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quinta-feira, 17 de abril de 2014

POR: PEDRO ISRAEL NOVAES DE ALMEIDA - SUPERMERCADOS



SUPERMERCADOS



                                         Pedro Israel Novaes de Almeida



Para muitos, ir ao supermercado é um passeio.
            Fazer compras está, cada vez mais, virando função masculina. Às mulheres competem as famosas listas, não raro quilométricas e descumpridas.
            Existem mercadorias que os homens fingem que não encontram, como figo enlatado, ovos de Páscoa, produtos diet, cereais raros, castanhas, licores importados, bombons com licores, azeitonas sem caroço, cogumelos, palmito e outros produtos menos populares.
Alguns produtos da lista são simplesmente ignorados, como o açúcar light, que tem só metade das calorias e custa o dobro do preço. Se usar só meia porção do açúcar normal, o resultado é o mesmo.
            As idas ao supermercado devem ocorrer após as refeições. Pesquisas comprovaram que compras feitas com o estômago vazio acabam sendo maiores e mais caras.
            Os estabelecimentos possuem filas, da padaria, do café gratuito e do açougue, esperando que algum infeliz compre os bifes duros da peça que vai começar a ser cortada. É estranho como, nas prateleiras, os produtos mais novos parecem ser tímidos, e correm para a última fila, deixando mais expostos os que estão prestes a vencer.
            Sábias, as mulheres não discriminam o peso de certas encomendas, como linguiça, que deve ser comprada por metro. É difícil estimar o que representam 650 gramas de linguiça, mas todos imaginam quanto vem em meio metro do produto.
            A questão do prazo de validade é séria, mas nem sempre cumprida. Só Deus sabe o prazo de validade das peças que originaram os produtos fatiados, e, vez ou outra, adquirimos, no sábado ou domingo, leite pasteurizado que será embalado na segunda-feira.
            Quando alguma mercadoria encalha, sem compradores, uma simples placa tipo “No máximo 3 unidades por cliente” gera filas de consumidores espertos, alguns indo e vindo para conseguir o dobro do permitido. Alguns produtos, como chocolates, sorvetes e refrigerantes em lata, devem ser comprados na exata medida para serem consumidos integralmente no caminho de volta para casa.
            É temerário adquirir meias nos supermercados, pois com certeza não servirão. As embalagens informam que o tamanho do produto é 32 a  45.
            São comuns e irritantes os frangos que, descongelados, viram pintinhos. Os supermercados sofrem muitos furtos e consumos gratuitos, sendo as uvas campeãs de degustação.
            No caixa, todo cuidado é pouco. Algum funcionário pode não ter tido tempo para implantar no sistema o preço da promoção. Dizem os antigos que, em junho de 1.916, um supermercado errou no preço do produto, cobrando a menor.
            Na saída, o sofrimento é certo, pois sempre aparece um cidadão dizendo que tomou conta do veículo, tão solícito quanto ameaçador. Ao redor do carro, uma montanha de carrinhos, deixados por mal educados, impede a passagem.
            Findas as compras, lembramos, sem saudades, do tempo em que a esposa acompanhava o passeio. Eram horas e horas segurando o carrinho, à espera do fim da conversa com a comadre que acabava encontrando. Ficávamos o tempo todo evitando o corredor das guloseimas, e ainda ouvíamos, na saída: - Na próxima vez venho sozinha !
                                                                             pedroinovaes@uol.com.br
            O autor é engenheiro agrônomo e advogado, aposentado.

Nota - O texto foi encaminhado pelo Dr. William Moffitt Harris

Um comentário:

  1. Dr. Pedro é velho conhecido meu embora tenhamos nos encontrado apenas uma vez no Núcleo de Sorocaba-SP do MMCL - Movimento Médico Paulista do Cafezinho Literário há cerca de 7 anos atrás. Mora numa chácara num distriro longe da cidade e passa boa parte do tempo, agora, escrevendo ou tocando pianp além de paparicar seus netos enquanto os pais vão trabalhar. Levo-os e apanha-os de carro na escola apesar de algumas limitações físicas. É uma pessoa muito agradável. Gosta de uma boa piada. Deus que o conserve ainda por muito tempo entre nós. William Moffitt Harris, sobramista cearense de Campinas-SP

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