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segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

POR: VICENTE ALENCAR - É TÃO RISONHO!

Jornalista Vicente Alencar - Diretor de Cultura e Divulgação da Sobrames-CE


É TÃO RISONHO!

O amor que te dedico
É tão risonho,
Pois pensando em ti,
eu te proponho, 
Cantar, gritar,
ganhar a corrida
com o vento,
Sentir o sol queimar
a todo momento
sem reclamar da vida
um instante
pois quando te ausentas
meu coração vive tormentos.
O amor que te dedico 
é tão risonho
que espero, choro, reclamo,
acordado sonho,
pois sei que cedo ou tarde
em nosso ninho,
tudo voltará como antes
num imenso oceano de carinho.


Vicente Alencar
(Da Academia Cearense da Língua Portuguesa
e da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores-
SOBRAMES).

POR: JOSÉ MARIA BONFIM - 25 ANOS SEM PAULO MARCELO


Dr. José Maria Bonfim - Médico e Membro da Sobrames-CE

25 ANOS SEM PAULO MARCELO

Publicado no Jornal DN - DEBATES E IDEIAS - 05/01/2014


Neste janeiro, há 25 anos a Medicina se via desfalcada de um dos seus maiores gênios. Ia-se na distante e cinzenta manhã de domingo o inesquecível Paulo Marcelo Martins Rodrigues. Nunca fui do círculo de amizade do doutor Paulo. Eu um matuto simples dos sertões de Crateús, filho de ferroviário. Ele de estirpe nobre, não pela riqueza, mas pelas tradições políticas e intelectuais que herdara de seu pai. Conheci Marcelo quando aluno da Faculdade de Medicina. Enchi-me de entusiasmo, por um ser humano fantástico. Tornei-me um dos seus mais ardorosos discípulos. Se me faltava saber para acompanhá-lo, sobrava-me veneração, pela lógica do seu pensamento precioso. Pelo equilíbrio do seu raciocínio clínico. Fui seu paciente e por fim seu médico. Não pela minha competência, mas pelo carinho e amor que lhe dedicava. Quando as névoas do desânimo me sufocavam, bastava-me vê-lo. Como se fosse a aurora de uma brisa perfumada, descobrindo um sol de esperança. Nos meus 40 anos de médico, fico feliz de ter reconhecido e convivido, de ter caminhado com uma criatura tão especial. Mesmo neste báratro de 25 anos de silêncio, no desconforto de minha alma, nunca encontrei alguém tão fulgurante. Talento de sublimidade a serviço dos destroçados. Deitava sobre eles olhos de compaixão. Esvaziava-se de si, para enchê-los de esperança. Palpava o corpo e alma. Cheirava os seus odores. Era capaz de provar de seus humores. Um médico que vale gerações. Faiscando de competência apagava com simplicidade as tintas arranhadas de dor. Como é sublime ter conhecido alguém que, despossuído de si mesmo, para ver o padecente encher-se de esperança. Sua existência foi curta, mas sua vida de colocar doçura no lugar do amargor, profícua, consistente e firme de inteligência e de Deus. Foi a Crateús, atrás do padre Kuntz, um santo morador de rua, sobrevivente dos campos de concentração, que morava e dormia no chão num casebre do prostíbulo da cidade. Mas eu pensava; nunca vi um santo curar outro santo. Amava a Medicina, mas amava muito mais o paciente. Trafegava com destemor nos meandros difíceis do diagnóstico. Lutava contra a morte com a tenacidade e humildade de poucos. Este homem existiu. Carismático, amigo, pobre, sofredor, este médico existiu. E eu caminhei bem perto deste monstro sagrado da Medicina.

