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quarta-feira, 23 de novembro de 2022

A POBREZA - Por: Dr. Ronald Teles

               Dr. Ronald Teles - Cardiologista

A POBREZA

De quatro em quatro anos, um sentimento uníssono se apodera do coração dos brasileiros. Desde nossos primeiros passos, quando crianças, que começamos a ter entendimento, somos capturados pela magia de uma camisa amarela, que é a única campeã do mundo 5 vezes, a única que participou de todas as copas do mundo, a única que teve em seu time Pelé e Garrincha, inclusive jogando os dois juntos, dois deuses do esporte bretão, que nos apoderamos magistralmente através de virtuoses da bola de pé em pé, suscitando uma paixão, uma magia, uma catarse de sentimentos ,manifestada em cada drible, gol e vitória, e chorada como se fora a perda de um ente querido nas nossas derrotas.

 Sabemos perfeitamente os anos que fomos campeões, ansiamos inebriadamente pelo hexa, e por mais estrelas no peito dos que vestem o manto sagrado amarelo, de nossa seleção brasileira. De quatro em quatro anos nossa vida avança e passa, nossos problemas se avolumam e carpimos nossos destinos que vêm implacavelmente, em resposta ao tempo e o galardão que merecemos e buscamos. Nesse ínterim também vem a Copa do mundo de futebol, essa solene guerra no campo, com cada país exibindo o que de melhor tem na arte do football. 

Nelson Rodrigues, fanático por futebol e cronista ácido desse esporte dizia que através dele nos despíamos do nosso " complexo de vira-latas”, e o Brasil assumia toda sua fortaleza e majestade de grande país, como um grande vencedor que foi e é nesse esporte desde sua criação. A arte da bola em campo e a riqueza e perfeição de nossos atletas, grandes especialistas em cada posição, suplantando todos os rivais passo a passo é a verdadeira catarse de um povo sofrido, que esquece por algumas horas a fome, a miséria, o abandono, a saúde precária, a falta de teto, a falta de qualquer consideração social que os façam cidadão dignos. 

Donos de sorrisos banguelos, desidratados e famintos se postam defronte de televisões contemplado seu circo, pois eles não têm o pão da dignidade. Os romanos ofereciam pão e circo aos seus cidadãos. O pão pelas facilidades, e benefícios distribuídos ao povo romano pelos Césares, que eram " deuses" vivos, e o circo era o espetáculo horrendo, dos cristãos trucidados por feras, crucificados e queimados vivos, além de batalhas de gladiadores finalizadas com a morte autorizada pelo imperador em um aceno final em um banho de sangue, que ensandecia a turba em um frenesi macabro. 

O palco principal dessas atrocidades está de pé em Roma, que é o Coliseu romano. Lá ecoam os gritos e a morte na paz de Cristo, daqueles que tiveram sua vida ceifada brutalmente por serem seguidores do mestre do amor, assim como dizem os evangelhos. Essa sina ainda é presente hoje e muitos ainda são mortos e perseguidos por seres cristãos, mas estes encontrarão a paz eterna ao lado do Pai, conforme a sagrada palavra bíblica. De forma surpreendente o imperador Teodósio, adotou o cristianismo como religião oficial do império romano, pois o grito dos que morreram massacrados nas arenas chegou aos ouvidos de Deus e Ele que tudo sabe, vê e ouve, fez o Espírito Santo converter o coração dos algozes em seguidores da justiça de Cristo. 

Assim veio nossa igreja católica apostólica romana. De novo, os novos gladiadores do século 21 estão nas arenas de um emirado árabe, em uma batalha que passo a passo comoverá a nação brasileira, quiçá com um desfecho glorioso que todos almejamos, que é mais um campeonato do mundo. Esse pensamento, essa atitude, esse campeonato que despende milhões de dólares em caprichos de estádios climatizados, em um copo de cerveja a 70 reais, à construção de uma infra- estrutura que mais matou operários no mundo, pelo calor e insalubridade, que trabalham, por esses mesmos 70 reais a diária. 

Deveriam ser pensados e repensados. Será justo morrer de fome e sede!? Ser jogado na sarjeta invisível aos olhos daqueles que passam apressados em seus carros importados, rumo ao trabalho, já havendo tomado um bom café matinal? A negação aos que pedem é um ato de muitas repercussões; eles nas ruas, nas favelas, becos, aterros sanitários, em suas condições sub humanas, pedem socorro e são ignorados pela sociedade Esse 1% detêm todas as riquezas e as concentram, não importando os outros, pois seus maiores horizontes são seus próprios umbigos, são narcisistas e egocêntricos por natureza, suas fortunas são para ostentação, baluartes que alimentam suas almas mundanas, materialistas e mesquinhas. Só há um detalhe: Esse desprezo está se transformando em violência, e o que não é oferecido pelos mais ricos e pelo estado, está se travestindo de assaltos, sequestros, latrocínios, homicídios e delinquências mil. 

Vivemos uma convulsão social banhada de sangue e violência e há uma demência geral que faz indivíduo interrogar o que está acontecendo...? Está acontecendo uma concentração de renda estúpida e falência do poder público em alcançar aos cidadãos em seus anseios mais legítimos e dignos. Nosso Brasil é imenso e rico, assim como o são o continente africano, o asiático, o americano do norte e a velha Europa. No entanto a solidariedade e a justiça social não são infelizmente novos paradigmas para nenhum deles. Em todos os citados encontramos os seres humanos como se fossem de outra raça. 

