BLOG DA SOBRAMES (SOCIEDADE BRASILEIRA DE MÉDICOS ESCRITORES - REGIONAL CEARÁ). UM BLOG PARA DIVULGAR AS ATIVIDADES LITERÁRIAS DE MÉDICOS ESCRITORES DO CEARÁ E DO BRASIL. ENDEREÇO: Rua Bárbara de Alencar, 1329-B - Aldeota CEP 60140-000 - Fortaleza-CE Fones: 3244 3807/ 9.8616 8781 CNPJ 02.580.532/0001-70
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sexta-feira, 31 de janeiro de 2014
quarta-feira, 29 de janeiro de 2014
terça-feira, 28 de janeiro de 2014
POR: JOSÉ WILSON DE SOUZA - SAUDADES DE QUIXADÁ
SAUDADES DE QUIXADÁ
Quero voltar pra minha terra... para o meu Quixadá...
Quero me embrenhar nas matas,
caminhar nos meus sonhos de menino,
ver a casinha onde fui criado e respirar o ar que deixei...
Quero cantar...cantar ternas e românticas músicas,
Cantar pra lua, olhando o luar da minha terra...
Quero conversar com meus amigos e parentes,
e rir... rir muito, espontaneamente,
com a felicidade que só tem lá...
Também quero deitar numa rede armada
sob o meu "pé" de cajá-embú,
ouvindo o cantar dos passarinhos,
que depois cantarão para sempre
sobre uma aconchegante gruta
onde existe uma fonte eterna,
onde lá ficarei dormindo...
domingo, 26 de janeiro de 2014
POR: CELINA CÔRTE PINHEIRO - FURTO DE ANIMAIS
Dra. Celina Côrte Pinheiro - Médica e Presidente da Sobrames-CE |
Publicado no DN, hoje, 26.01.2014.
Em uma semana, três casos, todos no mesmo bairro de Fortaleza. Alguém, em carro ou moto, parou o veículo,
interrompeu a feliz caminhada de uma pessoa com seu cachorro e levou
embora o animal.
Pela repetição do fato em tão pouco tempo, percebe-se uma nova
modalidade de furto em voga. Além do interesse em celulares, carteiras,
correntes, bolsas, também animais de estimação.
Outros episódios idênticos se seguiram. Alguns proprietários,
ressentidos com a perda, anunciaram o desaparecimento do cão e
prometeram recompensa.
Apareceu o suposto novo dono, alegando que comprara o animal, vira o
anúncio e, assim, recebeu a recompensa. Não seria uma estratégia do
próprio ladrão ao alguém ligado a ele?
A palavra estimação define bem o sentimento que une as pessoas aos seus
animais domésticos, em geral, cães e gatos. Eles interagem com seus
donos, alegram, divertem e preenchem a vida das pessoas, em particular
aquelas que vivem solitariamente nas grandes metrópoles.
Mesmo não se tratando de um animal de raça, ele tem para seu dono um
valor sentimental inestimável, o que incitará muitas vítimas ao
pagamento de resgate ou recompensa aos próprios larápios.
Por conta desta nova modalidade de furto, deve-se evitar sair com os
animais nos horários em que as ruas têm pouco movimento.
É interessante ir-se a uma delegacia e fazer o registro da ocorrência.
A repetição de casos gera investigação e medidas de controle.
Caso contrário, inauguraremos mais uma nova modalidade de violência
nesta cidade, impeditiva até mesmo de uma caminhada descontraída com
nossos animais de estimação.
sábado, 25 de janeiro de 2014
sexta-feira, 24 de janeiro de 2014
quinta-feira, 23 de janeiro de 2014
POSSE DO DR. MARCELO GURGEL NO INSTITUTO HISTÓRICO DO CEARÁ
Dr. Marcelo Gurgel |
Temos a satisfação de informar aos caros sobramistas que, hoje, dia 23 de janeiro de 2014 (quinta-feira), às 19:00 hs, será a posse de nosso colega Marcelo Gurgel no Instituto Histórico, Geográfico e Antropológico do Ceará.
Abaixo, e-mail do caro colega sobramista Dr. William Harris
Dr. William Harris |
Fui informado por circular que este nosso colega galgou mais uma posição dentro da hierarquia literária do nosso Brasil. Parabéns, portanto, ao colega Marcelo por mais esta almejada e invejável vitória.
