Dra. Ana Margarida Rosemberg - Médica e Secretária da SOBRAMES-CE |
O Outono – Baco e Ariadne, Eugène Delacroix, óleo sobre tela, de 196x165 cm, pintado de 1856 a 1863. |
BACO E ARIADNE
Sempre que
visito o MASP (Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubrient), sinto-me
impulsionada a registrar as minhas impressões. A última visita que fiz ao museu
foi no dia 24 de outubro de 2012.
Naquele dia, postei no meu BLOG um texto sobre o mesmo que pode ser lido neste
link: http://anamargarida-memorias.blogspot.com.br/2012/10/visita-ao-masp_24.html .
Hoje, 11 de abril de 2013, visitei o MASP com outro olhar. Um olhar de quem
procura ver o que tem por trás de cada obra de arte. Ao me deparar com As Quatro Estações, de Eugène Delacroix, fui arrastada em uma
viagem à Grecia Antiga. São telas imensas com temas ligados a mitologia grega. O
inverno - Juno implora a Eolo a Destruição da Frota de Ulisses, A primavera –
Eurídice Colhendo Flores é mordida por uma cobra, O Verão – Diana Surpreendida
por um Acteão e O Outono – Baco e Ariadne. Todas são incrivelmente belas,
mas a que me causou profunda impressão
foi O Outono – Baco e Ariadne. Nela, Delacroix retrata Baco (ou Dionísio,
para os gregos) estendendo a mão para Ariadne, após Teseu tê-la abandonado. Um Cupido,
acima, aparece carregando a guirlanda, símbolo da união e do amor do casal. Tiziano
Vecellio (1487-1576) também pintou, três séculos antes, o encontro de Baco e Ariadne, uma das
obras-primas da Renascença Veneziana.
Eugène
Delacroix (1798–1863) foi um pintor francês considerado o mais importante
representante do romantismo. Ele ficou conhecido por seu quadro A Liberdade Guiando o Povo (1830), que
foi pintado em comemoração à Revolução de Julho de 1830, na França. Esta tela
encontra-se no Louvre, em Paris. As
Quatro Estações, que, na realidade, são quatro telas, está pertinho de nós,
no MASP, em SAMPA.
Ao contemplar
“O Outono”, lembrei-me da história de Baco e Ariadne. Reza a lenda que o rei
Minos, pai de Ariadne, era dono do famoso Minotauro, o monstro que possuia
cabeça de touro e corpo de homem e que vivia em um labirinto na Iha de Creta. A
cada nove anos, um navio vindo de Atenas desembarcava em Creta com sete rapazes
e sete donzelas para serem devorados pelo Minotauro. Isto porque Minos,
ao sair vitorioso de uma guerra que declarara a Atenas, passou a exigir que tal
fato acontecesse. Quando se aproximava a data do envio do terceiro sacrifício,
o jovem príncipe Teseu se ofereceu para assassinar o monstro. Em Creta,
Ariadne, filha de Minos, se apaixonou por ele e o ajudou a matar o Minotauro, dando-lhe um novelo de lã, que ele utilizaria
para marcar seu caminho de volta, e uma espada mágica. E, assim, Teseu matou o
Minotauro. Grato, Teseu embarcou com
Ariadne para desposá-la em Atenas. Ao parar na ilha de Naxos, deixou-a dormindo,
e zarpou sozinho, pois não correspondia ao seu amor. Na Ilha, Baco foi ao
encontro de Ariadne e, oferecendo-lhe um amor imortal, deu-lhe de presente de
núpcias um diadema de ouro cinzelado feito por Hefesto. Este diadema foi mais
tarde transformado em constelação. Baco e Ariadne casaram-se e tiveram quatro
filhos: Toas, Estáfilo, Enopião e Pepareto. Há outras versões dessa história.
Esta, porém, é uma bela história de amor não correspondido, cuja dor foi
superada, depois, por um amor imortal.
Ana Margarida
Furtado Arruda Rosemberg
São Paulo, 11
de abril de 2013
COMENTÁRIO DO DR. FLÁVIO LEITÃO, POR E-MAIL.
ResponderExcluirCaríssima Ana, Lí seu interessantíssimo artigo. Seria bom que você fizesse, pelo menos uma vez por mês, comentário dessa natureza (análise de um quadro famoso). A história de Teseu é bonita e trágica. O pai suicida-se ao ver se aproximarem os barcos com as mesmas velas pretas que Teseu esqueceu de trocá-las pelas brancas, conforme fora combinado, se obtivesse a vitória contra o Minotauro.
COMENTÁRIO DE ANA MARGARIDA, POR E-MAIL
ResponderExcluirO quadro de Delacroix retrata, apenas, uma passagem da história de Teseu. Como o senhor bem colocou, a história de Teseu é bonita e trágica.
Seu pai, Egeu, suicidou-se ao ver as velas pretas, jogando-se de um penhasco.
Em uma das versões da história, Ariadne sumiu e não foi abandonada.
Foi por tristeza com o sumiço de Ariadne que Teseu se esqueceu de trocar as velas pretas do seu navio por velas brancas, o que levou ao suicídio de seu pai.
Enfim, a mitologia grega é muito rica e nós somos herdeiros da cultura grega.
COMENTÁRIO DO DR. FLÁVIO LEITÃO, POR E-MAIL
ResponderExcluirEsta do Teseu ter esquecido a troca das velas, pelo sumiço de Ariadne é interpretação bem feminina. A verdade, segundo o Junito de Souza Brandão, para mim o maior mitólogo brasileiro, Teseu é que teria abandonado Ariadne.
Fica a briga para discutirmos depois. Bom proveito nesta São Paulo que abriga muita cultura e arte em seus museus. Um abraço do Flávio Leitão
COMENTÁRIO DA CELINA CÔRTE, POR E-MAIL
ResponderExcluirBelo artigo. Parabéns. Gosto muito da mitologia que conta, através dos deuses, as paixões humanas...
abraco.
Celina