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sexta-feira, 24 de outubro de 2025

POR FÁTIMA AZEVÊDO: MEDITANDO HOJE APÓS O CAFÉ DA MANHÃ

Dra. Fátima Azevêdo - Médica Geneticista

 Meditando hoje após o Café da Manhã

A vida é uma dádiva e uma bênção. Merece ser celebrada todos os dias como forma de gratidão a Deus e ao Universo. Mesmo em dias cinzentos, devemos agradecer pela vida, porque sempre haverá luz no fim do túnel. Sempre haverá vida, e vida plena, porque somos seres espirituais, e o espírito vive eternamente.
Pensar na finitude da vida e, ainda assim, sentir gratidão, é algo que só bem nos fará. Alegria no coração é preciso ter, alimentar e perseguir até encontrá-la.
Se nosso foco se limitar aos acontecimentos do mundo, às guerras insanas, à inflação galopante em nosso país, às injustiças cometidas pelos homens da lei, à desordem político-social a que somos submetidos, às doenças em nossos familiares, à tristeza pela existência dos sem-teto, se pensarmos apenas em tudo aquilo que está além da nossa capacidade de resolver, entraremos em depressão profunda e não solucionaremos problema algum.
Portanto, fazer arte, escrever, dançar, cuidar das plantas, estar em contato com a natureza, cozinhar para si e para quem se ama, realizar um trabalho voluntário, aproximar-se de crianças e idosos, ambos têm tanto a nos ensinar , e cultivar a gratidão no coração, é roteiro certo para dar de cara com a alegria.
E tenha certeza: a vida sempre nos abraçará afirmativamente.


Fátima Azevêdo
23/10/2025

quinta-feira, 23 de outubro de 2025

POR RICARDO PESSOA: RESULTADO DO VESTIBULAR

 
Dr. Ricardo Pessoa  

Resultado do Vestibular 


  - Renato! Renato! Acorde, são 8:30 da manhã! Acabei de ouvir no radio que o resultado do vestibular será divulgado as 11:30. Vá se ajeitar, meu filho! - Comentou Sr Barbosa, pai do Renato. 
  Renato abriu os olhos, ficou pensativo na cama por cerca de 5 minutos e observou sua escrivaninha com seus objetos, local onde esteve sentado por cerca de 8 horas por dia, durante todo o ano do pré-vestibular. Levantou-se e ao abrir seu guarda roupa, pegou e folheou todos os rascunhos dos exercícios de matemática, física e química resolvidos durante os estudos, feitos de papéis de extratos bancários dados por sua tia que trabalhava no setor financeiro de um banco estatal; e pensou: como eu estudei! 
  Ao chegar na cozinha para tomar o café da manha, após tomar o banho e realizar higiene matinais, observou o senhor Barbosa colocando algumas cervejas no freezer. 
  - Papai, o que é isso? São 9 horas da manhã e não sabemos se irei passar ou não.. - perguntou Renato. 
  - Não tem problema meu filho, se não bebermos de alegria, beberemos de tristeza. - retrucou seu pai, sem parar de abastecer o congelador com sua bebida preferida, a Antarctica. 
  Após o desjejum e algumas conversas, foi para o deck organizar o local onde escutariam o resultado, que seria narrado na radio, nominalmente todos os aprovados em todos os cursos da universidade pública. 
  Renato pegou um sistema de som 3 em 1, Sony, e o colocou em uma pequena mesa com algumas cadeiras ao redor e uma fita cassete TKR para gravar toda divulgação do resultado. Testou gravando e escutando uma pequena leitura de seu nome. Estava tudo pronto. 
  A espera pelo início durou uma “eternidade”, quando o radialista avisou que começaria a ler os aprovados por ordem de classificação, deixando os cursos de medicina e direito para o final, porque eram muitas vagas. 
 Todos nervosos falando sobre as possibilidades de aprovação enquanto eram lidos os novos universitários dos outros cursos. Porém, ao chegar na Odontologia, ficaram todos atentos e iniciaram a gravação porque Renato tinha uma prima, Samanta, que estudaram juntos toda a vida escolar, e ela estava concorrendo a esse curso. 
  Após nome de Samanta ser lido pelo locutor, todos gritaram, já que não era um nome comum, porém não ouviram o sobrenome; dai, tiveram que confirmar a aprovação após rebobinarem a fita e escutarem o nome completo de Samanta. Imediatamente, o telefone tocou, era a mãe dela, perguntando se realmente era ela, porque também gritaram de alegria antes da escuta completa. Confirmaram e parabenizaram-na. 
  O nervosismo aumentou. Estava chegando a hora. A prima já comemorava a aprovação. 
  Cerca de 10 minutos depois, o radialista pediu um intervalo comercial para beber água porque iria iniciar os cursos mais longos… mais espera e a taquicardia aumentando. 
  Sentaram muito atentos, silêncio sepulcral, o nervosismo estampado nos rostos. Renato apertou a tecla de gravação e os nomes começaram a ser lidos. Alguns nomes conhecidos foram aparecendo, porém não tinham como contar o numero que faltava, o que tornava maior a apreensão. E lá pelo meio, saiu o nome: Renato ……….! Todos evitaram comemorar antes de ouvir o nome completo. Foi a maior gritaria, abraços e choros emocionados entre pais, irmãos e filhos. 
  Logo em seguida, Renato sentiu um ovo estralando em sua cabeça e uma tesoura começando a cortar seu cabelo, que deu lugar a um barbeador elétrico, para raspar no “zero”. Brindes com a cerveja que já se encontrava gelada. Uma festa!! 
  Seus amigos e primos começaram a aparecer, inclusive a Samanta, e todos comemoraram por mais 24 horas a aprovação na universidade ouvindo inúmeras vezes as gravações.

