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terça-feira, 7 de abril de 2020

POR ALCINET ROCHA: DIAS SANTOS


DIAS SANTOS

Não existe maior desalento
Que o vazio do ninho desfeito
Aferrolha as portas por dentro
E abotoa saudades no peito

Como era alvissareira
A viagem em Santos Dias!
-Vai ser quinta ou sexta-feira?
Bradavam os filhos, com euforia

-Vai ser Quinta-feira Santa
E à noite, tem Visitação
Pois a Madre Igreja manda
Ao Santíssimo, adoração

Depois, era o cuidar das bagagens
Em arrumações sem cansaços
Pra desfrutar das vantagens
De tão aconchegantes abraços

Os lençóis, bem como as redes
Cheiravam a puro carinho
E o Crespo doce de leite
Já era marca do ninho

Café quente, nunca em falta
Pães, com nata fresquinha
No domingo – Ovos de Páscoa
Não são lembranças só minhas

Tudo na casa era afago
Das velhas fotos em família
Ao piso de verdes mosaicos
Com gasta e escura mobília

Solícitos, meus pais deslizavam
Num vaivém de passos falhos
Levando a crer que duvidavam
Da existência do assoalho

Eram sempre corriqueiras
Chuvas com raios, trovoada
Reativando as goteiras
E descartando a boa calçada

Mas não havia sobressaltos
Ou medos... Por nem um segundo!
Pois ali, se estava a salvo
De todos os riscos do mundo

Agora sofremos as dores
De tantas lembranças vividas
Perdidas nos corredores
Da casa, jamais esquecida.

Fonte:  35º Antologia LAPSO TEMPORAL 2018 SOBRAMES – CEARÁ.
Sobrames-CE/Expressão Gráfica, 2018. p.50/51.




POR MANOEL FONSECA: Porque manter o isolamento social ampliado no Ceará.


Porque manter o isolamento social ampliado no Ceará.

  A situação epidemiológica do Ceará, em relação à  COVID-19, até o dia 06/04, é ainda muito preocupante. Em termos de incidência (casos/100.000 hab.), nós temos a terceira maior do país (11/100.000), só superada por Brasilia (15,5) e Amazonas (12,6).   Em número de óbitos (29) somos o quarto do país, superados por S. Paulo (304), Rio de Janeiro (71) e Pernambuco (30), este com situação paradoxal de ter a maior letalidade  (13,45 óbitos/casos confirmados), com apenas 223 casos confirmados. A letalidade do Ceará de 2,9 está abaixo da média nacional (4,67).
  O isolamento social ampliado é uma medida correta, em situações de expansão da curva epidêmica de casos e óbitos, de uma doença infecciosa nova e visa reduzir a velocidade de crescimento desta curva, para dar um tempo mínimo de preparação do sistema de saúde para o enfrentamento do pico de casos moderados e graves desta epidemia. Isto significa disponibilizar leitos e respiradores suficientes, adquirir Equipamentos de Proteção Individual (EPI) em quantidade e qualidade, que protejam a saúde e a vida dos profissionais de saúde, contratação e capacitação de novas equipes para o manejo correto frente à COVID-19 e oferta de testes de laboratório suficientes, que permitam identificar, testar, isolar e tratar a maioria dos casos, além de investigar a rede de transmissão.  O Ceará ainda precisa de um tempo para alcançar este estágio. A requisição do Hospital Leonardo da Vinci foi correta, mas este é de acesso restrito e precisa de ajustes. O Hospital de Campanha da Prefeitura de Fortaleza só deverá estar em pleno funcionamento no final de abril. A suspensão de cirurgias eletivas, que deve causar incômodo aos pacientes cadastrados, foi uma medida justa, baseada no princípio da equidade, de ofertar leitos para quem está em maior risco. Há a necessidade de adquirir uma maior quantidade de EPIs, respiradores e testes de diagnósticos, pois estes, agora, só são ofertados para casos moderados e graves dos que acessam hospitais.
  Por estas razões e por mais boa vontade e determinação por parte das autoridades públicas de saúde e dos setores de saúde conveniados, o Ceará e, em particular, Fortaleza, precisam de um maior tempo de isolamento social ampliado, para expandir nossa capacidade de resposta, poupando vidas de nossa gente.
 A determinação de decretar o isolamento social ampliado, por parte do Governo do Estado, deve ampliar-se, no mínimo, até final de abril, quando nossa capacidade de resposta estiver mais equilibrada. Só assim poderemos salvar mais vida e iniciar, mais precocemente, o retorno às atividades produtivas, persistindo ainda o isolamento vertical de pessoas idosas e as mais vulneráveis, que têm doenças crônicas ou estão imunodeprimidas. 
 Destacamos, finalmente, a necessidade urgente do governo federal transferir uma renda minima para as populações vulneráveis, para que possam manter o isolamento social com dignidade. Devemos, portanto, ter uma mente aberta e o coração solidário neste tempo de tormenta.

