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quinta-feira, 31 de julho de 2014

POR: ANTERO COELHO NETO - QUEM SOU EU? QUE FIZ EU?

 
Dr. Antero Coelho Neto - Médico e Membro da Sobrames-CE

QUEM SOU EU? QUE FIZ EU?
 
                                                                            Publicado no Jornal O POVO, 30 de julho 2014.
Temos comprovado que, grande parte da população brasileira, não guarda e não se lembra mais, de muitos acontecimentos importantes e até de coisas que realizaram durante a vida passada, principalmente a mais antiga.



As dimensões fundamentais da Vida são a Quantidade, Qualidade, Consciência, Valores, Crenças, Liberdade e Ética. Mas é o Amor que engrandece a Vida e a Memória que permite que ela seja lembrada para sempre. Esta, nas suas duas interpretações essenciais: capacidade anatomo-fisiológica de reter as idéias, nomes, impressões e conhecimentos adquiridos e como lembrança, reminiscência e recordação.



Nós, brasileiros, não temos ainda o hábito do cultivo da Memória na guarda e preservação do passado e na possibilidade de ser usada para não repetir erros, mudar julgamentos e melhorar as nossas decisões.



Em muitos países as pessoas desenvolvem a Memória como um elemento fundamental e inteligente da Vida, numa verdadeira demonstração de que não é suficiente apenas viver, é necessário que ela tenha valor para ficar na nossa lembrança, dos familiares, amigos e da população importante para nós.



Sempre tenho dito que aquilo que não pintamos, escrevemos, cantamos, esculpimos, fotografamos, gravamos, filmamos, poetizamos, etc., não existiu. Existe no momento e depois passa, é esquecido. O tempo passou e levou.


Temos comprovado um total descaso pelo guardar e perpetuar o acontecido. Depois, na velhice, temos a tristeza de não ter guardado nada ou quase nada. E o que fazer, então? Não lembramos, muitas vezes, nem o nome dos nossos antepassados próximos. Vocês podem imaginar como seria a nossa história sem os memorialistas? Agora, com o uso crescente dos smart-phones, tablets, computadores, internet, e outras tecnologias de vanguarda, o cenário está mudando. E aí a esperança de que os jovens também aprendam a valorizar o passado.



A informática nos possibilita guardar a nossa memória com muito maior facilidade, como muitos estão fazendo. E aí temos já excepcionais exemplos  para todos nós na perpetuação dos dados e elementos de nossa vida. O Google, Orkut, Face-book, Linkedin, etc..  constituem os sistemas da internet que nos ajudarão, cada vez mais, nessa empreitada.



E o melhor de tudo é o prazer que nos dá, ao rever no computador coisas boas e  queridas  passadas de que não lembrava mais pela perda da memória cognitiva na velhice, 



Tenho já escrito algumas vezes neste Jornal, sobre a memória e a sua grande importância, mas vários leitores e ouvintes do nosso Programa “Novas Idades” (agora denominado “Novas Dimensões”) perguntam: Que fazer? Como fazer para guardá-la?



Desde 1994, ao regressar de 11 anos vivendo no exterior como membro da Organização Mundial da Saúde e com o conhecimento adquirido, tenho arquivado tudo no que chamo “Banco da Vida”. Até agora (2014), são cerca de 346 gigabytes arquivados em HD e DVD’s, com fotos, documentos,  vídeos, apresentações em PowerPoint (aulas, conferências, palestras, projetos de organizações, etc.), cartas e e-mails importantes, diário de viagens e todos os artigos e livros que escrevi em todos esses anos. O material antigo, que não estava computadorizado, foi todo escaneado e arquivado no computador. A minha idéia é atualizar este material e equipamento técnico, na medida em que o progresso científico for se transformando. Se, por acaso, não esteja mais aqui, que me ajudem os amigos e familiares.



Conforta-me saber que, mesmo que muito disto não seja nunca conhecido do público, as palavras e os momentos que valeram a pena, estarão arquivados no meu “Banco da Vida” e será parte do que estou enviando e que deixarei como “lembrança” para meus familiares, bibliotecas e amigos, como minha Memória. Se alguém, algum dia, quiser saber...



Guimarães Rosa disse: “Se eu lembro, tenho”. Nada mais certo. Mas o lembrado, precisa também ser materialmente preservado.



E eu pensei, vamos criar o Movimento Nacional do Banco da Vida?



Antero Coelho Neto

Médico e Professor


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