoas perguntam porque na maioria das minhas cônicas eu coloco a data. Eu costumo responder afirmando que o momento que estamos vivendo é de tamanha magnitude que devemos identificar todas as informações possíveis, pois estamos fazendo história e, sem dúvida, vamos ser lembrados durante muitos séculos como os sobreviventes de 2020.

Então, continuando, confirmo que hoje é 16 de abril, vigésimo oitavo dia de minha quarentena e, como escrevi em crônica anterior, não devemos nos entregar aos caprichos do coronavírus e ficar abatidos ou deprimidos. Muito pelo contrário, devemos manter nossa rotina e comemorarmos, mesmo fisicamente distantes, todas as datas importantes da nossa família.

Para isso, não nos faltam tecnologias, aplicativos e uma parafernália de opções. Aqui em casa todos combinamos uma festa surpresa para o meu genro Evalto, um dos mais estrogónoficos e inoxidáveis homens que conheço. Esposo da minha querida filha Lívia, pai do meu netinho Lucca e aguardando a Lina, que chega em agosto.

A descoberta do aço inoxidável foi um golpe de sorte do inglês Harry Brearley, em 1907. Ele trabalhava em seu laboratório para as companhias de aço. Os fabricantes de armas haviam pedido que ele criasse uma liga mais resistente ao desgaste, pois o interior dos canos das armas se esfarelava com as balas. Brearley misturou metais em diversas doses até notar que certa liga não sofria corrosão por oxigênio, não enferrujava, daí surgiu o aço inox.

Depois do inoxidável, lembrei-me do discurso que escutei há alguns anos e que fez muito sucesso no meio humorístico. Aproveitei, então, para rever o vídeo que me inspirou a saudar meu genro Evalto. A saudação aconteceu na cidade de Quixeramobim por parte de um popular com alcunha de “Carro Velho”, o Rei do Elogio. O programa era do apresentador Carlinho Eloi. A saudação foi assim: “você é uma pessoa mediocrática, uma pessoa retombante, uma pessoa cabriocárica, estrogónofico e inoxidável”.

Nesse tempo de pandemia, qualquer inspiração vale, e o importante mesmo é não nos deprimirmos. Se meu leitor não foi abençoado com genros semelhantes aos meus, tenha fé que você vai encontrar depois da pandemia. Finalizando, e retornando ao Evalto, desejamos nessa data tudo de bom, saúde, paz e felicidades. Sabemos que Deus tem um plano maravilhoso para sua vida, da Lívia, do Lucca e da Lina. Feliz aniversário!

Amanhã eu volto com uma nova crônica
Esta foi a do dia 28. #FiqueEmCasa

Arruda Bastos é médico, professor universitário e presidente da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores (SOBRAMES - CE).

POR DIONE MOTA: O médico e o Covid

Poema : O médico e o Covid

Na beira do leito
A vontade de curar
Tudo é incerteza
Risco de se infectar
Os seus contaminar
Não pensa nisso agora
O importante é aquele paciente
À sua frente, aflito
Nos olhos o desespero...
Não pode ceder ao cansaço
Busca todas as pesquisas
Tem que manter a esperança 
Vai usar tudo o que já deu certo
Depois da tempestade vem a bonança 
E diz para o paciente
O que já disse pra si mesmo:
Tenha fé, Deus há de lhe curar.

quarta-feira, 15 de abril de 2020

POR ARRUDA BASTOS: Diário de uma quarentena (27º dia)

Diário de uma quarentena (27º dia)
Naquela mesa tá faltando ele
Por Arruda Bastos

Acordei saudoso no dia de hoje, 15 de abril de 2020, recordando do meu amado pai, que aniversaria nessa quarta-feira. Se não estivesse de quarentena, encontraria com toda a família no jazigo muito bem cuidado do Parque da Paz.  Minha amada mãe, enquanto viva, capitaneava e até exigia a presença de todos. Em sua homenagem, vou postar abaixo uma crônica que escrevi em 2017 quando do seu centenário de nascimento.

Para celebrarmos um século do seu nascimento, escrevo essa crônica em memória do meu querido pai, da falta que ele faz e do exemplo que deixou. Sua saga iniciou em Saboeiro, no interior do Ceará, em 15 de abril de 1917, e desde cedo vivenciou as agruras do sertão, da seca e de uma precoce orfandade paterna. Sua gênese representou o alvorecer do meu herói e uma vida de seriedade, coragem, honestidade, fé em Deus e amor. Euclides da Cunha escreveu que “O sertanejo é, antes de tudo, um forte”. Assim era meu pai: um forte.

