Total de visualizações de página

quinta-feira, 23 de maio de 2013

POR: CELINA CÔRTE - MAIO, MÊS DAS NOIVAS



 
Dra. Celina Côrte Pinheiro - Médica e Presidente da SOBRAMES-CE
MAIO, MÊS DAS NOIVAS

 Publicado no O POVO, Jornal do Leitor, pág 1, em 21/05/2013

De repente, percebo que estou no mês de maio. Mês das noivas que amanhã poderão se tornar mães; das mães que já foram noivas ou não; mês de Maria, Nossa Senhora, mãe de Jesus. Um mês agradável em nosso país, sobretudo nas regiões onde as estações  do ano são bem delimitadas. Uma delícia o frescor do mês de maio, com seu céu azul e um sol cálido, confortável! Ele realmente combina com as noivas que sonham seus vestidos brancos com que adentrarão as igrejas engalanadas, rumo a um sonho construído durante anos... Símbolos que perpassam gerações e se perpetuam... São marcos em nossa vida!
O essencial, porém, é o que vem depois, a vida construída ao lado do companheiro. O contato com a realidade e suas responsabilidades, inerentes à vida em comum, podem desconstruir rapidamente um sonho, caso ambos não compreendam que muitas   fantasias já não terão espaço. Uma construção conjunta, mas independente, onde cada um segue seu próprio ritmo e assim se respeitam. Que a sonhada alma gêmea não se transforme nas algemas do outro, impedindo seu crescimento. Amar com liberdade, não tirando do outro o seu bem mais precioso, para que a união seja preservada de forma sólida e agradável. Dar liberdade não significa alimentar a indiferença. Nesse mister, a mulher tem um papel fundamental no relacionamento como ponto de equilíbrio, face à sua inerente sensibilidade. Ambos, porém, terão que aprender a ceder, a lidar com as perdas, a se solidarizar nos momentos difíceis, a cuidar, a ser paciente, a renovar diariamente o amor, a respeitar a individualidade e os limites do outro. Não se trata de uma tarefa fácil, exige um exercício continuado. Contudo, consegue-se, com zelo, preservar uma união com o colorido do início do relacionamento, agora pautado na vida real, nem sempre doce ou pouco exigente. Uma questão de esforço pessoal!
  

terça-feira, 21 de maio de 2013

POR: MARCELO GURGEL - ILMO & ILMA



Dr. Marcelo Gurgel - Médico e Membro da SOBRAMES-CE

ILMO & ILMA
  Publicado In: SOBRAMES – CEARÁ. Receitas literárias. Fortaleza: Sobrames-CE/Expressão, 2010. 240p. p.182-3.

Como representante institucional, participei da mesa de honra de uma solenidade de colação de grau de uma faculdade particular de Fortaleza.

O mestre de cerimônias convida uma representante discente para ler uma mensagem, do tipo autoajuda, dirigida aos seus colegas formandos.

A concludente vai ao palco e começa a leitura:

– Ilma Sra. Beatriz Alcântara, representante do Governador do Estado do Ceará, Dr. Lúcio Alcântara.

Achei estranho porque a ilustre escritora da Academia Cearense de Letras tinha o prenome composto de Maria Beatriz, e eu desconhecia aquela prótese nominal.

– Ilma Sra. Fulana, representante do Sr. Secretário da Educação Básica do Estado do Ceará, Dr. Jaime Cavalcante.

De novo, a sonoridade protética despertou-me estranheza, que se exacerbou ao ouvir da ilustríssima colanda:

– Ilmo Sr. Beltrano, Diretor da nossa faculdade.

Daí em diante, estupefato com o que ouvi, precisei conter o riso, pondo a mão no queixo e cobrindo parcialmente a boca, evitando exteriorizar uma fácies sardônica, para um público superior a mil pessoas, ali reunidas.

A oradora docente prosseguiu, aplicando o pronome de tratamento, e desfilando o rol de Ilma & Ilmo das autoridades, incluindo um tal de Ilmo Marcelo Gurgel.

Marcelo Gurgel Carlos da Silva


Sobramista/CE e membro da ACM

segunda-feira, 20 de maio de 2013

POR: JOSÉ WILSON DE SOUZA - NOITE DE SOLIDÃO


Dr. José Wilson de Souza - Médico e Membro da SOBRAMES-CE

                        

                              NOITE DE SOLIDÃO

            Passei a noite ouvindo musicas.
            Nossas canções, antes de felicidades
            Aquelas canções, hoje de saudades

            Choveu na madrugada.
            Gotas, como lágrimas, caíam devagarzinho
            Fazia  frio, me senti abandonado.              
            Nos meus lençóis de sonhos, busquei um agasalho.
            Que se tornou muito grande pra me agasalhar sozinho

POR: VICENTE ALENCAR - EM CHAMAS

Vicente Alencar - Jornalista e Diretor de Cultura e Divulgação da SOBRAMES-CE

EM CHAMAS

Sirva-se das minhas mãos,
sirva-se dos meus olhos,
sirva-se do meu coração.
Sou todo teu
pois amar é doar-se.

