Total de visualizações de página

terça-feira, 24 de junho de 2025

Por Ronald Teles: BITUPITÁ


BITUPITÁ

Ofereço este poema ao meu pai Paulo Teles e a todos os meus tios, da família Teles.

Uma luz no pontal reflete em outra no alto mar,
Irradiando meu coração com ondas flamejantes,
Que movem areias em seu leito,
Em um movimento constante,
Vagueando pelos ventos,
Também itinerantes,
Que revolvem o presente e o passado,
Trazendo lembranças vivas,
Espraiadas ao meu lado,
Fugidias por um momento,
E acolhidas em lágrimas,
Que escorrem em meu rosto,
E que secam ao mesmo vento,
Que beija minha face,
E as recolhe no mesmo mar,
Vida e morte de tantos,
Que se foram e ainda estão aqui,
Presentes neste solo sagrado,
Osculado e amado por teus filhos varonis
E agora revisitado por quem sempre te amou,
E fingiu que não te quis,
Pedindo perdão pelo bem que sempre nos deste, e nunca se acabou .

segunda-feira, 9 de junho de 2025

Por Rebeca Diógenes: Entre Algoritmos e Pulsações - Inteligência Artificial na Medicina.

Rebeca Diógenes - Acadêmica de Medicina 


Entre Algoritmos e Pulsações - Inteligência Artificial na Medicina.

Por Rebeca Diógenes - Acadêmica de Medicina (Unichristus), Advogada(UNIFOR), Escritora e membro da SOBRAMES. Presidente da Liga de Interação Medicamentosa e Dependência Química (LINDEP). Autora de relatos científicos, projetos de pesquisa em trauma e saúde pública. Apaixonada pela medicina que escuta, acolhe e escreve com alma.

Ela chegou de mansinho. Primeiro como curiosidade nos congressos, depois como protocolo no hospital, e hoje… está em quase tudo. A Inteligência Artificial, com seus algoritmos ágeis e respostas rápidas, entrou na medicina com a promessa de tempo ganho, diagnósticos precisos e prontuários mais enxutos.

E é verdade: ela ajuda. Muito.

Lê milhares de imagens em segundos. Cruza exames, sintomas, desfechos — e surge uma suspeita, uma sugestão de conduta, um alerta precoce.

Mas há algo que ela ainda não aprendeu: tocar.

A IA não sente o frio da mão do paciente. Não percebe o tremor na voz de quem disfarça o medo com piada. Não entende o silêncio da mãe que ouve o diagnóstico do filho como quem desaba por dentro. Ela calcula, prediz, orienta — mas não escuta com o coração.

A inteligência artificial pode ser uma parceira fiel. Substituirá horas de burocracia, planilhas, laudos repetitivos. Libertará o médico do peso das tarefas que esvaziam o tempo do cuidar. Mas não, não ocupará a cadeira ao lado da cama. Porque essa cadeira é da escuta, da presença, do “estou aqui”.

O paciente não busca apenas um tratamento. Ele busca ser visto. E para ser visto, é preciso mais do que um software treinado — é preciso empatia, contexto, alma. O bom médico, mesmo com IA ao lado, continuará sendo insubstituível, porque nenhuma máquina lê o olhar como ele. Nenhuma linha de código sente a intuição que pulsa entre os batimentos cardíacos e o histórico familiar.

Se a medicina é ciência, sim, a IA tem lugar.

Mas se a medicina é também encontro, então o humano segue essencial.

Um algoritmo pode prever a falência de um órgão. Mas não acolhe a angústia de um pai. Pode cruzar dados de mil artigos em minutos. Mas não sabe segurar uma mão em silêncio quando a dor é maior que qualquer palavra.

A medicina do futuro será, certamente, tecnológica. Mas que seja também mais humana.

Que o chip não roube o estetoscópio, mas o liberte para ouvir melhor.

Que a tela seja aliada, e não barreira.

Porque, no fim, quem cura não é só o remédio — é o cuidado. E cuidado, minha cara IA, ainda é verbo que só o humano sabe conjugar.