José Maria Bonfim de Morais
médico cardiologista   

POR: WILLIAM HARRIS E PAULO GURGEL - PUXA-SACO


Dr. William Moffitt Harris - Médico e Membro da Sobrames-CE
O Prof. Dr. William Moffitt Harris, membro titular da Sobrames-CE, médico paulista, residente em Campinas-SP, solicitou a inserção em nosso blog do artigo do colega Paulo Gurgel, acrescido de uma observação sua a respeito do termo PUXA-SACO e congêneres, de acordo com a língua inglesa. Encontra-se abaixo, sob o título "UM PEQUENO COROLÁRIO E ADENDO AO ARTIGO SOBRE PUXA-SAQUISMO DO DR. PAULO GURGEL.
Convidamos nossos seguidores a lerem o texto e a observação de nosso sobramista William.


Dr. Paulo Gurgel - Médico e Ex-Presidente da Sobrames-CE
Arte do Dr. Isaac Furtado

                                     O PUXA-SACO

Publicado no BLOG do Paulo Gurgel 

http://blogdopg.blogspot.com.br/2013/12/o-puxa-saco.html

Origem da expressão 
Começou como uma gíria militar. Para definir os soldados (especialmente aqueles mais solícitos) que puxavam os sacos dos oficiais durante as viagens. Nesses sacos os oficiais guardavam suas roupas, e os soldados, ao puxá-los, passavam a ideia de subserviência. Com o tempo, as pessoas passaram a admitir que os sacos puxados poderiam ser anatômicos, daí o surgimento de novas expressões a estes relacionadas como babão e baba-ovo. Segundo a blogueira Gislaine Lima, puxa-saco tem até dia. É comemorado, informalmente, em 20 de dezembro por ser a data-limite para o pagamento da segunda parcela do 13º salário. Neste dia do ano, todos os puxa-sacos saem pelas ruas à procura do presente de Natal para os respectivos chefes. Sinônimos
Adulador, capacho, chaleira, corta-jaca, incensador, lambe-botas (lambe-esporas), lacaio, pelego, sabujo, turibulário, xeleléu... 
Frases 
Cada frase do adulador é composta de um sujeito, um predicado e um cumprimento. (Georges Clemenceau) Nenhum puxa-saco suporta uma auditoria. O puxa-saco serve a quem não tem amigos de verdade. Formiga e puxa-saco há em todo lugar. Quem puxa saco, puxa tudo. Inclusive tapete. O puxa-saco sai até na radiografia do chefe. 
► Músicas 
1 - O cordão dos puxa-sacos (c/Anjos do Inferno) Lá vem o cordão dos puxa-sacos / dando vivas a seus maiorais / quem está na frente é passado pra trás / e o cordão dos puxa-sacos cada vez aumenta mais. (Marchinha de Roberto Martins e Frazão) 
2 - O puxa-saco (c/ Jackson do Pandeiro) Vou arranjar o lugar de puxa-saco / pois puxa-saco tá se dando muito bem. 
3 - O xeleléu, (c/ Coronel Ludugero) Xeleléu, ô xeleléu / o teu lugar tá garantido lá no céu. 
4 - O puxa-saco (c/ Zeca Pagodinho) É um carrapato, uma cola, um chiclete / esse cara do chefe não quer desgrudar. 
O personagem Fagundes Criação do cartunista Laerte, é um puxa-saco de mão cheia. Todos os momentos de sua existência são dedicados a enaltecer o chefe – para o desespero deste! O "chefinho", para Fagundes, será sempre o primeiro e único! Títulos de algumas das tiras com este personagem: Todo mês compro a "Playboss", a revista do puxa-saco de bom gosto. Alguém já lhe disse hoje que o senhor é simplesmente o máximo? Quem não vive para servir, não serve... In: Galeria do Fagundes Como dizer puxa-saco em inglês Acredito que há muita gente por aí dizendo: “puxa saco em inglês é apple-polisher“. Afinal, essa é a expressão mais referida para chamar alguém de puxa-saco em inglês. No entanto, saiba que o termo apple-polisher atualmente é raramente usado! Apesar de alguns dicionários ainda o registrarem, autores de livros insistirem em seu uso e professores fazerem questão de ensiná-lo a seus alunos, apple-polisher não é tão usado assim, embora alguns digam que as crianças – e olhem lá! – fazem mais uso dela! In: Inglês na ponta da língua Certamente não é pull bag! É de pequenino que se puxa o saquinho Ou: 10 maneiras de reconhecer um puxa-saco ainda na infância

"UM PEQUENO COROLÁRIO E ADENDO AO ARTIGO SOBRE PUXA-SAQUISMO DO DR. PAULO GURGEL. 

