Dr. Ronald Teles-Cardiologista
Finitude
O destino de toda criatura viva que habita a
face terrestre, seja de sua fauna ou flora é o mesmo, através do tempo, que na
verdade é uma invenção humana, pois o intervalo da vida, não existe, posto que
é um continuum, e esse parâmetro pré-determinado, simplesmente reflete o nascer
e o morrer.
Na verdade, quando nascemos,
já está definida uma contagem regressiva ao nosso decesso, que reflete tão
somente o envelhecimento celular e a incapacidade de renovação e multiplicação
dessas mesmas células e tecidos, determinando o que chamamos de velhice ou senescência,
que leva à perda gradual da função, à decrepitude e, por fim, ao suspiro final
da vida, e o término da jornada humana sobre a terra.
A morte celular pode
acontecer através de dois mecanismos bem distintos, que são a necrose e a apoptose.
A primeira tem como exemplo clássico e fisiopatológico isquemia miocárdica, que
priva o tecido muscular cardíaco de seu suporte energético básico, que são o
oxigênio e a glicose, poderíamos dizer que essa modalidade de morte celular
equivaleria à uma morte súbita, assim como também a repercussão imediata sobre
o hospedeiro que pode provocar a falência aguda da bomba cardíaca, que padece
de uma obstrução crítica de uma grande coronária epicárdica; falamos aqui
classicamente do infarto agudo do miocárdio que aniquila 1/3 dos indivíduos em
sua primeira hora e é a principal causa de morte no mundo desenvolvido e subdesenvolvido.
Nós homens somos mais
acometidos pela moléstia por vários fatores incluindo o genético, mas o sexo
feminino fica em condição paritária quando perde a proteção estrogênica na
menopausa. A segunda modalidade de morte celular, dita apoptótica, equivaleria
a um " suicídio " celular, mas esse seria" programado”, em uma
verdadeira implosão de todas as organelas celulares, como mitocôndrias,
reticulo sarcoplasmático, lisossomas e tantas outras, que regulam a intimidade celular.
Essa auto aniquilação tem
como exemplo clássico a morte celular na insuficiência cardíaca, que reflete
uma síndrome caracterizada por agressão continua e atroz ,sob a bomba cardíaca,
através de doença isquêmica aguda ou crônica, orovalvopatias, doenças de
depósito e infiltravas musculares, taquicardiomiopatias, enfim, uma gama de
enfermidades que em última análise vão levar o órgão à uma descompensação que
redunda em baixa de sua eficiência, perda de conformidade anatômica e
exacerbação neuro-humoral e simpática, que perpetuam a terceira causa de
internamento cardíaco e geral em nossos hospitais, principalmente na população
mais idosa, tendo como resultado mortalidade de 50%,daqueles que evoluem para a
classe funcional 4 da NYHA( New York Heart Association); escala clínica de
gravidade desta relevante e cada vez mais prevalente síndrome tão presente em
nosso século.
É bem verdade que o
arsenal terapêutico clínico atual, realiza verdadeiros milagres na recuperação
destes pacientes, devolvendo-os a função cardíaca normal, através do que se
chama remodelamento reverso. É importante pontuar que a causa base pode e deve
ser tratada através de procedimentos percutâneos, cirúrgicos, eletrofisiológicos,
uso de dispositivos de estimulação artificial e em última análise o TX cardíaco
que também ja foi muito aprimorado e caminha para o xenoenxerto com coração porcino,
geneticamente modificado e menos suscetível à temida rejeição. Na verdade,
ainda discorrendo sobre a finitude celular e tecidual, quando morremos, nosso
pool de carbono que é o principal constituinte orgânico, vai sendo doado à
natureza, se "incorpora "novamente à vida e pode estar presente em vegetais,
animais e até em novos seres humanos, que incrivelmente podem ter traços
ancestrais.
Classicamente o Carbono
14 é utilizado para avaliar a idade de vestígios da história, dada sua meia
vida de mais de 5.000 anos, possibilitando auxílio fundamental na arqueologia e
ciência moderna e elucidando mistérios sobre várias peças até mesmo sagradas
como o" Santo Sudário “, que envolveu Cristo Jesus após sua paixão e morte,
deixando marcas indeléveis do Criador, custodiada como uma das mais valorosas
relíquias da igreja católica, e objeto de inúmeros estudos científicos.
É sabido que o Carbono
que nos constitui também está presente no espaço, nos astros, estrelas e planetas,
que sem sombra de dúvidas transparece a assinatura do Criador sobre todo o
universo e sobre nós criados à sua imagem e semelhança. O cosmos e big bang são
"sopros" divinos resultantes de uma vontade superior. Nada no
universo é um caos, tudo orbita segundo leis físicas e quânticas, há uma organização,
uma primazia, mesmo nas milhões de galáxias.
Nosso maior anseio e medo
humanos, sem sombra de dúvidas é a morte. Somos programados psiquicamente e
neurologicamente a não pensar nela, pois se essa ideia nos acompanhasse diariamente,
nossa vida não teria sentido, seríamos reféns de séria patologia mental, e
abduzidos de nossos ideais, projetos, e da esperança. Nossa pulsão pela vida
está calcada na esperança e ela remete ao futuro. Precisamos de uma programação
mental positiva para alcançar nossas realizações humanas, que clamam pela
felicidade sentimental, profissional, intelectual, religiosa e tantas outras
necessidades até básicas mas que trazem contento e conforto, como matar a sede,
a fome e um teto digno para habitar.
Na verdade, tudo que nos
referimos até agora passa pela química, ela biologia, ela física quântica, ela
ciência médica, enfim por nossa perspectiva enquanto seres vivos, pensantes,
dotados de inteligência e de uma capacidade inerente à raça humana que é a
abstração. Nos voltando a Deus, podemos vislumbrar uma recompensa inenarrável,
assombrosa e lindamente possível que Ele nos ofereceu através de sua vinda à
terra dois mil anos atrás.
O maior presente e
auspicioso fulcro de esperança para nossa carne que "secará" como a
erva do campo ao fim de nossa existência terrena: "A vida eterna de nossas
almas ". Esta vida eterna e a maneira de alcançá-la foi revelada por
Cristo Jesus através de seu batismo no rio Jordão, onde Ele humildemente veio
após sua viagem de Nazaré e recebeu a unção do Espírito Santo em forma de uma
pomba branca, e da voz de seu Pai que bradou dos céus que Ele era seu filho
muito amado, enquanto João Batista o submergia na água e diria antes que não
era digno nem de desatar suas sandálias.
Não há como romancear,
questionar ou falsear a história bíblica, ela está assentada pelas mãos de
Abraão, Isac e Jacó, pelos profetas do antigo testamento, pelos apóstolos e
evangelistas e ratificada através do ministério curto, mas salvador para toda a
humanidade de Cristo Jesus. Esse ministério foi puro amor e cura, os milagres
ou sinais, estão presentes onde passou, e a doença curada não era só do corpo
que sempre perecerá, inclusive do próprio Lázaro, ressuscitado ao quarto dia de
sua morte física, já em decomposição; o verdadeiro resgate era do espírito,
pois todos por Ele tocados, passaram a segui-Lo e professar sua fé e
mandamentos. Essa palavra abre os corações mais duros, os transforma-os de
pedra para carne, e é perpassante como a mais afiada lâmina, que atinge a alma
dos incrédulos e os faz experimentar a delícia e libertação do amor divino. A
morte não existe para as almas crentes em Deus. A finitude contempla toda a
obra humana, mas não alcança os corações cativos do Senhor dos exércitos, do
Leão de Judá, de Emmanuel.