SUPERMERCADOS
Pedro
Israel Novaes de Almeida
Para muitos, ir ao
supermercado é um passeio.
Fazer
compras está, cada vez mais, virando função masculina. Às mulheres competem as
famosas listas, não raro quilométricas e descumpridas.
Existem
mercadorias que os homens fingem que não encontram, como figo enlatado, ovos de
Páscoa, produtos diet, cereais raros, castanhas, licores importados, bombons
com licores, azeitonas sem caroço, cogumelos, palmito e outros produtos menos
populares.
Alguns produtos da lista são
simplesmente ignorados, como o açúcar light, que tem só metade das calorias e
custa o dobro do preço. Se usar só meia porção do açúcar normal, o resultado é
o mesmo.
As idas
ao supermercado devem ocorrer após as refeições. Pesquisas comprovaram que
compras feitas com o estômago vazio acabam sendo maiores e mais caras.
Os
estabelecimentos possuem filas, da padaria, do café gratuito e do açougue,
esperando que algum infeliz compre os bifes duros da peça que vai começar a ser
cortada. É estranho como, nas prateleiras, os produtos mais novos parecem ser
tímidos, e correm para a última fila, deixando mais expostos os que estão
prestes a vencer.
Sábias,
as mulheres não discriminam o peso de certas encomendas, como linguiça, que
deve ser comprada por metro. É difícil estimar o que representam 650 gramas de
linguiça, mas todos imaginam quanto vem em meio metro do produto.
A questão
do prazo de validade é séria, mas nem sempre cumprida. Só Deus sabe o prazo de
validade das peças que originaram os produtos fatiados, e, vez ou outra,
adquirimos, no sábado ou domingo, leite pasteurizado que será embalado na
segunda-feira.
Quando
alguma mercadoria encalha, sem compradores, uma simples placa tipo “No máximo 3
unidades por cliente” gera filas de consumidores espertos, alguns indo e vindo
para conseguir o dobro do permitido. Alguns produtos, como chocolates, sorvetes
e refrigerantes em lata, devem ser comprados na exata medida para serem
consumidos integralmente no caminho de volta para casa.
É temerário
adquirir meias nos supermercados, pois com certeza não servirão. As embalagens
informam que o tamanho do produto é 32 a 45.
São
comuns e irritantes os frangos que, descongelados, viram pintinhos. Os
supermercados sofrem muitos furtos e consumos gratuitos, sendo as uvas campeãs
de degustação.
No caixa,
todo cuidado é pouco. Algum funcionário pode não ter tido tempo para implantar
no sistema o preço da promoção. Dizem os antigos que, em junho de 1.916, um
supermercado errou no preço do produto, cobrando a menor.
Na saída,
o sofrimento é certo, pois sempre aparece um cidadão dizendo que tomou conta do
veículo, tão solícito quanto ameaçador. Ao redor do carro, uma montanha de
carrinhos, deixados por mal educados, impede a passagem.
Findas as
compras, lembramos, sem saudades, do tempo em que a esposa acompanhava o
passeio. Eram horas e horas segurando o carrinho, à espera do fim da conversa
com a comadre que acabava encontrando. Ficávamos o tempo todo evitando o
corredor das guloseimas, e ainda ouvíamos, na saída: - Na próxima vez venho
sozinha !
O autor é
engenheiro agrônomo e advogado, aposentado.
Nota - O texto foi encaminhado pelo Dr. William Moffitt Harris
Dr. Pedro é velho conhecido meu embora tenhamos nos encontrado apenas uma vez no Núcleo de Sorocaba-SP do MMCL - Movimento Médico Paulista do Cafezinho Literário há cerca de 7 anos atrás. Mora numa chácara num distriro longe da cidade e passa boa parte do tempo, agora, escrevendo ou tocando pianp além de paparicar seus netos enquanto os pais vão trabalhar. Levo-os e apanha-os de carro na escola apesar de algumas limitações físicas. É uma pessoa muito agradável. Gosta de uma boa piada. Deus que o conserve ainda por muito tempo entre nós. William Moffitt Harris, sobramista cearense de Campinas-SP
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