sexta-feira, 17 de outubro de 2025

POR RICARDO PESSOA: O CORPO E O CARTÃO DE CRÉDITO

 

Dr. Ricardo Pessoa - Endoscopista Digestivo 

   O corpo e o cartão de crédito

            Era uma sexta feira a tarde, quando Dr José viu seu celular com 3 ligações e uma mensagem de outro colega dizendo: “assim que puder, me liga”.

        José prontamente atende o pedido do amigo e o telefonou. Era uma solicitação de realização de um procedimento de urgência em um paciente de meia idade, Sr Walker, estrangeiro, que se encontrava com um quadro agudo que precisava ser submetido a um tratamento com brevidade para evitar complicações e diminuir o risco de morte.

        Dr José prontamente montou sua equipe e se encaminhou ao hospital para realizar o ato cirúrgico e aliviar o sofrimento daquele enfermo, sem mesmo perguntar como seria a forma de pagamento já que era um caso de urgência e um pedido aflito de um amigo seu.

        O procedimento foi realizado com sucesso na manhã do sábado, permanecendo o doente na uti por 24 horas, e, na segunda ja se encontrava no apartamento.

        Nesse momento, durante a visita hospitalar habitual, Dr José foi questionado pelo Sr Walker sobre como seria o pagamento, já que o mesmo era estrangeiro e não dispunha de plano de saúde.

        Então, Dr José acertou os valores dos honorários com o inglês sem dificuldade, porém havia uma impasse de como seria realizado esse pagamento.

        Pra surpresa do médico, o paciente pediu a sua esposa, Sra Walker, para pegar sua carteira de documentos no armário do quarto e entregá-lo; assim que a recebeu, sr Walker a abriu, retirou o cartão de credito e o entregou ao médico: “tome, leve para sua clínica, faça a cobrança do valor acertado e o traga quando vier pro hospital amanhã! A minha senha é 1918”

        Dr José ficou estupefato com essa atitude do Sr Walker e retrucou logo em seguida: “não, Sr Walker, não posso levar seu cartão com sua senha!”

