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sábado, 25 de abril de 2020

POR ARRUDA BASTOS: Diário de uma quarentena (37º dia)

Diário de uma quarentena (37º dia)
Os aniversários da Lilia e do Levi deixam o coronavírus doidim
Por Arruda Bastos
 
Hoje, 25 de abril de 2020, é o aniversário de duas pessoas muito especiais, da Lilia, milha filha caçula, e do meu netinho Levi. A comemoração em dose dupla foi o ponto principal desse sábado de isolamento social. Cada qual na sua casa, comemoramos às 17 horas os 06 anos do Levi e às 20 horas o aniversário da Lilia.
 
Como já comentei em crônicas anteriores, esse período da pandemia da Covid-19 não tem arrefecido o ânimo de muitas famílias em promover encontros virtuais para saudar a vida e agradecer a Deus a existência dos seus entes queridos. O amor tem vencido o coronavírus e as dificuldades desse momento.
 
A produção para as festas de hoje começou alguns dias atrás quando meu genro Raul, esposo da Lilia, e minha filha Lia, mãe do Levi, encaminharam solicitações de vídeos para apresentar aos aniversariantes no início do dia do aniversário. A produção ficou belíssima e emoldurou, conjuntamente com a chuva e os primeiros raios de sol, o inesquecível dia que nascia.
 
Levi é uma criança linda, inteligente, com muitas qualidades e de uma personalidade forte. No seu vídeo da abertura dos presentes, emocionou a todos com sua alegria infantil e os agradecimentos que fez de forma espontânea para os tios e avós. Digo que a minha vontade foi mesmo de sair de casa para dar aquele abraço bem apertado como ele gosta.
 
Lilia é uma filha exemplar, dedicada, de uma inteligência rara e uma beleza de dar inveja às misses do meu tempo de rapaz. É também meu braço direito nas minhas produções literárias. Seu vídeo demonstra a grande quantidade de amigos que com facilidade cativa com seu jeito brejeiro de ser. Deu-me vontade também de sair correndo para dar aquele beijo de aniversário.
 
As festas virtuais foram emocionantes e sem dúvida ficarão indelevelmente marcadas na nossa memória, somadas aos encontros realizados no aniversário do meu filho Bruno, do meu genro Evalto e da minha netinha Larinha, todos realizados nesse momento de isolamento. Não tenho medo de dizer que a fragilidade atual tem deixado nosso coração mais aberto a recepcionar o calor do amor.
 
Tenho certeza que o mais incomodado com tantas festinhas está sendo o coronavírus que, sem dúvida, é poderoso quando infecta uma célula do nosso organismo e, por isso, todo cuidado é pouco. Mas é frágil diante dos cuidados com a limpeza das mãos, o uso das máscaras, o isolamento social, a solidariedade e o amor incondicional.
 
Para os aniversariantes, desejo felicidades, paz, muitos anos de vida e saúde, que no período atual é o nosso maior presente. Digo que o amor sempre vence, não interessa as dificuldades. Parabéns aos dois e fica o meu desejo de que no ano de 2021 estejamos novamente juntos, agora fisicamente, para celebrarmos a vida e agradecermos a Deus e a Nossa Senhora a graça de ter passado por tudo com muita fé e orações.
 
Amanhã eu volto com uma nova crônica.
Essa foi a do dia 37. #FiqueEmCasa
 
Arruda Bastos é médico, professor universitário e presidente da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores.

sexta-feira, 24 de abril de 2020

POR ARRUDA BASTOS: Diário de uma quarentena (36º dia)

Diário de uma quarentena (36º dia)
As lives das panelas
Por Arruda Bastos

Hoje, 24 de abril de 2020, passamos o dia todo sendo bombardeados com as notícias da saída do Ministro Sérgio Moro do governo Bolsonaro. Foi pronunciamento pra cá e pra lá. Até agora, quando estou escrevendo minha crônica, as informações não param. O ministro saiu atirando e com certeza a situação do presidente vai se complicar muito. O pronunciamento de Moro mais pareceu uma delação premiada.

