ÁFRICA
Por: Dr. Ronald Teles/ Cardiologista
Houve um tempo em que éramos unidos, pelo menos geologicamente e geograficamente : O tempo prisco da pangéia, em que todos os continentes encontravam-se fundidos em uma unidade de espécies, dividindo a natureza e sua diversidade ampla; as faunas e flora, conviviam pacificamente em harmonia e o tempo era etéreo e misterioso sem nossos parâmetros modernos, que tanto afligem o homem.
Nesse continente uno, habitava um homem primitivo, que recebeu várias denominações como, de neanderthal, sapiens, sapiens sapiens e tantos outros, conforme sua aparência, estrutura, localização e costumes; esse homem primitivo era um grande caçador nômade e se aventurou por incontáveis quilômetros e milhas, estabelecendo novos territórios de predação e sustentação e mais tarde fixou-se ao seu torrão, passando a cultivar algumas espécies vegetais para seu sustento e de sua família, nascendo assim a agricultura, e o homem coletor, o que gerou futuramente aglomerados, comunidades e enfim as cidades.
Os continentes separaram-se por fenômenos geológicos naturais e transformaram -se nas Américas, África, Oceania, Europa, enfim, houve uma segregação natural da qual derivou todos os povos como conhecemos atualmente, com diversidade de línguas, costumes, tradições, religiões, cores e número. Vale a pena frisar que toda essa complexidade se chama raça humana e somos feitos da mesma matéria e retornaremos todos ao pó. A partir daí haverá uma partilha do joio e trigo, este será aproveitado, aquele lançado no fogo eterno.
Na Torá ou Pentateuco, livro do povo judeu, para nós gentios o velho testamento, o livro de Genesis fala da Torre de Babel, e registra o fenômeno da dissolução da unidade humana e sua dispersão pela vaidade e pecado.
A mãe África foi um dos continentes da diáspora geológica. Foi depois duramente invadida, colonizada, ultrajada, usurpada, saqueada e massacrada por grandes potências europeias, mais tarde também latinas, seu nobre povo teve seus costumes e nobres reinos reduzidos a espectros do que eram. Seu idioma foi desprezado, seus costumes desrespeitados, as riquezas do continente foram solapadas para enriquecer as elites daquele tempo nefasto.
O mais grave ainda iria acontecer! Resolveram escravizar o povo africano e amputaram-no de sua terra mãe, colocando-os em navios negreiros que amontoavam até 300 almas em condições subhumanas com mortalidade que chegava a 40%,as vezes mais, em viagens de vários meses, sem pão ou água. Os mortos eram atirados nos mares e os tubarões acompanhavam essas embarcações macabras até o destino final em grandes cardumes que pressentiam a morte implacável.
Os negros foram introduzidos nas colônias, do litoral aos interiores do nosso Brasil, analisados em mercados como animais sem alma, vendidos torpemente e mortos sem piedade até por "levantar a voz" aos seus feitores. Sempre foram legítimos; nos presentearam com sua graça, força, amor, seu panteão de Deuses, que na verdade são todos os Santos católicos; sua culinária típica, sua dança e até seu protesto em forma de luta que é a capoeira. O sangue negro corre nas veias de cada brasileiro seja pela herança, seja pela nobreza e tradições que eles nos legaram.
Os negros colocaram suas santas mãos em nossa terra e fizeram nosso pais avançar em todas as áreas. Ainda hoje lutam por reconhecimento e a discriminação acontece todos os dias em várias situações, muito embora nossos irmãos estejam podendo se manifestar e atuar em qualquer área, o que é um fenômeno natural e necessário. No Brasil o racismo é velado: Zumbi está nos livros de história, Machado de Assis foi nosso maior escritor e fundador da ABL, Pelé o "rei do futebol", o ministro e primeiro presidente do STF, negro, Joaquim Barbosa, para citar exemplos clássicos, são respeitados, admirados e até temidos, por serem exemplo de sucesso e poder.
Enquanto isso o jovem negro atual é o que mais tem sua vida ceifada tão somente pela sua cor e faz parte de uma estatística vergonhosa de letalidade, que arrebata tantos sonhos não realizados. Vivemos atualmente em um mundo globalizado, interligado e com novos valores, mas infelizmente o homem ainda não aprendeu que a raça branca, negra e amarela compõem a mesma espécie humana semelhante à imagem divina, como diz a sagrada palavra. Somos na verdade essa unidade que povoa o planeta terra, e como dizem as escrituras: "A carne é como a erva que seca e toda a glória humana é como a flor que murcha e cai".
Maravilhoso texto!
ResponderExcluirUma aula de história e, acima de tudo um texto que nos leva a profunda reflexão!
ResponderExcluirParabéns, dr. Ronaldo. Excelente divagação sobre a história do Sapiens
ResponderExcluirana margarida furtado arruda rosemberg
Maravilhoso. Triste realidade vivemos hoje com tantos preconceitos !
ResponderExcluirExcelente texto
ResponderExcluirMaravilhoso 👏👏👏
ResponderExcluirRonald, faz uma retrospectiva impressionante, onde arrasta todo seu conhecimento histórico e coloca a nossa disposição!! Observemos que todos pontos difíceis ou malvados, foram os instantes da interseção com o bem ou com a nova ação modernizantes! As diferenças continuarão a existir, para continuarmos a evoluir na inovação de nossas práticas!!
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