No nosso gigante adormecido dispensamos comentários, na África subsaariana, falta da água, às vestes e comida, não há vacinas, e as novas variantes virais se albergam por lá em combinações explosivas, no continente asiático o desastre populacional desmonta qualquer política de bem estar aos cidadãos e a fome campeia, assim como uma economia escravagista, na América do Norte não existe saúde pública, e com toda a pompa e fleuma de " grande," os pobres morrem congelados em Manhattan e as " favelas" americanas se aglomeram em grandes centros como Detroit,  e outras cidades famosas como " comunidades desassistidas " e alternativas. 

Na Europa o fenômeno se repete, mas pelo menos no Reino Unido existe um sistema público de saúde, mas lá também a fome, o frio e a falta de teto vitimizam muitos. O Evangelho de Cristo Jesus diz que: " Não há um só justo entre nós " Mas também prega que o amor ao próximo é nossa cura, libertação e restauração. Devemos rever todas as estruturas vigentes, políticas, sociais, culturais, religiosas, no sentido da justiça e do bem comum. 

Não existe possibilidade de pacificação social com uma desigualdade avassaladora que ora vivemos e que se agravará se nada for feito. Isso passa pelos governos em todas as suas instâncias, mas também deve suscitar comoção aos ricos. Esses ricos e muito ricos, podem dispor de uma pequena parte de suas fortunas para promover o bem social. Será que o acúmulo de riqueza por si só, não configura uma estúpida e atávica mesquinhez? Essa pequena, mas plural contribuição em todo nosso país orquestrada como um amplo movimento, entrelaçada aos governos nos mais variados programas, iriam tornar nossa imensa e desigual nação, mais justa, mais alegre, mais segura, menos violenta. 

E assim então cada conquista de nossos cidadãos seria uma grande vitória, e não precisaríamos esperar a cada quatro anos para gozarmos de uma felicidade efêmera de um campeonato mundial, pois as vitórias em Cristo seriam diárias e nossas expectativas alicerçadas no rochedo, e não no solo arenoso e pantanoso de promessas vãs, feitas em de quando em quando, calcadas em frases de efeito e consciências sórdidas, que só buscam a perpetuação da dominação de nosso povo sem nunca oferecer-lhes o real e digno sentido de suas vidas.

domingo, 6 de novembro de 2022

EVENTO COMEMORATIVO - 40 ANOS DA SOBRAMES-CE

 

No dia 04/11/2022, no auditório da Unichristus, em Fortaleza-CE, ocorreu a solenidade comemorativa dos 40 anos da fundação da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores - Regional do Ceará (SOBRAMES-CE), com a seguinte programação: 

1) Lançamento da Antologia da Sobrames de 2020, "Limiar da Criação".

Apresentação do sobramista Marcelo Gurgel com projeção de um vídeo com as capas de todas as antologias já publicadas.

2) Homenagem a sete ex-presidentes da Sobrames-CE: Emanuel de Carvalho, Paulo Gurgel Carlos da Silva, Geraldo Beserra da Silva e Luiz Gonzaga Moura Jr. (os quatro primeiros).

Homenagem a três ex-presidentes falecidos: Drs. Pedro Henrique Saraiva Leão, José Telles da Silva e Celina Côrte Pinheiro.

Os homenageados foram saudados pelo sobramista e ex-presidente José Maria Chaves.

O ex-presidente Paulo Gurgel Carlos da Silva agradeceu em nome dos agraciados.

3) O presidente da Sobrames-CE, Raimundo José Arruda Bastos, proferiu o discurso de encerramento.

4) Coquetel de encerramento.

Detalhes do evento no blog do sobramista Marcelo Gurgel

Link, abaixo

http://blogdomarcelogurgel.blogspot.com/2022/11/comemoracao-dos-40-anos-de-fundacao-da.html













Ocupantes da mesa diretora: Flávio Leitão (ACL), José Maria Chaves (ACEMES), Arruda Bastos (Sobrames/CE), Marcelo Gurgel (Instituto do Ceará) e Henrique Leal (ACM).