William M. Harris, sobramista cearense de Campinas-SP -
mmclbilly@gmail.com
mmclbilly@gmail.com
quarta-feira, 22 de janeiro de 2014
POR: VICENTE ALENCAR - VOCÊ JÁ PAROU?
VOCÊ JÁ PAROU?
Você já parou para ouvir o
vento?
Você já parou para olhar o verde?
Você já parou para pisar na areia?
Você já parou para sentir a chuva?
Você já parou para sentir o cheiro da terra?
Você já parou para observar o Sol?
Você já parou para sentir o brilho da Lua?
Você já parou para sentir importância do sono?
Você já parou para desfrutar o amor?
Você já parou para viver melhor?
Você
já parou para refletir?
Você já parou para sorrir?
Você já parou para não adoecer?
Se você não parou,
Seu Corpo vai explodir!
Vicente Alencar
(Da Sociedade de Cultura
Latina do Brasil - CE)
Fortaleza, em 20 de janeiro de 2014.
terça-feira, 21 de janeiro de 2014
POR: MARCELO GURGEL - PINÇANDO O NOME
Dr. Marcelo Gurgel - Médico e Membro da Sobrames-CE |
PINÇANDO O NOME
Corria os anos sessenta, na Faculdade de Medicina da UFC, e os
acadêmicos do segundo ano estavam revoltados por conta do comportamento de um
professor. Liderados pelo Diretório Acadêmico XII de Maio, eles decidem fazer
uma representação oficial contra esse mestre, na Congregação da Faculdade, com
registro prévio da denúncia em cartório, que conteria a assinatura de todos os
integrantes da turma.
O recolhimento das assinaturas do documento-denúncia seguia fácil, com a
plena adesão dos estudantes, cônscios da justeza do pleito. Havia um acadêmico,
no entanto, filho de um professor da faculdade, que embora estivesse de acordo
com a proposição, tergiversava, protelando, ganhando tempo, talvez na tentativa
de ser esquecido, pois tinha receio de que seu pai, um dos membros da
Congregação, ficasse chateado com ele, ou, quem sabe, por não desejar se indispor
com os professores, amigos do seu genitor.
Quando somente faltava a sua assinatura, o assédio crescia e o cerco se
fechava, com ele no meio, percebeu que poderia até cair no ostracismo; daí,
concordou, finalmente, em participar do abaixo-assinado, porém, temendo alguma
conseqüência pessoal ou familiar, assinou-o, com letras pequenas, nas
entrelinhas, usando apenas parte do seu nome: Carlos Heitor (nome fictício).
Não se sabe se houve qualquer intencionalidade ou por mero acaso, mas,
para azar dele, o tabelião pinçou o seu nome, para fins de protocolo do
documento-denúncia, registrando: Carlos Heitor e outros. O tiro, como se vê,
saiu pela culatra.
Sobramista/CE e membro da ACM
*
Publicado In: SOBRAMES –
CEARÁ. Passeata literária. Fortaleza: Sobrames-CE/Expressão, 2011. 232p. p.176.
domingo, 19 de janeiro de 2014
sexta-feira, 17 de janeiro de 2014
POR: ANA MARGARIDA - O QUE É MELHOR NESTA VIDA?
Rose e Margô - São Paulo - Janeiro de 1995 |
Uma pequena amostra do Livro "Confissões de Amor"
Rose,
O que é melhor nesta vida?
Melhor que festa de aniversário,
Que ter aumento de salário,
Que carro novo comprar,
Ter saúde e não gripar,
Não ter frio pra suportar,
Cistite, só pra curar.
Melhor do que viajar,
Perfume importado usar,
Conhecer tudo o que há,
Congressos pra frequentar,
Vestido novo usar.
Melhor que URP ganhar e pra China viajar, 4ª
Conferência curtir e pra todo canto sair.
Melhor do que banho quente, cinema, TV à
cabo, passeios com muita gente.
Melhor que CD comprar e Chico Buarque
escutar.
Melhor que corrida organizar e do tabaco mal
falar.
Melhor do que camarão, ter dinheiro de
montão.
Melhor do que chupar manga, comer pera, uva,
chocolate e picolé.
Melhor do que andar a pé, que festa de Natal,
que Papai Noel, que presentes a granel.
Melhor do que tudo isso é com o Rose deitar,
dormir juntinhos, grudados a noite toda e pelados...