Manoel Fonseca - médico
Especialista em Epidemiologia
Mestre em Saúde Pública

segunda-feira, 6 de abril de 2020

POR FRANCISCO PESSOA: HOJE É SÁBADO!!!!!!!!!!!!!!!!!!

HOJE É SÁBADO!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Levanto-me de um pulo e, mesmo sem agradecer a Deus por mais um dia, cantarolo Ednardo com sua Terral, mas, a esperança de esquartejar um caranguejo gordo, como que se esvaiu num piscar de olhos. Acordei todo, agora! Faz vinte e cinco dias que não vejo o “lá fora”, a não ser pelo olho mágico da porta de entrada do meu asilo. Todas as estações do ano, todas mudanças de maré, de calendários, quais sejam eles, Julianos, Gregorianos, Judaicos, Chineses ( Ave-Maria 03 x), interpenetram-se em sombras, tal as que, faz tempo, deram vida às paredes de certa caverna.
Volto para a realidade. Lembro-me que os caranguejos do Chico estão amotinados, porém, certos de que nenhuma retroescavadeira irá importuná-los.
A minha Fortaleza, de Paula Ney, dormita à sombra maléfica de um forasteiro chinês que estendeu suas palmas por todo o planeta. O tempo falará por mim que acredita em mais um ataque de materialismo, de egoísmo, de poder, de um povo que não crê Naquele, pois, comunista e ateu.
Por ser um “prato cheio” ( idoso, diabético, cardiopata, ...) para esse alienígena de olho repuxado, contenho meus passos e, na frente da tela do meu computador, corro o mundo.
Voltei aos prelúdios da minha vida conjugal, pois, minha mulher voltou a cozinhar pra mim, pondo em prática o que aprendeu, um dia desses, na Escola Doméstica São Rafael (é o novo!).
Faltam-me os netos, bem como os filhos, filhas e genros, falta-me impulsão para escrever, para rimar, e o que me resta é exclamar: “até quando?” que não pede rima, já que incerteza, afastando mais ainda dos meus olhos a linha de um horizonte enuviado.
E Deus está conosco nessa tragédia? Por que, meu Deus, por quê? Deixo para cada um de vocês a resposta. Converse consigo, com sua consciência, seu maior confessor, e se for necessário, penitencie-se, levando a Palavra de Deus àqueles que necessitam.
Quanto a mim, continuarei enclausurado, na certeza de, quem tem, tem medo, apesar de ser imortal.
Sintam-se beijados virtualmente. Pense num beijo sem graça!

Pessoa

Publicação feita em seu facebook no dia 4/04/2020.

POR ARRUDA BASTOS:Diário de uma quarentena (18º dia).


Diário de uma quarentena (18º dia).
Aniversário virtual e amor são formas de destronar o coronavírus
Por Arruda Bastos

Hoje, 06 de abril, é o aniversário do meu primogênito e, desde 1981, quando ele nasceu, é a primeira vez que vamos passar separados. O motivo é justo: a nossa responsabilidade com o isolamento social, única medida para diminuirmos a desenfreada disseminação do coronavírus.