        Para surpresa de todos que estavam no quarto do hospital, Sr Walker justificou sua atitude: “Dr, o senhor me operou, eu confiei no senhor e lhe entreguei o meu corpo! Leve-o”

       

       

       

quarta-feira, 8 de outubro de 2025

POR RONALD TELES: CICATRIZES

Ronald Teles: Cardiologista

Cicatrizes

Quero derramar minhas cicatrizes junto às tuas,
Para que o sangue que as lavou,
Marque nosso único momento,
Onde nos encontramos em júbilo e sofrimento,
Das dores que nos unem e também separam,
Das dúvidas que brilham em nossos olhos,
Como que dissessem outrora nada,
Mas com respostas claras,
A tudo que estremece nosso ser,
Que nossas cicatrizes se unam,
Para as batalhas do porvir,
Não abalando nossas dias,
Pois nós dois estamos aqui,
Defronte um  do outro,
Recolhidos em nosso tempo,
Talvez um pouco lento,
Mas sábio, em nos dizer,
Que venceremos o mundo,
Embora o amargor do tempo e das horas,
Diga muitas vezes: Não!
Mas nossas almas dançam em plagas calmas,
Em uma melodia suave,
Que invade nossos corações,
E mais uma vez nos lança,
Na eternidade de nossos desejos,
Que agora são um só,
No encontro de nosso beijo.

terça-feira, 7 de outubro de 2025

CONVITE


A Diretoria da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores - Regional Ceará, convida a todos para o lançamento de "PISCAR DE OLHOS", a 43º antologia da Sobrames-CE. 


Local: Centro de Eventos do Ceará
Data: 10 de outubro de 2025 (sexta-feira)
Horário: 17 horas 

 

POR RONALD TELES: SAUDADES

 
Dr. Ronald Teles - Cardiologista

Saudades


Visitei uma cidade antiga 
Arrebatada pelo tempo ido,
Que se fez nova em um lampejo,
E de repente me pôs em lágrimas,
Quedei- me de arrependimento,
Pois voltei ao passado;
A nostalgia que maltrata,
Corrói o espírito,que se descontrói em lástimas,
Suspirando por um alento,
Acolhido na complacência da calma,
Sabendo que visitar o que se foi,
No chão não resolvido das angústias,
 É  um clamor pelas saudades
Que invadem nossas almas,
De aflições que não mais cabem
Dilacerando nosso ser,
Fragmentos de eternidade,
Reminiscências do tempo
Perdidos em pálidos momentos,
Nos convidando a um novo dia,
Acolhido pelo bom ânimo,
Significando uma nova poesia,
Sonhando tudo que nos projeta à frente,
Motivo para o hoje, o agora e sempre,
vaticínio de um novo amanhã,
 Olhos brilhantes na estação,
Local da nova partida,
Amor para nossas vidas

sábado, 27 de setembro de 2025

Por Ronald Teles - ROSAS

Dr. Ronald Teles - Cardiologista

ROSAS


Me cerco de flores,

De amores perfeitos,

Que brotam do meu peito,

E digo não ao ódio,

Resguardo- me de tua face crua,

Humores ácidos que escorrem de teu ser,

Destarte o bem que recebeste,

De tantos que te cercaram,

Em dolorosas vertigens,

Da tua carne atormentada,

Supliciada pelo tempo, por agudos momentos,

Diante tudo que te maltratava,

Agora aqui estamos,

Juntos novamente,

Aproveita a inocência e beleza das rosas,

Que se enchem da graça,

Que vem do alto,

Sem quereres de sol ou chuva,

Brilhando todo o dia,

Com pétalas suaves e molhadas,

Pela brisa e gotas lacrimosas,

Felicidade que não demora,

Mas não te diz nada,

Para que então um dia pressintas,

Que necessitas desta mesma graça,

Liberdade para tua alma

quinta-feira, 25 de setembro de 2025

POR REBECA DIÓGENES: O TEMPO DAS HORAS E O FIM DO MUNDO

Rebeca Diógenes - Acadêmica de Medicina  

O Tempo das Horas e o Fim dos Mundos

Antigamente, a vida corria no compasso dos sinos da igreja e do apito do trem. O dia começava com o galo, terminava quando o sol se escondia, e o mundo parecia imenso e ao mesmo tempo simples. As conversas aconteciam na calçada, o tempo era medido pelo cheiro do café coado e pela rotina das estações. O futuro não se apressava — vinha lento, como chuva anunciada no horizonte.

Hoje, o tempo não cabe mais no relógio. As horas se dissolvem em telas luminosas, e a vida é contada em notificações. Conversamos menos com quem está ao lado e mais com quem está a quilômetros. O mundo, que antes parecia distante, agora cabe no bolso — mas, paradoxalmente, nunca pareceu tão esmagador. Falamos em progresso, mas nos perdemos em algoritmos; corremos contra o tempo, mas sempre chegamos atrasados.

