Dra. Emmanuely Macedo - Médica e Membro da Sobrames-CE |
A LIÇÃO DE ETERNIZAR
De todas as lições proporcionadas pelo ano que se finda, uma destacou-se
aos apaixonados por literatura: aprender a eternizar os grandes escritores que,
como diria Guimarães Rosa, em sua delicada definição, não morreram, mas ficaram encantados.
São justamente as partidas que nos ensinam que viver é apenas completar os ciclos infinitos da
existência. Que mais importante que a ciência de nascer e morrer, é a
capacidade de fazer desse intervalo uma experiência de sabedoria e um plantio de boas sementes para as
gerações futuras.
Assim fizeram Ubaldo, Ariano, Rubem e
Manoel. Deixaram para nós a certeza de que nosso coração humano possui uma enorme capacidade de criar belezas e
encantamentos e de que jamais podemos esquecer do nosso potencial de
reverenciar e recriar a vida.
Ubaldo Ribeiro marcou sua passagem com sua
reconhecida habilidade de reinventar um país e demarcar fatos sociais com histórias
e ironias. Ariano Suassuna presenteou-nos com sua marcada alma nordestina e sua
capacidade de falar de forma cômica e dramatizada sobre grandes mazelas da
humanidade, revolucionando um passeio entre teatro e literatura.
Rubem Alves, o psicanalista, filósofo
e teólogo
que, com simplicidade e leveza, só sabia
definir-se como o menino que amava os ipês amarelos, por
reconhecer que somos aquilo que amamos. Dizia que escrever era sua forma de
ficar por aqui, e, assim, ficou. Ficou em cada palavra que escolheu para falar
sobre a beleza das coisas, o prazer de educar e a magia de aprender.
E o ano termina com a despedida a Manoel de
Barros, o poeta que nos enriqueceu cantando a natureza, os mistérios
dos passarinhos, o olhar lúdico sobre os sons, as cores e os aromas. O
homem que amou as insignificâncias e que soube simplificar as nossas
complexidades.
A
eles, a nossa gratidão por todos os horizontes que aqui
deixaram. A nós, a
missão de torná-los cada vez mais amplos e iluminados.
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