quarta-feira, 2 de novembro de 2022

A MÚSICA - Por: Dr. Ronald Teles



Dr. Ronald Teles - Cardiologista

A MÚSICA

O sentido da audição é o primeiro a se desenvolver nos seres humanos; no ventre materno o feto ouve e percebe o coração da mãe, e os vários ruídos que o cercam, avivando sua interação entre o mundo particular que o acolhe, com proteção, temperatura amena e nutrição pelo cordão umbilical, que o alimenta constantemente com todos os nutrientes que precisa, com as defesas da anticorpogênese que o fará enfrentar o novo mundo que o espera, pondo em prova seus próprios sistemas orgânicos, em um teste cabal para sua sobrevivência no mundo exógeno à sua antiga e confortável morada. Ele percebe vários ruídos externos quando desenvolve a audição, e a primeira música cifrada em seu pequenino encéfalo é a voz materna. Ela soa como um bálsamo a acalentá-lo, e ele percebe a ternura e o amor da mãe e do amor inescrutável que o acolhe permanentemente, essa interação guarda uma profundeza imensa de significados, que vai determinar após o nascimento desse novo ser humano, até suas preferências musicais. Se a mãe, o pai ou a família, entoam ou reproduzem algum gênero musical constantemente, frente ao bebê, este terá uma tendência e inclinação natural a aquele gênero musical, seja popular, clássico, rock ou outros tantos. Isso é comprovado cientificamente com vários trabalhos. Jabal foi o precursor bíblico, no velho testamento, a Torá dos hebreus, dos instrumentos musicais. As grandes celebrações de todos os povos antigos e modernos, sempre foram enlevadas pela música típica de cada povo. A harpa grega de singelo encanto, tocada para os filósofos, o senado; nos banhos dos nobres e festividades, os instrumentos medievais de corda, percussão e sopro, animando bailes com a corte e seus nobres em festas apoteóticas de saudação aos príncipes e monarcas, em coreografias elegantes e estudadas pelos participantes, em sincronia perfeita e reverência ao nobre, festejado muitas vezes como um deus. As festas africanas com seus tambores uníssonos os reinos africanos multicoloridos, em uma dança majestosa de seus guerreiros, com suas lanças e flechas, escudos de couro de animais selvagens, pinturas típicas, e passos firmes, implacáveis, lembrando conflitos enfrentados, vitórias e saudação efusiva ao chefe tribal e monarcas africanos. O povo africano é dono do ritmo e de uma das músicas mais propaladas e universais do mundo, e a alegria que a entoam é contagiante, emocionante e cheia de felicidade e significado; tudo é motivo de música e comemorações, desde uma caça bem sucedida, uma boa colheita, uma chuva que irrigou bem seus campos, à vitórias memoráveis em campos de guerra. Nossos índios brasileiros também têm sua tradição musical bem definida e arraigada, eles usam tambores, troncos e instrumentos de sopro. Comemoram as forças da natureza, comemoram os rios, o sol, os peixes que comem, comemoram a floresta que é seu sustento, numa relação fraterna entre "mãe "e filhos. Há um grande respeito pela natureza, pois dependem totalmente dela para seu sustento. Eles fazem sua música, mas também têm a sinfonia dos pássaros, dos bichos selvagens que emitem seus sons característicos, que para eles soam como uma verdadeira música aos seus ouvidos, não corrompidos com os barulhos da modernidade e da torpeza das grandes cidades. Uma fascinante música, também é representada pela gaita escocesa, e sua história milenar na Grã-Bretanha. O toque da gaita no campo de guerra com o exército perfilado pronto para o combate com seus Kilts quadriculados, em guerras de secessão da Escóssia, tentando sua independência é algo emocionante e de uma nobreza indefinível. Muitas películas da sétima arte já nos mostraram esses episódios. A rainha Elizabeth II, recentemente escolheu sua casa na Escóssia, para seu decesso,e o cortejo fúnebre recebeu a saudação majestosa das gaitas e guarda escocesa. Não poderíamos deixar de falar de nossa música brasileira, que é tida como uma das melhores do mundo, por sua riqueza e diversidade correspondente ao seu povo. Por aqui foram criados novos gêneros, como a bossa nova, o movimento tropicalista, e claro os gêneros regionais. No entanto não há dúvida que o legítimo representante do povo brasileiro é o samba. Ele traz em seu DNA a origem do nosso povo, de sua negritude, de sua felicidade, espontaneidade, alegria contagiante e identidade nacional. Temos a apoteose do samba chamado carnaval; festa que convida a todos os brasileiros a " brincar”, configurando uma verdadeira democracia na acepção da palavra, onde o "brincante" só precisa do passaporte da alegria e do entusiasmo, sem ter que provar sua origem ou posse econômica. É realmente a maior festa popular do mundo, copiada timidamente por outros países que simplesmente não terão nunca o samba no pé de uma cabrocha negra brasileira, e a malemolência de nosso povo e nosso samba. Definitivamente nossa música brasileira é praticamente uma "comodities" de tão rica, diversa, e lindamente construída. Ariano Suassuna, intelectual brasileiro, da mais alta estirpe, oriundo de terras pernambucanas, escritor, dramaturgo, ensaísta, crítico musical, definiu a música em uma análise profunda em " dionisíaca" e " apolínea”, aquela seria de melodia, ritmicidade, acordes, e construção mais vertical, objetiva, direta, persuasiva. Teríamos o rock n roll como um exemplo clássico, música que significa protesto, rebeldia, inconformidade, jovialidade, identidade, e é representativa de toda uma geração que a criou e que trafega hoje mais viva do que nunca, em seus anseios e luta por aceitação e estilo de vida mais excêntrico e muitas vezes alternativo. No entanto esse mesmo rock roll abriga também múltiplas correntes e tem uma vasta riqueza, como o pop rock, o tecno rock, o punk rock, o rock sinfônico, o rock metal e tantos outros. Cidadãos de bem, com carreiras sólidas e respeitáveis, estão inclusos entre os apreciadores deste género muitas vezes tido e lido preconceituosamente. A música Apolínea, seria mais melodiosa, de acordes suaves, letras, cifras e partituras bem definidas, teríamos então como exemplo marcante a música clássica, com suas sinfonias e seus grandes autores, como Mozart, Beethoven, Chopin, Vivaldi e tantos outros grandes gênios e mestres clássicos que presentearam a humanidade com verdadeiras peças e obras de arte musicais que fazem um contato direto com o espírito e os sentimentos mais profundos que o ser humano abriga dentro de si. Outro fato muito importante é o poder que a música carrega, sendo ela a maior representante das sete artes. Ela tem a capacidade de nos remeter ao passado poderosamente trazendo recordações, fatos e até aromas que experimentamos em tempos longínquos, também nos distrai no presente de maneira a alegrar nosso dia a dia e nos motivar para a vida, e nos faz pensar no futuro através de melodias que nos levam a novos horizontes e reúnem temáticas propriamente pensadas para algo que nem vivenciamos ainda. Existe também uma forma melodiosa musical, que nem sempre é tocada no coração do homem que é a sinfonia do amor ao semelhante. Essa deve ser tocada diariamente, na busca incansável de um mundo melhor, onde nossos ouvidos ouçam como uma música perfeita a declaração perfeita: " Eu te amo!", Pois essa frase soa em qualquer ouvido humano, como a mais linda música que podemos experimentar, e muitas vezes à buscamos artificialmente em palavras que não nos foram ditas, mas sim a outros por tantos músicos e cantores.