Como tenho compromisso de nas minhas crônicas não abordar temas políticos, a não ser de leve e quando o fato é muito relevante, se o som do tilintar das panelas, que batem insistentemente agora de forma ensurdecedora, deixarem eu vou voltar a escrever. Realmente está difícil, só mesmo com um fone de ouvido e fechando as janelas e portas vai ser possível continuar.

Nesse trigésimo sexto dia de quarentena e depois de tudo que relatei nos dois parágrafos anteriores, só mesmo apelando para a irreverência e o espírito moleque dos cearenses para tirar de letra. Assim sendo, resolvi escrever a respeito das inúmeras lives que inundam as redes sociais e de uma irreverente música que escutei no youtube.

Tenho participado de algumas lives, convidado que fui por diversos amigos como Jairo Castelo, Josemar Argolo do Jornal do Médico e muitos outros. Digo que foi uma excelente experiencia e a participação popular, o ponto alto. Foi tão estimulante que na próxima segunda-feira, dia 27, vou retomar o meu programa de televisão ”Encontro Marcado” com o parceiro José Maria Philomeno, agora na forma de live nas nossas contas do facebook.

Nos últimos dias tivemos ótimas lives: do Roberto Carlos, de Sandy e Junior, do Wesley Safadão, o festival “One World: Together At Home” e muitas outras. Todas bastante interessantes, com muita audiência e até com arrecadação de recursos para os mais necessitados.

Mas, no dia de hoje, de tanto ouvir batida de panelas, comentários nas redes sociais e na televisão, não me resta mais nada do que transcrever a letra da música, com bastante humor, “Não aguento mais “live” de Fábio Carmeirinho que transcrevo abaixo.

Eu agradeço a minha mulher / Por ter me preparado pra essa quarentena / Nesse confinamento / Todo hora ela manda eu fazer uma live / "laiva" louça, "laiva" a pia, vai "laivando" os pratos / Não tô aguentando fazer tanta live / "Live", vou fazer uma "live" / Não aguento mais "live" / Já "laivei" toda a louça / "Live", vou fazer outra live / Não aguento mais "live" / Já "laivei" toda roupa.

Para terminar, digo que tudo é brincadeira, pois estou aberto a novos convites para lives. Agora vou encerrar por aqui, pois, pelo que tudo indica, a barulhada de panelas vai ser tanta que não vai adiantar fone de ouvido, tampouco fechar portas e janelas.

Amanhã eu volto com uma nova crônica.
Essa foi a do dia 36. #FiqueEmCasa

Arruda Bastos é médico, professor universitário e presidente da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores

quinta-feira, 23 de abril de 2020

POR ARRUDA BASTOS: Diário de uma quarentena (35º dia)

Diário de uma quarentena (35º dia)
No tempo da brilhantina
Por Arruda Bastos

Ao acordar no dia de hoje, encontrei no pé da cama uma chinela havaiana. De imediato lembrei-me de uma propaganda que passava na televisão Semp Toshiba da casa do meu pai quando eu era criança. O reclame dizia que ela era a única alpargata que não tinha cheiro e nem soltava as tiras.

Recordo que, na época, eu usava mesmo era a genérica e ela tanto soltava as tiras quanto era meio fedorenta. As tiras, quando soltavam, eu dava um jeito colocando um grampo de cabelo de uma das minhas irmãs; o cheiro não tinha mesmo como resolver e, por mais que Atá, que também nos criou, usasse Seiva de Alfazema e passasse talco Cashmere Bouquet com a pluma da minha mãe, não tinha jeito.

No continuar do dia, quando passei a escrever, só me vinha à mente coisas antigas. O teclado do meu computador Dell se transformou em uma máquina de escrever Olivette lettera, o meu Iphone 8 Plus virou, de repente, um gravador K7 Gradiente que mamãe comprou na Lobrás da praça do Ferreira, ao lado do abrigo Central.

Com tanta nostalgia, pensei que estivesse ainda sonhando. Levantei e fui lavar o rosto. Chegando ao banheiro o caso piorou, pois a minha pasta colgate se transformou em uma gessy e encontrei também uma latinha de pomada minancora que usava para tratar as espinhas quando estava ficando adolescente.