Dr. William Moffitt Harris

Em inglês vai-se diretamente ao conteúdo DON'T SCRATCH MY BALLS (não me encha o saco) e como contrário a nossa expressão "ele é um pé-no-saco" é vertido para HE IS A PAIN IN THE NECK. "Puxa-saco" em inglês é SERVILE FLATERER, porém considerado pejorativo e ofensivo; a atitude servil de um garçom, por exemplo, aqui considerada normal, entre os ingleses é DISGUSTING e depreciativo.

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

POR: WILLIAM HARRIS - BOXING DAY OU O NATAL DOS CRIADOS


Dr. William Moffitt Harris
BOXING DAY ou
O NATAL dos criados 1, 2
Dr. William Moffitt Harris, Campinas - SP
Membro Titular da Sobrames - CE
e-mail: mmclbilly@gmail.com

Ao passar o dia 26 de dezembro de 2013, aqui em minha casa, entusiasmei-me em divulgar, mais uma vez, esta data comemorativa. Já o havia feito há questão de uma década entre sobramistas de São Paulo e companheiros do Movimento Médico Paulista do Cafezinho Literário – MMCL e agora me dirijo aos colegas sobramistas e meus amigos do Ceará 2.
Há alguns séculos, persiste este feriado entre os povos de língua inglesa ou países oriundos e remanescentes da época em que a Union Jack tremulava em seu mastro no alto dos bastiões que guarneciam a entrada das baías e ancoradouros ao longo de suas costas. Vigiavam a natureza das embarcações amigas (incluindo as piratas) e inimigas do império e tomavam as providências que se impunham naquele contexto 3.
Festeja-se o chamado Boxing Day em todo o território da Inglaterra, País de Gales, Nova Zelândia, Austrália, boa parte do Canadá e em alguns países do Caribe, no primeiro dia útil após o Natal. Quando o Dia de Natal cai na quinta-feira, sexta-feira, sábado ou domingo, o feriado se prolonga por três ou quatro dias. Caindo o Natal na terça ou na quarta, como ocorreu agora em 2013, o feriado é no dia seguinte. Se o Natal for no sábado ou no domingo, invariavelmente, Boxing Day cai na segunda feira.
Alguns historiadores atribuem a denominação de feriado ao fato de os empregados de grandes propriedades rurais serem convocados a trabalhar no dia de Natal para depois folgarem no dia seguinte. Assim que os empregados se preparavam para partir, seus senhores os presenteavam com caixas contendo víveres e roupas.
No Boxing Day, há festas por toda parte, competições esportivas ao ar livre, corridas de cavalos, excursões, confraternizações com empregados, distribuição de gorjetas para carteiros, entregadores de jornais e coletores de lixo (antigamente, no tempo dos lampiões a gás, os acendedores também recebiam suas gorjetas) e troca de cartões de cumprimentos alusivos, especificamente, a esta data.
Como atividade de interesse social, faz parte do currículo das escolas prepararem as crianças com o espírito voltado para o significado daquele feriado. São distribuídas cartolinas coloridas, colas, tesouras, envelopes, giz de cera, lápis de cor, fita adesiva, enfeites e outros materiais, dando-se instruções para fazerem caixas e bilhetes de agradecimento.
Passa-se o Boxing Day em família e com os amigos, com muita comida, amor e amizade, além das atividades fora de casa. Muitos se dedicam a elaborar cartas a pessoas de quem receberam alguma ajuda durante o ano. Bancos, repartições públicas, o correio e o pequeno comércio estão fechados nesta data, mas os shopping centers ficam apinhados com pessoas adquirindo e trocando presentes, enfeites e cartões, aproveitando a tradicional liquidação de Natal. No Canadá, Austrália e Nova Zelândia, a procura de mercadorias em liquidação no varejo é tão grande que os comerciantes chegam a esticar a celebração pela semana toda e a chamam de Boxing Week.
Uma forma, também tradicional, de festejar o Boxing Day é fazer doações em dinheiro e bens a entidades beneficentes, a pessoas necessitadas e ao pessoal do setor de serviços, além de crianças pobres em geral. As pessoas mais abonadas, há séculos, têm esta oportunidade de presentear gente mais pobre com dinheiro ou mercadorias. Assim, os comerciantes fazem doações em caixas (Christmas Boxes) contendo alimentos em conserva, frutas, bebidas e roupas ou dinheiro. São as Cestas de Natal que perduram até os dias de hoje no comércio. É uma forma de os patrões manifestarem sua gratidão ao bom trabalho prestado pelos empregados durante o ano. Muitas empresas, ao longo dos anos, substituíram este tipo de donativo pelo “abono de Natal” e a legislação de muitos países criou o 13o salário. No Boxing Day, muitas pessoas das comunidades de língua inglesa preferem se entregar pessoalmente a famílias necessitadas de mão-de-obra caseira. Isto abrange fazer compras para casais de idosos, consertar cercas ou canis, cuidar das crianças enquanto os pais vão visitar amigos ou parentes hospitalizados, etc..