sábado, 29 de outubro de 2022

A PAZ - Por: Dr. Ronald Teles

                             

                                                     Dr. Ronald Teles - Cardiologista

PAZ 

O homem sempre guardou dentro de si um instinto indômito, que o fazia cercar  animais pré-históricos com seus pequenos grupos, abatendo-os para saciar sua fome, através de pelejas que duravam muitas vezes dias pela fragilidade e precariedade dos instrumentos de caça. No entanto eles não desistiam, pois o ambiente era hostil e todo dia eram desafiados em várias aventuras para a preservação de suas vidas também tão frágeis. A arqueologia descobriu que naquelas priscas eras, a violência contra o próximo, estava bem marcada em vestígios ósseos de crânios perfurados e afundados por artefatos primitivos, ossos quebrados e amputados por lanças e machados de pedra. A violência contra o próximo é germinal, primitiva e arraigada no coração do homem; essa animosidade instalada em sua carga genética já determinava a agressão e morte do próximo por motivos ancestrais, que na verdade estão bem presentes nos dias atuais. Na pré-história se matava por fome, ciúme, competição, territorialidade, afirmação de poder, rejeição a novos grupos, personalidade, e vários outros fatores. Alguma semelhança com o nosso século 21?.O cérebro primitivo nos acompanha, com seus instintos mais profundos, a amígdala cerebral é a sede do medo mais arraigado em nossos seres; ela deflagra as crises tão comuns de síndrome do pânico, que hoje atinge grande parte dos seres humanos. Um pico de ansiedade liberado por uma descarga anormal adrenérgica, que resulta em palpitações, falta de ar, sensação de morte iminente, e um grande sufoco, levando muitas vezes o indivíduo a um pronto socorro, pensando que se trata de um infarto ou algo mais grave.

Um sueco de nome Alfred Nobel, descobriu a TNT, que é a dinamite. Sua descoberta descortinou uma nova era para a humanidade, pois a capacidade destrutiva da dinamite seguia também a dualidade do bem e do mal. Logo foi pensada para aniquilar o próximo, fomentar guerras e discórdia. Ele constrangido com seu artefato mortal criou o prêmio Nobel, que seria entregue aos mantenedores da paz e mais tarde estendido aos grandes feitos da humanidade. A fortuna que amealhou, seria mantenedora de um fundo para perpetuação do prêmio, hoje recebido em todas as áreas de destaque global e marcantes de seus merecedores.

O inventor da teoria da relatividade, Albert Einstein, um dos maiores gênios que a terra abrigou era pacifista, discreto, judeu- alemão. Sua tese foi utilizada no projeto Manhattan que culminou na criação, pelos Estados Unidos da América, na criação das primeiras bombas atômicas; estreando uma nova era de morte, terror e ameaça entre as nações, que às detêm, usadas para barganhar poder, instabilizando nossas vidas e nos colocando constantemente sobre a égide de um Armagedon de fogo, que nunca foi tão ameaçador como o que estamos vivendo hoje. Einstein morreu amargurado, sabendo do destino macabro do seu pensamento formidável.

Essa violência, desamor, desprezo pela vida, nunca esteve tão presente como hoje. Nós a encontramos em nosso dia a dia, desde as relações humanas estremecidas com agressões gratuitas, por preconceitos dos mais variados ,como pela cor da pele, orientação sexual, conformação corporal, religião, gênero musical, afiliação política entre tantos, e o desfecho animalesco do homicídio, fratricídio, suicídio, as mais variadas perversões, passando pela violência dos que não tem o que comer, não têm um teto, não têm condições mínimas sanitárias onde habitam ou qualquer infra- estrutura que os sustentem em suas necessidade mais básicas e prementes.

Esse desprezo proposital pelos semelhantes, os deixam marcados com o "rótulo" de " invisíveis”, mas enquanto eles existirem, haverá uma chaga aberta que sangrará e um dia será notada pela sociedade civil ou pelo estado, pois haverá uma crise imensa que já se iniciou e conflagrará um prejuízo imenso ao arcabouço social ora dito " normal”. Então receberão tratamento digno e viveremos plenos e irmanados pelo amor verdadeiro.

