Total de visualizações de página

quarta-feira, 2 de novembro de 2022

A MÚSICA - Por: Dr. Ronald Teles



Dr. Ronald Teles - Cardiologista

A MÚSICA

O sentido da audição é o primeiro a se desenvolver nos seres humanos; no ventre materno o feto ouve e percebe o coração da mãe, e os vários ruídos que o cercam, avivando sua interação entre o mundo particular que o acolhe, com proteção, temperatura amena e nutrição pelo cordão umbilical, que o alimenta constantemente com todos os nutrientes que precisa, com as defesas da anticorpogênese que o fará enfrentar o novo mundo que o espera, pondo em prova seus próprios sistemas orgânicos, em um teste cabal para sua sobrevivência no mundo exógeno à sua antiga e confortável morada. Ele percebe vários ruídos externos quando desenvolve a audição, e a primeira música cifrada em seu pequenino encéfalo é a voz materna. Ela soa como um bálsamo a acalentá-lo, e ele percebe a ternura e o amor da mãe e do amor inescrutável que o acolhe permanentemente, essa interação guarda uma profundeza imensa de significados, que vai determinar após o nascimento desse novo ser humano, até suas preferências musicais. Se a mãe, o pai ou a família, entoam ou reproduzem algum gênero musical constantemente, frente ao bebê, este terá uma tendência e inclinação natural a aquele gênero musical, seja popular, clássico, rock ou outros tantos. Isso é comprovado cientificamente com vários trabalhos. Jabal foi o precursor bíblico, no velho testamento, a Torá dos hebreus, dos instrumentos musicais. As grandes celebrações de todos os povos antigos e modernos, sempre foram enlevadas pela música típica de cada povo. A harpa grega de singelo encanto, tocada para os filósofos, o senado; nos banhos dos nobres e festividades, os instrumentos medievais de corda, percussão e sopro, animando bailes com a corte e seus nobres em festas apoteóticas de saudação aos príncipes e monarcas, em coreografias elegantes e estudadas pelos participantes, em sincronia perfeita e reverência ao nobre, festejado muitas vezes como um deus. As festas africanas com seus tambores uníssonos os reinos africanos multicoloridos, em uma dança majestosa de seus guerreiros, com suas lanças e flechas, escudos de couro de animais selvagens, pinturas típicas, e passos firmes, implacáveis, lembrando conflitos enfrentados, vitórias e saudação efusiva ao chefe tribal e monarcas africanos. O povo africano é dono do ritmo e de uma das músicas mais propaladas e universais do mundo, e a alegria que a entoam é contagiante, emocionante e cheia de felicidade e significado; tudo é motivo de música e comemorações, desde uma caça bem sucedida, uma boa colheita, uma chuva que irrigou bem seus campos, à vitórias memoráveis em campos de guerra. Nossos índios brasileiros também têm sua tradição musical bem definida e arraigada, eles usam tambores, troncos e instrumentos de sopro. Comemoram as forças da natureza, comemoram os rios, o sol, os peixes que comem, comemoram a floresta que é seu sustento, numa relação fraterna entre "mãe "e filhos. Há um grande respeito pela natureza, pois dependem totalmente dela para seu sustento. Eles fazem sua música, mas também têm a sinfonia dos pássaros, dos bichos selvagens que emitem seus sons característicos, que para eles soam como uma verdadeira música aos seus ouvidos, não corrompidos com os barulhos da modernidade e da torpeza das grandes cidades. Uma fascinante música, também é representada pela gaita escocesa, e sua história milenar na Grã-Bretanha. O toque da gaita no campo de guerra com o exército perfilado pronto para o combate com seus Kilts quadriculados, em guerras de secessão da Escóssia, tentando sua independência é algo emocionante e de uma nobreza indefinível. Muitas películas da sétima arte já nos mostraram esses episódios. A rainha Elizabeth II, recentemente escolheu sua casa na Escóssia, para seu decesso,e o cortejo fúnebre recebeu a saudação majestosa das gaitas e guarda escocesa. Não poderíamos deixar de falar de nossa música brasileira, que é tida como uma das melhores do mundo, por sua riqueza e diversidade correspondente ao seu povo. Por aqui foram criados novos gêneros, como a bossa nova, o movimento tropicalista, e claro os gêneros regionais. No entanto não há dúvida que o legítimo representante do povo brasileiro é o samba. Ele traz em seu DNA a origem do nosso povo, de sua negritude, de sua felicidade, espontaneidade, alegria contagiante e identidade nacional. Temos a apoteose do samba chamado carnaval; festa que convida a todos os brasileiros a " brincar”, configurando uma verdadeira democracia na acepção da palavra, onde o "brincante" só precisa do passaporte da alegria e do entusiasmo, sem ter que provar sua origem ou posse econômica. É realmente a maior festa popular do mundo, copiada timidamente por outros países que simplesmente não terão nunca o samba no pé de uma cabrocha negra brasileira, e a malemolência de nosso povo e nosso samba. Definitivamente nossa música brasileira é praticamente uma "comodities" de tão rica, diversa, e lindamente construída. Ariano Suassuna, intelectual brasileiro, da mais alta estirpe, oriundo de terras pernambucanas, escritor, dramaturgo, ensaísta, crítico musical, definiu a música em uma análise profunda em " dionisíaca" e " apolínea”, aquela seria de melodia, ritmicidade, acordes, e construção mais vertical, objetiva, direta, persuasiva. Teríamos o rock n roll como um exemplo clássico, música que significa protesto, rebeldia, inconformidade, jovialidade, identidade, e é representativa de toda uma geração que a criou e que trafega hoje mais viva do que nunca, em seus anseios e luta por aceitação e estilo de vida mais excêntrico e muitas vezes alternativo. No entanto esse mesmo rock roll abriga também múltiplas correntes e tem uma vasta riqueza, como o pop rock, o tecno rock, o punk rock, o rock sinfônico, o rock metal e tantos outros. Cidadãos de bem, com carreiras sólidas e respeitáveis, estão inclusos entre os apreciadores deste género muitas vezes tido e lido preconceituosamente. A música Apolínea, seria mais melodiosa, de acordes suaves, letras, cifras e partituras bem definidas, teríamos então como exemplo marcante a música clássica, com suas sinfonias e seus grandes autores, como Mozart, Beethoven, Chopin, Vivaldi e tantos outros grandes gênios e mestres clássicos que presentearam a humanidade com verdadeiras peças e obras de arte musicais que fazem um contato direto com o espírito e os sentimentos mais profundos que o ser humano abriga dentro de si. Outro fato muito importante é o poder que a música carrega, sendo ela a maior representante das sete artes. Ela tem a capacidade de nos remeter ao passado poderosamente trazendo recordações, fatos e até aromas que experimentamos em tempos longínquos, também nos distrai no presente de maneira a alegrar nosso dia a dia e nos motivar para a vida, e nos faz pensar no futuro através de melodias que nos levam a novos horizontes e reúnem temáticas propriamente pensadas para algo que nem vivenciamos ainda. Existe também uma forma melodiosa musical, que nem sempre é tocada no coração do homem que é a sinfonia do amor ao semelhante. Essa deve ser tocada diariamente, na busca incansável de um mundo melhor, onde nossos ouvidos ouçam como uma música perfeita a declaração perfeita: " Eu te amo!", Pois essa frase soa em qualquer ouvido humano, como a mais linda música que podemos experimentar, e muitas vezes à buscamos artificialmente em palavras que não nos foram ditas, mas sim a outros por tantos músicos e cantores.

