Dra. Celina Côrte Pinheiro - Médica e Presidente da Sobrames-CE |
Publicado
no DN, 13/10/2013
Um dia desses, vi um ser
extraterreno! Parecia gente, mas ao mesmo tempo, um ser de outra galáxia. Possuía
dois braços e duas pernas como a maioria dos humanos, cabelos longos e um corpo
bastante esbelto. Os cabelos se assemelhavam aos da Pequena Sereia, longos, levemente
anelados, em tom avermelhado. As nádegas volumosas e bem arredondadas chamavam
a atenção por seu formato semelhante ao de duas bolas de soprar. Quando se virou
de frente, percebi duas saliências, igualmente bem arredondadas, no local das
mamas... Novamente, a mesma impressão de enormes bolas de soprar. Não havia
aquela beleza natural que identificamos em uma pessoa, embora eu reconheça que
os padrões estéticos variem entre diferentes culturas. Tudo era artificial,
quase assustador e risível. Ela se sentia maravilhosa... Mas não era! Havia se
transformado em um novo ser, à custa de muito silicone e outros ajustes
cirúrgicos que lhe proporcionaram um corpo bem delineado e um aspecto
ficcional. Não era mais deste mundo. E, certamente, pagara bastante por tal
transformação.
A cada dia, mais e mais pessoas se
submetem a cirurgias plásticas, no intuito de eternizarem sua juventude ou
terem corpos bem definidos. Não sou contra e, muitas vezes, os efeitos
auferidos vão além da estética. Uma nova imagem pode contribuir na melhoria da auto-estima
e da autoconfiança. O problema, contudo, está no exagero. Qual Narciso, a
pessoa não consegue deixar de se mirar no lago encantado do espelho à procura
de outras imperfeições que possam ser corrigidas. Passam a buscar mudanças
estéticas obsessivamente, na expectativa de que um novo aspecto lhes traga a felicidade
eterna. Frustram-se como hedonistas e não se tornam felizes para sempre como prometem
os contos de fadas. Transformam-se em seres de beleza duvidosa, com um corpo
dissonante e artificial, quando não perdem a vida pelo excesso de vaidade.
Precisam mais de um bom terapeuta da alma humana do que de cirurgiões plásticos.
A estes, caberia coibir tais exageros, deixando de lado a própria vaidade e o
desejo de auferir lucros.
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