Meu filho Bruno é um amor de pessoa, excelente filho, carinhoso irmão, esposo dedicado e amoroso pai. Sem falsa modéstia, acho que ele é um pouco parecido comigo, como inclusive já escrevi em uma crônica intitulada “Filho, só de olhar pra você estou me vendo outra vez”, que pode ser encontrada no meu portal na internet.

Cedinho, lembrei-me do seu nascimento. Foi em uma segunda-feira, às 9 horas e 15 minutos. Ele pesou 3 quilos e 400 gramas e tinha 50 centímetros de comprimento. Vou confessar que recordava do dia da semana, mas que minha memória não está isso tudo para o resto. Os dados, encontrei em um amarelado bloquinho que Marcilia guarda a sete chaves e que contém tudo sobre os nossos filhos.

A maternidade foi a Escola Assis Chateaubriand da UFC; o obstetra, Juarez Carvalho e o anestesista, o meu concunhado Ramon. O parto foi normal, como de todos os outros filhos. Bruno mamou logo depois que nasceu e durante vários meses, o que lhe confere até hoje muita saúde.

Se o coronavírus pensava que íamos ficar apáticos, sem festa de aniversário, enganou-se redondamente. Ela aconteceu de forma virtual com bolo, velinha dos seus trinta e nove anos, parabéns pra você, tudo organizado pela minha querida nora Lais. Larinha, filha do casal, nossa netinha de onze meses de idade, foi o destaque.

Os irmãos compareceram em massa, os sobrinhos e cunhados também. Foi uma linda festa em que o amor e o carinho se destacaram. Foram muitos beijos e mensagens virtuais. Digo que foi emocionante e, até tudo terminar, não vamos deixar de comemorar muitos outros. Só espero que, na comemoração dos meus quarenta e um anos de casados, em junho, nós possamos receber aqueles abraços e beijos de todos eles.

Se você, meu leitor, tem comemoração na família nesse período, não deixe ela passar em branco, muito pelo contrário. É nesses momentos que precisamos de mais união e carinho. O espírito e o amor são mais importantes e isso a pandemia não vai conseguir impedir.

Voltando para o Bruno, ele é merecedor de todas as mensagens de amor do mundo. Tudo que ele faz é com devoção e responsabilidade. É um ser iluminado, inteligente, um excelente médico e a sua maior aparência comigo é a seriedade com que leva sua vida, e até por isso, como eu, muitas vezes deixa transparecer uma certa antipatia, que é só de fachada.

Hoje, não teremos aquele jantar em família e nem abraços acochados e beijos molhados, mas, sem dúvida, vai ser o aniversário mais lembrado de todas as nossas vidas. Feliz aniversário!

Amanhã eu volto com uma nova crônica.
Este foi o dia nº 18. #FiquemEmCasa

Arruda Bastos é médico, professor universitário e presidente da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores (SOBRAMES-CE)

domingo, 5 de abril de 2020

POR ARRUDA BASTOS: Diário de uma quarentena (17º dia).


Diário de uma quarentena (17º dia).
O domingo, a lei de Chico de Brito e a dor no mucumbu
Por Arruda Bastos

Chegamos a mais um domingo de quarentena e agora especial: o de ramos, que para os católicos marca o início da Semana Santa. Com Marcilia, durante o dia, assisti a missa do Papa Francisco direto do Vaticano, do Padre Marcelo pela Globo e diversas outras pela Rede Vida, TV Aparecida, Evangelizar e Canção Nova.

Agora, já no pôr do sol, recordei dos meus pais e da sua religiosidade. Para eles, católicos fervorosos, a Semana Santa começava bem antes, com a confissão de todos os filhos na capela do Colégio Juvenal de Carvalho ou na Igreja dos Remédios, próximo da Reitoria da UFC.

No domingo, logo cedinho, papai puxava o nosso dedão do pé acordando para a missa das seis da manhã. A puxada era o despertador e não adiantava reclamar ou dizer que estava com sono e não era dia de aula, pois lá em casa a lei era de Chico de Brito e não tinha choro nem vela.