Margô
25 /07/95
quinta-feira, 16 de janeiro de 2014
quarta-feira, 15 de janeiro de 2014
terça-feira, 14 de janeiro de 2014
POR: FÁTIMA AZEVEDO - DE ENTRELINHAS E PEDRINHAS NO LAGO
Dra. Fátima Azevêdo - Médica e Membro da Sobrames-CE |
DE ENTRELINHAS E PEDRINHAS NO LAGO
Uma carta para um jovem
médico...Que responsabilidade imensa essa incumbência que me foi dada pelo
colega e amigo professor Álvaro Madeiro Leite. Principalmente depois do
belíssimo livro organizado por ele e pelo outro colega e amigo, professor João
Macedo. Por onde começar? O que e como dizer palavras a um jovem médico para me
fazer entender, torcendo para que essas minhas palavras encontrem eco no
coração desse jovem colega.
Vou começar falando das coisas mais
simples da vida. Porque um médico, ao contrário do que muitos possam pensar, é
um ser humano igual a qualquer outro. Tem alegrias, tristezas, sonhos,
decepções, medo, coragem, certezas e incertezas, dor de dente, dá espirros, adoece,
tem argueiro nos olhos, derrama café na roupa, tem fome, sede, cansaço, sono, ama,
desama, se apaixona, desapaixona, enfim um médico não passa de um ser humano
que escolheu (espera-se que tenha sido uma escolha e não uma imposição) cuidar
da saúde física, mental e espiritual de um alguém a quem se deu o nome de
paciente. Digo cuidar da saúde física, mental e espiritual porque se a saúde física
for bem cuidada e forem esquecidas as outras duas, a manutenção da primeira vai
ser muito difícil, porque uma depende da outra.
Falando ainda do meu ponto de vista
altamente pessoal do que eu entendo por médico, médico é um ser humano que
antes de tudo tem que saber sentir. Assim como o artista, o médico deveria ter
a sensibilidade aguçada, os sentimentos fluidos e a habilidade de ler além das
palavras ditas. O médico deveria desenvolver a habilidade de ler as palavras
não ditas. Ler o que está nas entrelinhas, assim como Clarice Lispector tanto
nos convida a fazer. Deveria aprender a linguagem do coração antes mesmo de
aprender a palpar um abdome, auscultar um pulmão ou solicitar um exame de
imagem ultra especializado. Para isso deveria procurar ler nos intervalos, alguns
autores. Em especial os que escrevem sobre a alma humana. Existem tantos, mas
eu adoraria saber que você, meu jovem colega, leu ou está lendo um pouco de
Clarice.
Para começar, um médico deveria também
ter os sentidos à flor da pele. Digo isso porque penso que ter os sentidos à
flor da pele ajuda a conectar o nosso próprio eu com a vida, com a própria
natureza. Olhar os pássaros, se maravilhar com um filhote em um ninho, ter
tempo para prestar atenção aos barulhos do alvorecer e do anoitecer, parar um
pouco para ouvir os sons da natureza, um riacho a correr, prestar atenção às
flores, às folhas caídas, olhar o tronco de uma velha árvore, os galhos secos
que um dia foram verdes...todo esse olhar curioso, atento, sensível e amoroso
ajuda-nos a perceber a real dimensão da vida.
Vou falando e não me apresentei a
vocês. Sou médica formada pela UFC, com residência e mestrado em Genética pela
FMRP-USP. Trabalho como docente da FAMED-UFC desde 1985 e durante todos esses
anos sempre achei que faltava alguma coisa muito importante no currículo do
ensino médico mas quando jovem, ainda
acadêmica, eu não sabia muito bem definir o que era. No entanto, desde os
tempos de estudante eu tinha plena consciência que escutar o paciente lhe
prestando atenção, tocar nesse paciente, perguntar por sua vida além da doença,
olhar em seus olhos, ter tempo para ouvi-lo, fazia uma enorme diferença. Não
apenas para ele o meu paciente, mas para mim também. Então uma das coisas que eu quero e preciso
falar para você meu jovem colega, é que os diplomas são realmente importantes,
não há como negar. As especializações, os mestrados e doutorados, as pesquisas,
os trabalhos publicados, são sim de grande importância para a formação do
profissional e enriquecem seu currículo. Mas, toda essa bagagem de conhecimento
sem a sensibilidade necessária ao exercício da profissão, sem a empatia, sem a compaixão, sem o amor
verdadeiro no coração, sem a paixão pelo que faz e pelo outro, a relação médico
x paciente e médico consigo mesmo não se dá satisfatoriamente. Vai sempre ficar
um vazio, um abismo, entre o nosso paciente e nós mesmos. Um vazio e um abismo
às vezes com sérias conseqüências tanto para quem nos procura precisando de
nossos cuidados, como para nós mesmos. O ser humano que procura atendimento
médico, na maioria das vezes já vem fragilizado, amedrontado, massacrado muitas
vezes por alguns atendimentos profissionais insatisfatórios, incompletos e que
por vezes o deixaram mais morto do que vivo. Não digo que são todos assim.