Em todas as famílias temos tradições e para que elas existam é necessário tempo e forte motivação. Uma delas, que participo desde criança, é o almoço dominical na casa dos meus pais. A família é numerosa, mamãe já tem bisnetos e mesmo assim a tradição se mantém. Meu pai foi o inspirador e era o grande motivador desse costume. A mesa de jantar sempre foi um dos destaques de nossas casas.

Com a passagem terrena de papai, poderia até se pensar no rompimento dessa tradição, mas felizmente ela persiste, a diferença é que naquela mesa está faltando ele e a saudade dele está doendo em mim. Como forma de amenizar sua ausência e ter sempre por perto a lembrança do seu amado esposo, minha mãe tomou a iniciativa de colocar um quadro com sua foto próximo da cabeceira da mesa e de manter sua cadeira sempre vazia.

A emoção de ser meu pai o protagonista dessa crônica é indescritível; não é fácil falar de quem marcou nossa vida com lindas e indeléveis recordações. Quando criança, a sua figura austera e altiva era para mim como um gigante a me proteger; na juventude aquele provedor que trabalhava diuturnamente para dar à família a melhor condição de vida possível; na maturidade ganhei um amigo, parceiro, colaborador e mais que seu filho eu fiquei seu fã.

Na literatura encontro inspiração para expressar do fundo do meu coração o sentimento que tenho com relação à figura do meu pai. Ele era um esposo fiel e dedicado, um pai exemplar e ciente da responsabilidade de criar nove filhos em um período de grande dificuldade, um filho carinhoso e protetor da minha querida avó, um irmão e tio sempre aberto a acolher aqueles que necessitavam, uma qualidade atestada pelos muitos sobrinhos e irmãos que ajudou.

Meu pai tinha uma saúde de ferro, não recordo de nenhum grave problema, nunca se hospitalizou. Fumou durante um período de sua vida e, por insistência e amor à família, parou e nunca mais voltou. Era um motorista sem muita experiência, pois passou a dirigir já na meia idade. Teve várias Kombis, único veículo que comportava toda a família e que nos levava diariamente em algazarra ao colégio. Como servidor público federal, honrou todas as funções e cargos que ocupou, um exemplo de dedicação e compromisso com a sua repartição. São muitas lembranças!

Recordo da sua elegância, do terno de linho branco, do sapato sempre engraxado, do cabelo com brilhantina e barba sempre bem cortados, do charme do seu bigode, do tingimento que usava quando os cabelos brancos surgiram, do pijama de listras que vestia em casa, das festas e casamentos da família que, com muito esmero, promovia, do cuidado de não ser pego no flagra como Papai Noel e até das belas curvas da sua letra. Lembro também de pequenos gestos como os presentes e guloseimas que de vez em quando comprava e da sua impoluta figura abrindo o portão de casa todos os dias voltando do trabalho trazendo aquele gostoso pão da Padaria Ideal.

Ah! Que saudade dos sábados pela manhã quando papai chegava com mamãe em nossas casas com as frutas da semana. Digo que cada um dos nove filhos tem recordações próprias. O importante é que todas elas são sempre de um pai e homem maravilhoso, fato que nos faz agradecer diariamente a benção de termos nascido seus filhos. A minha santa mãe, que com dedicação, amor e devoção encaminhou nossa família para o bem, o nosso eterno reconhecimento. Ao Altíssimo, o agradecimento pela sua força e por permanecer entre nós com lucidez e saúde.

Meu pai era um homem de muita fé, um cristão convicto, um companheiro dos terços que minha mãe rezava todos os dias, principalmente durante a madrugada (no mínimo nove, um para cada filho). Sempre cumpridor das suas obrigações de católico, lembro do puxar dos dedos para nos acordar no domingo muito cedo para irmos à missa. Ele formava, com minha mãe, um santo casal e nessa área foi novamente um exemplo. Sempre dizia que não queria dar trabalho a ninguém e quando chegasse a sua hora, que ela fosse rápida. Seu pedido, infelizmente para nós, foi atendido em 01 de setembro de 2001.

Meu herói executou todas as missões que Deus lhe confiou com ações excepcionais, sempre com responsabilidade, dedicação, coragem e amor. Ultrapassou os momentos de dificuldades que viveu, tendo como base princípios morais e éticos. O seu exemplo é um farol que ilumina a todos que o conheceram. Sei que muitos dos meus leitores tem pais semelhantes ao meu e é a eles que também dedico essa crônica. O padre António Vieira escreveu que: “Para falar ao vento bastam palavras, para falar ao coração são necessárias obras”. Assim foi meu pai.

