Pedro
Israel Novaes de Almeida
engenheiro agrônomo e advogado, aposentado.
pedroinovaes@uol.com.br
engenheiro agrônomo e advogado, aposentado.
pedroinovaes@uol.com.br
O texto foi encaminhado por Dr. William Harris e o autor é freqüentador eventual do MMCL.
ROLETA RUSSA
As já
costumeiras manchetes de alimentos impróprios para o consumo intranquilizam a
população.
Vez ou
outra, são descobertas fraudes envolvendo determinadas marcas de leite, que
comercializam produtos com adição de água ou mágicas para evitar ou retardar a
deterioração. A adição de água é hábito antigo, de produtores e indústrias, e
representa a fraude de menor dano potencial à saúde humana.
Adições e
adulterações são velhas conhecidas das fiscalizações, em todos as instâncias do
país. Contudo, a perda da qualidade do produto pode ser consequência da
administração de medicamentos, aos animais, e o uso inadequado de
desinfetantes, que deixam rastros no alimento.
O leite
clandestino, vendido de porta em porta, que dá a impressão de ser igual ao que
alimentou o bezerro, é uma temeridade, e sequer passou por qualquer análise ou
controle, mesmo deficitário. Tal leite consegue dar a impressão de integridade,
mesmo quando recebe a adição de água.
A maneira
mais segura de ingerir o produto é consumi-lo em pó ou nascer bezerro. É
incrível a quantidade de água, natural ou adicionada, que segue transportada
diariamente, gastando energia e ocupando espaços valiosos.
O maior
risco à saúde humana, contudo, reside nos vegetais colocados à venda. O uso
inadequado de defensivos agrícolas não é percebido pelo consumidor, e pode liquidá-lo.
Existe
uma injusta e generalizada repulsa à utilização de defensivos, mas todos eles
possuem indicações e prazos testados e aprovados, podendo haver uso seguro de
tais produtos. No Brasil, não existem, ainda, estruturas e rotinas que garantam
a sanidade dos vegetais ofertados à população.
Resta ao
consumidor deixar de lado a preferência por vegetais maravilhosos, sem marcas,
manchas ou qualquer imperfeição aparente. A natureza não costuma produzir tais
espécimes.
Um
furinho no pepino é o suficiente para o consumidor descartar o produto. Ocorre
que o tal furinho é um atestado de que, se a lagarta sobreviveu, o mesmo
acontecerá com o consumidor.
A
agricultura orgânica, profissional, ainda pouco praticada, e seus produtos
ainda possuem maiores preços. É uma garantia adicional ao consumidor, que tende
a agregar mais e mais produtores, principalmente médios e pequenos.
Culturas
de pequena expressão econômica são pouco experimentadas, e possuem raras
indicações de uso seguro de defensivos agrícolas comerciais. Aqui, é
imprescindível a pesquisa oficial, para sucesso dos produtores e tranquilidade
dos consumidores.
O Brasil,
em mais um tema, relega a plano secundário a saúde pública, pouco estruturando
carreiras e menos ainda implantando rotinas de acompanhamento e monitoração dos
produtos de origem vegetal. Não existem estatísticas seguras das ocorrências de
mortes e mutilações devidas à ingestão de alimentos impróprios ao consumo.
Sequer os ingredientes da merenda escolar sofrem a necessária análise e
acompanhamento.
Ir ao
supermercado ou feira, em tal contexto, é como comprar um bilhete de loteria,
onde o prêmio pode ser a morte, mutilação ou um simples incômodo. Boa sorte !
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