Existem as exceções. As inúmeras e benditas exceções.
Vou lhe contar um caso que aconteceu
com a avó de um de meus pacientes. Creio que você jamais esquecerá e poderá até
questionar a veracidade desse relato de tão surreal que parece. Mas creia, é a
pura verdade. Os nomes que citarei são fictícios, mas os personagens são bem
reais.
Dona Joaquina entrou no consultório
de um determinado colega e
--Minha senhora, qual o motivo de sua consulta? (perguntou o médico
sentado à sua mesa, fazendo um lanche sem ao menos levantar a mão para cumprimentá-la
e sem chamá-la pelo próprio nome).
--Doutor são os meus pés que estão doendo bastante e quando ando, sinto
muitas dores (Dona Joaquina tem joanetes em ambos os pés há vários anos e
agora aos 70 anos, o problema se intensificou).
--Levante para eu ver (disse o
doutor, ainda sentado em sua cadeira).
Dona
Joaquina prontamente levantou-se e apontou para seus pés.
--Minha senhora, não posso fazer nada, a senhora já veio prá mim
aleijada.
Consulta terminada, sai Dona
Joaquina do consultório com lágrimas nos olhos, depois de atendimento tão
desastroso e por que não dizer, desumano. E saiba que essa senhora foi atendida
em dia e hora marcada.
Vamos refletir...Imagine que Dona
Joaquina fosse pessoa amiga desse referido médico, o atendimento teria sido o
mesmo?! E se Dona Joaquina fosse avó desse
referido profissional, ele gostaria de saber que ela havia sido atendida
assim?! Então, a reflexão é para que o
médico lembre que sempre que tiver um paciente à sua frente, para ser atendido
por ele, que o médico veja naquela pessoa, um familiar seu. Alguém que poderia
ser seu pai, sua mãe, seu filho, seu irmão ou até mesmo você. Desse modo seria
bem difícil ou quase impossível fazer um mau atendimento. Este é um exercício
que eu aconselho o jovem médico a realizar,
caso ele ainda não traga consigo esse comportamento de forma natural.
Aprender e repetir bons exemplos é fácil, mas analisar um mau atendimento,
criticá-lo e mais tarde cuidar para não repeti-lo, é tarefa merecedora de toda
a atenção.
Os anos passam, o ardor e a paixão
dos primeiros anos de formado podem arrefecer. Isso não deveria ocorrer mas
pode acontecer sim. Exercer bem a medicina exige esforço, comprometimento,
desprendimento, amor, paixão e interesse, dentre muitos outros pré-requisitos.
Exercer bem a medicina é como ter casado com a paixão de sua vida e ao longo
dos anos, ver essa pessoa envelhecer, criar rugas, ficar às vezes de mau humor,
ficar cansada e mesmo assim, com toda a rotina desumana, como são todas as
rotinas, você se manter amoroso, dedicado, criativo e apaixonado. Porque a cada
dia o médico tem que se reinventar, tem que se recriar, tem que buscar maneiras
de se manter vivo, alegre e apaixonado pelo que faz, independente de qualquer
adversidade, independente das dificuldades que possa encontrar para desenvolver
suas habilidades profissionais e humanísticas. O médico precisa se encontrar
consigo mesmo e achar maneiras de chegar o mais próximo do que chamamos de
autoconhecimento. Chegar o mais próximo de sua alma, pois o paciente, as pessoas doentes, precisam de médicos
que possam entender suas doenças, tratar seus problemas médicos e acompanhá-las
durante o processo da doença. E para fazer esse percurso o médico precisa se
preparar, se cuidar, se conhecer, se gostar e gostar muito do outro e do que
faz.
