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domingo, 24 de agosto de 2014

POR: PEDRO ISRAEL NOVAES DE ALMEIDA - ROLETA RUSSA



    
 
  Pedro Israel Novaes de Almeida
                     engenheiro agrônomo e advogado, aposentado.
      pedroinovaes@uol.com.br


 O texto foi encaminhado por Dr. William Harris e o autor é freqüentador eventual do MMCL.

                                                             ROLETA RUSSA
                                                              
            As já costumeiras manchetes de alimentos impróprios para o consumo intranquilizam a população.
            Vez ou outra, são descobertas fraudes envolvendo determinadas marcas de leite, que comercializam produtos com adição de água ou mágicas para evitar ou retardar a deterioração. A adição de água é hábito antigo, de produtores e indústrias, e representa a fraude de menor dano potencial à saúde humana.
            Adições e adulterações são velhas conhecidas das fiscalizações, em todos as instâncias do país. Contudo, a perda da qualidade do produto pode ser consequência da administração de medicamentos, aos animais, e o uso inadequado de desinfetantes, que deixam rastros no alimento.
            O leite clandestino, vendido de porta em porta, que dá a impressão de ser igual ao que alimentou o bezerro, é uma temeridade, e sequer passou por qualquer análise ou controle, mesmo deficitário. Tal leite consegue dar a impressão de integridade, mesmo quando recebe a adição de água.
            A maneira mais segura de ingerir o produto é consumi-lo em pó ou nascer bezerro. É incrível a quantidade de água, natural ou adicionada, que segue transportada diariamente, gastando energia e ocupando espaços valiosos.
            O maior risco à saúde humana, contudo, reside nos vegetais colocados à venda. O uso inadequado de defensivos agrícolas não é percebido pelo consumidor, e pode liquidá-lo.
            Existe uma injusta e generalizada repulsa à utilização de defensivos, mas todos eles possuem indicações e prazos testados e aprovados, podendo haver uso seguro de tais produtos. No Brasil, não existem, ainda, estruturas e rotinas que garantam a sanidade dos vegetais ofertados à população.
            Resta ao consumidor deixar de lado a preferência por vegetais maravilhosos, sem marcas, manchas ou qualquer imperfeição aparente. A natureza não costuma produzir tais espécimes.
            Um furinho no pepino é o suficiente para o consumidor descartar o produto. Ocorre que o tal furinho é um atestado de que, se a lagarta sobreviveu, o mesmo acontecerá com o consumidor.
            A agricultura orgânica, profissional, ainda pouco praticada, e seus produtos ainda possuem maiores preços. É uma garantia adicional ao consumidor, que tende a agregar mais e mais produtores, principalmente médios e pequenos.
            Culturas de pequena expressão econômica são pouco experimentadas, e possuem raras indicações de uso seguro de defensivos agrícolas comerciais. Aqui, é imprescindível a pesquisa oficial, para sucesso dos produtores e tranquilidade dos consumidores.
            O Brasil, em mais um tema, relega a plano secundário a saúde pública, pouco estruturando carreiras e menos ainda implantando rotinas de acompanhamento e monitoração dos produtos de origem vegetal. Não existem estatísticas seguras das ocorrências de mortes e mutilações devidas à ingestão de alimentos impróprios ao consumo. Sequer os ingredientes da merenda escolar sofrem a necessária análise e acompanhamento.
            Ir ao supermercado ou feira, em tal contexto, é como comprar um bilhete de loteria, onde o prêmio pode ser a morte, mutilação ou um simples incômodo. Boa sorte !
                                                                                     

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