E quanto ao fim do mundo? Talvez ele não venha com trombetas ou fogo dos céus, mas em pequenas doses cotidianas: no silêncio entre duas pessoas na mesma mesa, na pressa que devora o presente, na solidão de quem tem mil amigos virtuais e nenhum ombro real. O fim do mundo pode estar menos no planeta e mais dentro de nós, no instante em que esquecemos de viver como antes — com a calma de quem sabia esperar, com a simplicidade de quem reconhecia beleza no pouco.

Cecília Meireles, em sua delicada sabedoria, já nos lembrava que “a vida só é possível reinventada”. E talvez seja isso: o fim não é apenas destruição, mas o perigo de não reinventarmos a própria existência, de nos perdermos no ruído e esquecermos a poesia escondida nos gestos simples. Quando deixamos de reparar nas flores que nascem sem alarde ou no silêncio das estrelas, é como se começássemos a escrever, em silêncio, o nosso próprio apocalipse.

Talvez o mundo não acabe em explosão, mas em esquecimento. O fim não será um clarão, mas um piscar de olhos. E, quem sabe, um dia ainda olharemos para trás e veremos que o verdadeiro fim começou quando deixamos de olhar o céu — esse mesmo céu de Cecília, sempre aberto, sempre nos lembrando que “o tempo é a minha matéria, o tempo presente, pessoas presentes, a vida presente”.

 

 

segunda-feira, 15 de setembro de 2025

POR RONALD TELES - TEU OLHAR

 

Dr, Ronald Teles - Cardiologista

Teu olhar


Vi minha vida nos teus olhos,

Refletida em passos frágeis,

Caminhados e postados,

Às  margens de nossos destinos,

Lágrimas escorridas em sussurros,

Pensamentos leves como o vento,

Que assolam em um lamento o passado;

Mas, eis me aqui de novo,

Fitando o sol do teu olhar,

Límpida estrada que me move,

Ao meu interior que tudo pode,

Até mesmo me perdoar,

Quando derramas esta luz dentro de mim,

E recalcitrante ainda erro,

Sabendo que me afasto de ti,

Então me olhas de novo,

E sinto a esperança,

Da paz de uma criança,

Em seu plácido sono,

Sabendo que mais um dia foi vencido,

E antes do sol haver partido,

Habitaste em meu coração

terça-feira, 19 de agosto de 2025

POR RONALD TELES: DESTINO

 


Destino

Tuas dores são caminhos inexplicáveis,
Que reverberam em tantos outros,
Que guardo em meu peito,
Mas não me dou o direito de decifrá- las,
Relíquias de novos valores,
Alegrias, amores ou rancores,
Abrasados pelas emoções,
Vivas em teu coração,
Já perdoados pelo tempo,
Descortinando novos rumos,
Avançando em auroras,
Que te acolhem por inteiro,
Te convidando a enxergar- te,
Dentro de si mesmo,
Onde finalmente repousarão, 
As asas da paz que elevam teu espírito,
Ao momento mágico e inaudito,
De um sorriso pleno,
Sem mais lamentos,
Pois encontrastes teu destino,
Eras um menino, que homem se tornou.

quinta-feira, 24 de julho de 2025

POR RONALD TELES: PRESSA

 

Pressa

Corro contra o tempo,
Busco o último raio solar ,
Que encontrou o primeiro brilho da lua,
Perdido entre ponteiros de relógio,
Assinando a face clara do destino,
Que me conduziu como um menino,
E agora me fez só, comigo,
Sonhando com a plenitude da calma,
Essa mesma que afaga nossa alma,
Nos mostrando novos caminhos,
Não veredas confusas,
Mas avenidas banhadas de orvalho,
Enfeitadas com flores lindas,
Pavimentadas de louvor e regozijo,
Com tudo o que é preciso,
Para ver que ainda resta alento,
Para saber que não hajam  dolosos lamentos,
Por correr tanto contra o tempo,
Quando tudo que é bom, airoso e profundo,
Guardamos dentro de nossa alma e corações,
Transbordantes de brilhante amor,
Superando dores e cicatrizes,
 Nos libertando então do mundo

terça-feira, 24 de junho de 2025

Por Ronald Teles: BITUPITÁ


BITUPITÁ

Ofereço este poema ao meu pai Paulo Teles e a todos os meus tios, da família Teles.