Em algumas cidades, são promovidos espetáculos grandiosos em comemoração à data. Tenho aqui comigo, por exemplo, o programa do Symphony Hall de Birmingham para as 19h30, do dia 26 de dezembro de 2004. O programa intitula-se Boxing Day Classics com a Orquestra de Concertos de Londres e inclui entre outros: a Abertura da Força do Destino de Verdi, a Suíte Carmen de Bizet, o Concerto em Lá Menor Para Piano de Grieg (com o solista Murray McLachlan), o Bolero de Ravel e o Capricho Italiano de Tchaikowsky. Ainda existe uma nota embaixo informando que haveria uma taça gratuita de Champagne para cada uma das pessoas da plateia. A renda líquida seria encaminhada para uma entidade beneficente. Os ingressos individuais a serem cobrados variavam de 8,50 a 27,50 libras esterlinas.
Além de assistir e participar de esportes como futebol, corridas de cavalos, regatas e cricket, já é tradicional em Brighton, no litoral, a oitenta e dois quilômetros ao sul de Londres, o mergulho anual nas águas geladas do Canal da Mancha por parte dos membros do clube local de natação (Brighton Swimming Club).
Na Austrália, no Boxing Day, inicia-se, tradicionalmente, em Canberra o êxodo e a temporada de praia e em Melbourne uma das competições nacionais mais importantes de cricket (Boxing Day Test Match). Em Sydney, nesta data, realiza-se o início de uma das mais prestigiadas corridas internacionais de iatismo (Sydney-Hobart Yatch Race) perante milhares de espectadores reunidos em torno da Baía de Sydney.
Na África do Sul, embora não seja oficialmente considerado Boxing Day, o dia 26 de dezembro é um feriado nacional, mas é referido na comunidade local de fala inglesa como o sendo. É comum dar-se início, naquela data, a uma partida de cricket contra um time visitante estrangeiro.
Embora a data festiva seja tradição há séculos, foi somente em 1871, durante o reinado da Rainha Vitória que o Boxing Day passou a ser, oficialmente, declarado feriado, permitindo e estimulando, desta forma, que membros de uma mesma família viajassem para se reencontrar, tradicionalmente, por ocasião do Natal. Muitas destas viagens de carroça ou carruagem levavam até um dia e meio, viajando noite a dentro, para chegarem a seus destinos. Em livros de autores britânicos existem novelas relatando acidentes, tombamentos, assaltos a mão armada, roubo das mercadorias, além de estupros e mortes. Muitas pessoas faziam o seu trajeto a cavalo, parando em estalagens somente para trocar seus cavalos e se alimentar 4.
Dia 26 de dezembro é também considerado “Dia de Santo Estêvão”. Este foi o primeiro mártir do cristianismo, tendo sido apedrejado até a morte por uma turba devido ao sucesso de suas pregações feitas com muito zelo em sua devoção a Cristo. “Os judeus chegando de improviso, arrebataram-no e o levaram à presença do Sinédrio onde apresentaram falsos testemunhos... No Ato dos Apóstolos, Cap. 7, como pretexto de sua autodefesa, aproveitou para iluminar as mentes de seus adversários, discorrendo sobre a história hebraica de Abraão até Salomão, demonstrando que Deus também se revelava fora do Templo e se propunha a revelar a doutrina universal de Jesus como última manifestação de Deus. Não o deixaram terminar, taparam seus ouvidos e arrastaram-no para fora da cidade e o apedrejaram”. Isto aconteceu alguns anos após a morte de Nosso Senhor. Nas igrejas inglesas da Idade Média era costume os párocos abrirem as caixas de esmolas no dia de Santo Estêvão para distribuição de seu conteúdo entre os pobres de suas paróquias. Em vida, este santo foi muito caridoso com os pobres e necessitados. Ele foi um dos sete ministros da caridade, chamados de diáconos da Igreja Cristã, ordenados pelos apóstolos para cuidarem das viúvas e dos pobres. Enquanto morria, rogava a Deus para que não punisse seus matadores. O encontro de suas relíquias no ano de 415 D.C. causou grande comoção entre os cristãos. Foi canonizado no ano de 1.081 e é o santo padroeiro da Hungria. É também considerado o santo protetor dos cavalos, donde o grande interesse em ter corridas equinas e caçadas nesta montaria, na data em epígrafe 5.
