Pedro
Israel Novaes de Almeida
engenheiro agrônomo e advogado, aposentado.
pedroinovaes@uol.com.br
O texto foi encaminhado por Dr. William Harris e o autor é freqüentador eventual do MMCL.
engenheiro agrônomo e advogado, aposentado.
pedroinovaes@uol.com.br
O texto foi encaminhado por Dr. William Harris e o autor é freqüentador eventual do MMCL.
CANDIDATOS E ELEITORES
Não é
agradável reconhecer, mas somos um país de ignorantes.
Na
política, a maioria dos eleitores vota por ouvir dizer, embalada pela fofoca da
esquina ou pela mídia que desinforma. Os brasileiros fazem caras de espertos, e
dizem que nenhum político presta, e que todos os que defendem um ou outro
candidato ou partido são radicais.
Quando
algum candidato de boa imagem falece, a maioria diz que ficou sem opção, mas
quando algum mau político vence a eleição, opera-se o milagre de ninguém haver
votado nele. Os brasileiros, muitos, julgam os governos pelo que enxergam em
seus quintais, sem perceber os feitos e desfeitos que podem comprometer ou
enriquecer o contexto sócio-econômico do país, estado ou município.
A
ignorância política segue o rumo das torcidas de futebol e fã-clubes, e
pouquíssimos percebem a rigidez das ideologias que escravizam e o desdém das
irresponsabilidades que nutrem a miséria. Obras e providências públicas parecem
favores, e desvios escandalosos parecem naturais e inevitáveis.
Na
contramão dos eleitores, os políticos profissionais e marqueteiros de plantão
não são ignorantes. Candidatos a legisladores fazem campanha prometendo lutar
por verbas e favores do Executivo, verdadeiros heróis a serviço do povo. No
fundo, a um ou outro não ignorante, parecem ridículos, anunciando um mandato
absolutamente inútil, não raro subserviente.
É a
ignorância dos eleitores que faz os candidatos evitarem a afirmação de valores
e conceitos. A rigor, são poucos os candidatos com opinião a respeito de
aborto, maioridade penal, liberdade da imprensa não alinhada, transparência
pública, cotas racistas e qualquer outro tema polêmico.
Quando o
tema é religião, os candidatos dizem pertencer a todas, fazendo fila à entrada
de qualquer templo. As posturas
eleitoreiras, ridículas, revelam mais a índole do eleitor que do candidato.
Nossas
eleições são loterias, e só uma grave convulsão social pode emprestar-lhes
alguma lógica. Eleições não ideológicas conduzem a regimes de mando
minoritário.
A
ignorância política não pode ser confundida com pouca educação, e a alienação
frequenta também ambientes diplomados. É praxe comerciantes e empresários
evitarem qualquer manifestação de agrado ou desagrado, temerosos de dividirem a
clientela.
A própria
política estudantil encontra-se inibida, movimentada vez ou outra por grupos de
pequena expressão numérica, mas ativos. As universidades deixaram de exalar
ambientes de vanguarda, e hoje as manifestações soam primitivas, com invasões e
depredações, além dos movimentos contrários à ronda policial, nos campus, mesmo
após episódios de violência criminosa.
Os
políticos perderam o vínculo com a sociedade, mas as eleições geram alguns
novos, mas preservam as raposas de sempre.
Os brasileiros, em sua maioria, ainda não entenderam que política é
assunto sério, e o voto ignorante conduz a governos espúrios, quase perpétuos.
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