Resolvi, então, trocar de roupa para fazer um pouco de exercício, na esperança de voltar ao normal. Entretanto, no closet só encontrei uma calça Lee Faroeste boca de sino e umas blusas de gola rolê. O tênis nike sumiu e no seu lugar descobri um velho "conga" e um Vucabrás 752. O pior é que acho que o mal passou para Marcilia, pois na parte dela do closet vi uma saia plissada xadrez azul e uma blusa de banlon amarela.

Pensando que era hipoglicemia, fui comer alguma coisa na cozinha. Lá chegando senti que o caso era mais grave do que eu pensava, pois encontrei no lugar da Brastemp uma geladeira Frigidaire contendo uma jarra de Q-Suco de morango, uma garrafa de Grapette, uma de Crush e outra de guaraná Taí.

Com tantos pensamentos desencontrados, fui à farmácia daqui de casa para me medicar. Chegando no armário onde guardamos alguns medicamentos, tamanha foi a minha surpresa quando encontrei um vidro de Emulsão de Scott, outro de Biotônico Fontoura e um tubinho de pílulas de vida do Dr. Ross. Ainda bem que não me deparei com óleo de rícino, pois seria capaz de vomitar.

Depois de toda essa provação, não tive coragem de descer. Não só com medo do coronavírus, mas também com receio de não encontrar o meu Compass e o Honda da Marcilia e sim no lugar a Vemaguet do tio Monteiro, o Gordine do Henrique ou o Jeep Willys 51 do Augusto.

Se você, meu leitor, conhece todos esses produtos, digo que está com uma excelente memória, mas, infelizmente, já pertence ao grupo de risco para Covid-19. É melhor ficar em casa e não facilitar, mesmo que um dia desse acorde perturbado como eu, hoje.

Para concluir e entrar de vez no clima, vou procurar uma edição da Revista Cruzeiro, ler um pouco da Seleções Do Reader's Digest e depois do banho usar Lancaster, a brilhantina Glostora, pomada Trim e o gel Gumex. Com toda essa belezura e com os poucos cabelos devidamente bezuntados, vou ajeitar a cabeleira usando meu pente Flamingo. Recordar é viver!

Amanhã eu volto com uma nova crônica.
Essa foi a do dia 35. #FiqueEmCasa

Arruda Bastos é médico, professor universitário e presidente da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores - SOBRAMES - CE.

quarta-feira, 22 de abril de 2020

POR ARRUDA BASTOS: Diário de uma quarentena (34° dia).

Diário de uma quarentena (34° dia).
O aniversário da netinha Larinha e o drible no coronavírus
Por Arruda Bastos

Hoje, 22 de abril de 2020, minha netinha Larinha completa seu primeiro aniversário. Eu estava presente e chorei de emoção no seu nascimento, mas como a cabeça não tá muito boa nessa quarentena, recorri à crônica que escrevi no ano passado intitulada “Lara, minha netinha ansiosamente aguardada, chegou” para recordar que foi às 8 horas e 27 minutos que nasceu, pesava 3 quilos e 100 gramas, com 48 centímetros. O Hospital foi o Gênesis, aqui em Fortaleza.

Voltando um pouco no tempo, lembro-me do chá de revelação, quando escrevi a crônica “Lara, minha nova netinha, é vitoriosa até no nome”. Na oportunidade, relatei que a cor rosa, depois do estouro dos cartuchos, foi a que prevaleceu e que o nome escolhido, Lara Parente Bastos manteria a tradição dos nomes iniciados com a letra “L” na família. Na época, o oitavo. Em agosto chega o nono, com a Lina da minha filha Lívia.

Pesquisando o nome com cuidado, encontrei, entre outras definições, que Lara indica uma pessoa vitoriosa, o que, por coincidência, define bem a luta, a perseverança e as orações para sua concepção, seu nascimento e a coincidência do seu aniversário acontecer no momento atual. Meu filho Bruno e minha nora Lais já tinham contratado uma bela festa, mas devido a Covid-19, tudo foi transferido.