Na Irlanda não se festeja o Boxing Day, mas celebra-se a festa de Santo Estêvão no dia 26 de dezembro com um feriado nacional. Já foi tradição na Irlanda caçar-se uma corruíra ou outra ave da família dos trogloditídeos neste dia. Por esta razão, a festa chama-se também de Wren’s Day naquele país. Hoje em dia, por razões óbvias do movimento mundial de proteção à Natureza e meio ambiente, não se caçam mais corruíras na Irlanda, mesmo porque são considerados animais em extinção.
Outro costume mantido em muitas localidades é a ida de aprendizes às casas dos clientes de seus patrões portando uma caixinha de terracota dentro da qual é depositado o donativo solicitado. Em muitos lugares, esta caixa era adrede moldada no formato de um porquinho e recebia a alcunha de piggy bank não tendo chave ou abertura para retirar seu conteúdo. Ainda hoje em dia, os cofrinhos das crianças recebem, entre os britânicos, esta denominação, mesmo que não tenham formato de porco ou sejam de terracota. Quebrava-se o porquinho de barro para retirar o dinheiro.
Em regiões mais pobres, os carentes se agrupam para formar corais e, quando possível, tocam alguns instrumentos. Nas noites de Natal e de Santo Estêvão, fazem serestas diante dos portais e janelas do povo mais rico cantando músicas natalinas e a velha canção inglesa Good King Wenceslas. Trazem consigo sacolas e caixas para receberam roupas e víveres, além de contribuições em dinheiro.
Concluo, portanto, afirmando que a denominação deste feriado britânico nada tem a ver com o pugilismo e nem tampouco com a rebelião dos Boxers na China contra chineses cristãos e estrangeiros em meados de 1900, sufocada por forças internacionais. Menos ainda tem a ver com a minha raça canina predileta, o boxer!
_____________________
1 O feriado inexiste em nossa cultura e ao descrever o conteúdo deste trabalho para pessoas da família, em dezembro de 2004, surgiu o título no vernáculo.
2 Um resumo desta crônica foi apresentado em 20/01/05 na 174ª da Sobrames-SP no Bonde Paulista na Paulicéia e nas seguintes tertúlias literárias do Movimento Médico Paulista do Cafezinho Literário – MMCL:  11/11/06 – S. Caetano do Sul, 18/11/06 – Botucatu, 25/11/06 - Santos, 09/12/06 – Araçatuba e aos 07/02/07 em Sorocaba, vindo a ser o trabalho publicado em sua versão original na coletânea Roda Mundo-2007 (Antologia Internacional Roda Mundo 2007 /Org. Douglas Lara – Itu: Ottoni Editora, 2007, 395p., p.360-363.
3 A bandeira britânica Union Jack cuja denominação é tradicional e comumente utilizada, embora técnica e historicamente errada, é uma combinação das bandeiras da Inglaterra, Escócia e Irlanda do Norte. O primeiro esboço, criado para fins de navegação pelos oceanos, surgiu com a ascensão ao trono inglês de Jaime VI da Escócia, ao suceder a Rainha Elizabeth em 1603, utilizando-se a cruz vermelha de S. Jorge, num fundo branco, (inicialmente usada nas Cruzadas) e a cruz de Santo André, patrono secular da Escócia, em forma de cruz branca em X, como foi crucificado, num fundo azul. Somente em 1801, quando a Irlanda foi unificada à União, foi introduzida uma aspa vermelha (representando o sautor, instrumento de madeira em X usada para tortura) que ilustraria S. Patrício, missionário e patrono da Irlanda. (Fonte: Collins Gem – FLAGS. Glasgow: HarperCollins Publishers, 1995. p.236-237).
4 A Rainha Vitória (1819- 1901) reinou de 1837 a 1901
5 SGARBOSSA, M. e GIOVANNINI, L. – Um Santo Para Cada Dia. São Paulo: Paulus, 1996. p.415.
Notas finais do autor:
Sou grato ao meu irmão Walter Whitton Harris, ortopedista e sobramista de S. Paulo, por ter feito a revisão da língua portuguesa no texto originalmente apresentado em 2005 na Sobrames-SP. Ele está isento de qualquer responsabilidade tangente à presente reformulação.
Possuo uma relação de cerca de duas dúzias de sites de onde extraí dados para compor as informações aqui expostas. Se houver interesse, terei prazer em remetê-la.


