Dra. Celina Côrte - Médica Presidente da Sobrames-CE |
Publicado no Jornal "O POVO" em 05/02/2016
No Brasil, enquanto o Aedes aegypti agia como transmissor do vírus da
dengue, ações preventivas foram débeis e descontinuadas. Embora a
doença pudesse acarretar distúrbios graves, até óbitos, foi subestimada
pelos governantes.
Intervenções públicas pontuais,
sobretudo nos períodos chuvosos e quentes, quando o mosquito encontra
condições mais propícias para sua proliferação, bem como o aumento
estatístico de pessoas afetadas pela dengue, revelavam, ano a ano, a
ineficácia dos parcos programas. Nenhuma medida ostensiva, educativa e
continuada para controle do vetor.
Ao revelar seu poder
também como transmissor dos vírus chikungunya e zika, este último com
repercussão grave sobre fetos, percebeu-se a magnitude do transtorno,
agora já reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como
emergência mundial. Encontramo-nos diante do antigo impasse em que seres
“micrúsculos” podem nos dizimar ou, no caso, dar origem a crianças
microcéfalas, com repercussões imprevisíveis.
Embora
menos onerosas, medidas preventivas nunca foram prioritárias no País,
por não assegurarem visibilidade política e outras vantagens em curto
prazo. O Ceará não é exceção, com vários municípios ainda privados de
saneamento básico adequado e suas implicações. Na Capital, é fácil
perceber quão distantes nos encontramos da prevenção, até mesmo de
simples verminoses. Convivemos com potenciais criadouros do mosquito,
alimentados pelo lixo que a população mal orientada atira a esmo no meio
ambiente. Deste, temos a obrigação de ser aliados e não inimigos.
A
melhor e única medida protetiva contra o Aedes ainda é a prevenção.
Conforme recomenda a Fiocruz, basta dedicarmos dez minutos semanais para
identificação e eliminação dos possíveis criadouros do mosquito
transmissor em nossos domicílios. Dos gestores, espera-se que saiam de
sua procrastinação e estabeleçam programas bem planejados e eficazes de
controle do mosquito. Aliemo-nos, como rigorosos fiscais de nós mesmos, e
confiemos no empenho científico exitoso.
Celina Côrte Pinheiro
celinacps@yahoo.com
Médica
pela USP, especialista em Ortopedia e Traumatologia e presidente da
Sociedade Brasileira de Médicos Escritores -Regional Ceará (Sobrames-CE)
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