Como escrevi em crônicas do meu “Dário de uma quarentena”, o coronavírus pode até tentar e estrebuchar, mas não vai impedir que o amor, a confraternização e a alegria aconteça entre as famílias. A festa virtual é uma saída e, no caso da Larinha, foi um show com tudo que tem direito: bolo, salgadinhos, lembrancinhas, parabéns e muita alegria.

Lais driblou o “corona” e até as dificuldades do isolamento social encaminhando, com antecedência, para casa dos convidados, muitas guloseimas. Assim, além do virtual, podemos ter aquele gostinho de festa e as crianças, suas lembrancinhas. Cada um pôde, então, organizar uma mesa de aniversário em sua residência e celebrar com toda a família. Foi uma grande sacada e vai ficar marcada indelevelmente nas nossas memórias esses momentos de emoção.

O dia foi de grande alegria. Logo cedinho, quando acordei, a minha querida Marcilia digitava e narrava, em voz alta, uma mensagem para nossa netinha. Depois, escutei o disparar do som do aplicativo, que muitas vezes me irrita, mas no dia de hoje tocou como uma música, e li as inúmeras mensagens para Larinha, lindas e de grande inspiração.

Como exemplo, vou transcrever a da Marcilia que diz: “Hoje, nossa linda bonequinha está fazendo seu primeiro aninho. Com certeza teremos um lindo encontro virtual para comemorar esta data. Larinha é um grande presente de Deus para toda a família. Que Papai do Céu lhe abençoe com muita saúde, muitos presentes, muitas guloseimas e muito amor do papai, da mamãe, do vovô, da vozinha, dos titios e dos priminhos”. 

Para concluir, digo que Lara cresceu rápido, linda, com graça e inteligência. Como não podemos encontrá-la pessoalmente, seus vídeos são um colírio e, sempre que postados, um bálsamo para os nossos corações. Pedimos a Deus e Nossa Senhora a sua proteção para que minha netinha cresça com saúde, graça e inteligência. Nós te amamos! Parabéns!

Amanhã eu volto com uma nova crônica
Essa foi a do dia 34. #FiqueEmCasa

Arruda Bastos é médico, professor universitário e presidente da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores - SOBRAMES - CE.

terça-feira, 21 de abril de 2020

POR ARRUDA BASTOS: Diário de uma quarentena (33° dia).

Diário de uma quarentena (33° dia).
Obnubilado de “A” a “Z”
Por Arruda Bastos

Acordei nessa terça-feira como tenho feito todos os dias: preparado para enfrentar as tarefas da minha agenda. Caminhar, tomar banho de sol, trabalhar em algum conserto, escrever a crônica, preparar aulas virtuais, e não poderia esquecer que terça é dia da minha tutoria com os alunos da Medicina da Unichistus.

Levantei, fui logo tomar banho, vesti uma bela camisa, a bermuda e liguei o computador para receber os alunos na sala virtual do Google Meet. Por volta das oito horas fiquei esperando e nenhum pé de pessoa entrou no circuito. Depois de algum tempo, fui olhar no grupo do WhatsApp dos professores e descobri então que hoje era feriado de Tiradentes.

Nesse período de isolamento social, não sei mais o que é sábado, domingo e, muito menos, feriado. Acho que estou mesmo ficando totalmente obnubilado, talvez até de “A” a “Z”. Também, não é de se estranhar, pois depois de trinta e três dias de isolamento, não é fácil lembrar o dia da semana uma vez que todos parecem domingos.

Depois que aterrissei no calendário, fiquei revigorado e foi só alegria. Realizei o cooper mais à vontade e caprichado, o sol foi pouco devido à chuva, mas, na hora do almoço, a grande surpresa foi a chegada de uma farta feijoada encaminhada pela minha querida nora Laís e pelo meu filho Bruno.

Para alguns dos meus leitores, sei que falar em feijoada deu água na boca e até tem quem tenha lambido os beiços com saudade daquela cervejinha gelada. Como não bebo a cervejinha, eu dispenso, mas o papo gostoso com familiares e amigos deu mesmo muita nostalgia.