Um grande pastor presbiteriano chamado John MacArthur proferiu um pensamento em uma de suas pregações que dizia" A dor é o freio do corpo, e a consciência é o freio da alma”. Pensamento magnífico e lindo deste grande homem de Deus! Nossas consciências tranquilas assinalam que estamos bem conosco e com nossas atitudes em relação ao próximo.

São Paulo, o apóstolo dos gentios, falava que se não tivéssemos o amor, nada valeria em nossas vidas, esse sentimento permeia todas as grandes virtudes e as enobrece, pois ganham um revestimento divino, pregado por Cristo como o mandamento cardinal de amar o próximo como a si mesmo.

O sermão das bem-aventuranças, proferido por Cristo Jesus, é uma das peças mais lindas dos evangelhos, O criador   remete os fiéis a exortar o que de melhor pode haver em seus corações, Ele diz: " Bem-aventurados os mansos, pois estes possuirão a terra, em aventurados os aflitos e os que têm sede de justiça, pois serão consolados".

Esse sermão proferido na montanha, é uma das peças mais lindas do cristianismo, é uma bússola de paz, amor e confiança na palavra sagrada, nos faz crer no bem, nos faz afastar o mal, nos reveste de energia pura e do bom sentimento.

Não há felicidade no egoísmo, no egocentrismo, o olhar para si deve ser analítico, cuidadoso, não deve se perder na soberba, na exiguidade de caráter, na falsa aparência, na hipocrisia de ser e se não fazer o certo. Temos a obrigação de sermos bons, pois o mundo carece dessa qualidade. Não existe essa tal" nova ordem mundial”, essa teoria conspiratória, esquizoide é fruto de uma sociedade em convulsão de seus valores, que se apega às mais variadas mídias que apregoam uma névoa negra que imiscui os fragilizados de vontade e pensamento. Na verdade, quem determina os bons costumes, as boas atitudes, as boas ações e a boa governança é uma sociedade saudável.

Somos diariamente invadidos em nossos lares pelos meios de comunicação que elaboram perfidamente conteúdos propositais banhados de sangue, terror e miséria humana. Infelizmente o bem e as boas coisas não atraem audiência e atenção, pois o ser humano carrega dentro de si a morbidez de se nutrir da desgraça alheia.

A paz está nos olhos da criança ao seio materno, a paz está nas mãos que se estendem aos mais pobres, a paz está nos exercem suas profissões com dignidade e se voltam para o bem comum, a paz mora no coração do governante que atende as necessidades de seu povo, a paz floresce no perdão às ofensas que recebemos, a paz estará diante de nossos olhos quando amarmos nosso irmão como a nós mesmos e quando sentirmos que o mundo carece de um sentimento construtivo, algo que edifique, que perpetue as energias e os mais puros eflúvios de nossas almas, que reconheça nossa fragilidade enquanto seres humanos, indistintamente feitos da mesma matéria, susceptíveis globalmente aos mesmos sentimentos e paixões, independentemente de sexo, cor raça ou língua. Somos a raça humana. Queremos paz em nossas vidas para termos o que se chama de futuro e para que descansemos em paz com Deus e nossas consciências.

segunda-feira, 10 de outubro de 2022

A PANDEMIA - Por: Dr. Ronald Teles

                                 Dr. Ronald Teles - Cardiologista

Pandemia

A Ásia é o continente mais populoso do planeta, detêm 60% de nossa população, é diversa em seus costumes, suas tradições ,sua religião, seu idioma ,seu relevo geográfico, seus acidentes naturais, sua cultura riquíssima, inteligência destacada, descobertas importantes e também perpetuadoras de conflitos como a pólvora chinesa; estes mesmos chineses , foram os pioneiros em grandes navegações e há relatos de que foram os primeiros a descobrir o continente americano em expedições impetuosas para a época. Lá também se desenvolveram as dinastias, cada uma dotada de grande relevância e mudanças para o país como a dinastia Ming. Eram respeitados e adorados como deuses, com obediência cega de súditos, e a guerra era um padrão de dominação quase constante que rearranjava o reino, ditava nova organização interna, fazia prevalecer novos decretos e tradições e ampliava o poder do soberano e sua riqueza. Eles também nos deixaram seus profetas, pacificadores, filósofos, e homens santos, Confúcio e Buda, esses pregavam um profundo conhecimento interior, para chegar- se à paz plena, uma iluminação onde só o bem invadisse os corações, um estado de felicidade permanente na  aura celestial permanente. A justiça social, a organização correta da sociedade o pensamento coeso com o bem.

Na China, o país mais populoso do continente, também um dos mais acidentados e de difícil agriculturação há um problema seríssimo de alimentação e a diversidade do cardápio alimentar deles, contempla tudo que ande, rasteje e voe; mamíferos, aves, anfíbios e até insetos. Em uma incursão alimentar invadiram uma caverna, na busca de morcegos, próxima à uma cidade chamada Wuhan de aproximadamente 20 milhões de habitantes, capturaram esses animais e os transferiram para uma milenar e insalubre feira de animais vivos, colocando- os em gaiolas, e abaixo deles em outro cubículo outro animal, um pequeno tatu ,chamado pangolin.  Diga-se de passagem que esses animais além de nenhum cuidado sanitário, eram devorados praticamente vivos.

Foi aí que se iniciou uma das maiores tragédias vividas pela humanidade, desde a gripe espanhola em 1918 que dizimou 50 milhões de vidas. Aqueles morcegos são os hospedeiros naturais de um vírus já conhecido dos imunologistas, chamado coronavirus, que esperava uma oportunidade para seu salto evolucional biológico. 

