Integramos
o seleto grupo de pessoas que acabaram por conviver amigavelmente com
tecnologias e conceitos dos novos tempos, apesar das discordâncias e
desconhecimentos de sempre.
Na área
tecnológica, sabemos acionar com desenvoltura o comando On – Off, além de
regular o som dos equipamentos. Só.
É
incômodo e infrutífero tentar entender como um minúsculo equipamento, menor que
um dedinho, pode armazenar tantas informações, e transferi-las a outra
engenhoca, mediante uma simples acoplagem.
A ciência
evoluiu com demasiada rapidez, e restou, à maioria das pessoas, a sina de
utilizar e conviver, sem nada entender. Alguns, por pobreza ou inconformismo,
conseguem conviver sem utilizar.
Já comemoramos
a utilização da fotografia, mágica que transfere com fidelidade a imagem a um
papel, e saudamos, como mágica maior, o advento do xerox, inclusive colorido.
Agora, qualquer imagem é transferida, com fidelidade, a pessoas que se
encontram a continentes de distância, com um simples clicar de celular ou
computador.
Na área
médica, descobrimos que integramos uma geração potencialmente fadada ao
extermínio. Utilizávamos, sempre, tênis de solado reto, e ficávamos horas e
horas ao sol sem qualquer protetor.
Sabemos
que é um direito de todos a busca da felicidade, modificando algumas
características físicas que deprimem a autoimagem. Assim, um nariz que
impossibilita o simples tomar de um cafezinho, na xícara, pode e deve ser
corrigido, pois é incômodo operar tão trivial operação com o auxílio de um
canudinho.
O que não
entendemos é o contexto psicológico de pessoas que colocam 5 quilos de silicone
no traseiro e 4 quilos em cada mama, e acabam virando celebridades, nos
programas de TV. Também é difícil aceitar a tese de que piercings, no olho,
língua ou nariz, nada incomodam.
Nas
relações sociais, passamos a cultuar o coitadismo e a sobrevalorização do
contexto individual, ainda que em prejuízo de muitos. Um só aluno, “dimenor”, pode
atrapalhar o aprendizado de centenas de colegas, e arrasar o ambiente escolar,
mas só será reprimido após uma longa e morosa análise de seu ambiente familiar
e realidade social. A solução, via de regra, só é encontrada em meio à
continuidade do nefasto comportamento.
A sociedade
ainda não conseguiu encontrar soluções práticas para menores, não contidos
pelos pais, que perderam o medo da polícia, o temor a Deus e o respeito aos
direitos alheios. Ao invés de isolá-los do convívio social, até que assumam
novos comportamentos, optamos por ordenar, à sociedade, o paciente e tolerante
convívio.
É difícil
entender e assimilar o contexto de leis meramente figurativas, raramente
cumpridas, e o crescente hábito do não exercício da autoridade, que cada vez
mais alterna abuso e omissão.
A
sociedade, que caminha a passos largos para a tecnificação, engatinha no
contexto das relações humanas, e são poucas as instituições que inspiram
respeito e credibilidade. Dependemos,
cada vez mais, do heroísmo de iniciativas e posturas individuais, e acabamos
por endeusar pessoas que nada mais fazem que cumprir seus deveres, de
funcionário ou cidadão.
A
sociedade parece marginalizar qualquer conceito ou tradição, ficando repleta de
modismos, conduzida por valorações imediatistas da mídia. Somos conduzidos, como uma boiada qualquer.
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