Após o lauto almoço, sobrou mesmo foi o bucho cheio, aquela precundia, o sono, e também um tempinho curto, com alguns peixinhos para, antes de me entregar aos braços de Morfeu, assistir às últimas e nada alvissareiras notícias do Jornal Hoje.

Durante o cochilo, sonhei com a última feijoada que participei na casa do meu colega Evalto em Águas Belas, foi bom demais. Infelizmente, o sono durou pouco, pois fui logo acordado com um telefonema pedindo minha assinatura em uma nota de apoio ao isolamento social.

Por falar no Evalto, ele ontem me ligou para desabafar e se mostrou também preocupado com a evolução da Covid-19 no Ceará. Depois de solicitar a minha opinião, passamos a falar amenidades e até marcamos uma grande festa para quando tudo terminar. Digo que vou ficar contando os dias e, mesmo que obnubilado, esse regabofe eu não vou perder.  Planeje o seu também!

Amanhã eu volto com uma nova crônica.
Esta foi a do dia 33. #FiqueEmCasa

Arruda Bastos é médico, professor universitário e presidente da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores (SOBRAMES - CE).

segunda-feira, 20 de abril de 2020

POR ARRUDA BASTOS: Diário de uma quarentena (32º dia)

É de lascar
Diário de uma quarentena (32º dia)
Por Arruda Bastos

Hoje, dia 20 de abril de 2020, levantei, como popularmente se diz, “com a macaca”, digo mesmo “fumando numa quenga” e até “fulo da vida”. E isso tudo devido às imagens do Bom Dia Ceará e às primeiras reportagens do Jornal da CBN que escuto todos os dias bem cedinho na rádio O Povo.

As matérias mostravam manifestações de grupos que, sem noção do perigo, no dia anterior, pediam a flexibilização das medidas de isolamento social, o fechamento do Congresso, do Supremo Tribunal Federal e, pasmem, até da volta da ditadura militar e do AI-5.

Realmente foi demais “pro meu visual” deparar-me com as reportagens depois de trinta e dois dias de quarentena muito rigorosa. Só saí de casa uma única vez para tomar a vacina da gripe no Shopping Rio Mar e, mesmo assim, em drive thru, como relatei na crônica “Uma odisseia na terra dos vírus gigantes”.

Digo mesmo que é de “lascar” e dessa vez não vou “empurrar com a barriga”, nem “passar pano” e, “sem meias palavras”, vou “abrir o bico” e “chutar o pau da barraca” para alertar que tal manifestação inconstitucional não pode “passar em branco” e que quem “for podre que se quebre”, inclusive uma autoridade do Brasil que compareceu e fez até discurso.

Meus leitores devem estar estranhando a quantidade de aspas nessa crônica, mas só mesmo apelando para o Dicionário de Expressões Coloquiais Brasileiras, de Nelson Cunha Mello, para recuperar o humor e a inspiração em um dia de tamanha apreensão quando os números da Covid-19 no Ceará alcançam a marca de 3.487 casos confirmados e 206 óbitos. Durma-se com um barulho desse pra pedir liberação do isolamento.

Digo que “em rio que tem piranha, jacaré anda de costas” e que “quem brica com fogo quer se queimar”. Não “sou de me emprenhar pelos ouvidos”, pois conheço esta “história de cor e salteado”. Tenho 6.5 de idade e em 1964 era uma criança. Fiquei homem durante o regime militar e sei tudinho o que aconteceu, como relato na crônica que escrevi em 2016, intitulada “Da criança de 64 ao médico pela democracia”.

Para terminar, e falando sério, não desejo a ninguém a minha sina, nem que tenham que escrever daqui a alguns anos para seus filhos e netos, como faço agora, um texto lamentando as manifestações de tamanha insensatez. Não posso ficar calado e deixar a garganta sem os gritos conscientes de “ditadura nunca mais”.

Amanhã eu volto com uma nova crônica.
Esta foi a do dia 32. #FiqueEmCasa

Arruda Bastos é médico, professor universitário e presidente da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores (SOBRAMES - CE).

domingo, 19 de abril de 2020

POR ARRUDA BASTOS: Diário de uma quarentena (31º dia).

