O poeta e o fingimento
Fernando Pessoa diz
Que o poeta é um fingidor
Que, feliz ou infeliz,
Do fingimento ao sabor
Refoga o seu sentimento.
Eu prefiro admitir
Que não é dele o fingir
Que usa a todo momento.
Para ocultar a verdade,
A mulher finge a chorar,
O homem finge a sorrir.
Com ou sem necessidade,
A pluta finge gozar,
O servo finge servir.
Num ato de caridade,
O padre finge rezar
E o santo finge ouvir.
Pra quem permaneça atento,
Com rima ou sem rima eu falo:
Finge o rei, finge o vassalo!
Não é do poeta esse invento
Bravo, Martinho!
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