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domingo, 19 de abril de 2015

POR: CELINA CÔRTE - CICLOVIAS


Ciclovias

Publicado no jornal O POVO, em 13 de abril de 2015


MOBILIDADE

Fortaleza adquiriu um ar evoluído e prazenteiro com as ciclovias. Uma oportunidade saudável para se trafegar à vontade a qualquer hora do dia, sobretudo pela manhã ou final da tarde, quando as temperaturas são mais amenas. No entanto, as ciclovias foram arranjos criados em ruas estreitas de uma cidade não planejada e com um trânsito convulso. Além disso, destaque-se a indiferença ou o desconhecimento em relação às normas do trânsito que acomete a maioria da população. Assim, todo cuidado é pouco para que não ocorram acidentes.

 

Por força das circunstâncias, algumas ciclovias ainda possibilitam o vai e vem de bicicletas. Assim, elas circulam no fluxo e no contrafluxo, o que pode acarretar atropelamentos de pedestres não acostumados com a possibilidade de se deparar com uma bicicleta no sentido contrário ao permitido, além de colocar em risco o próprio ciclista. Sem contar que, alguns motociclistas se sentem à vontade para usufruir da nova via. Outro dia observei um indivíduo correndo a pé na ciclovia e um motociclista utilizando-a para poder se deslocar com mais rapidez.


Um dia desses, uma senhora atravessava na faixa de pedestres enquanto os carros parados aguardavam o sinal verde. Uma ciclista, indiferente às normas de trânsito, simplesmente não parou, entrou obliquamente e por pouco não atropelou a mulher que, felizmente, foi bastante ágil para evitar um acidente. Ciclistas necessitam estar cientes não apenas de seus direitos, mas também de seus deveres como cidadãos conscientes. As normas de trânsito não foram feitas apenas para alguns, mas para todos!


A liberação de ciclistas na contramão também favorece os acidentes. Motoristas, acostumados a olhar em direção ao fluxo de veículos, por vezes intenso, não se dão conta da possibilidade de ciclistas no sentido contrário. Estes, por sua vez, usufruem dos direitos que a lei lhes confere e não empregam para si a direção defensiva. Talvez a maioria nem saiba o que é isso! Invadem a pista na contramão dos veículos e não se dão conta de que o motorista pode atingi-los inadvertidamente. Ciclistas também precisam se prevenir e não circular como se as ciclovias provessem segurança total.

 
Não basta, pois, construir ciclovias, pensando-se que no dia seguinte, todos serão exímios ciclistas ou que os demais motoristas tornar-se-ão conscientes, cautelosos e gentis. Há necessidade de educação continuada para o trânsito a fim de se reduzir os riscos a que todos nos encontramos sujeitos no cotidiano.

Celina Côrte Pinheiro

celinacps@yahoo.com

Médica ortopedista e traumatologista

 

3 comentários:

  1. Tive o prazer de ler seu artigo Ciclovias, em O POVO. Poucas vezes li tanta expressão de sábia sensibilidade para com a problemática da convivência social. Nada que acrescentar. Apenas esperar que prossiga escrevendo, ensinando-nos todos, e aos que exercem o poder público, regras de bem conviver e constrbuir para a paz e a harmonia na existência dialogal. Respeitoso abraço do Carlos Roberto Martins Rodrigues (advogado).

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  2. Parabéns Dra. Celina. Convivi bastante com o pesadelo das ciclovias em Santos e S.Vicente, Estado de São Paulo, nos idos 2005-2010. Projeto antigo visa ligar desde o porto de Santos até a Baixada Santista até bem após Praia Grande.No entanto houve problemas de intercomunicação social e sobrecarga de trânsito, até de triciclos motorizados, motocicletas com carrinhos fixados ao lado, motos rápidos de 600 cilindradas não dando a mínima para pedestres que acabam descendo para o leito carroçável para deixar os maus cidadãos passarem. A Prefeitura resolveu reduzir a dupla via e alargar a avenida na praia do Gonzaguinha a fim de drenar melhor o trânsito nos fins de semana e feriados, colocando baias para estacionamento de carros excedentes dos estacionamentos dos edifícios antigos da região e facilitar o policiamento e aumentar a arrecadação. A barulheira bem acima dos 75 decibéis permitidos dos alto-falantes dos carros dos visitantes da madrugada adentro não permitia o merecido descanso de fim-de-semana para quem desceu a Serra do Mar após longa, demorada e estafante viagem. Retiraram as baias e entrosaram um sistema de estacionamento nas ruas vizinhas transferindo o problema que vem gerando brigas e discussões. Diga-se de passagem que Santos e S.Vicente conta atualmente com o mesmo índice de atropelamentos e mortes que S.Paulo (média de 2 a 3 por dia). A Prefeitura não dispõe de "educadores" e voluntários em número suficiente para cuidar, adequadamente, ajudados pela polícia desmilinguida local. Prof. Dr William Moffitt Harris, médico sanitarista aposentado, sobramista cearense de Campinas-SP. 18 de abril de 2015" .

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