Diário de uma quarentena (31º dia).
O “gatoso”, a quarentena e o mesversário
Por Arruda Bastos

A minha quarentena completou mesversário. Não realizei festa, passou batido, não teve bolo nem cantei parabéns. Só comemorei a certeza de que estou do lado da ciência, da Organização Mundial da Saúde e de todo o mundo civilizado que adotou o isolamento social e agora colhe os primeiros frutos com a diminuição dos casos da Covid-19. Espero que aqui também possamos ter o mesmo resultado.

O mesversário é a repetição do dia a cada mês em que se deu determinado acontecimento. Num sentido mais geral, refere-se à comemoração da periodicidade mensal de algum evento importante, como o nascimento de alguém. No meu caso, o dia em que comemoro trinta dias de isolamento social.

Com já pertenço ao grupo dos “gatosos”, ou seja, um gato idoso, não posso mesmo facilitar e nem dar canja para o coronavírus. Por isso, estou cumprindo religiosamente esse período em casa e trabalhando mais do que o habitual. Ministrei dezenas de aulas virtuais, elaborei projetos, formatei uma nova turma do MBA de Gestão em Saúde da Unichristus e até dei continuidade ao meu Mestrado em ensino na Saúde e Tecnologias Educacionais.

Não esqueci meu compromisso literário de escrever o “Diário de uma quarentena”, que são crônicas que diariamente são publicadas no Blog da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores (SOBRAMES-CE) e que também posto nas minhas redes sociais. Mesmo com pouco tempo e muitas vezes abalado com as notícias da pandemia, para mim é uma questão de honra dar vazão ao que meu coração sente.

Hoje, 19 de abril de 2020, acordei pensando no tempo e no que já escrevi anteriormente em uma outra crônica que publiquei quando do meu último aniversário. Na época, falei que o tempo é muito curto para aqueles que não sabem amar. Para os que vivem a se lamentar, todavia, o tempo é longo; e para os que vivem a amar, como eu, mesmo no tempo de pandemia, o tempo é eterno.

Não existe nada mais precioso do que o tempo. Não temos o direito de desperdiçá-lo. Portanto, vamos viver intensamente esse momento e aproveitar ao máximo. A vida não nos dá oportunidades de replay. Não deixe o seu tempo voar pela janela, mesmo durante a quarentena, pois ele não vai voltar.

É com esse sentimento de aproveitar o tempo que chego ao mesversário e, aí sim, comemoro os primeiros trinta dias transcrevendo o título de todas as crônicas escritas nesse contexto e o link do Blog da Sobrames. Falei de tudo que me deu na telha, não censurei as minhas inspirações. Escrevi desde a besteira da “A quarentena da caneta Azul” até “Uma odisseia na terra dos vírus gigantes”, da “Devia ter complicado menos, trabalhado menos, ter visto o sol nascer” a “Depois da tempestade vem a bonança”.

Considero minhas crônicas como filhas e, como tal, não tenho predileção por nenhuma. Todas elas e cada uma foi escrita com muito amor e do fundo do meu coração. Espero sinceramente que todos gostem e que nós possamos sair dessa incólumes para, no futuro, que espero não seja distante, comemorarmos juntos lendo essa crônica no lançamento do meu livro “Diário de uma quarentena”. Tenho fé!

Amanhã eu volto com uma nova crônica.
Esta foi a do dia 31. #FiqueEmCasa

Arruda Bastos é médico, professor universitário e presidente da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores (SOBRAMES - CE).

Projeto “Quarentena Literária” - 30 primeiras crônicas de minha autoria - “Diário de uma quarentena”: Leiam aqui, nos links da Sobrames e em outras redes sociais.