O consumo da carne desses mamíferos rapidamente atingiu Wuhan com uma misteriosa virose, nos quedamos de incerteza e descrença achávamos que iria ser circunscrita, mas rapidamente foram erguidas estruturas hospitalares imensas em torno de 3 semanas para acolher pacientes com síndrome respiratória aguda grave, que acometia a árvore pulmonar de maneira célere e avassaladora. O Ocidente achava que a China era muito " distante" e que talvez o flagelo se circunscrevesse ao território deles. A verdade é que um profissional da Alemanha foi realizar um treinamento em Wunhan, numa fábrica e já exportou o vírus para a Europa, onde grassou rapidamente, começando a matança pelos asilos, e castigando cruelmente a Itália, que implodiu seu sistema médico, e avolumou alta estatística de mortalidade, dramas pessoais, gestos simbólicos de louvor aos heróis da guerra biológica, nós médicos, entoando canções, presos oficialmente em seus lares por um novo termo que seria uníssono em nossos ouvidos: Lockdown.

Nessa época já estava decretada a nova pandemia mundial pela OMS, batizada de Covid 19,oriunda de um vírus com uma " coroa" que foi o rei da morte por 2 anos e meio no mundo.

Em nosso país a doença praticamente entrou pela cidade maravilhosa, no carnaval, com sintomas iniciais e até então desconhecidos, de falta de olfato e paladar, alertados pela sociedade otorrino francesa como novo achado da virose, associados a outros comemorativos de maior gravidade.

Cientistas,sanitaristas,epidemiologistas,infectologistas,internistas e intensivistas, foram convocados para o enfrentamento da nova peste do século 21,alguns encastelados em seus laboratórios, com belos jalecos e gravatas, em aulas teóricas, falando da " beleza" da coroa envoltória do vírus e de suas características implícitas. Na verdade são uma forma de vida das mais rudimentares, no caso dele com uma tira de RNA, que procuram uma célula susceptível onde a impregnam com seu material genético, escravizando-a para realizar milhões de cópias suas, que irão provocar no organismo do hospedeiro um verdadeiro caos imune, chamado ' tempestade" citocinica. A reação é tão exuberante e nociva que desarranja todos os sistemas orgânicos, o vírus entra pelos pulmões pelo peneumócito tipo 1  e células ciliares e depois sobrevêm as várias disfunções como, imunológica, respiratória, cardíaca, renal, digestória, as infecções microbianas secundárias, Sepse, e a morte do hospedeiro pelas mais variadas causas, praticamente ultimando as por disfunção múltipla orgânica e os mais variados fenômenos trombogenicos, visto que é uma patologia pro- inflamatória tecidual.

Sou extremamente feliz em sempre ter participado do bom combate junto aos meus valorosos colegas cearenses médicos, na chamada linha de frente. Não sabíamos bem contra o que íamos lutar, mas sabíamos que estávamos em uma guerra jamais vista nos últimos cem anos da humanidade e jamais poderíamos abdicar de nossa honra e nossa missão de tentar salvar e ajudar ao próximo. O aprendizado foi duríssimo, assustador e sobrehumano, os pacientes adentravam ao hospital em insuficiência respiratória franca e tínhamos que intubá-los coloca-los em ventilação mecânica e dar o suporte necessário a todas as falências sistêmicas Esses procedimentos se revestiam de grande expectativa, temor por nossas vidas e pelas vidas dos pacientes. Tomávamos longos banhos ,quando havia tempo,  após as intubacões, esperávamos cinco dias por sintomas de febre ou " falta de ar " e por fim realizávamos o RT PCR  para afastar ou confirmar a moléstia. Nosso hospital fechou três vezes por super-lotação e o ministério público fazia-o abrir a fórceps, sem condições de nenhum acolhimento a mais, medidas desesperadas para uma situação caótica.

Lutei ao lado de gigantes médicos, colegas distópicos de suas especialidades, que fecharam suas clínicas, consultórios, deixaram de operar, e se transformaram em uma valorosa força tarefa que também teve grandes baixas. Perdi amigos pessoais médicos, chorei profundamente a morte deles, senti em meu coração algo que jamais experimentei. A morte quase súbita e galopante provocada pelo ar...

Perdi parentes, perdi conhecidos, perdi colegas, perdi amigos.

A doença do medo, com sobrenome de terror e morte. A humanidade por um momento irmanou- se, todos elevaram seus olhos a Deus e o Santo papa Francisco, percorreu o pátio do Vaticano com a cruz de São Marcelo, em um passeio solitário numa conversa pessoal com Deus, pedindo um alento ao Armagedon.

Hoje após todas as variantes, a de Wuhan, a Gama/ P1 de Manaus, A Omicrom, a Ba4 a Ba5,outras,subvariantes,temos 700.000 brasileiros mortos e milhares de famílias enlutadas, traumatizadas para sempre pela dureza do adoecer, da evolução, do morrer e do luto abrupto e sem reverências. Crueldade até o fim .