25 comentários:

  1. Quanto conhecimento 👏👏👏

    ResponderExcluir
  2. 👏🏽👏🏽👏🏽👏🏽

    ResponderExcluir
  3. Maravilhosa crônica , e não esquecendo pois a abordagem a música, o quanto a música mexe com os nossos sentimentos e até faz bem s saúde!
    Muitos detalhes e exelente dissertação ao tema . Parabéns!!!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Muito obrigado pelo comentário e incentivo!

      Excluir
    2. Muito obrigado por sua leitura e aprovação!

      Excluir
  4. Maravilha! 👏👏👏

    ResponderExcluir
  5. Comentário de Paulo Teles
    Crônica lindíssima fala sobre a beleza da música, quando ainda estamos no útero da mãe, depois fala da música clássica citando os grandes autores dentre eles Vivaldi e outros que enriquecem grandes momentos de ternura e romantismo, fala do samba que está no DNA brasileiro!
    Sem dúvida a música é “ A sobremesa da vida”

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigado pela leitura e seu comentário sempre importante para tudo em minha vida,meu amado pai Paulo Teles!

      Excluir
  6. Simplesmente esplêndido! Um mix intelectual incrível, desde o entrosamento genético, físico, transcendental aos ciclos da vida. Citando o contexto cultural, tecendo os benefícios da musicoterapia e o espiritual no sentido mais amplo de entoar “Amor”. Nossa, meus parabéns. Inteligência compartilhada não tem preço, tem consequências maravilhosas na vida das pessoas. Meu muito obrigada a rica leitura.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Muito obrigado, minha amiga querida e paciente Tamyres Carneiro.Sua opinião é muito importante e nos faz buscar inspiração para novos conteúdos que busquem leitores com a sua sensillbilidade e carinho.Muito obrigado!

      Excluir
  7. Dr. Ronald sempre nos trazendo interessantes informações em seu textos além de um estilo agradável de ler.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Muito obrigado minha amiga querida e grande radiologista,Dra Cláudia Bruno💙

      Excluir
  8. Grato pelo presente para dias tão cheio de desarranjos!

    ResponderExcluir
  9. Parabéns Dr. Ronald, a música embala e eleva a alma, acalma e nos leva a outras plagas, pensamentos mil, e sonhos presentes e revividos, nos encantando profundamente. Tudo que vem do Dr. é brilhante, e demonstra seu largo conhecimento sobre o assunto, tratado, com profundidade e verve para explanar esse Blog - MÚSICA, tratado com maestria e competência máxima. Parabéns e que Deus lhe abençoe e cada vez lhe ilumine mais nesse mister - abraços desse seu admirador e amigo - Manoel Milfont

    ResponderExcluir
  10. Muito obrigado querido Dr Milfont,expoente da advocacia cearense!Sua leitura me anima e motiva!

    ResponderExcluir