APRENDENDO GRATIDÃO
Publicado no Jornal "O POVO" - 09/07/2014
Dar - verbo transitivo direto e
indireto. Quem dá, dá alguma coisa à alguém. Mas o que não tem no dicionário e
nas melhores gramáticas é o que está embutido no ato da doação. O ato de dar
vai depender de quem dá e do motivo da doação. Sim. Mas o que está por trás da
doação? Quem está efetivando a doação
seja ela um simples sorriso ou um grande montante em dinheiro para saldar um
compromisso, quem está dando está esperando algo em troca? Alguma retribuição?
Está dando de graça porque acha que a pessoa é merecedora e não está esperando
nada em troca? Deu por pura generosidade?
Ou fez a doação mas colocou expectativas em relação ao comportamento do
agraciado após a tal doação? Como tal pessoa irá se comportar ora em diante, o
que fará com o bem recebido seja esse bem, coisa concreta ou abstrata...Ou
ainda, a pessoa doadora está se desfazendo de algo em benefício de outro,
porque o objeto da doação não lhe é mais útil ou não está mais em perfeito
estado? Poderíamos fazer infinitos questionamentos à respeito do ato da doação,
mas o que eu gostaria de comentar aqui, é que na maioria das vezes, quem dá
espera gratidão eterna de quem recebeu a doação. Alguns doadores esperam um
comportamento servil de agradecimento constante a eles. Certamente o mais
correto e digno seria realmente quem recebe demonstrar sua gratidão. No
entanto, se formos pensar mais calmamente e humanamente falando, quem dá é quem
deveria se sentir grato. Mas até que a humanidade entenda e aprenda esse
comportamento, muitos rios vão secar, muita neve vai cair, muitas águas vão
rolar e eu não estarei mais aqui.
(Fátima
Azevêdo-Médica-Professora da UFC)
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