William Moffitt Harris (mmclbilly@gmail.com)

POR: SEBASTIÃO DIÓGENES - O NEUROCIRURGIÃO



Dr. Sebastião Diógenes - Médico e Primeiro Tesoureiro da Sobrames-CE

                                                     O neurocirurgião
             Quando o meu irmão entrou no centro cirúrgico contava 17 anos de idade, efeito do grande hematoma subdural que lhe afetava o juízo. Assistiu-o um competente neurocirurgião da nova geração. Ele possui um ativo de 6 anos de residência no centro mais avançado em cirurgias neurológicas do mundo e 10 anos de experiência profissional no Instituto Dr. José Frota.
      Ao deixar o centro cirúrgico, o mano já se encontrava com a idade normal: 73 anos bem contados, especificando o dia, o mês, o ano e o local de nascimento. Sucesso absoluto!
         Durante o tempo que o neurocirurgião realizava a avaliação pós-operatória imediata, vi-o adolescente transitando na minha memória. Passei a relembrar algumas travessuras dele quando menino enquanto contemplava o grande médico que acabara de devolver a felicidade à nossa família. Louvado seja!
       Ele sempre foi muito inteligente e estudioso, embora chegado às reinações próprias da juventude. Fez sucesso quando cumpria o intercâmbio cultural nos Estados Unidos. Os pais americanos logo se apaixonaram pelo engenhoso estudante estrangeiro. Ele tem esse dom de cativar as pessoas. Na escola a adaptação foi muito fácil e logo se destacou nos estudos. Obtinha notas excelentes o que fascinava a mãe americana. Ela exultava de alegria e não se cansava de elogiá-lo. Com o braço em flexão e o punho brandindo em sugestão de vitória, ele exclamava:
            - I am “escroto”, Mum!
            - What does “escroto” mean, son?
       Ele explicava, à luz das suas conveniências, o significado da palavra. Não lhe continha, porém, o riso maroto. A mãe não era boba e se deliciava com a sua erudição. E quando dela recebia presentes ficava muito contente, agradecia com um efusivo abraço e exagerava nos elogios:
             - You are “foda”, Mum!
      E assim o tempo foi passando até o dia da formatura. Os pais viajaram de Fortaleza para participar da solenidade, fazia parte da tradição. E trazer o filho de volta, e era tempo. Os maravilhados pais americanos ofereceram um churrasco de despedida.
      - The barbecue is very good, Mrs Goodhill. Comentou o pai, que dominava bem o inglês.
            - I am “escroto”, Dr. Francisco!
       Percebeu-se traída pelo transporte e ficou meio encabulada. Pediu desculpas pelas intimidades, se poderia tratá-lo pelo primeiro nome. “Sure”, disse Dr. Francisco. A americana estava cheia de entusiasmo e curtiu pra valer o último dia com o filho, que não tivera dificuldades de amá-lo.
         Dr. Francisco logo compreendeu que o filho andara aprontando. Não pôde conter um risinho zombeteiro, no entanto, a sua mulher fechou a cara, não achou graça nenhuma. Por sorte, não havia outros brasileiros na festa.
