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segunda-feira, 7 de abril de 2014

POR: CELINA CÔRTE - APRENDER COM OS FILHOS


Dra. Celina Côrte - Médica e Presidente da Sobrames-CE

                                  Aprender com os filhos

 

Publicado no DN em 06/04/2014


Havia o preposto no passado de que aos pais cabia ensinar e aos filhos, aprender. Tempos de autoritarismo, quando os filhos eram impedidos de pensar ou discutir ideias. Estamos em outro momento, de maior liberdade e menos autoritarismo. É necessário que os pais mantenham a capacidade de orientar e estabelecer limites, compreendendo, porém, que os filhos trazem inegáveis lições, mesmo quando aparentemente eles nada tenham a nos ensinar. Esta reflexão faz-me recordar duas situações vivenciadas por mim na vida profissional. Uma jovem adolescente, acometida de grave paralisia cerebral espástica, chegou ao consultório, nos braços da mãe. Infelizmente, nada havia a ser feito para melhorar a condição da paciente que permanecia inerte junto à mãe. Esta acariciava amorosamente os cabelos da filha durante a consulta e a chamava de meu bebê. No decorrer da consulta, uma revelação: a paciente era adotiva e, segundo a mãe, um presente de Deus. A um rápido olhar insensível, pautado apenas nesta vida material, seria, sim, um grande problema! Contudo, a mãe repetiu: Sim, doutora, foi um presente que Deus me deu! Quedei-me surpresa diante do imenso e divino amor exalado por aquela mulher. Apesar da grave limitação física da filha, ela amava a filha sem restrições e se sentia plena. Outro paciente contou-me que sofrera um acidente e perdera a memória. Ao recuperá-la, deu-se conta que, nesse espaço de tempo, a esposa tivera uma filha. Viveu um terrível conflito diante de sua paternidade, por não se recordar da gestação da esposa e, assim, rejeitou a menina. Porém, à medida que recuperava a memória, sentia desabrochar um grande amor pela filha, sua companhia mais constante. Percebeu, porém, a dificuldade em exercer sua profissão de programador na área da informática. Esquecera-se do muito que sabia. E agora, ao lado de sua filha, com cinco ou seis anos, reaprendia sua profissão recebendo humildemente lições básicas de informática... Se o espírito estiver desprovido de preconceito, com os filhos podemos ampliar o conhecimento formal, mas receberemos, sobretudo, importantes lições de paciência, humildade, desprendimento, aceitação e amor.
Celina Côrte Pinheiro
Médica


  

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