As vacinação  começou na Inglaterra com uma enfermeira brasileira que tomou a primeira dose da Pfeizer. De lá para cá, após várias plataformas testadas, vários boatos, infundados, negacionistas de todas as espécies, cientistas do mal, contra a vacinação,  estamos com a melhor situação vacinal mundial, pois nosso PNI( programa Nacional de imunização) é o melhor e mais famoso do mundo, e fizemos valer a tradição que agora dita mais de 85% do contingente brasileiro vacinado com 2 doses, mais de 60% com reforço de terceira e quarta dose, e sem sombra de dúvidas o único local com Covid 19 é o noticiário falacioso de certos jornais que são as verdadeiras carpideiras das desgraças diárias suas pautas são somente a miséria humana e nunca nada construtivo ou alvissareiro. Contínuo orgulhosamente na linha de frente, após um período de grave adoecimento por Covid , com 70 dias de internamento, em minha profissão que tanto amo, e não vemos mais Covid 19 em nossos nosocomios 

A humanidade se abraça à essa nova era e chance de vida, ela nos foi dada pela graça de Deus e sua profunda misericórdia por nós, que nos achamos auto-suficientes, muito inteligentes, e donos de nossos destinos, mas " Quão insondáveis são os teus juízos e quão inescrutáveis são os teus caminhos "assim fala São Paulo aos romanos em uma de suas 7 epístolas. 

Aproveitemos então as lições duras que tivemos e amemos mais ao semelhante praticando o mandamento cardinal do evangelho, para também sermos amados e a paz encontre refúgio no fundo de nossos átrios, sendo guia de nossas consciências, abraçando-a permanentemente para um mundo realmente melhor e diferente.

segunda-feira, 26 de setembro de 2022

H2O - Por: Dr. Ronald Teles




                                                Dr. Ronald Teles - Cardiologista

Dois átomos de hidrogênio e um átomo de oxigênio, eis a fórmula que nos constitui. Temos em nossa composição corporal 70% de água, ela é o principal solvente, todas as reações celulares e moleculares dependem dela, nossas organelas celulares estão imersas em água, nossa volemia de aproximadamente 6 a 7 litros de sangue, lava nossas artérias e veias ,invade todos os órgãos e deságua em nossos corações, que é a bomba de maior rendimento inventada até hoje, com sua característica aspirante/ premente, que maneja em torno de 4 litros de sangue por minuto e se contrai cerca de  cem mil vezes por dia e não "esquenta". Isso é tremendo! Obra do criador, inexoravelmente magistral e sem comparação com nenhuma máquina até hoje criada pelas mãos humanas. Esse sangue que nada mais é do que água, pigmentada com hemoglobina, carreia toda a celularidade das nossas defesas, leucócitos e linfócitos, as interleucinas, as prostaglandinas, os hormônios, as vitaminas, os nutrientes que necessitamos e também podem vir por este mesmo sangue as infeções mais graves batizada com o jargão médico de "Sepse", que nada mais é que uma infecção de todo nosso sangue, portanto sistêmica, detectada clinicamente e em hemoculturas com alto grau de letalidade .

Todos os sistemas orgânicos necessitam do líquido da vida, nosso cérebro "boia" no líquido cefalorraquidiano, que envolve todo o sistema nervoso central, nossos pulmões expelem água em cada respiração e promovem hematose, nosso sistema digestório não funciona sem água, que participa da digestão e inunda os intestinos onde a água é absorvida e tb excretada, nossos rins funcionam para filtrar todo nosso sangue, regular a volemia, o equilíbrio ácido/básico, salino; sabidamente quem não ingere água lesará até irreversivelmente este filtro perfeito e será um forte candidato ao tratamento dialítco.

Toda agregação humana em qualquer local do mundo se assentou ao lado de um manancial de água para suas necessidades básicas, grandes populações do passado feneceram pela falta dela e outras tantas atualmente clamam por soluções hídricas, como utilização racional, economia, cisternas para acumulá-la, e até racionamento para poupá-la.

Nossa matriz energética calcada nas hidrelétricas, se encontra sob ameaça pelas intempéries climáticas provocadas pelo homem e sua sanha capitalista e destrutiva, calcada nas fontes de carbono, já provadas destruidoras de todos os biomas e a desorganização das urbes que poluem nossa preciosa água com detritos continuamente lançados em leitos de água antes límpidas.

Nosso imenso Brasil, desperta o interesse de muitas nações, esse "carinho" que recebemos de outras nações se reveste de" Lobo em pele de cordeiro", pois em poucos anos, haverá uma " corrida" pela água similar a muitas que já houveram no mundo como a do ouro ou a do petróleo. A grande diferença é que podemos viver sem ouro e petróleo, mas sem água nossa existência fica limitada à aproximadamente míseros 7 dias. Temos no Brasil o maior manancial de água doce do mundo, à vista por nossos grandes rios e sob nossa vista por nossos imensos aquíferos que chegam a invadir contiguamente vários estados. Nosso rio negro tem um volume de água que corresponde a todos os rios da velha Europa. Não é difícil imaginarmos o preço a que vai chegar 1 litro de água potável, e a grande crise hídrica que a humanidade sofrerá nos próximos 20 anos. Os ânimos se exaltarão e muitos serão arvorados a ser " padrinhos" e " bem feitores" de nossas riquezas. A água valerá mais que o ouro, o nióbio o petróleo ou qualquer commoditie e não será  exagero imaginar conflitos e beligerância armada pelo líquido da vida.