         Ao se despedirem, a americana deu um forte e demorado abraço no filho e, ao mirar os pais com os olhos marejados, externou o mais genuíno sentimento de sua alma:
             - The little Francisco is “foda”!
            Ainda no táxi, no caminho do aeroporto, o filho se explicou e pediu desculpas pela brincadeira que praticara com a mãe americana. Foi uma maneira que encontrara para ouvir, no dia a dia, tais vocábulos e, assim, aliviar um pouco a saudade da linguagem da nossa gente.
           A estória terminaria aqui se no ano seguinte os americanos não viessem para a festa de aniversário do pequeno Francisco. Momentos antes da festa, com visível preocupação estampada na cara, “little” Francisco chamou a mãe a um canto e pediu- -lhe que não pronunciasse aquelas palavras. Explicou-lhe os feios significados e pediu desculpas pela brincadeira. Ela abraçou-o, beijou-o e disse que não se preocupasse, já conhecia o calão das referidas palavras. Claro estava que não iria pronunciá-las aqui no Brasil. Sem ele saber, havia recorrido ao dicionário logo que notara o seu jeito meio molequinho de ser. E se havia pronunciado tais palavras por ocasião do churrasco, porque queria fazer uma despedida bem alegre, descontraída, à maneira brasileira. E nestes termos encerrou-se a conversa sobre o vocabulário das obscenas frases de “little” Francisco:
                -  No problem, son! You are great!"
        Passados tantos anos, ainda hoje eles se encontram e se confraternizam: lá e cá, com o léxico das boas maneiras.
E o Neurocirurgião - com a inicial maiúscula, que o novo Acordo não leve em consideração a desobediência -, deve estar se perguntando o resignado leitor. Obrigado pela paciência de ter chegado até aqui, respondo-lhe com ciência. Trata-se de um trabalhador incansável, chega junto ao paciente e não o abandona nunca. Artífice do bisturi e do trépano: é um salvador de vidas. De quebra, é católico! Quer mais? Procure um santo!

Sebastião Diógenes. Em 31 de dezembro de 2013.

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

POR: MARTINHO RODRIGUES - NADA DE NOVO

Dr. Martinho Rodrigues - Médico e Membro da Sobrames-CE





NADA DE NOVO

Desde sempre,
Na estalagem do coração,
Algumas pessoas
Apenas pernoitam.
Outras,
Por um período maior,
Encontram
Consentido acolhimento.
Mas existe quem,
Sorrateiramente,
Se instale
E como posseiro
Permaneça
Sem nos pedir permissão.

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

POR: MARTINHO RODRIGUES - POR QUE, PAI?

Dr. Martinho Rodrigues - Médico e Membro da Sobrames-CE

POR QUE, Pai?

Por que permitis 
O desejo...
E a impossibilidade de
Satisfazê-lo?

Por que permitis
A distância
Insuperável que
Separa os homens?

Por que permitis
A ilusão
De que possamos
Existir
Além de um segundo?

Por que
Vos pergunto?
Porque eu, que nada sei,
Sinceramente não sei.