Uma luz no pontal reflete em outra no alto mar,
Irradiando meu coração com ondas flamejantes,
Que movem areias em seu leito,
Em um movimento constante,
Vagueando pelos ventos,
Também itinerantes,
Que revolvem o presente e o passado,
Trazendo lembranças vivas,
Espraiadas ao meu lado,
Fugidias por um momento,
E acolhidas em lágrimas,
Que escorrem em meu rosto,
E que secam ao mesmo vento,
Que beija minha face,
E as recolhe no mesmo mar,
Vida e morte de tantos,
Que se foram e ainda estão aqui,
Presentes neste solo sagrado,
Osculado e amado por teus filhos varonis
E agora revisitado por quem sempre te amou,
E fingiu que não te quis,
Pedindo perdão pelo bem que sempre nos deste, e nunca se acabou .

segunda-feira, 9 de junho de 2025

Por Rebeca Diógenes: Entre Algoritmos e Pulsações - Inteligência Artificial na Medicina.

Rebeca Diógenes - Acadêmica de Medicina 


Entre Algoritmos e Pulsações - Inteligência Artificial na Medicina.

Por Rebeca Diógenes - Acadêmica de Medicina (Unichristus), Advogada(UNIFOR), Escritora e membro da SOBRAMES. Presidente da Liga de Interação Medicamentosa e Dependência Química (LINDEP). Autora de relatos científicos, projetos de pesquisa em trauma e saúde pública. Apaixonada pela medicina que escuta, acolhe e escreve com alma.

Ela chegou de mansinho. Primeiro como curiosidade nos congressos, depois como protocolo no hospital, e hoje… está em quase tudo. A Inteligência Artificial, com seus algoritmos ágeis e respostas rápidas, entrou na medicina com a promessa de tempo ganho, diagnósticos precisos e prontuários mais enxutos.

E é verdade: ela ajuda. Muito.

Lê milhares de imagens em segundos. Cruza exames, sintomas, desfechos — e surge uma suspeita, uma sugestão de conduta, um alerta precoce.

Mas há algo que ela ainda não aprendeu: tocar.

A IA não sente o frio da mão do paciente. Não percebe o tremor na voz de quem disfarça o medo com piada. Não entende o silêncio da mãe que ouve o diagnóstico do filho como quem desaba por dentro. Ela calcula, prediz, orienta — mas não escuta com o coração.

A inteligência artificial pode ser uma parceira fiel. Substituirá horas de burocracia, planilhas, laudos repetitivos. Libertará o médico do peso das tarefas que esvaziam o tempo do cuidar. Mas não, não ocupará a cadeira ao lado da cama. Porque essa cadeira é da escuta, da presença, do “estou aqui”.

O paciente não busca apenas um tratamento. Ele busca ser visto. E para ser visto, é preciso mais do que um software treinado — é preciso empatia, contexto, alma. O bom médico, mesmo com IA ao lado, continuará sendo insubstituível, porque nenhuma máquina lê o olhar como ele. Nenhuma linha de código sente a intuição que pulsa entre os batimentos cardíacos e o histórico familiar.

Se a medicina é ciência, sim, a IA tem lugar.

Mas se a medicina é também encontro, então o humano segue essencial.

Um algoritmo pode prever a falência de um órgão. Mas não acolhe a angústia de um pai. Pode cruzar dados de mil artigos em minutos. Mas não sabe segurar uma mão em silêncio quando a dor é maior que qualquer palavra.

A medicina do futuro será, certamente, tecnológica. Mas que seja também mais humana.

Que o chip não roube o estetoscópio, mas o liberte para ouvir melhor.

Que a tela seja aliada, e não barreira.

Porque, no fim, quem cura não é só o remédio — é o cuidado. E cuidado, minha cara IA, ainda é verbo que só o humano sabe conjugar.