Percebo que apesar de todas as descobertas científicas e
de todo o aparato tecnológico moderno para dar diagnósticos os mais raros
possíveis, parece que nós, os médicos, tememos nos aproximar dos pacientes. E
talvez essa aproximação do paciente é que faça toda a diferença na nossa
satisfação enquanto profissionais de saúde e na satisfação das pessoas que
atendemos enquanto pacientes. E esse temor de se aproximar de nosso paciente,
talvez tenha a ver com o nosso despreparo emocional e humanístico ao longo de décadas
e décadas de foco apenas no ensino da ciência esquecendo do ensino e do saber
humanístico que é inerente à formação do médico.
Lendo Gregório Marañon, ele nos aponta para as cinco
fontes do saber médico que segundo ele, são:
1. a clínica, ou seja, o conhecimento da realidade do
paciente
2. a anatomia patológica
3. a fisiologia tanto clínica quanto experimental
4. a etiologia
5. a literatura, a arte e a experiência extra-médica de
vida (tão importante quanto as outras fontes). E Marañon ainda nos diz mais: “quando o médico vê o enfermo como o homem que ele é, e não apenas só
como o estômago ou a supra renal que estão alteradas, por necessidade tem que
ter os olhos de especialista em vida humana, e estes são junto aos olhos dos
psicólogos de profissão, de pensadores e de artistas”.
Se você caro colega, se der ao trabalho de confrontar a carga horária de seu curso de graduação
entre disciplinas científicas e atividades artísticas, verá muito provavelmente
o resultado hilário destinado às artes e literatura, partes tão importantes na
formação médica que deveriam ser resgatas de alguma forma e o mais rapidamente
possível já que possibilitam o desenvolvimento de habilidades tão necessárias
ao exercício da nossa profissão.
E eu confesso que tenho um sonho. Sonho com o dia em que
nós médicos que nos dedicamos às questões de arte e literatura além das
questões científicas, não sejamos mais vistos como seres estranhos, seres diferentes. Eu sonho com o dia em que façam
parte de todo e qualquer atendimento médico, seja na periferia ou nos bairros
nobres da nossa terra, o abraço amigo, o
aperto de mão, a escuta atenta, o celular desligado e os olhos nos olhos.
E para você meu jovem colega, eu deixo a minha esperança
de que essas palavras saídas do meu coração de quase 30 anos de formada, possam
habitar o seu e assim como pedrinhas jogadas em um lago, se propagar docemente.
Com meu abraço fraterno,
Fátima Azevêdo
(publicado
na Rev.Saúde Criança Adolesc., 3(1): 104-106 Jan/Jun;2011)
ENVELHECER
Dra. Celina Côrte lendo o texto "ENVELHECER" na reunião da Sobrames-CE de 13/01/2014 |
ENVELHECER
Manoel
BASTOS TIGRE
Poeta
pernambucano (1882-1957)
I
Entra
pela velhice com cuidado,
Pé
ante pé, sem provocar rumores
Que
despertem lembranças do passado,
Sonhos
de glórias, ilusões de amores.
Do
que tiveres no pomar plantando,
Apanha
os frutos e recolhe as flores;
Mas
lavra, ainda, e planta o teu eirado,
Que
outros virão colher quando te fores.
Não
te seja a velhice enfermidade.
Alimenta
no espírito a saúde,
Luta
contra as tibiezas da vontade.
Que
a neve caia, o teu ardor não mude.
Mantém-te
jovem, pouco importa a idade;
Tem
cada idade a sua juventude ! ...
II
Boa
noite, velhice, vens tão cedo;
Não
esperava, agora, a tua vinda.
Eu,
tão despreocupado estava, ainda,
Levando
a vida como um brinquedo...
Tens
tão meigo sorriso e um ar tão ledo.
Nos
teus cabelos como a prata é linda.
Ao
meu teto, velhice, sê bemvinda
Fica
à vontade. Não me fazes medo.
E
ela assim me falou, em tom amigo:
—
Estranha me supões, mas, em verdade,
Há
muito tempo que, ao teu lado, eu sigo.
Mas,
da vida na estúrdia alacridade,
Não
me viste viver, seguir contigo...
Eu
sou, amigo, a tua mocidade.
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