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sexta-feira, 7 de março de 2014

POR: WILLIAM MOFFITT HARRIS - NOSSAS HELICÔNIAS

Dr. William Harris

NOSSAS HELICÔNIAS
William Moffitt Harris
Médico Pediatra Sanitarista
Membro Titular da Sobrames-CE

Campinas, 5 de março de 2014

Moramos em Campinas há mais de meio século, e no bairro Chácaras Primavera há trinta e seis anos.  Quando construímos nossa casa em 1978 e, em anos subseqüentes, eu e minha esposa imaginávamos dependurar algum dia uma placa atravessando o vão livre do portão principal com um nome gravado denominando nosso cantinho.  Seria uma destas fatias toscas de madeira extraídas diagonalmente de troncos de pinheiros com serra elétrica.  O letreiro, como se vê tanto por aí em cidades turísticas como Campos do Jordão e Poços de Caldas, seria gravado com ferro em brasa.  A placa seria depois envernizada anualmente com um destes preparados próprios para a proteção de artefatos de madeira expostos às intempéries.  Usaríamos verniz de barcos.
Inicialmente, devido à presença de vários exemplares da família Eugenniidiae entre as frutíferas que plantamos ao longo dos anos, pensamos em chamar nossa propriedade de “Chácara das Eugenias”.  Era até uma forma de homenagear nossas pitangueiras (Eugenia uniflora), o jambeiro (Eugenia jambos), os dois pés de uvaia (Eugenia pyriformis ou E. uvalha), duas goiabeiras, várias pitangueiras de dois tipos, uma guarirobeira e ainda uma linda “escovinha-de-garrafa” (Callistemon) que tanto prazer vêm nos dando anualmente com a visita e ruidosa atividade de aves, mormente sanhaços, maritacas, anus, sabiás (do campo e laranjeiras), joão-de-barro, disputando suas frutas.  De início, devido a nossa inexperiência e ignorância, havíamos incluído no elenco nossas jabuticabeiras (Myrciaria cauliflora) porque eu havia lido em algum lugar que eram denominadas Eugenia cauliflora.
O tempo foi passando e não foi feita a placa.  Nossa helicônias passaram a ser foco de nossas atenções visando aquele nosso objetivo.  “Chácara das Helicônias” nos parecia soar melhor.  Havia várias touceiras desta “bananeira-de-jardim” espalhadas pelo vasto quintal. Os vistosos cachos sempre me encantaram pelas suas vivas cores em verde, amarelo, alaranjado e suas sementes azuis com alguns traços brancos.  Sempre admirei sua uniformidade geométrica de apresentação macroscópica com simetria radial.  As flores dispostas em tamanho crescente, dispostas alternadamente, num plano ligeiramente helicoidal com seu eixo torcido em sentido horário, assemelham-se realmente a bicos de papagaio.  Achava seu nome Helliconia psitachorum, que descobri no livro clássico do Prof. Joly (RIP) da USP, muito adequado.  Alguns anos depois, ao proceder a uma análise mais cuidadosa da descrição destas plantas, descobri que eu estava errado.  O que temos em casa é na verdade a Helliconia rostrata. Fiquei desapontado, pois foram muitas as vezes em que expliquei a amigos porque se chamaria H. psitachorum (psitacídeos são os papagaios, araras, tuins, periquitos, etc. e chorum em grego significa bico) 1.
Continuamos sem a placa.  O Ipê rosa (Tabebuia rosa) plantado na calçada (nossa primeira árvore e que levou doze anos para dar a primeira florada) a um metro do portão cresceu e expandiu-se e o “Chapéu-de-Napoleão” (Thevecia peruviana) encobriu o outro lado. Não houve mais espaço para uma placa.  O sonho de anos atrás simplesmente evanesceu.
Pensando melhor e tendo em vista um portão eletrônico a ser instalado daqui a alguns meses, talvez haja a possibilidade de se instalar a placa almejada, mas, possivelmente, com o nome de “Morada ou Chácara das Myrtáceas”. A família das Myrtaceas abrange cerca de três mil plantas entre as quais figuram as dos gêneros Myrciaria (caso das jabuticabeiras) e Eugenia (caso das pitangueiras, jambeiro e pé de uvaia) e outras que aqui temos em nosso jardim.

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LIVROS CONSULTADOS:


2 - LORENZI, H. e colaboradores – Frutas Brasileiras e Exóticas Cultivadas de Cosumo “in natura”. Edição do Autor. Nova Odessa – SP: Instituto Plantarum de Estudos da Flora, 2006.

3 - STEARN, W. T. –Stearn’s Dictionary of Plant Names for Gardeners. London: Cassell Publishers Limited, 1996. 363p.

4 - USHER, G. – The Wordsworth Dictionary of Botany. London: Wordsworth Editions Ltd, 1966. 404p.

5 - WERBERLING, F. & SCHWANTES, H. O. – Taxionomia Vegetal; [Tradutor:  Rothschild, W. S.; Revisor: Lamberti, A.].São Paulo: Editora Pedagógica e Universitária Ltda – EPU, 1986. 315p[w4] .
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