 

terça-feira, 27 de maio de 2025

Recomeçar - Por Ronald Teles

Dr. Ronald Teles - Cardiologista 

Recomeçar.

É necessário que você durma,
Enquanto sonho acordado,
Sonhos de nossas vidas,
Enfrentados lado a lado,
Em dissabores e alegrias,
Infortúnios, rebeldias,
Em um querer que se renova,
Percorre o leito dos rios,
Invade em cheias, florestas e terras mis,
Retornando de novo ao seu leito e rumo,
Que banha nossos corações,
Tornando-os uníssonos de tudo,
Na busca eterna de nós dois,
Nos arremetendo sempre,
A cheias e secas,
Mas colhendo a chuva linda e benta,
Que floresce de novo nosso querer,
E no restilho de seu orvalho,
Deixa em um claro jardim,
Flores lindas e multicores,
Festa para os olhos e novas almas,
Que se buscam no olor das rosas,
Em sentimentos intermináveis,
A alegria inefável do amor por ti em mim.

sexta-feira, 2 de maio de 2025

Bananeiras - Por Ronald Teles

Dr.Ronald Teles- Cardiologista
 


Bananeira

Entre montanhas, céu azul  e águas plácidas,
Desfilavam pássaros como setas divinas, rosas em multicores,
Borboletas que bailavam ao vento, 
Aquecidas pelo sol, pertinho de tudo,
Em uma brisa fria,
Misturando tudo em alegria,
No contento divino da criação,
Pródiga em alegrar seus filhos, 
Que buscam a satisfação no clamor das grandes urbes,
Mas se rendem à natureza em sua pureza e essência,
Que arremete nossos pensamentos e almas,
Ao lamento do canto de um pássaro,
Ao dia que se queda por trás de um alto do cruzeiro,
Passeia por lindas estradas,
Conventos e mosteiros,
Alçando o criador e sua divindade aos nossos humanos corações,
Que logo se afinam ao sagrado, ao belo e pleno,
Presente de Deus na terra,
A nós que sempre o vemos,
Trazendo uma saudade eterna,
De tudo que ficou para todo o sempre, impresso em nossas retinas.


Dedico este poema aos meus tios Zezinho Almeida e Gilka Toscano

sábado, 29 de março de 2025

FORTALEZA - Por: Ronald Teles

 

Dr. Ronald Teles - Cardiologista

FORTALEZA

Minhas artérias pulsam em tuas ruas,

Identidade tua em meu ser,

Em caminhos que percorro,

Nos dias suaves e também cáusticos,

No universo e anverso de tua face crua,

Rimas de avenidas, ruas e esquinas,

Onde me ensinas o respeito,

À história que se derrama em teu leito,

Onde brame a força de tua gente,

Que escorre diariamente,

Das escarpas edificadas rumo aos céus,

E se deita também em telhados humildes,

Onde abrigas todos os seres,

Em um abraço franco,

E caloroso,

Energia que flui sem assombros,

Acolhendo todo o teu povo,

Refazendo o mister de cada vida,

Propósito de ida, vinda e chegada,

Encontro, perda, talvez uma nova entrada,

Em labirintos que escondes sutilmente,

Mas se nos revelam novamente,

E osculam tua linda face

terça-feira, 25 de março de 2025

SEMEANDO CULTURA SOBRAMES - CE -- IA - DR. JOÃO JOSE DE CARVALHO - 24.03.2025


Convite Especial – Semeando Cultura

A Sociedade Brasileira de Médicos Escritores – SOBRAMES-CE tem a honra de convidar os ilustres confrades e confreiras para mais uma edição do tradicional Semeando Cultura.

Nesta ocasião, teremos a palestra "Inteligência Artificial para Médicos Escritores", proferida pelo eminente neurologista Dr. João José Freitas de Carvalho, que discorrerá sobre as interseções entre tecnologia e literatura médica.

📌 Abertura: Dra. Sidneuma Ventura – Presidente da SOBRAMES-CE

📌 Apresentação: Dr. Arruda Bastos – Diretor de Cultura da SOBRAMES-CE

📍 Local: Associação Médica Cearense – Av. Dom Luís, 300, Sala 1122, Shopping Avenida, Meireles (com estacionamento próprio)

⏰ Horário: 19h30

Será um momento de enriquecimento intelectual e compartilhamento de ideias. Contamos com sua presença!