A expressão “Lei de Chico de Brito” teve origem em 1912, quando o austero Francisco de Brito assumiu as funções de intendente (prefeito) do Crato. Homem destemido, não queria conversa com quem andasse fora da lei, não importando se fosse pobre, rico ou importante, ele prendia e processava. Brito sempre dizia: "a lei é dura, mas é lei". Daí foi que surgiu a inspiração do meu pai, a "Lei do Chico de Brito”, que resumia: "quem faz a lei sou eu e não tem apelação".

Depois que acordávamos, sacudíamos a poeira e caminhávamos por três longos quarteirões para a capela do colégio. Na missa, fazíamos a oferenda de alguns trocados que mamãe nos dava e comungávamos com devoção. Na volta para casa, mimetizávamos os sete anões da Branca de Neve cantando “Eu vou, eu vou, pra casa agora eu vou”. Na minha família, não sete, mas sim nove, o número de filhos do casal César Bastos e Maria de Lourdes.

Meus leitores devem perguntar: e essa dor no mucumbu, o que tem a ver com a crônica de hoje, será que entrou de gaiato no navio ou como Pilatos, no credo? Digo que tenham paciência, que ainda vou explicar. Primeiro, devo esclarecer em qual região do corpo fica a aludida dor. O termo é muito utilizado no interior e quer dizer fim do espinhaço e anca de rês.

Para quem ainda não entendeu, vou me valer do dicionário informal que exemplifica com a frase: “essa menina usa uma calça tão baixa que aparece o mucumbu todim”. Acho que agora não vai ser preciso desenhar. Mucumbu é a região das costas acima das nádegas.

Antes de concluir minhas crônicas, sempre leio o título e consulto Marcilia para saber da sua opinião. Digo que hoje ela não ficou nada satisfeita com o termo “mucumbu” e até pediu para eu retirar. Falou que as pessoas poderiam não entender e até comentar com gozação. Embora entendendo os seus argumentos, vou dar uma de papai e de “Chico de Brito”.

Quem está sentindo a dor sou eu, essa dor vinha incomodando um pouco nos últimos dias e na manhã de hoje resolveu travar tudo. Não consigo sentar direito, andar e, só mesmo deitado com o mucumbu pra cima, sinto alguma melhora. Acho que foi o primeiro efeito colateral da quarentena e de tantas atividades que exageradamente coloquei no meu dia a dia.

Se ainda fosse criança, digo que teria um excelente álibi para quando tivesse meu dedo puxado por papai. Até mesmo porque não conseguiria andar os quilômetros da minha casa para a capela do colégio. Agora é seguir as orientações da Marcilia, repouso, compressa morna e massagem com cânfora. Com seu carinho, acho que vou me recuperar em tempo recorde.

Amanhã eu volto com uma nova crônica.
Este foi o dia nº 17. #FiquemEmCasa

Arruda Bastos é médico, professor universitário e presidente da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores (SOBRAMES-CE)

POR ARRUDA BASTOS: Diário de uma quarentena (16º dia)


Diário de uma quarentena (16º dia)
Farinha pouca, meu pirão primeiro.
Por Arruda Bastos

No dia de hoje, acordei preocupado com as últimas informações dos telejornais da noite. Agora, quando chegamos à virada da primeira quinzena de nossa quarentena, as notícias oriundas do Ministério da Saúde não são nada alentadoras para São Paulo, Rio de Janeiro e Ceará.

A previsão é de muita dificuldade na atenção à saúde, nos leitos de UTIs e no número de profissionais aptos para atuarem na linha de frente de combate à pandemia. Aqui no Ceará, a minha esperança é de que as medidas de isolamento social implantadas precocemente pelo governo possam reverter as expectativas oficiais.

A inspiração da crônica de hoje veio da minha esposa que, logo cedinho e ainda se espreguiçando, falou baixinho que estava preocupada com a família e principalmente com os seis médicos que temos. Tentei, na mesma hora, argumentar que, tirando o vovô aqui, todos são jovens e vão saber se cuidar.