Tenho todos os olhares,
          todos os afagos,
          todos os desejos,
de um corpo em chamas,
          que clama,
          que ama.

Sirva-se de mim. meu amor, 
pois a ti pertenço.

08.11.2007.

sábado, 18 de maio de 2013

POR: ANA MARGARIDA - A GUERRA AO ESCARRO NA LUTA CONTRA A TUBERCULOSE

 
Dra. Ana Margarida Rosemberg - Médica e Secretária da SOBRAMES-CE
A GUERRA AO ESCARRO NA LUTA CONTRA A TUBERCULOSE
 Publicado no Jornal do Médico em Revista - Edição nº 49, Março e Abril 2013, pág. 7.

Escarradeira pública








Quando, em 1882, Robert Koch descobriu o bacilo da tuberculose, a doença era responsável por 1/7 da mortalidade no mundo e um só tuberculoso era capaz de expelir, por dia, sete milhões de bacilos. 

O escarro, visto como o  grande veículo do bacilo, passou a ser combatido. As pessoas expectoravam abundantemente atapetando o solo, as paredes, os móveis e impregnando os lenços e as roupas. 

Era preciso conscientizar a população a mudar esse hábito. Leis foram criadas para combater o hábito de escarrar no chão e nas paredes. Surgiram grandes campanhas em diversos países do mundo em favor do uso das escarradeiras públicas e de bolso contendo líquidos antissépticos. Assim, surgiram na França, por volta de 1890, os escarradores portáteis individuais e os públicos.  
As primeiras escarradeiras eram pesadas, de difícil manejo e com abertura de diâmetro reduzido o que dificultava o ato de escarrar sem molhar suas bordas e sem formar verdadeiras estalactites. Além disso, o ácido fênico usado para neutralizar o bacilo era tóxico e exalava mal-cheiro provocando náuseas e acessos de tosse nos tísicos. As escarradeiras de diversos modelos e materiais tornaram-se objetos requintados que ornamentavam as residências dos ricos

Inúmeros cartazes com dizeres sobre o risco de escarrar no chão foram editados em vários países do mundo. No Brasil, as Ligas de Combate à Tuberculose e a Inspetoria de Profilaxia de Tuberculose (IPT) do Departamento Nacional de Saúde (DNS) do Distrito Federal encamparam esta forma de luta.
   
Criou-se uma verdadeira guerra contra o escarro chegando-se a uma histeria desencadeada pelas campanhas das instituições médicas. Em todos os países, viam-se cartazes afixados em todos os locais. Folhetos foram distribuídos às populações alertando-as sobre a transmissão da tuberculose. 

O comércio tirou proveito. Anunciavam-se escarradeiras próprias para hospitais, escritórios, fábricas, restaurantes, teatros, transportes coletivos etc. Em Paris, empresas faziam propaganda de escarradeiras de bolso e portas-lenço antissépticos descartáveis. Em Berlim, inventaram um preparado aderente para colar nas solas dos sapatos que matava os bacilos. Usavam-se impermeabilizadores de assoalhos com substancias bactericidas. 

Uma empresa internacional vendeu colchões e travesseiros com antissépticos que matavam os bacilos. Nos Estados Unidos, foi promulgada portaria proibindo escarrar nos assoalhos, plataformas das estações e viaturas públicas. Os contraventores eram multados com 25 dólares ou 10 dias de prisão. Em Viena, a multa ia de 2 a 200 coroas com prisão de 6 horas até 20 dias. Os hotéis da Europa ofereciam apartamentos sem tapetes e sem cortinas. 

Na guerra ao escarro, foi relevante o papel que as escarradeiras desempenharam. As antigas de madeira cheias de areia e serradura foram, irremediavelmente, condenadas pela higiene. Aquelas de metal, vidro ou ferro esmaltado, apesar de mais asseadas, não foram toleradas por muito tempo. Com a descoberta da quimioterapia contra a tuberculose elas caíram no esquecimento e, hoje, são peças de museus.

Ana Margarida Furtado Arruda Rosemberg

São Paulo, 10 de abril de 2013.