*1º dia: O início de uma longa travessia
> http://blogdasobramesceara.blogspot.com/…/diario-de-uma-qua…
*2º dia: O tédio, o vento e a rede na varanda
> http://blogdasobramesceara.blogspot.com/…/diario-de-uma-qua…
*3º dia: Depois da tempestade vem a bonança
> http://blogdasobramesceara.blogspot.com/…/diario-de-uma-qua…
*4º dia: Vão-se as barbas e ficam os dedos
> http://blogdasobramesceara.blogspot.com/…/pdiario-de-uma-qu…
*5º dia: Devia ter complicado menos, trabalhado menos, ter visto o sol nascer
> http://blogdasobramesceara.blogspot.com/…/por-arruda-bastos…
*6º dia: Cabeça oca, vazia de tudo, sem pensamento
> http://blogdasobramesceara.blogspot.com/…/por-arruda-bastos…
*7º dia: Crianças são presentes de Deus
> http://blogdasobramesceara.blogspot.com/…/por-arruda-bastos…
*8º dia: Por favor, fiquem em casa
> http://blogdasobramesceara.blogspot.com/…/por-arruda-bastos…
*9º dia: Uma odisseia na terra dos vírus gigantes
> http://blogdasobramesceara.blogspot.com/…/por-arruda-bastos…
*10° dia: Mãezinha, que falta a senhora me faz
> http://blogdasobramesceara.blogspot.com/…/por-arruda-bastos…
*11° dia: Meu amigo de fé e um irmão camarada: o celular
> http://blogdasobramesceara.blogspot.com/…/por-arruda-bastos…
*12° dia: Armagedom > http://blogdasobramesceara.blogspot.com/…/por-arruda-bastos…
*13° dia: Dia da mentira em tempo de coronavírus
> http://blogdasobramesceara.blogspot.com/…/por-arruda-bastos…
*14° dia: Se a gente colocar a nossa fé em ação, vai dar tudo certo
> http://blogdasobramesceara.blogspot.com/…/por-arruda-bastos…
*15º dia: Nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia
> http://blogdasobramesceara.blogspot.com/…/por-arruda-bastos…
*16º dia: Farinha pouca, meu pirão primeiro
> http://blogdasobramesceara.blogspot.com/…/por-arruda-bastos…
*17º dia: O domingo, a Lei de Chico de Brito e a dor no mucumbu
> http://blogdasobramesceara.blogspot.com/…/por-arruda-bastos…
*18º dia: Aniversário virtual e o amor são formas de destronar o coronavírus
> http://blogdasobramesceara.blogspot.com/…/por-arruda-bastos…
*19º dia: A inspiração de Roberto Carlos na rotina de uma quarentena
> http://blogdasobramesceara.blogspot.com/…/por-arruda-bastos…
*20° dia: Há luz no fim do túnel?
> http://blogdasobramesceara.blogspot.com/…/por-arruda-bastos…
*21° dia: Do barbeiro amador ao isolado sim, sozinho jamais
> http://blogdasobramesceara.blogspot.com/…/por-arruda-bastos…
*22° dia: Macambúzio e sorumbático com as lembranças da Semana Santa
> http://blogdasobramesceara.blogspot.com/…/por-arruda-bastos…
*23° dia: O testamento do Judas e o “Cachorro Magro”
> http://blogdasobramesceara.blogspot.com/…/por-arruda-bastos…
*24° dia: Coelhinho da Páscoa, que trazes pra mim?
> http://blogdasobramesceara.blogspot.com/…/por-arruda-bastos…
*25° dia: Fortaleza, a “arretada” loira desposada do sol
> http://blogdasobramesceara.blogspot.com/…/por-arruda-bastos…
*26° dia: A quarentena da caneta Azul
> http://blogdasobramesceara.blogspot.com/…/por-arruda-bastos…
*27° dia: Naquela mesa tá faltando ele
> http://blogdasobramesceara.blogspot.com/…/por-arruda-bastos…
*28° dia: O inoxidável e futuro pai do ano
> http://blogdasobramesceara.blogspot.com/…/por-arruda-bastos…
*29° dia: O Mestrado virtual >
http://blogdasobramesceara.blogspot.com/2020/04/por-arruda-bastos-diario-de-uma_18.html
*30° dia: A dor de uma partida >
http://blogdasobramesceara.blogspot.com/2020/04/por-arruda-bastos-diario-de-uma_83.html

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