Nosso batismo foi na água, nela naufragamos para renascer pelo amor de Cristo, nela morremos e revivemos simbolicamente, a água marcou nossa nova etapa para a vida e o Espírito Santo também é representado pela água, pela chuva temporã e seródia ,que nos inunda do amor divino, nos resgata do pecado e nos faz enxergar o mundo com outros olhos.

As águas foram apartadas para a fuga do povo de Deus do Egito no êxodo, Moisés (que significa, tirado das águas ) os libertou da escravidão abrindo os oceanos e ordenando a morte das tropas do faraó do Egito.

Em nossas lágrimas, que são o " sangue do espírito" estão contidas nossas emoções mais profundas e legítimas. Só o ser humano chora; a água desce de nossos olhos, uma catarse da alma, a emoção é cristalizada e o momento  será eternizado pelo pranto que nem sempre é de  tristeza. Olhos marejados e vermelhos também traduzem paz, gratidão e amor.

domingo, 11 de setembro de 2022

VIDA - Por: dr. Ronald Teles

 

                                                                        Dr. Ronald Teles

VIDA

Dois gametas se fundem em uma reação fisiológica orquestrada; como se fora um controle teleguiado o gameta campeão acerta seu alvo, depois de vencer um caminho tortuoso e hostil, com a competição de vários companheiros, através de um vale cheio de obstáculos bioquímicos, acidez, trajeto acidentado de mucosas, e uma barreira ovular que ele enfim suplantou. 

Ele venceu tudo isso e penetrou no gameta feminino, sua aspiração ancestral, da procriação e evolução da raça humana, fez-se então um zigoto, e daí através de inúmeras fases que remontam ao milagre da vida, sobrevém ao final de 9 meses um novo ser humano, dotado de corpo e espírito, que será motivo de grande contentamento para os pais e a família que esperam ansiosamente pelo final da gravidez materna e sua resolução batizada de um novo filho, neto, sobrinho, primo, enfim, um ser que se integrará à sociedade e através de um longo caminho, experimentará as mais variadas emoções, aprendizados, experiências; será formatado para a vida por seus pais e sua família por seu lar, nossa Santa e primeira igreja, ela sociedade, e através de um esforço imenso de seus pais receberá a bagagem necessária para buscar seu próprio caminho e destino, suas conquistas, sucesso e realizações. 

Essa estrada é acidentada, também haverá fracassos, doença, decepções, falta de reconhecimento, projetos sem resolução e ideais às vezes não satisfeitos, mas Deus o fortalecerá e o protegerá, assim como será sempre misericordioso e lhe tocará o coração, fazendo-o ver que "seu tempo" não é o mesmo tempo do criador e Filho do Homem, e que tudo vem na hora e tempo do Senhor.

Aquela fecundação do óvulo pelo espermatozoide, formação do zigoto, trofoblasto, sincício trofoblasto, a evolução de cada órgão e sistema, da nutrição perfeita do feto por um cordão umbilical, da sua defesa pela placenta, do feto " respirar " imerso no líquido amniótico, são parte da engenharia divina.

A vida e nosso tempo são contadas com a fecundação, as semanas gestacionais, e a resolução do parto que batiza nosso aniversário. A partir daí começa nossa longa e também curta caminhada, estipulada como 120 anos no máximo na era pós diluviana de Noé, que viveu mais de 800 anos, Matusalém mais de 900 anos, Moisés que recebeu o Decálogo no Monte Sinai morreu com 120 anos. Deus contrariado com a iniquidade da humanidade estabeleceu o máximo de 120 anos e não há nenhum ser humano até hoje no livro dos recordes, Guiness book, que tenha ultrapassado esse número.

O fato é que a vida é um presente divino e a morte é uma certeza absoluta que circunda todo ser humano e todos os seres viventes e suas existências.

A ciência se esforça e consegue oferecer os mais variados medicamentos, tratamentos, vacinas e até manipulação genética como a técnica CRISPR de edição do DNA. Tenta- se criar um ser humano modificado com baixa susceptibilidade à doenças como infecções, câncer e outras mazelas, busca -se a longevidade a qualquer custo; o homem brinca de ser Deus, e luta contra sua maior angústia que é a finitude.

Com certeza esse desiderato será alcançado, posto que nosso cérebro é um pool de neurônios com sua capacidade subestimada em vários estudos, que dizem que usamos uma parte pequena de seu potencial, e teremos descobertas revolucionárias destas mentes privilegiadas das ciências, principalmente na medicina clínica, que abordará as mais variadas doenças usando-se medicações orais ou de uso parenteral. As técnicas cirúrgicas serão cada vez menos invasivas e traumatizantes com recuperação pós operatória rápida e segura, assim como da genômica conforme comentamos.

As consequências da maior longevidade também serão enormes, pois mais gente implica em mais espaço, comida e tudo que uma sociedade necessita para subsistir, se organizar e oferecer dignidade aos seus cidadãos, com todos os benefícios da vida moderna. Para o lado econômico teremos uma crise previdenciária sem limites, pelo imenso número de idosos, e um contingente muito menor de jovens a bancá-los.

A grande verdade é que nossa vaidade e nossas verdades são passageiras, etéreas frágeis e não nos levarão à vida eterna. Tudo que temos, teremos e somos é obra e graça divina. Cristo é nossa bússola, nossa fortaleza, e senhor dos nossos destinos." O homem faz os planos, Deus faz os planetas"