                       

segunda-feira, 10 de março de 2025

CRESPÚCULO - Por: Ronald Teles

Dr. Ronald Teles - Cardiologista


CREPÚSCULO

Não temas esta hora semi- plena

Interface do dia e da noite,

Que assusta teu lindo coração,

A troca de guarda entre o sol e a lua,

Confunde nossos sentimentos,

E por um momento nos abandona ,em tristeza e solidão,

Logo surgem as lanternas humanas,

Que alumiam, casas, ruas, praças e carros,

Mas tendes este brilho dentro de ti,

Pois Cristo Jesus é

Farol para teus pés e

Luz para tua vida,

Ele te busca em conversão,

Depois de aceitá- lo,

A transição do dia e o crepúsculo,

Não mais te suscitarão medo, 

Pois tua alma se encherá de paz,

E então fitarás na cruz,

Alegria renovada,

Verás as estradas do mundo

Como simples veredas,

Que calmamente as suplantarás,

E ao final de cada dia,

Teu medo se transformará em prece,

Agradecendo por tua vida.

domingo, 23 de fevereiro de 2025

PRESENÇA - Por: Ronald Teles

Dr. Ronald Teles - Cardiologista


PRESENÇA

 Estáveis aqui, lutando contra o vosso destino,

Sem desvelo ou a água para renascerdes,

 Que regassem um novo caminho,

Trêmulo por ventos fortes,

Que te abatiam dia após dia,

Mas fincaste tuas raízes em teu querer,

E pediste aos céus motivos para continuar,

Mesmo vivendo em terra imprópria,

Regra para a morte,

Porém, teu elevadiço,

Que te fez forte e novo,

Nutrido da sorte dos que voam,

Acima do céu trovejante,

E buscam ali, logo adiante,

Tudo o que jaz em um novo dia,

Sol radiante e belo,

Como um sorriso novo,

Pelo canto de tua boca,

Vaticínio de um destino,

Tal qual a alma de um menino,

Na busca de novo brinquedo,

Ele agora se revela,

Em estrelas de brilho intenso,

Que alumiam mais uma vez,

E te fazem alhures pleno.

domingo, 16 de fevereiro de 2025

OLHOS VERDES - Por: Ronald Teles

Dr. Ronald Teles - Cardiologista

OLHOS VERDES

Olhos verdes miram a floresta,

Recipiente dos teus sentidos,

Aspirando o tempo ido,

Quicá, talvez  perdido,

No caminhar de um dia a menos,

Como tantos que passaram,

Ao largo da batalha da vida,

Esta mesma tão fugaz,

Como um olhar d'antes fugidio,

Congelado no horizonte de um pensamento,

Que por breve momento,

Assola teu corpo e alma inquietos,

Na busca de forças supremas,

Que te movam mais uma vez,

E te lancem no teu novo horizonte,

Conquistado mais e mais,

Como nau que viaja calma,

Velejando em um temporal,

Plácido,por tua alma,

Que trai teu corpo cansado,

E desloca teu verde olhar,

No rumo de tua paz,

Esta que te move agora,

Tal qual uma nova aurora,

Te atraindo sem demora,

Ao prenúncio do novo dia,

Porto seguro de tua vida

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2025

SOLITUDE - Por: Ronald Teles

Dr. Ronald Teles - Cardiologista

Solitude

Minha alma fala de tempos imemoriais,

Do despertar do dia e das flores brotando,

Do perfume chegando,

Aos raios do sol,

Minha alma fala de ventos uivantes,

Que dantes sopravam e agora não mais,

Minha alma fala de dias azuis, de dias chuvosos,

De dias lacrimosos,

Deitados em baixo, de lindos girassóis,

Minha alma fala de mim,

Que persigo, uma verdade que me falta,

Que a busco na ribalta,

E logo se espalha em mil emoções,

Minha alma me fala,

Fala de mim mesmo,

Que procura a esmo,

Tantas verdades,

Minha alma me fala,

Do trigo nos campos,

Acariciados por ventos inclementes,

Mas que carinhosamente,

Nos brindam com o pão sobre a mesa ,

Minha alma fala,

De oceanos bravios,

De vagas espumosas,

Que se agitam em verdes mares,

Que pulsam em meu sangue nordestino,

Me fazem homem e menino,

E me levam à busca de mim mesmo,

Mas mil vezes me perco,

E pergunto quem sou eu?!