Amanhã eu volto com uma nova crônica
Esta foi a do dia 27. #FiqueEmCasa

Arruda Bastos é médico, professor universitário e presidente da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores (SOBRAMES - CE).

POR ARRUDA BASTOS: Diário de uma quarentena (26° dia)

Diário de uma quarentena (26° dia)
A quarentena da caneta azul
Por Arruda Bastos

Durante a quarentena, é importante a manutenção de uma rotina mínima. A minha continua rígida, com hora para acordar, para fazer exercícios, tomar banho de sol e tudo mais. Também tenho aproveitado para dar andamento a muitos projetos que, por falta de tempo, estavam adormecidos nos meus computadores.

Vasculhando meus alfarrábios virtuais, encontrei várias crônicas escritas pela metade, sem revisão ou que, de tão sem noção, não tinha levado a frente e nem tive coragem de publicar. Como no isolamento social vale tudo para se entreter, resolvi terminar uma que escrevi em dezembro do ano passado que tinha como titulo “A história da caneta azul”.

Para adaptar ao momento atual, resolvi mudar o nome para “A quarentena da caneta azul”, fato que vai justificar minha coragem de divulgar a história que escrevi quando pensava em ficar milionário no final do ano passado com a Mega Sena da Virada. Infelizmente, só acertei um número e mesmo que tivesse acertado todos, no atual quadro, não faria a menor diferença.

A crônica que escrevi relata: Depois de escutar a música “Caneta azul” do compositor maranhense, morador da cidade de Balsas,  Manoel Jardim Gomes, de ver suas participações na mídia e, agora no final do ano, na propaganda da Caixa da Mega Sena da Virada, fiquei com o hit definitivamente na cabeça.

Fui, então, pesquisar sobre a letra da música e sobre o autor. Descobri que a inspiração do compositor veio de um fato acontecido com ele no passado. Toda a inspiração veio do desaparecimento da sua caneta azul em uma escola. Ela estava marcada com o seu nome, escrito com sua própria letra.

Encontrei, também, que todo dia o autor viajava para o colégio levando uma caneta azul e outra amarela. Acontece que, numa bela manhã de sol, a de cor azul desapareceu. O trauma foi tão grande que o compositor decidiu escrever uma música solicitando, até pelo amor de Deus, a devolução do importante objeto. O fato acarretou, inclusive, em um atrito com a sua professora.

Na letra, Manuel desabafa e diz que foi repreendido pela mestra por não ter uma caneta azul. Ele ficou fulo da vida, pois a última que tinha era a desaparecida. Depois de calmo, e para amenizar o problema, prometeu à profa. que compraria uma nova logo que possível.

Manuel Jardim compõe desde os quinze anos e só atualmente, aos 49 anos, veio a fazer sucesso. Em outubro passado ele registrou a “Caneta Azul” em cartório. Atualmente, nas ruas de Balsas e na maioria das cidades do Brasil, os versos da melodia e a história são assuntos comentados.

O vídeo da sua interpretação, postado na internet, superou a marca de muitos milhões de visualizações, batendo inclusive a de muitos artistas famosos do nosso país. Não sei como Manuel vai de grana, espero que bem, e em isolamento social como a maioria de nós. Tenho convicção que a sua música continua a inspirar muitos escritores incautos como eu.

Para terminar, vou postar a música na íntegra para que você, meu leitor, possa cantar na noite de hoje e até quem sabe fazer uma serenata, com muito humor, para sua amada. O momento atual só será superado com muita perseverança e bom humor.

Amanhã eu volto com uma nova crônica
Esta foi a do dia 26. #FiqueEmCasa

Arruda Bastos é médico, professor universitário e presidente da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores (SOBRAMES - CE).


Caneta Azul
Manoel Gomes

Caneta azul, azul caneta
Caneta azul tá marcada com minhas letra
Caneta azul, azul caneta
Caneta azul tá marcada com minhas letra

Todo dia eu viajo pra o colégio
Com uma caneta azul e uma caneta amarela
Eu perdi minha caneta e eu peço, por favor
Quem encontrou, me entrega ela

Caneta azul, azul caneta
Caneta azul tá marcada com minhas letra

A professora, ela veio brigar comigo
Porque eu perdi a última caneta que eu tinha
Não brigue, professora, porque eu vou comprar outra canetinha

Caneta azul, azul caneta
Caneta azul tá marcada com minhas letra
Caneta azul, azul caneta
Caneta azul tá marcada com minhas letra