Dr. William Harris
NOSSAS HELICÔNIAS
William Moffitt Harris
Médico Pediatra Sanitarista
Membro Titular da Sobrames-CE
Campinas, 5 de março de 2014
Moramos em Campinas há mais de meio
século, e no bairro Chácaras Primavera há trinta e seis anos. Quando construímos nossa casa em 1978 e, em
anos subseqüentes, eu e minha esposa imaginávamos dependurar algum dia uma
placa atravessando o vão livre do portão principal com um nome gravado
denominando nosso cantinho. Seria uma
destas fatias toscas de madeira extraídas diagonalmente de troncos de pinheiros
com serra elétrica. O letreiro, como se
vê tanto por aí em cidades turísticas como Campos do Jordão e Poços de Caldas,
seria gravado com ferro em brasa. A
placa seria depois envernizada anualmente com um destes preparados próprios
para a proteção de artefatos de madeira expostos às intempéries. Usaríamos verniz de barcos.
Inicialmente, devido à presença de
vários exemplares da família Eugenniidiae entre as frutíferas que
plantamos ao longo dos anos, pensamos em chamar nossa propriedade de “Chácara
das Eugenias”. Era até uma forma de
homenagear nossas pitangueiras (Eugenia uniflora), o jambeiro (Eugenia
jambos), os dois pés de uvaia (Eugenia
pyriformis ou E. uvalha), duas
goiabeiras, várias pitangueiras de dois tipos, uma guarirobeira e ainda uma
linda “escovinha-de-garrafa” (Callistemon)
que tanto prazer vêm nos dando anualmente com a visita e ruidosa atividade de
aves, mormente sanhaços, maritacas, anus, sabiás (do campo e laranjeiras),
joão-de-barro, disputando suas frutas.
De início, devido a nossa inexperiência e ignorância, havíamos incluído
no elenco nossas jabuticabeiras (Myrciaria cauliflora) porque eu havia
lido em algum lugar que eram denominadas Eugenia cauliflora.
O tempo foi passando e não
foi feita a placa. Nossa helicônias
passaram a ser foco de nossas atenções visando aquele nosso objetivo. “Chácara das Helicônias” nos parecia soar
melhor. Havia várias touceiras desta “bananeira-de-jardim” espalhadas pelo
vasto quintal. Os vistosos cachos sempre me encantaram pelas suas vivas cores
em verde, amarelo, alaranjado e suas sementes azuis com alguns traços
brancos. Sempre admirei sua uniformidade
geométrica de apresentação macroscópica com simetria radial. As flores dispostas em tamanho crescente,
dispostas alternadamente, num plano ligeiramente helicoidal com seu eixo
torcido em sentido horário, assemelham-se realmente a bicos de papagaio. Achava seu nome Helliconia psitachorum,
que descobri no livro clássico do Prof. Joly (RIP) da USP, muito
adequado. Alguns anos depois, ao
proceder a uma análise mais cuidadosa da descrição destas plantas, descobri que
eu estava errado. O que temos em casa é na
verdade a Helliconia rostrata. Fiquei desapontado, pois foram muitas as
vezes em que expliquei a amigos porque se chamaria H. psitachorum (psitacídeos
são os papagaios, araras, tuins, periquitos, etc. e chorum em grego significa bico) 1.
Continuamos sem a
placa. O Ipê rosa (Tabebuia rosa) plantado na calçada (nossa primeira árvore e que
levou doze anos para dar a primeira florada) a um metro do portão cresceu e
expandiu-se e o “Chapéu-de-Napoleão” (Thevecia
peruviana) encobriu o outro lado. Não houve mais espaço para uma
placa. O sonho de anos atrás
simplesmente evanesceu.
Pensando melhor e tendo em
vista um portão eletrônico a ser instalado daqui a alguns meses, talvez haja a
possibilidade de se instalar a placa almejada, mas, possivelmente, com o nome
de “Morada ou Chácara das Myrtáceas”. A
família das Myrtaceas abrange cerca de três mil plantas entre as quais figuram
as dos gêneros Myrciaria (caso das jabuticabeiras) e Eugenia (caso das pitangueiras, jambeiro e pé de uvaia) e outras que aqui temos em nosso jardim.
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LIVROS
CONSULTADOS:
1 - JOLY, A. B. – Botânica – Introdução à Taxonomia Vegetal; [Ilustrações de
Gemtchynikov,I.]. 6ª Edição. São Paulo: Editora Nacional, 1983. 777p[w1] [w2] .[w3]
2 - LORENZI, H. e colaboradores – Frutas Brasileiras e Exóticas Cultivadas de
Cosumo “in natura”. Edição do Autor. Nova Odessa – SP: Instituto Plantarum
de Estudos da Flora, 2006.
3 - STEARN, W.
T. –Stearn’s Dictionary of Plant Names
for Gardeners. London: Cassell Publishers Limited, 1996. 363p.
4 - USHER, G.
– The Wordsworth Dictionary of Botany.
London: Wordsworth Editions Ltd, 1966. 404p.
5 - WERBERLING, F. & SCHWANTES, H.
O. – Taxionomia Vegetal; [Tradutor: Rothschild, W. S.; Revisor: Lamberti, A.].São
Paulo: Editora Pedagógica e Universitária Ltda – EPU, 1986. 315p[w4] .
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sexta-feira, 7 de março de 2014
POR: WILLIAM MOFFITT HARRIS - NOSSAS HELICÔNIAS
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Belo texto! Parabéns! É um privilégio morar em uma casa cheia de plantas.
ResponderExcluirabraço
anamargarida
Muito obrigado.
ResponderExcluirWiilliam