Minha alma me acalenta,

Pois finito é meu corpo,

Destarte do desgosto, de meu finito ser,

Me arrebata e me diz,

Que seremos eternos,

Na velocidade de um pensamento,

E no fragmento do tempo, que minha alma diz.


segunda-feira, 20 de janeiro de 2025

POR REBECA DIÓGENES - A BUSCA PELO SUCESSO E O ECO DA MÍDIA: UM SORTILÉGIO MÉDICO

                                    

  Dizem que o sucesso tem um perfume irresistível. Ele seduz, cega e, muitas vezes, cria abismos entre o que somos e o que gostaríamos de ser. Para nós, médicos, o sucesso parece ainda mais sofisticado, como um quadro pintado a óleo, cheio de detalhes e nuances: a melhor residência, os títulos mais cobiçados, as publicações que brilham em revistas científicas. Mas, onde estará o coração nesse cenário? Onde habita a essência do verdadeiro médico? 

  Lembro-me de um professor de clínica que certa vez disse: “O melhor médico não é aquele que sabe tudo, mas aquele que sabe escutar tudo.” Ah, como a simplicidade dessa frase ecoa em tempos de mídia social, onde o médico ideal é aquele que exibe consultórios impecáveis, jalecos imaculados e um currículo tão extenso quanto inalcançável! 

  A mídia, essa musa traiçoeira, constrói um palco onde o médico não é mais um ser humano, mas um personagem. As redes sociais transformam diagnósticos complexos em postagens de 30 segundos, como se a cura fosse algo instantâneo, clicável, compartilhável. Tornamo-nos espectadores de nós mesmos, capturando a pose perfeita e esquecendo que o sucesso não está no aplauso do público, mas no olhar sereno de quem sente alívio após nossa consulta.

   Mas, e o médico real? Aquele que não é apenas o retrato da capa de uma revista, mas que sente o peso da vida que carrega em suas mãos? Ele vive no silêncio das madrugadas em plantões intermináveis, nos olhos cansados ao final do dia, nas lágrimas que caem escondidas diante de uma perda que não pôde evitar. Ele sabe que o verdadeiro sucesso não é exibido, mas sentido: é aquele suspiro de gratidão que vem do paciente, aquele instante em que a dor dá lugar à esperança. 

  Rubem Alves uma vez disse que “educar é semear com sabedoria e colher com paciência.” Não seria a prática médica algo semelhante? Semear cuidado, escuta, presença. Colher a confiança, a melhora, e, às vezes, a aceitação de que nem tudo está ao nosso alcance. Assim, nessa busca frenética pelo sucesso profissional, precisamos lembrar que o maior palco é o coração do paciente, e a verdadeira mídia é o eco da nossa dedicação no alívio da dor. O resto? É só ruído, que se dissipa como a brisa após uma tempestade

domingo, 19 de janeiro de 2025

PROPÓSITO - Por: Ronald Teles

Dr. Ronald Teles - Cardiologista


PROPÓSITO 

Preserva-te, pois estás aqui,

Onde ninguém mais te vê,

Mas eu te vejo,

E tens um propósito,

De chegar e partir,

Em um enlevo eterno,

Do teu sorriso franco,

E de teu coração ameno,

Que me tem plantado,

Em teus átrios,

E me projeta em sonhos,

Que realizo,

Custodiados por teu generoso olhar,

Preserva- te do mundo,

Ele traga a todos,

Não respeita aqueles,

Que renegam ditames,

De olhos fáceis,

E pensamentos torpes,

Preserva-te, aqui comigo,

Sem o castigo de tua ausência,.

Pois penso no amanhã,

De nós dois,

Projetado em acordes uníssonos de um coração,

Preserva- te, pois necessito de ti,

E hoje pedi por teu amor e carinho,

Não há destino,

Sem caminhos que nos apartem,

Pois destarte de tudo e todos,

Seremos um só .