Digo que não logrei êxito no meu intento, pois logo no jornal matinal as informações de que o número de profissionais de saúde contaminados crescia vertiginosamente deixou-a ainda mais tensa. Ela chegou mesmo a dizer que os médicos e os outros profissionais não deviriam trabalhar sem proteção, o que é uma verdade.

Levando em conta todos os dados no Brasil e a experiência internacional por onde a epidemia passou, a preocupação da minha esposa procede. A falta de profissionais e equipamentos de proteção é gritante e, para complicar, a atitude do governo americano de impedir que insumos cheguem ao Brasil e a outros países é criminosa.

No início da tarde, para piorar, li no Twitter que o Departamento de Estado dos Estados Unidos publicou em seu site um comunicado em que convoca médicos e enfermeiros estrangeiros a trabalharem no país no tratamento do coronavírus em troca de um visto de permanência, que pode se estender por até 07 anos.

A notícia é revoltante e prova que os EUA está tentando cooptar médicos e enfermeiros de países que já estão sofrendo com a pandemia e podem até ficar sem profissionais qualificados. A falta de mão de obra, testes e equipamentos de proteção compromete a capacidade dos profissionais e reduz as equipes em todo o mundo.

Os EUA, com as últimas medidas de redirecionar para si mesmos um conjunto de respiradores e máscaras que tinham como destino original o Brasil e a Alemanha, comete um ato de "pirataria moderna" e a convocação de médicos estrangeiros é uma forma torpe e cruel de tratar a pandemia.

Para concluir, e como forma de conter um pouco a minha indignação antes de terminar a crônica de hoje, fui ouvir duas músicas de Bezerra da Silva. A primeira foi “Malandro é Malandro e Mané é Mané”. Aí considero que os EUA são o Malandro e o Brasil é o Mané. E a segunda foi “Meu pirão primeiro”, que diz: Se a farinha é pouca, meu pirão primeiro, que é uma atitude típica de quem não tem a menor empatia. Acredito que com o presidente Obama tais  fatos não estariam acontecendo. Por hoje chega!

Amanhã eu volto com uma nova crônica.
Este foi o dia nº 16. #FiquemEmCasa
Arruda Bastos é médico, professor universitário e presidente da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores (SOBRAMES-CE)

POR SEBASTIÃO DIÓGENES: O Reino Unido e o coronavírus


                                               

O Reino Unido e o coronavírus

    Ricardo III, rei da Inglaterra (1483-1485) entra em desespero na batalha de Bosworth. Com o cavalo morto, ele segue lutando a pé no campo de batalha. Grita desesperadamente! “Um cavalo! Um cavalo! Meu reino por um cavalo!” Ninguém comparece para fazer o comércio, e a morte lhe chega pelas mãos de Richmond. Drama histórico do século XV que Shakespeare consagrou em suas obras.
       Século XXI, o mesmo reino enfrenta uma guerra diferente das ancestrais. A rainha Elizabeth II não assiste a uma disputa de poder entre os descendentes da mesma coroa. Trata-se de uma luta contra um vírus, que por ironia do destino, também é do reino coronado, de origem asiática.
       A famosa soberana está com 93 anos de idade, e contraiu o covid-19. Conhecedora da gravidade da doença em idosos, ela chamou o médico e lhe falou com indícios de dificuldades respiratórias. “Um respirador! Um respirador! Meu reino por um respirador!” O médico imediatamente intubou a paciente real, e em poucos dias ela ficou curada. Encontra-se, no momento, em convalescença no castelo de Windsor.  
     Quanto à promessa real da “troca do reino por um respirador”, lamentavelmente, não poderá ser honrada. Não há amparo legal, justificou o palácio de Buckingham, em nota oficial. Ao médico, que salvou a vida da rainha, solicita-lhe irrestrita compreensão. Pois, bem sabe ele, a enferma encontrava-se com a gasometria alterada, o que lhe poderia ter provocado alterações em suas faculdades mentais.
         “Meu reino é o da Medicina” - respondeu o médico ao palácio de Buckingham.
         Sebastião Diógenes
          05-04-2020