Escarradeira de porcelana
Escarradeira de metal
Escarradeira de louça
Escarradeiras de residência

sexta-feira, 17 de maio de 2013

POR: CELINA CÔRTE - SOLIDÃO


Dra. Celina Côrte - Médica e Presidente da SOBRAMES-CE     
                                                
                            SOLIDÃO


Ah, esta solidão que a alguns apavora
A mim faz bem e nela me vejo claramente
E no silêncio da noite que a alguns desola
Encontro-me e vejo bem clara minha mente.
 

quinta-feira, 16 de maio de 2013

POR: EDGARD STEFFEN - OBELISCO DE CALÍGULA

Dr. Edgard Steffen - Médico Pediatra e Escritor

Obelisco de Calígula


... o Senhor terá um altar no meio da terra do Egito, e uma coluna se erigirá ao Senhor (...) clamarão por causa dos opressores, e ele lhes enviará um salvador e protetor que os livrará. (Isaias 19: 19-20)

A presença de um obelisco construído por faraó politeísta e transportado para Roma por imperador louco que se auto-endeusou na sede de uma religião cristã, pode estranhar muita gente. O que faz, numa área intrinsecamente cristã, um símbolo dedicado ao deus Ra, mandado construir pelo Faraó Amenemhat II? Confesso. Também estranhei. Resolvi ler sobre o assunto. Achei aspectos interessantes tanto na Internet, como nos livros de História Antiga. Na Bíblia, a profecia de Isaias (19:9 e 20) é um deles.

Calígula (Botinha) é o apelido pelo qual o imperador romano Gaio César Germânico (12 a 41 dC) ficou conhecido. Quando criança era espécie de mascote das legiões comandadas por seu respeitado pai; vestia-se como os legionários, inclusive com a caliga (bota). Assomado ao poder, tornou-se conhecido por loucuras, extravagâncias, depravações e maldades. Foi hábil nas artes da guerra, mas não aprendeu a nadar. Por sofrer de epilepsia, tinha medo de afogar-se. Esta teria sido a motivação para que mandasse construir caríssima ponte flutuante, entre os portos de Baiae e Puteoli, para atravessar montado a cavalo. Outra extravagância foi construir estrebaria de mármore, com manjedoura de marfim, para seu cavalo Incitatus, além de nomeá-lo cônsul. Quanto ao obelisco, mandou trazê-lo para compor a espinha de um circo. Não chegou a completá-lo.

Coube a Nero o mais cruel dos césares, porém, bom administrador e urbanista terminar a construção do Circus Maximus. Talvez tenha sido Nero quem mandou incendiar Roma, para reconstruí-la melhor arruada e saneada. Culpou os cristãos pelo incêndio e pode persegui-los, jogá-los às feras e até, embebidos em matéria inflamável, transformá-los em tochas para iluminação de espetáculos noturnos. No circo Calígula-Nero teria ocorrido o martírio de São Pedro.

Deve ter sido razão para Sisto V ordenar a remoção do obelisco devidamente exorcizado para a Praça do Vaticano (1586). Conduzidos pelo arquiteto Domenico Fontana, 900 homens sob pacto de silêncio (qualquer manifestação seria punida com morte), ajudados por 47 guindastes e 150 cavalos, removeram as 350 toneladas de granito rosa, medindo mais de 25 metros, e a cravaram no centro da praça.
Durante os trabalhos, pela fricção, as cordas de cânhamo quase pegaram fogo. A fumaça chamou a atenção do capitão marinheiro genovês Brescia, levando-o a romper o silêncio e gritar Acque alle funni! (Joguem água nas cordas!). Salvou o trabalho e evitou a morte de muitos. Não foi punido. Pelo contrário, a família Brescia passou a deter o monopólio do fornecimento de palmas para os Domingos de Ramos.

Dos monumentos do antigo Egito trazidos a Roma, o obelisco é o único que permanece em pé até nossos dias. Curiosidade: Não contém hieróglifos. No ápice, acrescentaram-lhe uma cruz de bronze. Na base, a inscrição: CHRISTUS VINCIT. CHRISTUS REGNAT. CHRISTUS IMPERAT. CHRISTUS AB OMNI MALO PLEBEM SUAM DEFENDAT. (Cristo vence, reina, impera e defende seu povo de todo mal). Jesus Cristo, ao pregar a bondade, assumir o sacrifício e ressuscitar, venceu impérios opressores e maldades de loucos governantes. Defenderá seu povo nestes conturbados tempos.
Boa Páscoa!

Edgard Steffen (edgard.steffen@gmail.com)